História Pela Primeira Vez - Lembrança não tão ruim

E finalmente chegamos no tal bar. Sua frente era sem graça, toda em marrom, com uma placa, onde estava escrito "Bar", um nome nada original. Quando entramos, observei o local que era simples, mas muito aconchegante. Assim como do lado de fora, tudo era marrom ali. De um lado estava um balcão, onde era pedido algumas bebidas. Tinha um espaço com algumas mesas, outro espaço pra dançar e mais no fundo, o que eu achei legal, era um espaço para jogar, com sinuca. Aquilo não era especificamente um bar, parecia mas um pub.

— Gostei daqui — Magali falou

Avistamos Xaveco e Denise jogando sinuca, e fomos até eles

— Ganhei de novo — o loiro disse

— Não vale, você bem que podia me deixar ganhar! — Denise falou emburrada

— Sinuca não é sua praia Dê — falo e o casal se assusta, pois não haviam nos notado ali

— Pensei que não vinham mais — ela disse, depois apontou pra mim — Principalmente você

— Por que ainda não está na pista de dança Denise? — Magali pergunta

— Eu estava esperando a minha querida dupla dinâmica chegar. Agora vamos! — e puxou eu e Magali pelo braço

— Não gosto muito de dançar gente, vou ficar aqui jogando — falei

— Ah não Mo! Você veio aqui só pra jogar? — Denise me olhou desapontada

— Desculpe, mas eu não vou

— Deixa De, depois quando ela se soltar mais, a gente vem buscar ela — Magali disse

— Depois a gente volta então — a ruiva disse, e logo elas saíram do fundo e foram pra pista de dança, que já se encontrava cheia

— Ih, olha lá quem chegou — Cascão falou e eu me virei, não acreditando no que via

O que o Cebola fazia aqui?

— Você o conhece Cascão? — pergunto

— Ele é aquele amigo que eu te falei

Inferno!

— Fala Cebola — Xaveco fez um aperto de mão típico dos homens

— Oi — disse

— Olha minha amiga, Mônica — Cascão apontou para mim

— Realmente, o mundo é muito mais pequeno do que eu imaginava — Cebola disse, e aquele maldito brilho apareceu.

Cara chato!

— Se conhecem? — Xaveco perguntou

— É o meu novo supervisor

— Bem que eu desconfiava. É impossível existir dois Cebolas em uma única cidade — Cascão sorriu

— Já tá bom né Mo? Vamos dançar agora e.... — Denise disse, vindo até nós, depois parou assim que viu Cebola — Chefinho? Você por aqui?

— Olá Denise — sorriu

— Ele é o amigo que eu falei que tinha conhecido aqui — Cascão explicou

— Então Mônica, vamos dançar? — Magali perguntou

— Já falei que não sei dançar, vou ficar por aqui mesmo — eu não queria que elas passassem vergonha comigo dançando toda desajeitada

— Então você gosta de jogar... — Cebola se aproximou de mim — Joga comigo?

— Eu já vou jogar com o... — falei me virando, mas vi que aquelas traíras haviam levado os meninos para dançar, e não sobrava ninguém para jogar uma partida

— O que dizia? — ouvi a diversão em sua voz

— Eu jogo com você

Ele pegou um taco e eu peguei o outro, como um perfeito cavalheiro ele me deixou começar, mas acabei errando

— Minha vez — disse

Quando jogou, ele havia acertado. Constrangida, virei o rosto para o outro lado, pois havia notado coisas nele que não deveria. Notei que ao se inclinar para fazer sua jogada, a camisa verde que ele usava, apertava mais contra seu corpo, e a cor verde combinava bastante com ele. Notei também como seu olhar brilhava toda vez que acertava uma jogada, mas era um olhar diferente de como ele me olhava. Notei outras. coisas também, que não deveria ter notado

— Sua vez — disse e eu me virei novamente para o lado dele, observando as poucas bolas que estavam em cima da mesa de sinuca

— Afe, você vai ganhar

— Não perca as esperanças — sorriu, e bufando, eu resolvi jogar logo, não derrubando nenhuma bola no buraco

— Ganhe logo! — falei e me virei para o outro lado, pois não queria ver sua vitória. Pude ouvir sua risada

Observei as outras mesas de sinuca, e reconheci uma pessoa que estava em uma delas, sozinha. Era uma mulher, loira de cabelos lisos e de olhos azuis. Ela olhou pra mim, e eu soube que não estava errada, era realmente quem eu estava pensando.

