1. Spirit Fanfics >
  2. Perdição >
  3. Capitulo 15

História Perdição - Capitulo 15


Escrita por: vauseman_damie

Notas do Autor


Boa noite, pessoas! Fiquem com um capítulo um tanto emocionante! Boa leitura!

Capítulo 15 - Capitulo 15


CAPÍTULO QUINZE

 

  Pov Piper

 

Aquela mensagem de Alex deixou-me mais animada. Sentei-me na cama com um sorriso bobo nos lábios. Algo me dizia que tudo iria ficar bem, que ela iria relevar a maneira como me tratou naquele dia.  Lavei meu rosto, escovei meus dentes e tomei um banho. Como sempre, optei por um vestido básico e simples. Meus cabelos soltos, uma maquiagem bem básica e fraca em meu rosto. Calço uma simples sandália e pego minha bolsa.

Ao aparecer na cozinha deparo-me com Lorna e Nicky, as duas estavam concentrada no que fazem, estão cozinhando algo e rindo.

Sorri maneando a cabeça. 

Só elas mesmo que não percebem o tempo que estão perdendo.

— Bom dia, meninas! — As saudei me aproximando, as duas se viraram para encarar-me e sorriram.

— Ei, P! Como dormiu? — Nicky estava irradiante.

— Ah... Bem. — Respondi dando de ombros. 

Lorna sorriu enquanto colocava a mesa.

As auxiliei em tudo, para finalizar o café. Nicole encarou-me, enquanto bebia seu café preto.

— E vai sair hoje? — Encarava-me com as sobrancelhas erguidas.

Sim, ela estava bastante desconfiada.

— Sim, vou fazer um breve trabalho para a sra. Vause. — Respondi servindo-me de um suco.

Lorna sentou-se na mesa. — Tá explicado porque ganha bem. Trabalha qualquer dia da semana.

Assenti e peguei um danut colocando-o todo na boca, para não ter que falar muito. 

— Vão sair hoje?

Nicky franziu o cenho. — Sair pra onde? — Indagou confusa.

Dei de ombros. — Não sei. Foi só uma pergunta.

— Legal, Nicky! Podemos sair, não podemos? — Lorna sorriu.

— Ou podemos só ficar aqui, vendo um filme mesmo. Está frio. — Torceu o nariz, fazendo eu e Lorna rir.

— Ou podemos ir ao Central Park curtir o frio.

— Nossa, como você consegue ser animada nesse frio? — Rolou os olhos. — Parece a Piper.

Ri. — Verdade! Eu sempre peguei no pé dela para fazermos coisas em nosso tempo livre, mas ela só queria dormir o dia todo e comer.

— E há coisa melhor?

Rimos.

Finalizei meu café da manhã e me despedi das duas. Ao lado de fora estava Healy a minha espera. Ele sorriu gentil e abriu a porta para que eu entrasse o automóvel.

A porta foi fechada e afivelei o cinto, enquanto o carro estava em movimento fiquei olhando a cidade pelo vidro do carro, com meu pensamento longe. 

O que eu esperava exatamente de Alex? Que ela fosse gentil comigo, assim como estava sendo nos últimos dias, só isso. Sei que ela poderia ser gentil, e não somente dar patadas.

O carro parou. Analisei, estávamos em frente a uma casa enorme, na verdade uma mansão. Healy desceu do carro e abriu a outra porta, uma mulher magra, cabelos curtos, tatuada e com um sorriso encantador no rosto entrou o carro.

— Olá, moça. — Seus olhos azuis analisou-me de cima em baixo. A porta se fechou e logo o carro estava em movimento mais uma vez.

— Oi. — Lhe respondi de modo tímido

— Sou Stella Carlin, a estilista que Alex contratou. — Sorriu mostrando seus dentes, eles eram lindos. Ela era uma mulher bastante atraente, mas não passava disso. — E você é?

— Piper.

— Piper, hein? Bonito o nome. — Ela parecia ser uma pessoa bastante animada. — E que tipo de roupa você gosta de usar normalmente?

— Roupas que sejam confortáveis.

— Ah, sim. Vou te dar umas dicas. — De uma piscadela.

Assenti corando.

