História Perdição - Capitulo 17

CAPÍTULO DEZESSETE

 

Nicky andava em passos firmes em direção lado de fora, onde estava seu carro, Piper estava logo atrás, seguido de Lorna.

— Nicky, pelo amor de Deus, você não pode fazer nada disso, a Alex pode te mandar prender, ela é influente!

— Que se foda, Piper! — Disse entre os dentes. — O que ela fez com você foi desumano, porra! — Abriu a porta do carro.

— Eu não estou entendo nada! Alguém me explica? — Morello estava perdida.

— Alex Vause ameaçou a Piper e a obrigou a transar com ela, esse era o “trabalho” dela, entendeu? — Explicou impaciente com a porta do carro ainda aberta. — Eu vou lá partir a cara dela no meio e que se foda as consequências, Piper.

O queixo de Lorna caiu, escancarado. — Meu Deus! Ela fez mesmo isso? Estou passada, Piper.

A loira encolheu os ombros e suspirou. — Não importa, Nicky. Não vou deixar você ir lá. Sai de perto desse carro, anda! — Pegou o braço da ruiva, puxando-o, mas ela se manteve firme.

— Nem pense nisso. Eu vou. — Se enfiou dentro do carro e fechou a porta em seguida.

Aflita Piper se meteu dentro do automóvel dando a volta no carro e entrando no lado do passageiro, e Lorna entrou no banco de trás.

— Pelo amor de Deus, Nicole! De que irá adiantar isso?  — Indagou Lorna.

— Vocês não precisam ir. Saiam. Lorna você pode perder o emprego, saia do carro e Piper não quero que entre. — Disse séria.

— Não vou me mover daqui. — Respondeu firme a loira, já Lorna estava em duvida, pois Nicky tinha razão, poderia perder o emprego.

Eis que surgiu Red com o cenho franzido e algumas sacolas em mãos. — Que expressões tensas são essas?

— Longa história, Red. Desçam e expliquem para ela.

— Nicky, não.

— Porra, Piper! Você me escondeu essa merda toda, é o mínimo que pode fazer.

— Alex se apaixonou por mim, ela esteve aqui em casa mais cedo!

— Ela teve mesmo essa audácia? — Encarou-a incrédula.

— Ela me pediu desculpas. 

— É muita cara de pau.

— As coisas são complicadas, Nicky e se você fizer isso, somente piora tudo. 

— Acho que você deve escutar o que a Piper está dizendo, Nicky. — Aconselhou Morello preocupada com a situação.

— Quer ir? É isso que você quer? — Fechou a expressão. — Lorna, fique com a Red, porque Piper irá comigo.

— Tem certeza?

— Absoluta! — Segurou o volante do carro com força, então Lorna saiu do carro hesitante. 

— Não vá fazer uma besteira, por favor, Nicky. Você não é assim.

— O que vou fazer não é errado. Vou tirar satisfações com aquela lá, só isso. — Nem a fitou, ela encarava o painel do carro, então ligou o mesmo e saiu em disparada.

Piper suspirou. — O que pensa em fazer? Chegar lá aos socos? — Indagou incrédula.

— Mostrar para aquela burguesinha que as coisas têm consequências. Nada mais do que justo. Acha mesmo que estou errada? Estou te protegendo, Piper, você é como uma irmã mais nova para mim.

— Ela parece arrependida.

— Que bom, assim com uma conversinha comigo tem a chance de se arrepender ainda mais. — Sorriu sarcástica.

Piper estremeceu, há tempos que não via sua amiga assim. Nicole sempre é divertida e de bem com todos. Não gostou de ver aquela versão. A maneira como ela dirigia, com a expressão extremamente fechada e mãos fortemente em volta do volante. Nicky estava cuspindo fogo pelas narinas.

— Como sabe o endereço dela? — Piper indagou assim que adentraram ao térreo do prédio.

— Ela é minha chefe também, esqueceu?  Havia risco de ter aulas aqui, e ela me passou o endereço. — Estacionou o carro em uma das vagas ali disponíveis e então foram até o elevador.

— Isso é uma péssima ideia. — Murmurou Piper encabulada.

Nicky nada disse, apenas deu de ombros. 

Não estava ligando muito para isso.

 

Pov Alex

 

Fazia bastante tempo que eu estava enfurnada naquele escritório. Suspirei tirando meus óculos, meus pensamentos não saiam da Piper. Levantei-me e me servi de um bom Uísque, me sentei novamente, mas não conseguia me concentrar. Sai de lá e me servi de mais Uísque e cigarro. Não era fraca para bebida, mas eu estava me sentindo tão mal, que acabei exagerando e ficando um pouco alterada. 

