História Peekaboo - Jaebum hyung não pode saber!

~ Lumos ~

Bambam fechou os olhos contando até dez enquanto colocava uma das mãos na cintura e a outra apertava a ponte de seu nariz, uma pose clássica de alguém pedindo paciência a todos os deuses existentes e inexistentes.

Por quê, em nome de Merlin, logo com ele essas coisas aconteciam?

Ele era um sonserino quartanista, estudioso e dedicado, um órfão sangue puro criado por bruxos trouxas. Atuante na causa da união das casas, militante do projeto de conscientização da população bruxa no combate dos zonzóbulos do Himalaia. Uma pessoa boa, as vezes, mas boa.

Então, Morgana, porquê?

Por que não conseguia confiar que seus amigos não iriam se meter no seu pseudo laboratório de poções e feitiços escondido numa das salas desativadas do segundo andar?

Quantas vezes já não os tinha avisado para não entrar ali, não tocar em nada, não beber nenhum líquido de coloração duvidosa? Tudo isso para evitar aquilo que mais temia: um deles enfeitiçado e Bambam sem noção nenhuma de como fazê-los voltar ao normal.

Agora estava ali, perdendo um dia de férias de verão, porque o feitiço que tinha lançado de detecção de invasores no seu laboratório soou em sua cabeça e o tailandês correu para dentro da escola, somente para encontrar uma versão em miniatura de seu amigo setimanista lufano, Jackson Wang, no chão, desmaiado.

ㅡ Eu mereço ㅡ resmungou bufando, ainda encarando a pequena criança desacordada no chão.

Procurou em cima da mesa bagunçada uma caneta tinteiro e um pedaço de pergaminho onde rabiscou uma nota rápida. Buscou entre suas vestes sua varinha e suspirou antes de dizer o feitiço de transfiguração.

ㅡ Avis.

O pedaço de papel se transformou em um pássaro verde pequeno que logo voou em frente a Bambam enquanto o bruxinho ditava um encanto de localização.

ㅡ Encontre Kim Yugyeom e transmita meu recado. ㅡ e com mais um toque com a varinha o passarinho verde voou pela janela aberta.

Agora sua atenção voltava ao pequeno Jackson que parecia despertar de um soninho da tarde e permanecia sentado no chão o olhando curioso. Bambam abaixou para encarar a criança na altura dos olhos e sorriu tentando não assustá-lo.

ㅡ Olá, Jackson, você se lembra de mim?

Mesmo sendo uma criança os olhos chocolate do Wang ainda eram os mesmos, grandes e brilhantes, detentores de uma inocência e curiosidade descabida que fez Bambam sorrir ao que o garotinho negou com a cabeça enquanto ficava de pé e se aproximava.

ㅡ Hmm, não lembra. E quantos anos você tem, Jackson?

Bambam riu para si mesmo, pensando que jamais havia imaginado perguntar isso ao seu amigo mais velho. E quase engasgou ao rir quando o garotinho a sua frente ergueu quatro dedos gordinhos respondendo sua pergunta.

ㅡ Você sabe falar? ㅡ perguntou, vendo o quão silenciosa a criança parecia, algo diferente do que estava acostumado a relacionar com o amigo chinês. Jackson sinalizou um sim com a cabeça e Bambam esperou que ele dissesse algo.

ㅡ Qual o seu nome?

ㅡ Meu nome é Bambam. ㅡ respondeu se sentando no chão, Jackson rapidamente fez seu caminho para o colo do tailandês.

ㅡ Bambam! ㅡ O pequeno repetiu rindo, gostando da sonoridade da palavra.

O som da porta se abrindo ecoou pela sala assustando Bambam e Jackson ao mesmo tempo, a criança se agarrou as vestes escolares do sonserino escondendo o rosto amedrontado.

ㅡ Oh, Bam, quem é essa criança? ㅡ Yugyeom perguntou da porta.

O Kim também era sonserino, quartanista como Bambam e melhor amigo dele. Tinha os cabelos num louro muito amarelo e sua voz soando baixa e curiosa atraiu a atenção de Jackson que o olhou pelo canto dos olhos.

ㅡ Ah, Yugyeom, ainda bem que você chegou, este é o Jackson hyung. ㅡ Bambam disse simplista apontando para o garotinho amuado em seu colo.

ㅡ Espera, o quê? ㅡ os olhos arregalados do garoto de cabelo amarelo se mostraram incrédulos.

O tailandês apenas girou os olhos diante da burrice catatônica do melhor amigo.

ㅡ É o Jackson hyung. Ele deve ter entrado aqui me procurando, alguma coisa aconteceu e ele ficou assim.