O carro parou, andamos em várias boutiques, tudo de mais luxuoso que existia. Stella deu suas dicas, escolheu vestidos finos, roupas de vários tipos, sapatos que eu jamais usaria normalmente, jaquetas, sobretudo, exatamente, tudo na melhor qualidade. E várias bolsas e relógio. Admito que achei um exagero.

— Cansada? — Riu pegando as sacolas de minhas mãos e colocando dentro do carro.

— Exausta! — Ri.

Estávamos andando há horas, e meus pés estavam doloridos e meu estomago reclamando de fome.

— Aceitaria almoçar em minha companhia? Conheço um restaurante que é muito bom. Sempre frequento e o bom, é que é aqui perto. — Disse animada.

Sorri sem jeito. — Tudo bem.

O restaurante era rustico, fino e transmitia uma paz de espirito que eu não sabia explicar. Nós sentamos em uma mesa e fizemos o nosso pedido.

— Quanto tempo conhece Alex? — seus olhos estavam cravados em mim, enquanto ela bebia sua água com gás.

— Cerca de um mês, ou menos.

— Pouco tempo. — Deixou a taça sobre a mesa. — Sei o tipo de relação que vocês têm.

Arregalo os olhos brevemente. — Sabe?

— Sim, sei. Alex comentou comigo. Também sou adepta a esse tipo de relacionamento.

— Oh.

Isso era algo surpreendente.

— Você é muito linda, Piper.

Meu rosto queimou no mesmo instante. — Obrigada.

Stella sorriu de modo travesso. — Você cora demais.

Sorri sem jeito. — E você? Como conheceu a Alex? — Mudo o rumo da conversa.

— Na faculdade. Não somos amigas, Alex não tem amigos, mas somos próximas. Nada de sexo, mas sou a estilista dela e a ajudo em certos assuntos relacionado à moda, quando ela precisa.

— Entendi. — Murmurei.

Nossos pedidos chegam e a comida é mesmo uma delicia. Não tomo vinho, não posso e na verdade, não é algo que eu goste muito.

— Você parece ser jovem. Qual sua idade?

Franzo o cenho. Stella está bastante interessada sobre mim. — 22 anos.

— Céus, muito jovem! —Riu espantada.  — Vause se superou agora, porque você é linda, parece um anjo, sabia?

Estava completamente desconcertada. — Obrigada, mas nem sei o que lhe dizer.

— Não dia nada. — Riu. — Céus... Alex é uma mulher de sorte! — Sorriu de modo sugestivo.

Sorri sem vontade.

Aquilo estava começando a me incomodar, pois eu estava me sentindo um pedaço de carne.

 

Piper Off

 

Nicky estava jogada no sofá, havia comido um balde cheio de pipoca, enquanto assistia um filme com Lorna. Estava frio demais.

— Vamos ficar aqui enfurnada quanto tempo mais? Vamos sair, Nicky! — Bufou Morello com as mãos na cintura, encarando-a.

A ruiva se sentou no sofá. — Por Deus! Ainda está com essa ideia na cabeça? — Suspirou.

— Sim. Vamos dar uma volta, por favor, sim? — Pediu manhosa.

O coração de Nicky bateu forte e então ela se levantou. — Isso não é nada justo, sabia? — Bufou se rendendo. — Vou trocar de roupa. — Anunciou indo para seu quarto, que agora quem usava era Lorna.

Depois de ambas se trocarem, para colocarem roupas mais grossas e quentes, rocas, luvas e botas, saíram rumo ao Central Park.

O local não estava muito cheio, mas sim, havia pessoas aproveitando a neve que cobria o chão e o frio. Crianças com seus cachorros brincando de bola, discos entre várias outras brincadeiras. Crianças corriam brincando com outras crianças. As duas estenderam um forro no gramado e se sentaram, colocando frutas e vários tipos de comida leve para um piquenique.

— Nossa, como é bom sentir esse cheiro de ar livre, não acha? — Lorna comentou se espreguiçando, com um enorme sorriso no rosto.

Nicky sorriu, enquanto a observava. — Devo admitir que é muito relaxante. Fazia muito tempo que não fazia isso?

— Um pouquinho. — Riu sem jeito.

— Por que ainda ama seu marido, se ele te fez sofrer tanto, Lor? — Indagou confusa, sem entender, então suspirou. — Perdoe-me. Sei que essas questões do coração não há como se escolher. — Sorriu fracamente, estava passando isso na própria pele.

