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História Peculiar history - Capitulo 18


Escrita por: _Starke

Capítulo 25 - Capitulo 18


Acordei com um barulho de passos vindo lá de fora, resolvi olhar o celular e tinha uma mensagem de Jake:

“Fui para a fenda conversar com a Emma, não se preocupe, volto antes do amanhecer”

Depois de ler resolvi ir atrás dele, porque já sabia sobre o que eles iam conversar, sobre o vovô e ele ia descobrir que também era peculiar, mas queria que ele soubesse por mim a família dele, não uma garota que ele conheceu a dois dias.

troquei de roupa e fui correndo para a fenda. Quando estava saindo do Buraco do Padre um pássaro Alfaiate voou por mim desesperado, achei estranho e me apressei.

Entrei na casa e as crianças vestindo pijamas amarrotados, estavam agitadas ao redor de um lampião a querosene e trocavam rumores sobre o que podia ter acontecido.

— Talvez tenham se esquecido de reiniciar a fenda — disse Claire.

— Aposto que foram os etéreos — disse Enoch. — Aposto que comeram

um monte deles até as botas!

Claire e Olive choravam e escondiam o rosto com as mãozinhas. Horace se ajoelhou ao lado delas e disse com uma voz reconfortante:

— Calma, calma, não deixem que Enoch encha a cabeça de vocês com bobagens. Todos sabem que os etéreos preferem os mais jovens. É por isso que soltaram a amiga da senhorita Peregrine: ela tem gosto de pó de café velho!

Olive deu uma espiada pela fresta entre seus dedos.

— Qual é o gosto dos mais novos?

— Framboesa silvestre — disse ele muito sério, e as garotas começaram a chorar de novo.

— Deixe-as em paz! — Falei brava com os meninos -- Não escutem o que eles falam ta.

—O que você ta fazendo aqui? -- Enoch perguntou vindo pra me cumprimentar.

— Recebi uma mensagem do meu irmão falando que vinha pra cá, o que ta acontecendo?

— É uma das amigas ymbryne da Ave. Ela saiu voando há uns trinta minutos num estado lastimável, berrando loucamente e tirando todo mundo da cama, mas, antes que conseguíssemos entender qual era o problema, ela desmaiou e apagou completamente. — Ele apertava as mãos, o que lhe dava um ar de total desespero e impotência. — Ah, simplesmente sei que algo horrível aconteceu.

— Espero que você esteja errado — Eu disse e dei um beijo de oi no Enoch.

— O que está acontecendo aí fora? — ralhou a senhorita Peregrine da sala de estar. — É a voz da senhorita Portman que estou ouvindo? Onde estão a senhorita Bloom e o senhor Portman?

Emma ficou tensa de medo e lançou um olhar nervoso para Hugh.

— Ela sabe?

— Quando descobriu que vocês não estavam aqui, ela surtou, achou que tinham sido raptados por acólitos ou alguma outra emergência. Desculpe, Emma, eu tive de contar a ela.

Vi meu irmão e Emma paralisar de medo e fui atrás deles para dentro da sala de estar onde a Srta. Peregrine estava, Enoch entrou antes de mim. Dentro da sala de estar, a única luz vinha da lareira que projetava nossas sombras trêmulas contra a parede. Enoch e Bronwyn caminhavam ansiosamente em torno de uma senhora de idade que se balançava semiconsciente em uma cadeira, enrolada num cobertor como uma múmia. A srta. Peregrine estava sentada em uma otomana, alimentando-a com colheradas cheias de um líquido escuro. Emma congelou ao ver o rosto da mulher.

— Oh, meu Deus — sussurrou ela. — É a senhorita Avocet. (Alfaiate em inglês)

Só então eu a reconheci, apesar de não totalmente, da foto que vi dela quando moça. A srta. Avocet aparentava ser tão forte e segura no retrato, mas agora parecia fraca e frágil. Tinha envelhecido terrivelmente.

Enquanto observávamos ali parados, a srta. Peregrine levou um frasco de prata aos lábios da srta. Avocet e o virou, e por um instante a velha ymbryne pareceu reviver, sentando-se ereta, os olhos brilhantes, mas logo depois sua expressão ficou embotada outra vez e ela afundou de novo na poltrona.

— Senhorita Bruntley — disse a srta. Peregrine para Bronwyn —, vá e arrume a chaise longue para a senhorita Avocet, e depois vá buscar uma garrafa de vinho de coca e outra de conhaque.

Bronwyn saiu às pressas, cumprimentando-nos solenemente com um aceno de cabeça ao passar, e a srta. Peregrine se voltou para nós.

— Estou extremamente decepcionada com você, senhorita Bloom. Extremamente — disse ela sem levantar a voz. — E, entre tantas noites, deu sua escapada logo nesta.

— Sinto muito, senhorita Peregrine, mas como eu podia saber que algo ia acontecer?