Se aproximando como se temesse que a criança fosse saltar em cima de si, Yugyeom se abaixou curioso tentando olhar para o rosto de Jackson. Ali estava os olhos grandes e doces de seu hyung e isso fez com que o Kim arregalasse mais ainda os seus.

ㅡ Jackson hyung é uma criança agora? Cara, Jaebum hyung vai te matar.

ㅡ Você nem sonhe em contar pra ele ㅡ Ditou o tailandês apontando o dedo para o amigo.

Yugyeom caiu sentado no chão de forma dramática arrancando um pequeno riso do garotinho.

ㅡ Não vou ser cúmplice nisso!

ㅡ Sem drama agora, eu preciso da sua ajuda. Na verdade, preciso que chame Jinyoung hyung, Mark hyung e Youngjae hyung.

ㅡ Pra quê tanto hyung?

ㅡ Porque Mark hyung conhece Jackson desde criança, vai saber como ele se comporta. Jinyoung hyung é bonito, toda criança gosta de pessoas bonitas. E Youngjae hyung... Precisamos dele para distrair Jaebum hyung enquanto descobrimos como fazer Jackson voltar ao normal.

ㅡ Ah... ㅡ Yugyeom piscou, tentando assimilar tudo enquanto ainda olhava desacreditado para o pequeno Wang que o encarava de volta tão curioso quanto.

ㅡ Yugyeom. ㅡ chamou Bambam, pois o Kim não parecia que iria se mexer tão logo ㅡ Yugyeom!

ㅡ O que foi?

ㅡ Vai logo criatura, quer que o namorado dessa pessoa encontre ele desse jeito? ㅡ disse em voz alta, logo vendo o outro se levantar rápido e correr para a porta saindo da sala.

x

ㅡ Deixa eu ver se entendi direito, ㅡ Jinyoung disse olhando de Bambam para Mark, que estava com Jackson no colo. Ambos pareciam se dar bem e o Park sorriu ao vê-los daquela forma. ㅡ Você disse que estava no seu salão comunal com Yugyeom e Minghao quando o feitiço de segurança apitou na sua cabeça?

ㅡ Isso ㅡ confirmou o tailandês entregando alguns pedaços de maçã cortada para a criança.

ㅡ Então você correu para o segundo andar e encontrou Jackson, já criança, desmaiado aqui. Como você sabia que era ele?

ㅡ Encontrei Jooheon hyung quando estava subindo as escadas e ele disse que o hyung estava me procurando. Quando cheguei ele estava aqui, então eu deduzi que fosse, quando acordou eu tive certeza.

ㅡ Como?

ㅡ Pelos olhos ㅡ respondeu sinalizando os olhos e o Park encarou o pequeno Jackson que sorriu para si só por ser alvo de sua atenção.

ㅡ Faz sentido ㅡ riu, acariciando os cabelos da criança vendo ele voltar a comer os pedaços de maçã que Bambam lhe dava ㅡ Voltado a recapitulação, você disse que foi uma poção? Jackson não teria tomado uma poção desconhecida.

ㅡ Ele não precisava tomar para fazer efeito, a poção só precisa ter contato com a pele. Eu acho que ele bateu nela por descuido, pois encontrei a garrafa quebrada no chão. Acho que ele trombou nela e ela caiu, deve ter respingado nele ou ele mexeu com ela. Ele é bem capaz de fazer isso.

ㅡ Sim, Jackson é curioso demais. Eu lembro que nessa idade a gente se metia em todo tipo de coisa por causa disso. Ele pode não ser de falar muito agora, mas ainda é terrível.

Os garotos riram ao ouvir Mark, imaginando as travessuras que aqueles dois já teriam aprontado, mas acharam difícil acreditar que aquele pequeno Jackson realmente fosse tão terrível como o mais velho dizia, afinal, o menininho até agora só havia se mostrado curioso e gentil, tão doce como o Jackson que eles conheciam.

O Tuan tinha um mínimo sorriso afetuoso nos lábios enquanto mantinha o menininho no colo. Jackson sorria e trocava palavras com Youngjae, vez ou outra oferecendo os pedaços de maçã que recebia para o Choi ou tentando enfiá-las na boca de Mark.

ㅡ Você sabe desfazer o efeito? ㅡ a voz do garoto mais velho foi ouvida de novo.

ㅡ Sei, vou levar algumas horas até a poção estar pronta, então nós damos para ele beber e tudo volta ao normal.

ㅡ Não podemos simplesmente levar ele pra enfermaria? ㅡ Youngjae perguntou, tendo sua boca tampada em seguida pelos dedos gordinhos do Wang que enfiava de qualquer jeito a fruta cortada dentro dela.