Lorna sacudiu a cabeça. — Tudo bem. Não se preocupe. — Sorriu gentilmente. 

— Estou com fome. — Pegou uma maçã dando uma enorme mordida.

— E quando que não está? — Riu.

— Verdade! — Rolou os olhos. — Mas para relevar, sou professora de king boxing e acabo gastando bastante energia. — Sorriu amarelo.

— Isso sim é uma boa desculpa! — Riu achando graça.

— Eu sei. — Riu também.

Lorna pegou uma pera dando uma mordida em seguida. — Mas e você, Nicky? Desistiu do amor?

A mesma suspirou e refletiu. — Não. 

Lorna sorriu de canto, sabia de seus sentimentos por ela, mas não entendia, porque andava com esses pensamentos estranhos em relação a Nicole. Nada mais fazia sentido em sua vida.

Conversaram outras coisas, coisas banais e leves. Até que Lorna anunciou que iria ao banheiro, deixando Nicky ali no forro, bebendo um bom suco.

Fez o que tinha que fazer, lavou suas mãos e quando estava se preparando para voltar para o local em que estava, sentiu alguém puxando seu braço, perto do banheiro. Assustou-se, e rangeu os dentes quando se deu conta de que se tratava de Vicent.

— O que faz aqui? Por acaso está me seguindo? — Seus olhos pegavam fogo em fúria.

— Não interessa! — Agarrava seu braço fortemente. — Não pode simplesmente me pedir o divorcio para ficar com uma mulher! Que merda é essa, Lorna? Não estou mais entendendo você, cacete! Me largou para ficar com aquela lésbica nojenta, é isso?

 — Me solta, Vicent! Me solta agora! — Pediu entre os dentes puxando o braço.

— Não solto, porra! — Arregalou os olhos, estava furioso. — Está mesmo com ela? Está morando com ela? Porque duvido que tenha arrumado um lugar para ficar assim tão rápido!

— Não que seja da sua conta, mas Nicky é minha amiga!

— Uma amiga que te beija? Fala sério! — Largou seu braço de uma maneira bruta. — Não nasci ontem! — Soltava fogo pelas ventas. — Agora tudo se encaixa! Tudo!

— Não fale besteiras! — Exclamou Lorna rolando os olhos e então passou por ele, mas foi puxada mais uma vez. — Me solta!

— Não, você vai voltar comigo para a casa, Lorna! É minha esposa, e nada dessa mulher! — A sacudiu.

Mas Morello desferiu uma joelhada no meio das pernas do ex- marido e correu dali. Quando chegou, encontrou Nicky com o copo vazio em mãos apreciando a paisagem do parque.

— O que foi? — Estranhou, pois Lorna estava extremamente pálida.

— Nada. Podemos ir? — Tentava controlar os ânimos.

Nicky a analisou de cima em baixo, com cautela. — Tudo bem. — Concordou bastante desconfiada.

Elas então juntaram as coisas e pegaram o carro de Nicky. Durante todo o trajeto, as duas se mantiveram em silêncio absoluto. Nichols sabia que havia algo estranho ali, que Lorna estava lhe escondendo, mas não insistiria para que lhe contasse. Sabia ser compreensiva e paciente. Uma vez ou outra olhava de canto de olho para a mulher ao seu lado, encontrando-a distante, com os pensamentos longe, mas mesmo assim, se segurou para não questionar nada.

Chegaram em casa, Piper ainda não havia chegado. Lorna ainda calada deixou sua bolsa sobre o sofá, o olhar distante, sério. Nicky sentou-se no sofá e encarou, não sabia se perguntava ou não. Quando abriu a boca para lhe questionar, tocaram a campainha do apartamento.

— Ué, será que a Piper esqueceu a chave? — Murmurou à ruiva se levantando do sofá e indo até a porta para abrirá. Lorna nada disse, apenas deu de ombros.

Ao abrir a porta, Nicky se deparou com Vicent Muccio. Seu sangue ferveu e ela ergueu uma das sobrancelhas. — Deseja algo?

O semblante do homem era fechado. — Falar com minha mulher.

— Sua mulher? Não tem mulher sua aqui. — Respondeu petulante.

O homem trincou a mandíbula, e viu sobre os ombros de Nichols, Lorna se aproximar. — Você aqui? — Indagou nem um pouco contente com isso.