Escutei o anuncio das portas do elevador se abrindo, olhei na direção do mesmo e me surpreendi ao ver Nicole e logo atrás Piper. A primeira estava com uma expressão bastante fechada, poderia dizer até enfurecida, e a segunda, com temor.

Coloquei-me de pé. — Piper?

Algo me dizia que isso não era um motivo para que eu me sentisse feliz, pois sentia que ela não estava aqui para me perdoar.

— Alex, eu sinto muito não pude contê-la. — Foi o que ela disse a mim, com a língua enrolada, parecia apreensiva.

Franzi o cenho. — Como assim?

— Bela de uma merda que você fez, não foi? — Exclamou Nicole quando ficou próxima de mim.

Fitei Piper depois meus olhos se voltaram para Nichols mais uma vez. Não estava compreendendo nada.

— Eu sei tudo o que você fez com a Piper, e estou aqui para enfiar a mão na sua cara, Alex. — Explicou por fim, com o rosto vermelho, cuspindo entre os dentes.

Ri de modo amargo. — Sério isso?

Ela comprimiu os olhos. — Acha que estou brincando? Ou que não sou capaz fazer isso, ou até que não consigo? 

— Sei que consegue. — Dei de ombros. — E não ligo, simples assim. Sei que fui errada, e já pedi perdão a Piper, me arrependo amargamente de tudo que fiz, e se quiser, Nicole, pode me bater, eu não ligo.

— Não vai se defender?

— Eu não disse isso. — Tirei meus óculos. — Mas não quero chegar a esse ponto. Somos pessoas civilizadas, e sim, eu usei a Piper, mas foi no inicio, as coisas mudaram. Ontem eu errei feio, fiz a proposta de ménage, mas eu me arrependi e-

— PORRA! VOCÊ FEZ O QUE? — Indagou incrédula e virou um soco na minha cara, em meu queixo, foi tão de repente que não tive chance de me defender. Foi mesmo inesperado, sem falar no álcool que corria em minhas veias, que estava me impossibilitando também. Cai no chão, estava muito tonta por conta das doses de Uísque, e Nicky então colocou-se sobre mim e me esmurrou mais vezes. — Porra, sou uma professora tão ruim assim? — Indagou rindo incrédula.

— Por Deus, Nicky, pare! Ela bebeu! — Escutei Piper falando aflita.

— Tá tudo bem! — Segurei sua mão no ar, quando ela ia me socar novamente e dei uma joelhada em seu estomago, ela caiu para o lado. Tentei me levantar, mas novamente me derrubou, socando-me. Consegui em meios aos seus socos, lhe socar também no rosto e seu corpo, mas Nicole era professora profissional de king boxing, ela sabia golpes, tudo bem que eu também tinha conhecimento, mas ela tinha pratica de anos, coisa que eu não tinha.

Porém algo eu poderia usar ao meu favor: a força que eu tinha, devido o meu tamanho. Ela era muito menor que eu. Usando toda a minha força consegui virar o jogo, agarrei um de seus braços para trás, forçando e paralisando Nicky.

Só que algo que eu não esperava aconteceu, ela desferiu um chute em um de meus joelhos, fazendo com que eu caísse de joelhos, e sua mão fechada veio em direção ao meu rosto, mas consegui interceptar seu soco no ar, mais uma vez, usando o antebraço, e usei a outra mão rapidamente para lhe socar o rosto, cortando seu lábio inferior, sagrando, assim como eu me encontrava nesse momento. Ela estava caída no chão, com a mão no rosto, enquanto ainda sangrava.

Aproveitando-me do momento fiquei por cima dela, já preparada para lhe socar o rosto, mas fui pega de surpresa com um chute bem no meio de meu tórax, cai de costas, morrendo de dor. Dessa vez foi ela quem ficou por sim de mim, desferindo socos em todo meu rosto e corpo, eram tão rápidos que eu não conseguia me defender, eram ataques ágeis, sem jeito de retrucar.

O ódio estava tomando conta de mim, então não sei como consegui desferir um chute no queixo de Nicole, rapidamente me coloquei de pé, a agarrei pela gola de sua blusa e a joguei contra a parede, pressionando-a com força, até o teto. Estava morrendo de ódio. Ninguém nunca me bateu, depois dos cretinos dos meus tios.

— Parem já com isso! — Ordenou Piper com a voz tremula, notava-se que ela estava muito aflita.