Alícia!

— Mônica? Mônica? — Cebola me chamou — O que houve?

— Nada! — falei, mas ainda não tirava os olhos daquela garota, e ele seguiu meu olhar

— Não gosta dela?

— Não. É uma longa história... — suspiro

— Eu adoraria ouvi - la. Somos amigos não é?

— Não tão íntimos assim!

— Então, pelo menos, para de olhar para a pobre menina desse jeito

— De "pobre menina" ela não tem nada — o encaro

— O que ela fez pra você?

— Você vai ficar toda hora perguntando né?

— Sim — ele sorri

— Tudo bem, eu vou te contar — falei. Não acreditava que eu iria contar isso, não que eu ficasse chateada, mas era constrangedor

O levei até o balcão e pedimos uma bebida, mas não muito forte

— Pode começar... — Cebola fala

— Bom...

Flashback on

Eu e meu namorado, Maurício, tínhamos feito um ano de namoro. Nós íamos sair, e ele passaria na minha casa exatamente as 19:00 horas, mas ele me disse que teve uma emergência no hospital com um paciente, então não poderíamos sair aquele dia, eu entendia que ser médico não era fácil. Eu sabia que quando ele chegasse, chegaria exausto, então como eu tinha a chave da sua casa, resolvir ir até lá, preparar alguma coisa para ele comer.

O paciente que ele estava cuidando estava em um estado grave. Maurício voltava frustrado do hospital por não conseguir salvar o pobre homem. Ele tinha pouco tempo de vida. Fui o mais rápido que pude até sua casa. Eu queria lhe dar conforto, queria que quando ele chegasse, eu lhe desse sua comida preferida, lhe desse atenção e lhe perguntasse como foi no hospital.

Tive uma grande surpresa ao chegar em sua casa. Assim que abri a porta, ele estava em pé no meio da sala beijando aquela loira. Eu não fiquei angustiada, apenas decepcionada. Não imaginava que ele faria isso comigo. Não quis fazer um escândalo, apenas o encarei e falei que tinha acabado nosso relacionamento, enquanto a loira saiu de lá despreocupadamente com um sorriso de como estivesse conseguido o que queria.

Ele tentou se explicar, e eu até dei uma chance de ouvir sua desculpa, mas ela não teve lógica nenhuma. Ele me disse que a não a conhecia e ela só bateu na sua porta, e quando ele abriu, ela foi entrando sem ser convidada, se apresentou como Alícia e quando eu entrei na sala, ela o beijou. Não dava pra acreditar naquela história.

Eu havia o deixado lá, pensando e quando sai, a tal da Alícia ainda teve a ousadia de falar comigo

— Não fique triste. — disse; o sorriso de vadia estampado no rosto

Eu não quis responder, apenas ergui o queixo e sai de lá pisando duro

Flashback off

— Que horrível — ele disse

— Pois é... — tomei um gole da minha bebida

— Desculpa

— Pelo que?

— Por te fazer relembrar as lembranças ruins

— Não foi tão ruim assim. Eu entedia que ele queria uma mulher bonita, ao contrário de mim que não me comparo aquela loira — olhei para a mesa de sinuca bem atrás onde ela ainda estava. Alícia me olhou, talvez lembrando de mim

— Eu não acho. Você é até mais bonita que ela

— Obrigada — senti minhas bochechas esquentarem e bebi mais um pouco da minha bebida, tentando disfarçar minha vergonha com o seu elogio.

— Ah, vocês estão aqui! — Denise mais uma vez veio até nós — Sem desculpas desse vez Mônica,. você vai dançar

— Denise... — eu ia falar, mas ela me interrompe

— Vamos logo! — e se virou pra Cebola — Você vem chefinho?

— Vou sim. E pode parar de me chamar de chefinho? Gosto mais de camarada — deu uma piscadela pra mim

Não tive como fugir com os dois me arrastando pra pista de dança, e mesmo passando vergonha dançando toda desengonçada, não me importei. Havia concluído o meu objetivo para aquela noite: esquecer de tudo e se concentrar mais em mim. Eu consegui, principalmente com os meu amigos ali comigo, embora o Denis não ter ido, e ainda aquela Alícia estar ali também. Mas ela não me trouxe lembranças tão ruins assim. Eu me divertir, e era tudo o que importava.

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