— Quero falar com você! — Exclamou decidido dando um passo a frente, mas Nicole o impediu colocando o braço no meio da porta. — O que é isso? — A encarou com cólera.

— Muita calma nessa hora. — Virou o rosto, encarando Lorna. — Você quer falar com ele?

— Não mesmo! — Respondeu Morello cruzando seus braços, o fitando de modo firme.

Nicky voltou a encará-lo. — Ouviu a moça. — Sorriu de modo sarcástico.

— Sério isso? — Indagou incrédulo, então encarou Lorna. — Podemos conversar?

— Conversar, Vicent? Fala como se você fosse desses caras! — Maneou a cabeça em negativa. — Com você não tem conversa. Só pancadaria.

— Lorna... Por favor, vai. — Resmungou.

— Não, Vicent!

— Olha seguinte, já tem sua resposta. Tem três segundos para sair do meu apartamento, ou irei chamar a policia. Um... Dois... Três! Chispá!

Ele riu. — Está se achando, não é? — Empurrou Nicky usando seu corpo e entrou no apartamento. — Vai se foder, lésbica nojenta! — Resmungou baixo e aproximou de Lorna. — Vamos conversar agora! — Trincou os dentes e encarou Nicky. — Nos deixe a sós.

A ruiva então fechou a porta com força respirando fundo. — Qual parte de que ela não quer conversa com você, você não entendeu, meu caro? 

— Sem querer ser grosso, mas essa conversa é entre um casal, e você não faz parte dela. — Respondeu ácido.

Nicky encarou Lorna ignorando completamente Vicent. — Você decide.

— Já falei: não quero falar com você. — Foi firme em sua decisão.

— Na boa, vai embora agora. — Avisou Nichols séria.

— E se eu não quiser? Vai fazer o que? — Se aproximou dela, com bastante “coragem”, seu peito estufado. Parecia um galo pronto para a briga.

— Quebrar sua cara escrota, com toda a certeza desse mundo. — Respondeu com seus olhos gélidos e expressão rígida.

Ele riu incrédulo e desdenhoso. — Nossa! Por que as lésbicas agem como se fossem homens? — Fez um gesto convencido. — Sério, não quero te machucar.

— Me machucar? — Riu achando graça. — Isso não vai acontecer. 

— Você é bem confiante e imbecil, no mínimo, eu diria. — Maneou a cabeça em negativa.

— Posso te fazer gemer de dor em questão de segundos.

 — Ah, é? — Riu. — Essa eu quero- 

Não houve tempo de terminar tal frase, pois Nicky o imobilizou apenas agarrando seus dedos da mão e o colocando de joelhos no chão do apartamento. Sua expressão era de dor extrema, seu rosto era vermelho.

— Cacete, mulher! — Disse entre os dentes.

— Quer que eu te coloque para fora ou com o resto de dignidade que ainda lhe resta, você vai embora? — Disse no pé do seu ouvido.

— Me solta, porra! Vai quebrar minha mão! — Respondeu aflito, cheio de dor. 

Nicky o soltou. Então Vicent se ergueu com o rosto vermelho, mas sem se dar por vencido correu em direção a Nicole, a pressionando contra a parede.

— Nicky! — Exclamou Lorna assustada.

Mas Nicole não temia a nada, sabia exatamente como agir nessas situações. Desferiu uma joelhada no abdômen do homem, deixando-o desfalecido de dor no chão.

— Sua vadia!

— Estou esperando você agir. Tá fácil demais! — Riu colocando a moa na cintura, então sem folego, ele se ergueu e tentou acertá-la, mas acabou levando uma cotovelada na nuca. Por ser forte, forçou seu corpo para derrubá-la,  mas Nicky foi mais rápida dando-lhe uma rasteira, fazendo com que Vicent caia de cara, sagrando o nariz. Nicole, furiosa com sua audácia e tudo que já fizera com Lorna, desferiu dois chutes em suas costelas.

— Cretina! — Exclamou cheio de dores.

— Anda. Isso está entediante para porra! Não batia na Lorna? Porque não me bate também, seu filho da puta?

Ele limpou o nariz e olhou as mãos cobertas por sangue. Se levantou com dificuldades e respirou. Estava mal e ferido.

