História Pequeno segredo - Capítulo 14

- Eu sei que vou me arrepender muito disso, mas fala logo. - Mandou tentando não soar curiosa. Ele abriu um sorriso e começou:
- Então, eu estava escutando a sua conversa e.
- Como é? - O cortou com raiva. - Eu não acredito que além de inconveniente você é bisbilhoteiro. E onde é que você estava? - Perguntou olhando para todos os lados confusa.
- Eu estou em todos os lugares e em lugar nenhum. - Respondeu misterioso a vendo revirar os olhos. - Mas a questão é. Eu posso te proporcionar alguns minutos ou horas de esquecimento, depende de você. - Sugeriu tentando soar sedutor.
- Eu não estou entendendo mais nada. - Disse desistindo daquela conversa e dando um passo a frente sendo bloqueada novamente.
- Calma. Eu estou te propondo algumas ficadas, beijos escondidos essas coisas. Antes de tudo. - Interrompeu antes que ela começasse a protestar. - Você está completamente perdida, um erro a mais ou a menos não vai fazer diferença. É só não contar para ninguém. Além do mais, as garotas sempre dizem que quando ficam comigo esquecem de tudo. - Ela o encarou incrédula. Não acreditava na proposta que estava recebendo. A primeira pessoa que veio a sua mente foi Paulo, não queria pensar no que ele iria fazer se soubesse. Seu rosto começou a ficar vermelho e a expressão se fechou rapidamente. Vitor não a conhecia, mas reconheceu que deveria ficar com medo.
- Eu te juro. Da próxima vez que você se aproximar de mim, eu arranco cada fio dessa coisa que você chama de cabelo na unha, ou melhor, eu pratico todas as técnicas conhecidas de tortura no mar com você. - Ameaçou extremamente irritada fazendo ele recuar um pouco lhe dando passagem. Ele balançou a cabeça e voltou ao seu estado normal.
- Eu vou estar sempre a disposição linda. À sua espera. - Afirmou para ela que saiu irritada mandando o dedo do meio sem olhar para trás. Alicia chegou no salão atrasada, pediu desculpas baixinho para Sílvia e sentou ao lado de Paulo.
- O que ele queria Aly? - Perguntou Carmen que estava ao seu lado vendo a amiga virar em sua direção ignorando o moreno do lado oposto.
- Depois a gente conversa. Eu só quero esquecer aquele garoto. - Respondeu entre dentes tentando controlar a respiração. A Carrilho só confirmou e voltou a prestar atenção à nutricionista que estava ensinando formas alternativas de lanches para as grávidas. A tarde Jorge e Margarida se encontravam na cabine de Valéria confusos. A Ferreira pediu para que eles fossem conversar com ela a sós, o que gerou grande desconfiança por parte dos dois.
- Que bom que vieram. - Disse ela com um sorriso entrando na cabine com uma bacia cheia de salgadinhos de festa.
- Onde você arrumou tudo isso? - Perguntou o loiro tentando pegar um, mas recebeu um tapa em troca.
- Tira o olho. - Avisou séria enquanto ele lhe mandava língua.
- O que você quer Val? Estamos atrasados. - Disse Margarida rindo das trocas de caretas entre o Cavaliere e a Ferreira.
- Atrasados para quê? - Perguntou inocente vendo eles se entre olharem nervosos. - Não adianta mentir. Eu sei que vocês estão ficando. - Informou naturalmente enquanto Margarida batia nas costas de Jorge pelo fato do loiro ter se engasgado com a própria saliva.
- Quem te disse isso? - Retrucou ele vermelho e tentando controlar a respiração.
- Vocês se entregam. Nossa senhora. - Respondeu rindo. - Mas o que eu não entendo é por que vocês não querem que ninguém saiba?
- Nos conhecemos a quase duas semanas e começamos a ficar à poucos dias. Não é nada sério, então não vimos porque falar para todos. - Respondeu a Garcia se sentando ao lado da amiga na cama e pegando um salgadinho.
- Mas nós somos seus amigos. Vocês tinham o dever de contar que um dos meus OTPs se realizou. - Disse indignada fazendo um beicinho infantil.
- Menos Valéria. Estamos só ficando não namorando. - Lembrou Jorge rindo e sentando do lado oposto.
- Mas não vai demorar muito para isso acontecer. - Previu com um sorriso malicioso no rosto.
- Ai amiga. Como minha vovózinha diz "O futuro a Deus pertence." - Falou Marga dando de ombros enquanto Jorge concordava.
- Mas então minha caipirinha e meu riquinho. Um dos clichês mais amados desse navio. Por que vocês acham que não vão ficar juntos?
- Os planos para o futuro são muito diferentes. A Marga vai para Nova York, ela não te contou? - Informou o Cavaliere com uma pontada de tristeza.
- Como assim Margarida Garcia? Você vai me deixar alone e não informa nada?! - Gritou histérica enquanto a morena fuzilava o ficante com o olhar.
- Eu consegui um contrato com uma agência. Estou indo no próximo mês. - Explicou encantada.
- Eu fico muito feliz por você, de verdade. Ai gente eu vou ter uma amiga famosa. Que divo. - Disse animada mudando completamente de humor gerando risos nos outros dois.
- Só você mesma Val. Mas eu quero que saiba que eu vou sentir saudade. Vocês todos já tem uma parte do meu coração. - Confessou para a grávida que a abraçou o mais forte possível sem segurar as lágrimas.
- Você nem foi e já está me fazendo chorar. - Disse com a voz embargada vendo a amiga sorrir emocionada.