A ignoramos, nicky segurou meus braços com força, conseguindo sair do meu golpe e deu uma cabeçada em minha cabeça, senti o sangue descer por minha testa. Fiquei tonta e cambaleei para trás.  Senti socos em minha costelas e uma dor lacerante me consumir, bloqueio um deles, puxo Nicole com violência e dou uma joelhada em seu estomago.

— Porra! Golpe baixo... — Murmura com dor, mantendo as mãos na barriga.

— Sério? — Indago apalpando minhas costelas. — Pois digo o mesmo.

Ela tem roxos e cortes por todo o seu rosto, mas seu sei que não me  encontro diferente.

— Acabaram com essa palhaçada, né? — Indagou Piper, ela não estava nada feliz com tudo o que houve.

— Depende da sua amiga doida. — Respondi com uma enorme carranca no rosto.

— Doida eu? Você não viu nada ainda, querida. — Respondeu irônica já vindo em minha direção.

Reajo dando-lhe custes, o qual Nicole desvia com facilidade, simplesmente pegou uma de minhas pernas, derrubando-me no chão e bati as costas no chão com tudo.

— Sua filha de uma mãe! — Exclamei entre os dentes, quando ela me imobilizou no chão usando suas pernas.

— Chega disso, estou mesmo falando sério! — Piper se aproximou e puxou sua amiga, Nicky então foi obrigada a se erguer e me largar. — Parem já com isso! — Completou com a cara fechada e os braços cruzados.

Me levantei ofegante. — Essa sua amiga é maluca, Piper! — Ameacei chutá-la, mas Piper se colocou no meio.

— Para, Alex!

Suspirei. 

— Sinto muito por tudo isso. — Disse séria. — Vamos embora, Nicky!

— Embora? — Indaguei.

— Sim. Por quê? — Piper encarou-se.

— Acho que mereço pelo menos ter uma conversa descente com a Nicole.

— Quer conversar com ela o que? — Indagou sem entender.

— Sou a chefe dela. — Peguei meus óculos jogados em um canto colocando-os. — Nós deixe a sós, Piper.

Sua boca se abriu e fechou diversas vezes, soltou um riso incrédulo e se foi.

— Você deixou ela puta! — Nichols riu.

— Mas do que já estava? — Indaguei. — Impossível! — Me servi de Uísque. — Aceita um drinque?

— Por favor.

Preparei e lhe entreguei. — Piper está me odiando, mas não a culpo. — Dou de ombros. — Fui uma idiota. Eu sempre me relacionei por meio daquele contrato, porque nunca passou de sexo, é a forma que eu me protege.

— Se protege? — Assenti. — Então tem um porque para tudo isso?

— É, tem, e Piper sabe.

— Tem haver com a história de você não ter família?

Engoli em seco. — Sim. — Bebi meu Uísque.

— Certo, assunto desconfortável. — Suspirou fazendo o mesmo. — Mas você se arrepende, então?

— Miseravelmente. Fui uma imbecil, mas percebi tarde demais. Acontece que eu fui percebendo que estava me apaixonando e o medo me consumiu, e tenho uma grande tendência de agir de modo idiota quando tenho medo. — Dou de ombros suspirando. — E foi exatamente o que eu fiz.

— Eu entendo, também ajo da maneira errada quando tenho medo. — Deu uma pausa. — A ama?

— Piper é um anjo, Nicky. Um anjo que me salvou, com sua doçura, sua maneira de agir e de ser. Só quero o bem dela e espero sinceramente que ela me perdoe, porque eu já não consigo imaginar uma vida sem ela, entende?

— E disse isso a ela?

Suspirei. — Falei tudo, me abri, mas a magoei muito. Ela pediu um tempo, e irei dar a ela. — Bebi um pouco mais de meu uísque.

— Ela realmente está bastante machucada. — Se aproximou. — Mas mudando de assunto: tem que melhorar os golpes, hein?

— Qual é! — Rolei os olhos rindo. — Acontece que eu bebi e estava meio tonta, só isso. — Bebi meu Uísque. — Segunda nos vemos na academia, né?

Nicole arregalou os olhos. — Sério?

— Claro, você é minha professora de King Boxing. A menos que não queira mais o emprego devido o acontecido.

— Não, não. Até Piper estava te defendendo quando estávamos vindo para cá, ela meio que está te perdoando, quem sou eu para levar magoas? Alias, tudo isso que rolou aqui, acabou minha raiva. — Riu.

Nicole era bem engraçada e gente boa.

— Gostei do seu potencial, quero que me dê aulas mais pesadas.

— Seu desejo é uma ordem. — Finalizou seu Uísque. — Nos vemos na segunda?