— Você é um covarde, essa é a resposta para minhas perguntas! — Respondeu entre os dentes. — Escroto!

— Vai se foder! — A pegando de surpresa, ele acabou conseguindo socar seu nariz, que logo escorreu sangue.

— Chega disso, por Deus! Vicent, vai embora, ou vou chamar a policia! — Ameaçou Lorna não aguentando mais aquela situação, com o celular em mãos.

Ele suspirou em redenção. — Só queria conversar com você.

— Converse em frente ao meu advogado para assinar os papeis do divorcio. Fora isso, não temos mais nada para falar. — Disse fria.

Ele nada disse, saiu de cabeça baixa pela porta.

— Céus, Nicky! — Se aproximou da amiga e tocou seu nariz ensanguentado. — Isso está feio.

— Ei, au... Isso dói pra burro, Lor! — Fez uma carranca afastando o rosto. 

— Eu sei. — Sorriu complacente. — E isso foi culpa minha. Deus, como sinto por isso.

— Não se martirize. — Passou os dedos pelo sangue, em uma tentativa de limpá-lo. — Não tem culpa pelo o que aquele idiota faz.  — A fitou. — Estou bem. Já levei socos melhores. — Brincou.

Lorna maneou a cabeça em negativa. Estava se sentindo muito culpada, estava muito preocupada com Nicky. Durante todo o acontecimento, enquanto os dois estavam tentando se matar, ela ficou bastante preocupada, mas somente com Nicole, nem um pouco com seu ex-marido. Isso só poderia confirmar as suspeitas que estava tendo... Estava mesmo, mesmo apaixonando por Nicole.

— Isso não tem graça. — A repreendeu.

— Ué... — Deu de ombros sem entender a preocupação da outra. — Estou bem. Não tem porque ficar assim.

— Como não? Ele te feriu, Nicky! — Disse nervosa. — E te feriu por minha causa!

— Não surta! — Segurou-a pelos ombros e manteve seus olhos conectados de uma forma intensa, se olhavam.  — Você não é culpada por tudo que aquele cara faz.  Ele é tão escroto, que se eu o visse na rua, certamente lhe dava umas porradas também.

As duas riram.

Era impossível não rir com Nicky.

— Tudo bem. Senta no sofá vou cuidar disso.

— Vai cuidar do que? Disso? — Apontou para o próprio rosto.

— Sim, é o mínimo que eu posso fazer. — Encolheu os ombros e a fez se sentar no sofá, empurrando-a de leve até o local.

— Já disse para não se sentir culpada, Lorna. 

— Nada que me diga vai fazer com que eu mude de ideia. Fique aí e fique caladinha. — Sumiu indo rumo aos quartos, e quando voltou, tinha uma maleta de primeiros socorros em mãos.

— Vai me dizer o que? E seu sonho era ser enfermeira, mas sua vida a levou a outros mares? — Brincou.

— Na verdade, não. — Riu sentando-se diante de Nicky. Pegou algodão, passando álcool nele e limpando o sangue seco de seu rosto.

— Nossa... isso dói mesmo. Não estou querendo ser manhosa não. — Soltou uma risadinha.

— Sei que dói. — Concordou com a voz amarga.

O semblante de Nicole ficou sério. — Agora você pode contar comigo. Não está mais sozinha, sou sua segurança pessoal.

Lorna sorriu. — Que bom, então. — Fez um muito bem feito curativo em seu rosto, com delicadeza. — Prontinho.

— Você manda bem. — Tocou o local. — Valeu.

— Não me agradeça por isso. — Suspirou. — Só queria te dizer que... — Escolheu bem as palavras. — Não sinto mais nada por ele. Nada mesmo.

Nicky franziu o cenho. — Não? 

— Não.  — Ficou mais próxima dela. — E naquele dia, nem tinha o visto, até ir atrás de você. Te beijei porque eu quis.

— Me beijou por que quis?

Lorna riu. — Sim. 

— Mas... mas você-

Lorna a calou colocando o dedo indicador sobre seus lábios. — Eu não queria mesmo nada com você naquela época, mas as coisas mudam, Nicky, e eu estou... estou me apaixonando por você. Não escolhi. Só aconteceu.

A ruiva se ergueu do sofá, cética. — Apaixonada por mim? — Soltou uma risada nervosa.

