História Peeta e Katniss - Safe and Sound... - Por favor...

Traída. Essa é a palavra certa para o que eu estou sentindo agora. Terrivelmente traída. Limpei minhas lágrimas, mas elas continuavam a cair. Peeta finalmente largou a vadia loira e ela me deu um sorriso de satisfação. Quanto ao loiro, ele deixou as mãos pendendo ao lado do corpo, os ombros curvados e a cabeça baixa.

— Peeta – Chamei baixinho, sentindo mais lágrimas descendo do meu rosto ao pronunciar seu nome.

Ele suspirou baixo e virou-se para mim. Seus lábios estavam vermelhos, seus cabelos desgrenhados e os olhos tinham um brilho diferente. Raiva, medo, desespero... tudo misturado.

— Katniss... Amor, eu...

Não o deixei terminar de falar pois no momento seguinte minha mão chocou-se em sua bochecha esquerda. Coloquei minhas mãos na boca em seguida, chocada com o que eu havia feito. Peeta levou a mão para a marca perfeita de meus dedos em sua cara. Ele me olhou assustado, mas ele sabia que eu estava certa.

— Nunca, ouviu bem? Nunca mais, me chame assim. – Falo. — Você é um desgraçado Peeta.

Ele me olhou e pude ver indiciosos de lágrimas em seus olhos. Ele ia começar a falar, mas o impedi.

— Cala a boca. Eu não quero ouvir a sua voz! – Vi uma lágrima rolar de seus orbes azuis.

— Amor...

— JÁ FALEI PARA NÃO ME CHAMAR ASSIM! – Grito encarando seus olhos.

Os funcionários pararam seus afazeres para olharem a cena, todos olhavam com olhares de pena para mim, decepção para Peeta e raiva para Delly.

— Eu te amo Katniss... isso foi... – Ele disse e eu neguei com a cabeça.

— Não, se me amasse não teria feito isso... não de novo!

Peguei a aliança em meu dedo e joguei para ele.

— Pega, não vou mais precisar disso. – Ele pegou a joia no ar e a encarou.

— Não pode fazer isso – Ele sussurrou. — Katniss, isso significa nossa aliança, nossa eterna aliança.

— Não existe mais aliança Peeta. – Disse em tom frio. — Eu quero o divórcio.

Ele arregalou os olhos e mais lágrimas desceram deles.

— Katniss não! Não pode fazer isso comigo! – Agora ele já estava desesperado, chorava fortemente, não que eu estivesse diferente.

— Dê para ela. Aposto que ela vai amar. – Falei encarando a loira, que agora estava escorada em Peeta.

— É lindo! Vai ficar ótimo em mim, não é loiro? – Ela indagou, provocando-me.

Peeta a ignorou ainda chorando e encarando o anel. Mas eu não.

Fui para cima dela como se ela fosse minha presa, queria acertá-la com uma flechada no meio da testa.

— Você – Apontei para ela. — Escapou de uma surra uma vez, mas não cometerei esse erro outra vez.

— E vai fazer o que? – Ela sorriu irônica para mim.

— Isso... – Sorri ironicamente antes de minha mão estalar em sua bochecha em um grande tapa.

Delly veio para cima de mim e eu a joguei no chão, indo para cima dela e lhe dando vários tapas e socos no rosto. Senti alguém me tirar de cima dela e continuei me debatendo. Ela se levantou e me olhou furiosa, estava com um corte na boca, um na sobrancelha e o nariz sangrando.

— Tire suas mãos de mim. – Disse para Peeta que ainda me segurava.

— Acalme-se Katniss, isso pode fazer mal para o bebê. – Disse Haymitch aparecendo de repente.

Peeta me solta e essa é a deixa para eu ir até Delly e a pegar pelos cabelos. Arrastando-a pela padaria até a porta da frente, chegando lá, jogo-a no chão e ela me encara furiosa.

— Devo lhe dizer que a sorte está sempre a seu favor! Por que se meu arco estivesse aqui, eu teria o prazer de acabar com sua raça de vadia. – Digo vociferando para cima dela.

— Você sabe que...

— Sei, eu sei que o Peeta vive e morre por mim, assim como o Gale pela Johanna... – Digo cruzando os braços.

— É isso aí. – Diz Johanna, jogando Madge ao lado de Delly e tomando a mesma posição que eu ao meu lado.

— Só digo uma coisa Delly, espero que você tenha amor na sua vida e pare de dar em cima do MEU marido. Ou, terei de cravar uma flecha em seu crânio e ter a infelicidade de ter meu bebê dentro de uma penitenciaria. – Digo friamente fazendo ela arregalar os olhos.

— Você não seria capaz... – Ela sussurra.

— Você acha mesmo que não? – Johanna pergunta.

— Achamos, agora vocês estão gravidas. – Diz Madge.

Solto uma risada de deboche e Johanna me acompanha.

— Já matamos uma vez, podemos matar de novo. – Digo, aproximando-me de Delly. — Melhor ficar longe dele. Pro seu próprio bem.