- Você chora por tudo Ferreira. - Alfinetou Jorge.
- Cala a boca Cavaliere. - Rosnou escutando Margarida sorrir baixinho. Ele só levantou as mãos em rendição e voltou a comer ignorando o olhar da amiga. Em outra parte do navio, especificamente em uma loja direcionada a produtos infantis, Bianca e Maria Joaquina observavam as novas peças de roupas para recém-nascidos.
- Mulher do céu, isso custa o preço da minha casa. - Dramatizou Bibi olhando o preço de um conjuntinho de frio.
- Larga de ser exagerada Bianca. Tá legal, Bibi. - Se corrigiu diante do olhar dela. - Você tem que parar com essa mania de deixar só o Koki te chamar de Bianca. - Reclamou emburrada.
- Depois a dramática sou eu. - Cutucou sorrindo. - Mas o que nós estamos fazendo aqui mesmo? Porque eu não vou comprar nada.
- Mas eu vou. Escolhe alguma coisa para a Merida.
- Claro que não Majo. Você não precisa fazer isso. Eu.
- Mas eu quero fazer isso. - A interrompeu calma. - Anda Bibi, aí você me ajuda a escolher o presente das meninas. - Informou convencendo a amiga ainda relutante. Depois das mini compras elas seguiram em direção a praça de alimentação.
- Estou com tanta vontade de tomar aquele milk shake de Ovomaltine. Não é desejo, é porque eu amo mesmo. - Confessou a ruiva sorrindo junto com a Medsen.
- Depois a gente toma. Já estamos comendo demais. - Comentou torcendo o nariz observando as embalagens vazias em cima da mesa. - Olha, você não precisa responder se não quiser, mas você e o Koki ainda vão dar ela para a adoção? - Perguntou com cautela a sentindo ficar nervosa.
- Sim. Nesses dias estamos conversando muito e não é fácil Majo. Por mais que a gente queira ficar com ela não podemos. - Respondeu triste. - Se decidirmos ficar com ela a minha mãe me expulsa de casa, ela já falou isso.
- Mas e os pais dele? E o seu pai ou a sua família? - Indagou incrédula a vendo balançar a cabeça.
- Meu sogro concorda com a minha mãe como eu falei. Meu pai e a mãe do Koki ainda estão indecisos, mas fazem tudo o que os outros dois mandam. Meus parentes estão nem aí para mim. Menos uma prima minha que está me apoiando muito. Os do Koki são do mesmo jeito. - Confessou sem ânimo.
- É que eu pensava que como a sua família é pequena vocês fossem mais unidos. - Declarou a loira sem jeito.
- Era pra ser né?! Mas não é. A minha família tem o complexo da perfeição e eu sou tipo o erro. Eles têm vengonha de mim. Já me disseram isso várias vezes. - Contou tentando soar desinteressada, o que foi impossível, era perceptível o tom de dor em sua voz. Majo deu a volta na mesa e a envolveu em um abraço.
- Desculpa ter tocado nesse assunto. Pode contar comigo para tudo viu? - Afirmou para ela que concordou com a cabeça aproveitando aquela sensação de ter alguém ao seu lado. Marcelina trabalhava no restaurante quando avistou, por uma das enormes janelas que davam vista para o mar, seu irmão apoiado nas grandes de proteção observando as ondas triste.
- Mário. Samantha. - Chamou os dois que vieram imediatamente. - Me dêem cobertura rapidinho. - Pediu antes de retirar o avental e seguir para fora deixando os dois confusos e preocupados.
- O que essa louca vai fazer? O Otávio não poder perceber que ela sumiu. - Disse a de mechas roxas olhando para os lados a procura de algum sinal do chefe.
- Ela precisava ir. - Falou Mário apontando para a namorada que abraçava o irmão. - O bom é que tem pouca gente, mas vamos andar um pouco para ninguém perceber a falta dela. - Informou se separando da amiga. Do lado de fora Marcelina abraçava Paulo em silêncio.
- Eu sei o que está acontecendo. - Comentou apoiando a cabeça em seu braço.
- É pequena, mas nem eu mesmo sei o que está acontecendo. - Retrucou rindo sem humor.
- Paulo. - Chamou o fazendo olhar para baixo em sua direção. - Você sabe muito bem. Você e ela, mas são cabeças duras demais para admitir.
- Não é orgulho Marce. - Falou calmo, mesmo que por dentro não estivesse. - É mais complicado que isso.
- Não, não é. São vocês que tornam complicado. - Afirmou séria. - A coisa mais simples do mundo é dizer ao outro como você se sente. Mas a gente coloca obstáculos que não existem no meio da nossa felicidade.
- Não são obstáculos, é a verdade. A nossa amizade é muito importante e ela mesma me disse que não queria acabar com ela. - Lembrou se virando para o mar novamente sem encarar a irmã que batia o pé impaciente.
- Vocês são muito burros. - Disse frustada chamando a atenção dele que a olhou confuso. - Vocês querem tanto que nada disso interfira na amizade de vocês só que esse é o problema. A falta de sinceridade vai afastar vocês mano. Eu não quero que isso aconteça. - Admitiu com a voz embargada enquanto ele a puxava para um abraço de urso. - Que merda. Era eu que devia estar te consolando. - Reclamou arrancando um sorriso sincero dele.
- Você sempre me ajuda pigmeu. - Brincou recebendo um soquinho nas costas. - Obrigada por tudo Marce. - Agradeceu já sentindo o peso que a distância traria quando tivesse que se afastar dela. Afinal o futuro estava chegando e mesmo não querendo as pessoas tomam rumos diferentes.