Lorna fez o mesmo. — Sim.

— Isso é algo que eu não esperava. — Sorriu desconcertada coçando a testa. 

— Imagino. — Sorriu ficando diante dela, os rostos próximos. Respiração batendo no rosto da outra. — Eu quero ficar com você, refazer minha vida, ser feliz com alguém que mereça, mas tudo o que eu vivi ainda me atormenta e é como um fantasma em minha vida. Feridas dentro de minha alma. Não sei se eu... se eu conseguiria me envolver 100% com outra pessoa, entende? É um trauma que eu tenho que superar, mas não acontece de um dia para o outro.

— Entendo. — Murmurou extasiada e sem saber como agir. — Mas... mas o que eu devo  fazer? O que posso fazer em relação a isso, Lorna? Como devo agir? — Suas mãos foram até o rosto de Morello, espalmadas, de ambos os lados.

— Calma. Só tenha calma. — Respondeu boba e sorridente, era nítido a preocupação que Nicky tinha por si, por seu bem estar. Coisa que nunca teve com Vicent. — Eu ainda estou muito enrolada com a questão do divorcio fora tudo isso que falei. Tudo que eu quero de você é que continue sendo essa pessoa maravilhosa, que me apoie, e que tenha paciência comigo em relação a nós... porque eu tenho que dar um passo de cada vez... Não sei ser amada.

— Olha, eu esperei muito por esse momento. — Sorriu apaixonada. — E não se preocupe. Estarei sempre ao seu lado e serei a pessoa mais paciente desse mundo. — Seus olhos se mantinham fixos. 

— Vamos com calma. Podemos contar sobre isso somente a Piper, e só.

— Claro. — Pausou acariciando seu rosto. — Agora posso te beijar?

Lorna soltou uma risada. — Deve.

Nicky sorriu e encurtou o espaço entre seus lábios. Macios e cheios de ternura, se encontrando. As mãos de Nichols se emaranharam entre as mechas escuras de Lorna, que colocou suas mãos em suas costas, entregando-se ao beijo. As línguas se encontraram em uma caricia lenta, cheia de carinho e ansiedade. Os lábios se emoldurando de uma forma perfeita.

Quando se separaram, sorriram cumplices. Sabiam que era o começo de algo bonito, mas que não seria nada fácil. Nada era fácil.

 

//

Alex almoçou, enquanto não desgrudava o olhar de papeis e documentos de suma importância. Ela trabalhava muito, era a melhor maneira que ela via de se distrair dos problemas que tinha. E depois se enfiou em seu escritório, como sempre fazia nos finais de semana.

— Sra. Vause? — Sua governanta adentrou o escritório.

Alex então ajeitou seus óculos. — Diga, Frieda.

— Srta. Carlin está lá em baixo querendo ver a senhora.

Ela franziu o cenho. Não havia motivos para ela estar aqui. — Mande-a entrar, por favor.

— Sim, senhora.

Stella adentrou seu escritório. — Alex... minha nossa, Alex. — Murmurou se sentando.

A mesma estreitou o olhar. — Diga. Como foram as compras?

— Perfeitas. — Se ajeitou na cadeira. — Por que não me disse que a sua nova acompanhante era um anjo?  — Suspirou. — Sério! Piper é demais, linda demais! Tudo nela me encanta! O que acha de transferir ela para minha pessoa?

Alex deu um pulo batendo as duas mãos na mesa. — Nem ouse falar uma merda dessas, Carlin! Piper é minha, ouviu?

— Opa! — Ergueu as sobrancelhas estranhando tal atitude de Vause. Elas sempre brincavam sobre esses assuntos, e jamais havia se exaltado assim. — Se acalma aí.

 Ela então caiu em si e suspirou ficando ereta. — Não brinque com essas coisas. Piper é muito inocente.

— Como assim?

— Ela era virgem e nunca tinha beijado ninguém antes.

— Então ela é especial?

— Sim. — Sua boca se manteve em linha reta. — Ela é especial, de certa forma.

— Ok. — Ergueu as mãos em redenção. — Não está mais aqui quem falou!

— Como foram as compras? — Tornou a questionar, tentando se acalmar.

— Ótimas. Dei boas dicas para ela saber se vestir. — Sorriu.

— Bom.