Delly e Madge nos encara mais uma vez antes de virarem as costas e saírem. Vou em direção a minha casa, ignorando os gritos de Peeta me chamando e pessoas virem atrás de mim. Assim que entro subo diretamente para nosso quarto e fico lá por horas, apenas pensando no que eu fiz para merecer isso.

Quando me dou conta já anoiteceu. Peeta passou quase a tarde toda do lado de fora do quarto me chamando. Até que por fim desistiu. Ouço a voz da minha mãe, chamando-me calmamente do lado de fora do quarto.

— O que você quer? – Pergunto alto.

— Falar com você.

— O Peeta está aí? – Pergunto.

— Não Katniss, ele não está. – Ela suspira cansada. — Abra, tenho que falar com você.

Meio relutante vou até a porta abrindo-a. Minha mãe entra e se senta na cama.

— Parece que finalmente meu maridinho desistiu de me ver e foi atrás do seu verdadeiro amor, não? – Pergunto sarcasticamente e minha mãe me encara balançando a cabeça negativamente.

— Não Katniss... Por Deus! Quando você vai parar de ser tão infantil? – Ela grita para mim e eu arregalo os olhos. É a primeira vez que ela grita comigo.

— C-como?

— Peeta teve um flashback enquanto tentava de tudo para falar com você. – Ela diz ainda alterada.

— Um flashback? Ele não tem um flashback a meses... – Digo. — Como ele está?

— Bem pior do que você. – Ela me olha com desgosto. — Tivemos que apagá-lo, foi horrível. – Ela responde e eu suspiro com pesar. — E mesmo desacordado, não para de chamar por você. Tem ideia do que você faz com aquele garoto? – Ela se levanta e me encara.

— Ele me traiu! Merece coisa pior.

— ELE NÃO TRAIU VOCÊ! – Minha mãe grita novamente. — Por Deus Katniss... você nem se quer deixou ele se explicar...

— Não se explica o obvio!

— Foi uma armação de Delly e Madge. Era realmente e sem dúvidas para você e Johanna verem aquele beijo. – Ela diz.

— Isso não importa agora. – Digo. — Eu vou para a Capital.

*-*

Acordo-me no outro dia sentindo-me exausta, não consegui dormir muito bem a noite, tive vários pesadelos e aproveitei boa parte da noite em claro para arrumar minha mala. Levanto-me e vou ao banheiro para tomar meu banho. Desço para tomar café e ouço batidas na porta.

— Johanna? – Falo assim que abro a porta.

— Quero falar com você. – Ela diz entrando em minha sala e indo para a cozinha.

— Tudo bem, mas seja rápida. Estou indo para a Capital.

— Eu sei, vou com você. – Ela diz.

— Como?

— Não consigo olhar para o Gale sem querer mata-lo. – Ela suspira segurando as lágrimas.

— Imagino. – Digo. Ouço alguém tocar a campainha e vou até a porta abri-la. — Peeta?

— Preciso falar com você. – Ele diz com a voz tremula. Por um minuto eu quase o comparo com aquele Peeta que chegou no treze depois de ser telessequestrado.

— Estou de saída. – Digo rispidamente.

— Aonde você vai? – Ele pergunta um pouco surpreso.

— Para a Capital. – Diz Johanna e eu a encaro. — Que foi? Era segredo?

Encaro Peeta e vejo que lágrimas descem de seus olhos.

— Você está indo embora. Real ou não real?

— Real. – Digo olhando fixamente em seus olhos.

— Não... não... Katniss... Amor... não.

— Peeta, não começa. Você já fez muito. – Digo começando a ficar nervosa.

— Não, Katniss você não pode ir.

— Isso não está mais em discussão. – Digo encarando seu rosto.

Vou até os pés da escada e pego minha mala, passando por Peeta na porta. Ele vem atrás de mim e para na minha frente, ficando de joelhos e abraçando as minhas pernas.

— Por favor Katniss, não vá. Eu juro que nunca quis nada com Delly, sempre gostei dela como amiga. A única que eu amo e desejo é você, sempre foi você. Sempre.

— Solte-me Peeta, você está apenas me atrasando. – Digo tentando tirar seus braços do meu redor.

— Se você for embora, eu vou morrer Katniss. – Ele diz se alterando.

— O que está havendo aqui? – Pergunta Haymitch saindo de casa.

Solto-me de Peeta e afasto-me dele que continua de joelhos no chão.

— Estou indo para a Capital. – Digo.

Encaro Peeta que levanta a cabeça, lágrimas silenciosas saem de seus olhos

— Por favor... – Ele suplica se levantando.

— Segure ele aqui Haymitch, não quero ele atrás de mim. – Digo segurando as lágrimas. — Adeus.

Eu e Johnna andamos apressadas até a estação, assim que chegamos compramos nossas passagens e entramos no trem. Assim que o trem começa a se mover, vejo Peeta e Gale correndo até nós, mas já era tarde.

— Vamos voltar? – Ela pergunta.

— Não sei...