— Nós vemos. — Sorri assentindo. — Vou te acompanhar até lá fora... — Deixei o copo com a bebida sobre a bancada de bebidas.  — Quero falar com a Piper, ou pelo menos tentar. —  Chamei o elevador, e as portas logo se abriram.

— Não sei se ela vai querer falar com você.

— Eu sei, mas não custa tentar.

  As portas se abriram dando diretamente para o terraço, e logo avistei Piper ao lado de um AUDI vermelho antigo.

— Não se mataram novamente? — Indagou séria.

Neguei. — Não, estamos bem.

Piper franziu o cenho. — Estão bem?

— Sim, P! Eu e Alex estamos bem novamente. — Concordou Nicky.

Ela então nos olhou como se fossemos um E.T. Me aproximei de Piper, e peguei suas mãos.

— Venha comigo para cima. Vamos conversar um instante. — Pedi com gentileza.

Ela pareceu estar em duvida. Encarou-me e suspirou. — Tudo bem.

— Vai lá. Irei te esperar aqui.

Adentramos o elevador, e logo estávamos no hall de meu apartamento.

— Sério que você e Nicky se acertaram?

— Sim, sério. Até bebemos um drinque.

— Vocês são doidas. — Sacudiu a cabeça. — O que quer de mim, Alex? — Fitou-me séria.

— Sei que ainda é recente tudo, mas... Queria reforçar que pense bem sobre... Sobre nós. Sobre nosso futuro. — Falei nervosa.

— Já disse que vou pensar. — Se aproximou de mim, o que me surpreendeu — Olha isso. — Tocou meu lábio inferior que estava cortado. — Está toda ferida, para agora estarem numa boa.

Fiz uma careta de dor. — Nossas diferenças foram resolvidas. — Peguei sua mão e beijando-a. — Será que as nossas não poderiam também ser resolvidas? — Sugeri mantendo nossos olhares conectados.

— Já disse que tenho que pensar. — Suspirou afastando sua mão. — Não tem um suprimento de primeiros socorros? — Mudou completamente de assunto, então suspirei.

— Sim, tenho, mas não precisa se incomodar.

— Não me incomodo. Busque.

A fitei, ela me encarava na espera do que eu o fizesse. Suspirei e fui buscar, voltei com uma pastinha em mãos. Me sentei no sofá, e ela fez o mesmo sentando-se em minha frente com a bolsa em mãos.

— Não sei que vantagem teve tudo isso, sinceramente. — Falou indignada passando álcool no algodão e em seguida passando me meus ferimentos: lábios, supercilio, nariz...

Fiz uma careta. Estava ardendo. — Serviu para a raiva ir embora.

— Quer dizer que eu tenho que te dar uns tapas para nos resolvermos, é isso?

— Se resolver, estou a disposição. — Respondi com sinceridade.

Piper riu e corou. — Não seja boba. Já disse que tenho que pensar.

— Só espero que não demore muito e que seja ao meu favor, Piper, porque não consigo mais imaginar uma vida sem você. Eu estou disposta a tentar um relacionamento de verdade com você, um relacionamento normal e sério, mas... você tem que estar também e ter paciência, porque não vai ser fácil.

— Não fale mais nada sobre isso. Tenho que pensar. Não me pressione, não sei quanto tempo pode demorar. Pode ser muito, pode ser pouco. Não sei. — Se levantou. — Terminei.

Coloquei-me de pé também. — Não irei. Não se preocupe com isso. Vou ser paciente. 

— Ótimo. — Se afastou. — Está na minha hora. — Chamou o elevador. Me aproximei de Piper. As portas se abriram, e ela entrou. 

— Tchau, Piper.

Ela apenas acenou com a cabeça e as portas se fecharam. Suspirei fortemente e fui me servir de mais Uísque. Precisava muito disso.

 

Alex Off

 

Dias se passaram. Depois de toda aquela confusão, os ânimos se acalmaram. Red ficou sabendo do acontecido e ficou com ódio mortal, mas quando Nicole chegou explicando como tudo ocorreu na casa de Alex, a russa se acalmou um pouco. Piper passou a noite toda com o pensamento longe, pensamentos em Alex. Não dormiu, e assim foi nos outros dias também. 

Era segunda, e ela se levantou para tomar café da manhã. Não estava nada animada, diante de si tinha torradas e um café amargo. Não estava muito afim de comer nada diferente daquilo.

— Bom dia! — Nicky apareceu de banho tomado ao lado de Lorna. Apesar de estarem engatando um relacionamento – ainda não namoro – as duas não dormiam juntas. Estavam indo com calma.