Alex não estava contente com sua maneira de agir com assuntos relacionados à Piper. Aquilo estava mais perigoso do que ela estava imaginando que seria.

Merda!

 

Pov Piper

Cheguei em casa com várias sacolas, e graças aos Deuses não tinha ninguém na sala. Fechei a porta e fui correndo para o meu quarto. Respirei aliviada escorada na porta já fechada.

Olhei as horas. Tinha que me arrumar de uma vez, ou me atrasaria para meu compromisso com Alex. Com um enorme sorriso no rosto, fui em direção ao banheiro, e só sai de lá depois de uma geral.  Enrolada na tolha vesti uma lingerie preta que tinha comprado hoje especialmente para usar nessa ocasião, a coloquei, havia cinta liga nela, por cima um vestido vermelho, justo ao corpo. Meus cabelos soltos e secos, brincos não muito grandes, uma maquiagem não tão leve, como geralmente uso, batom vermelho nos lábios, saltos nos pés... E eu estava pronta.

Sai de meu quarto. Parecia não ter ninguém em casa mesmo, certamente Nicky e Lorna ainda estavam no passeio que elas estavam pensando em fazer no Central Park.  Estava na minha hora. Peguei uma das várias bolsas que havia comprado, coloquei tudo dentro dela e sai do meu apartamento. 

Como sempre, lá estava Healy a minha espera. A porta do carro foi aberta para mim e adentrei. Estava ansiosa demais para essa noite, algo me dizendo que seria uma grande noite. Em questão de minutos chegamos ao destino, o carro parou no térreo de onde Alex morava, e como sempre vários carros de luxos estacionamentos ali.

Usei o elevador  que dava acesso direto ao hall da cobertura de Alex, e lá estava Alex sentada em uma poltrona, ela parecia perdida em pensamentos olhando a lareira em sua frente com um copo de uísque em suas mãos. Estava não muito formal. Roupas que qualquer mulher jovem e roqueira usaria. Eu adorava esse seu estilo. E claro, seus óculos de grau no rosto. Se ergueu com minha chegada, analisando-me com seus olhos verdes.

— Stella fez um bom trabalho. — Disse por fim ficando diante de mim.

Sorri de canto. — Que bom que gostei.

— Adorei. — Peguei seu cartão, lhe erguendo.

— Fique. — O empurrou de volta.

— Não. Já fiz o que disse, as compras. Não tem motivos para que eu continue com ele.

Ela então pegou o cartão. — Aceita um drinque?

— Não. Estou bem.

— Certo.

— Posso te beijar? — Juntei mais nossos rostos, encostando meu nariz ao seu. Sua respiração ficou descompassada, mas ela mesma juntou nossos lábios. Seu beijo tinha gosto de Uísque, e não era desagradável, ao contrario. — Tenho uma surpresa para você. — Falei ofegante, bastante afetada entre o beijo, a empurrando para o sofá ali presente.

— Piper! — Olhou-me espantada colocando suas mãos em minha cintura, enquanto mantive o meu corpo sobre o seu. Sentada em seu colo, fazendo com que o vestido subisse.

Não deixei que ela falasse nada. A beijei de modo urgente, nossas línguas se procurando e se achando, e isso era um ciclo vicioso. Suas mãos continuavam no mesmo lugar, diferente da minha que passava por todo o soeu corpo, e puxava seus cabelos, fazendo com que ela gemesse contra meus lábios.

Afastei-me, seus olhos estavam negros e dilatados, certamente era o reflexo dos meus. Sem nada dizer, subi o vestido abrindo o zíper que ficava ao lado do meu corpo ficando somente com a lingerie. 

Alex desceu seu olhar por todo o meu corpo, seu peito subia e descia, ofegante, descompassado e ela umedeceu os lábios com a língua.

— Comprei hoje.

— Pra mim?

Assenti e beijei seu pescoço. — Só pra você. — Sorri de modo provocante. — Gostou?

Sua boca se abriu e fechou. Nenhum som emitiu, então abriu novamente, mas fomos interrompidas pelas portas do elevador se abrindo, olhei naquela direção e uma mulher adentrou.  Ela não era muito baixa, mas nem muito alta, cabelos no ombro e nos olhava com um sorriso sugestivo nos labios, mas parecia surpresa também.

— Começaram antes de mim a brincadeira?