— Eu devia castigá-la, mas, dadas as circunstâncias, o esforço não parece valer a pena. — Ela ergueu a mão e ajeitou o cabelo branco de sua mentora. — A senhorita Avocet nunca teria deixado seus pupilos para vir até aqui a menos que algo grave tivesse acontecido.

A srta. Avocet tremia. Será que ela ia morrer? Será que a cena trágica que se desenrolou entre mim e meu avô ia se repetir entre a srta. Peregrine e sua professora? Essa situação, pensei, nada tinha a ver com o que se passara comigo e meu irmão. A srta. Peregrine sempre soubera quem nós éramos.

No pior momento Jake começou a falar com raiva.

— Senhorita Peregrine? — ele disse — Quando ia nos contar? Você sabia Luana, que eu sou peculiar também?

Não falei uma palavra, esperei a resposta da Ave.

— Logo, meu jovem — respondeu ela. — Mas, por favor, entenda, jogar toda a verdade sobre você na primeira vez em que nos encontramos teria sido um choque terrível. Seu comportamento era imprevisível. Poderia ter ido embora, para nunca mais voltar, um risco que eu não podia correr.

— Então, em vez disso, tentou nos seduzir com comida e garotas enquanto mantinha em segredo todas as coisas ruins? E por que você tá se dirigindo diretamente a mim? E minha irmã, o comportamento dela não era imprevisível também?

— Jake, você sabe porque eu vim correndo pra cá assim que vi sua mensagem? É que eu que queria te contar toda a verdade, não queria que soubesse por uma garota que mal conhece -- eu disse lançando um olhar de ciúmes pra Emma -- eu sei que deve ser frustrante descobrir isso só agora, mas o vovô não te falou nada só pra te proteger.

— Então você sabia também? A quanto tempo? E você é peculiar também, não fico surpreso, já que desde que o vovô morreu parece que tá escondendo tudo de mim!

Emma quase perdeu o fôlego.

— Seduzir? Por favor, não pense isso de mim, Jacob, eu não poderia suportar. -- disse ela chocada.

— Temo que você tenha nos interpretado muito mal — disse a srta. Peregrine. — E, quanto a seduzi-lo, o que viu aqui é como vivemos. Não houve nenhuma mentira, apenas a omissão de alguns detalhes-chave.

— Bem, aqui está um detalhe-chave para vocês — disse ele. — Uma dessas criaturas matou meu avô.

A srta. Peregrine empalideceu por um instante, mas pareceu se recuperar.

— Sinto muito por isso — disse ela.

— Eu vi uma delas com meus próprios olhos, mas, quando contei às pessoas, elas tentaram me convencer de que eu estava louco. Mas eu não estava, nem meu avô. Durante toda a vida ele me contou a verdade, e eu não acreditei nele. Se tivesse acreditado, talvez ele ainda estivesse vivo.

— Não é bem assim Jake, eu sempre acreditei nele, ele que me ajudou com minhas peculiaridades, sempre fui contra deixar ele desarmado, e mesmo assim ele não tá vivo né!

Jake se jogou na poltrona em frente à da srta. Avocet. Emma se agachou ao lado dele.

— Ele devia saber que você era peculiar — disse ela — e devia ter uma boa

razão para não contar isso a você.

— Ele sabia e eu também. -- eu disse.

— Ele sabia, sim — disse a srta. Peregrine. — Ele contou isso em uma carta.

— Não entendo. Se era tudo verdade, todas as histórias dele, e se ele sabia que eu era como ele, por que guardar segredo até o último minuto de sua vida?

A srta. Peregrine deu mais uma colherada de conhaque na boca da srta. Avocet, que gemeu e se ergueu um pouco, antes de se afundar outra vez na poltrona.

— Ele só queria que você tivesse uma vida mais normal que a minha -- eu disse.

— Nossas vidas podem ser cheias de provações e privações. A vida de Abe duas vezes mais, porque ele nasceu judeu na pior época possível. Ele encarou um genocídio duplo, dos judeus pelos nazistas e dos peculiares pelos etéreos. Ele vivia atormentado pela ideia de que estava aqui escondido enquanto seu povo, tanto judeus quanto peculiares, estava sendo massacrado.

— Ele costumava contar que tinha ido para a guerra para lutar contra monstros — disse eu.

— E foi mesmo — disse Emma. — Dos dois tipos.

— A guerra acabou com o domínio nazista, mas os etéreos saíram dela mais fortes que nunca — prosseguiu a srta. Peregrine. — Por isso, como muitos peculiares, nós nos mantivemos escondidos. Mas seu avô voltou um homem mudado. Tinha se transformado em um guerreiro e estava determinado a construir para si uma vida fora da fenda. Ele se recusou a se esconder.

— Ele sempre me disse que não era pra usar minhas peculiaridades longe dele nunca.

— Implorei que ele não fosse para os Estados Unidos — disse Emma. — Todos imploramos.

— Por que os Estados Unidos? — perguntei a eles.