ㅡ Não. Bambam não tem autorização para fazer poções desse tipo, isso iria render uma detenção daquelas ㅡ Jinyoung respondeu e bateu na mão de Yugyeom impedindo que ele pegasse uma das maçãs ㅡ pode largar, elas são do bebê.

ㅡ O hyung ia adorar ver você tratando ele desse jeito ㅡ Youngjae riu ㅡ Bam, você pode mesmo trazer ele ao normal?

ㅡ Eu posso, só preciso que me ajudem a não deixar Jaebum hyung descobrir isso.

ㅡ Por quê? ㅡ o Choi de boca cheia voltou a perguntar, ao lado dele, Yugyeom tentava convencer Jackson a dar-lhe maçãs na boca também.

ㅡ Jaebum faria um escândalo. ㅡ Bambam respondeu.

ㅡ Iria azarar Bambam.

ㅡ E depois surtar porque com Bambam azarado ele não conseguiria fazer Jackson voltar ao normal. ㅡ Mark complementou Jinyoung, deixando Jackson alimentá-lo também.

ㅡ Por isso preciso de vocês. ㅡ o tailandês confessou, dando o último pedaço de maçã para a criança. Jackson o chamou para perto com a mãozinha e ao se inclinar, Bambam teve o pedaço de fruta enfiado entre seus lábios. Ele riu e continuou ㅡ Mark, Jackson continua nos alimentando.

ㅡ Vai por mim, nunca rejeite comida quando ele te der de boa vontade, Jackson pode levar para o lado pessoal se você não aceitar.

ㅡ É a forma de dizer que ele aceita a gente?

ㅡ É a forma dele dizer “Eu gosto de você e vou te alimentar até você explodir”.

Risos novamente foram ouvidos na sala, as cascas de maçã agora sendo divididas entre a pequena criança e Yugyeom, como se disputassem quem conseguiria por mais delas dentro da boca.

ㅡ Então, o que precisamos fazer? ㅡ Mark, ainda com o menino no colo, voltou sua atenção para Bambam.

ㅡ Os hyungs e Yugyeom vão cuidar do pequeno Jack, enquanto eu faço a poção, e Youngjae vai distrair Jaebum hyung.

ㅡ Ué, porque eu? ㅡ O Choi perguntou amuado, aparentemente a pior parte sobrava para si.

ㅡ Porque você seria o menos suspeito.

ㅡ É, lufano de coração puro. Jaebum nunca que iria desconfiar da própria casa. ㅡ Jinyoung concordou com a ideia, Jackson agora sendo passado para seu colo, pois tanto ele quando Yugyeom estavam começando a fazer bagunça com as cascas de maçã.

ㅡ Mas ele vai perceber que eu estou mentindo.

ㅡ Não se você disser a verdade. ㅡ Mark soltou, uma ideia se formando em sua cabeça ㅡ Diga que está procurando por nós, Jaebum vai te ajudar a procurar pela gente. Nós vamos nos esconder em algum lugar, então não vai ser exatamente uma mentira real.

ㅡ Jaebum vai sair das aulas extras de aritmancia daqui a pouco Jae-ah, acho melhor você ir. ㅡ Jinyoung avisou, uma das mãos perdidas nas mechas negras da criança em seu colo, a atenção de Jackson ainda presa em Yugyeom.

ㅡ Eu preferia cuidar do Jackson hyung.

ㅡ Seu sacrifício será bem recompensado ㅡ afirmou Bambam, e o lufano o encarou por alguns segundos antes de responder.

ㅡ Seis galeões e meu dever de poções por três meses.

ㅡ Quatro galeões e dois meses de dever de poções. ㅡ retrucou.

ㅡ Feito!

As mãos de ambos foram batidas em um high five, e Jackson ergueu as suas também querendo imitar o gesto. No final, todos tiveram que fazer a mesma comemoração com a criança que ria deliciado com a bagunça.

ㅡ Okay e por onde começamos com esse rapazinho?

ㅡ Precisamos dar um banho nele ㅡ Bambam respondeu a pergunta do Park agora distraído, Jackson havia pegado uma de suas mãos e as inspecionava de forma curiosa.

ㅡ O Quê? Vamos ver o hyung pelado? Jaebum hyung vai azarar a gente se descobrir!

ㅡ Jackson é uma criança agora, Yugyeom, seu idiota!

ㅡ E ele precisa de um banho para tirar qualquer vestígio da poção, ㅡ Bambam completou a resposta de Jinyoung enquanto o via dar um peteleco na nuca de seu melhor amigo arrancando risos da criança entre eles ㅡ vamos lá gente, é só o Jackson hyung criança, o que pode dar errado?

~ Nox ~