O quê?

Franzi o cenho encarando Alex. A vi enrijecer, então sai de seu colo sem jeito cobrindo-me com o vestido. Estava quase nua diante de uma estranha.

— Nós deixe a sós Alice. — Pediu Alex com a voz cortante e fria.

A mulher não se deixou abalar e o fez.

— O que é isso, Alex? Não estou entendo. — Encarei-a confusa.

Ela se aproximou de mim. — Sua próxima lição é sexo a três.

Engoli em seco e senti uma dor lacerante em meu peito. — O quê?

— Se chama ménage. — Respondeu tranquilamente enquanto ajeitava os óculos.

— Eu sei como se chama! — Respirei fundo e controlei minha voz. — Pensei que estivesse no contrato que você não poderia me “emprestar” para ninguém.

— E não estou o fazendo. As duas vão me dar prazer. Entre vocês não vai acontecer nada.

Ela só podia estar louca. Alex não me considerava nem um pouquinho.

— Você veio em boas condições. — Sorriu de modo sacana. — Irei chamar Alice.

— O quê? — Tremi de ódio. — Está mesmo achando que eu vou fazer algo assim?

Ela me fitou estreitando o olhar. — Você deve fazer tudo que eu ordenar. Está no contrato.

— Eu sei que está na merda do contrato!

Seu semblante se fechou. — Olhe como fala comigo.

— Você acha o que, Alex? Que eu sou algum tipo de prostituta para me sujeitar a essa humilhação? Porque essa é a palavra certa: humilhação! — Eu estava tentando me controlar, mas estava consumida pelo ódio e decepção, mas o que eu poderia esperar de uma pessoa como Alex?

— Vai quebrar o contrato? — Olhou-me sem acreditar.

— QUE SE FODA O CONTRATO! — Explodi e seus olhos se arregalaram brevemente. Havia a pego de surpresa. — Eu estou apaixonada por você, Alex! Que se foda a merda do contrato! Que se foda tudo isso, tá bem? — Digo com as lagrimas escorrendo por meu rosto, mas logo as limpo, porem não adianta muito. Estão escorrendo em grande quantidade e não consigo me controlar.

Ela estava em choque, parecia enojada e cética. Tudo ao mesmo tempo. — Está apaixonada por mim? — Encarava-me como se eu houvesse falado um absurdo.

— Loucamente. — Admiti desviando meu olhar do seu.

— Mas essa era a regra principal, Piper: Não se apaixonar por mim! — Recordou incrédula.

— Nossa! —Rio sem crer no que estou ouvido. — E você acha que essas coisas são assim? Não se escolhe quem se ama, infelizmente, não se escolhe. — Engoli em seco. 

— Não pode me amar. — Passou as mãos entre seus cabelos andando de um lado para o outro. — Não, você não me ama. Só está confusa.

— Fala sério! Eu nunca me apaixonei antes, Alex e também nunca me senti como estou me sentindo com vocês esses dias, então acho que sei quando estou apaixonada ou não. — Respondo ironicamente.

Ela parecia estar em transe. Não estar naquele planeta, e sim em outro lugar. Em um lugar bem distante. Via terror em seu olhar e confusão. Era de dar pena.

— Você é maluca demais, e tem problemas sérios. Não continuarei nessa montanha-russa. Não consigo. — Vesti meu vestido o mais rápido que pude, peguei minha bolsa rapidamente sobre o sofá. — Cancele esse contrato. Se quiser me processar por quebra-lo, ok. Pouco me importa. Só quero me afasta de tudo isso. — Dou as costas para ela e chamo o elevador.

— Aonde você vai? — Ela pareceu acordar de seu transe e se aproximou confusa.

— Embora, Alex.

— Mas... Mas... — Nada saia.

— Você não pode. — Proferiu por fim.

— Ah, eu posso e vou.  — As portas se abriram, mas ela segurou meu braço. 

— Não vá. — Seus olhos verdes pareciam angustiados.

— Me solte. — Pedi séria, uma vez só.

Alex engoliu em seco e soltou-me. 

— Adeus. — Falei antes das portas se fecharem, e então as lágrimas escorreram por meu rosto sem pudor. Meu coração estava em pedaços, sem exagero.


Notas Finais


O que vocês apostam agora no futuro de ambos os casais?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...