— Havia poucos etéreos por lá naquela época — respondeu a srta. Peregrine. — Depois da guerra houve um pequeno êxodo de peculiares para os Estados Unidos. Durante algum tempo, alguns conseguiram passar por pessoas comuns, como fez seu avô. Seu maior desejo era ser comum, viver uma vida comum. Ele sempre dizia isso em suas cartas. Tenho certeza de que foi por isso que escondeu a verdade de você por tanto tempo: ele queria que você tivesse o que ele nunca poderia ter.

— Ser comum — disse eu.

A srta. Peregrine assentiu.

— Mas ele nunca pôde escapar de sua peculiaridade. Sua habilidade única, aliada ao talento desenvolvido na guerra como caçador de etéreos, tornou-o muito valioso. Ele era sempre forçado a agir; sempre lhe pediam para erradicar bolsões problemáticos de etéreos. Ele tinha uma natureza tal que raramente se recusava.

Bronwyn voltou com um decantador de vinho de coca e outra garrafa de conhaque, e a srta. Peregrine misturou os dois em uma xícara. Então dispensou Bronwyn e, depois que ela saiu, começou a dar tapinhas carinhosos no rosto cheio de veias azuis da srta. Avocet.

— Esmerelda — disse ela. — Esmerelda, você precisa se levantar e beber este tônico que preparei.

A srta. Avocet soltou um gemido. A srta. Peregrine ergueu a xícara até seus lábios. A senhora de idade tomou alguns goles e então cuspiu e tossiu, mas a maior parte do líquido arroxeado desapareceu em sua garganta. Por um momento, ficou encarando o nada com olhar vazio, como se estivesse prestes a afundar de volta em seu estupor, mas depois se aprumou na poltrona, a vida voltando a seu rosto.

— Nossa — disse a srta. Avocet, e sua voz era como um arranhão seco. — Eu dormi? Que falta de educação a minha. — Ela olhou para cada um de nós com leve surpresa, como se tivéssemos acabado de surgir do nada. — Alma? É você?

A srta. Peregrine segurou e massageou as mãos ossudas daquela senhora.

— Esmerelda, você veio de muito longe para nos ver no meio da noite. Você deixou a todos nós nervosos e preocupados.

— Deixei? — disse apertando os olhos e franzindo o cenho, e seus olhos pareceram se fixar na parede em frente, viva com sombras tremeluzentes. Então uma expressão de medo tomou seu rosto. — É — disse —, eu vim avisá-la, Alma. Vocês devem ficar em alerta. Não podem se deixar tomar de surpresa, como eu fiz.

A srta. Peregrine parou a massagem.

— Tomar de surpresa pelo quê? — disse ela.

— Só podiam ser acólitos. Dois deles chegaram à noite, disfarçados de membros do conselho. Não há homens no conselho, é claro, mas aquilo enganou meus vigias sonolentos por tempo bastante para que os acólitos os amarrassem e levassem.

A srta. Peregrine perdeu o fôlego.

— Oh, Esmerelda!

— A senhorita Bunting e eu fomos acordadas por seus gritos de pavor — prosseguiu. — Mas estávamos todos presos dentro de casa. Levou algum tempo para forçar as portas e, quando conseguimos, seguimos o fedor dos acólitos até o exterior da fenda, onde havia um bando de bestas-sombras à nossa espera do outro lado. Elas caíram sobre nós, uivando, cobertas de sangue...

Ela parou, esforçando-se para segurar as lágrimas.

— E as crianças?

A srta. Avocet sacudiu a cabeça. Toda a luz pareceu fugir de seus olhos.

— As crianças serviram apenas de isca — disse ela. Enoch veio até mim me abraçou, e vi o rosto da srta. Peregrine reluzindo à luz da lareira.

— Eles queriam mesmo era a mim e à senhorita Bunting. Eu consegui fugir, mas a senhorita Bunting não teve a mesma sorte.

— Ela foi morta?

— Não... raptada. Do mesmo modo como a senhorita Cambaxirra e a senhorita Treecreeper há duas semanas, quando suas fendas de tempo foram invadidas. Eles estão capturando as ymbrynes, Alma. É algum tipo de esforço coordenado. Eu estremeço só de imaginar o propósito disso.

— Então eles vêm atrás de nós também — disse em voz baixa a srta. Peregrine.

— Se puderem encontrá-la — retrucou a srta. Avocet. — Seu esconderijo é melhor do que o da maioria, mas você deve estar preparada, Alma.

A srta. Peregrine assentiu. A srta. Avocet lançou um olhar desconsolado para as próprias mãos. Elas tremiam em seu colo, e a voz saiu com dificuldade.

— Ah, minhas crianças queridas. Elas agora estão todas sozinhas — disse ela, chorando e virando o rosto para escondê-lo de nós. A srta. Peregrine puxou o cobertor até o pescoço daquela mulher de idade avançada e se levantou. Saímos atrás dela e deixamos a srta. Avocet com sua tristeza.



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