— Bom dia! — Lorna exclamou também. — Está melhor, Piper? — Aplicou um beijo no rosto da mesma.

— Bom dia, meninas! — Suspirou. — Não dormi nada, mas isso não é novidade. — Riu encolhendo os ombros. 

— Você já sabe o que tem que fazer: tem que dar uma chance para a Alex. — Disse Nicky preparando as coisas para fazer um ovo mexido com bacons.

Lorna se sentou a mesa, perto de Piper. — Se você gosta dela, não deve fugir, Piper.

— O que eu posso dizer? Eu me apaixonei por ela, mas tenho medo dela me magoar novamente. Alex me humilhou muito com essa história de contrato, meninas.

— Imagino. — Morello retorceu a boca.

— As pessoas mudam. Pelo que sei ela tem os motivos dela, né não? — Disse com a boca cheia de bacon frito.

— E realmente tem, mas mesmo assim estou sem saber o que fazer.

Nicky deu de ombros. — Isso só você pode resolver,

— Vai trabalhar hoje?

— Sim, temos uma aula marcada.

Piper suspirou. Estava com saudades de Alex, e olha que havia passado somente alguns dias. 

O resto do dia passou voando. Piper foi para a ONG, Nicky foi deixar Lorna no emprego e então foi para a ONG também. Deram suas aulas, organizaram tudo, e a noite Nivky foi para sua aula com Alex. Chefou a academia, e Alex já estava a sua espera.

Treinaram duro, parecia mais outra amostra grátis nos golpes do ultimo dia, só que sem sangue.

— Nesse ritmo vamos longe! — Comentou Nicole animada bebendo água.

Alex fez o mesmo. — Assim espero. Gosto disso, me relaxa. — Sorriu de canto. — Mas... E Piper como está?

— Indecisa ainda se é o que quer saber, mas muito mal. Péssima. Não consegue dormir a noite. — Suspirou.

— O que acha de mandar flores?

— Não sei. Ela pode se sentir pressionada. — Respondeu. — Espere um pouco mais e espere para ver como as coisas iram desenrolar.

— Está certo. — Murchou.

— Vai passar o réveillon sozinha?

Alex deu de ombros e sorriu de modo amargo. — Como todos os anos. Não ligo muito.

— Sério?

— É.

O assunto se encerrou ali. Nicole então se foi, e Alex também, cada uma para suas devidas casas. Assim que Nicky chegou em casa foi recebida por um beijo nos lábios de Lorna.

— Nossa, isso tudo é saudade? — Enlaçou as mãos na cintura da mesma.

— Sim, é. — Sorriu docemente e aplicou mais um beijo nos lábios da ruiva. — Como foi à aula?

— Produtiva. E claro que a Alex perguntou pela Piper. — Suspirou e então as duas se sentaram no sofá. — De longe se vê que ela tá sofrendo, e o duro é que a Piper também está, mas ela é bastante cabeça dura. Não cede de uma vez, mesmo sofrendo.

— Deixa as duas, elas vão se resolver. Tudo no seu devido tempo. — Acariciou os cabelos de Nicky.

— Assim espero.

— Está com fome?

— Morrendo!

As duas então jantaram, Lorna sempre esperava Nicky, e ultimamente Piper nem comer direito estava.

— Durma comigo hoje.

Nicole engasgou com o suco que terminava de tomar. — O quê?

Lorna achou graça. — Divida a cama comigo hoje, Nicky. Estamos saindo, nos conhecendo melhor, não vejo problema nisso.

— Sério? — Estreitou os olhos.

— Sim, sério. Além do mais, deve estar já com suas costas quebradas. — Riu.

— Se for por causa disso, não vejo problema.

Lorna colocou sua mão sobre a da outra. — Eu quero que durma. Me sinto proteja ao seu lado, e sei que meu sono será bem mais tranquilo com você ao meu lado.

Nicky sorriu de modo derretido com suas palavras. — Tudo bem.

Finalizaram o jantar, então Nicky foi tomar seu banho, e quando saiu do banheiro, encontrou Lorna já adormecida na cama, com seu robe e coberta e confortável, devido o frio. Com cuidado se juntou a ela na cama e apagou a luz do abajur. Lorna se aconchegou ao seu corpo, e soltou um suspiro tranquilo. Nicole sorriu boba. Sempre que se aproximavam, seu coração batia forte em seu peito.

No quarto ao lado, Piper não dormia, ela chorava. Sempre quando colocava a cabeça no travesseiro para dormir, sua mente trabalhava na questão: Alex Vause, fazendo-a chorar até dormir.

 

//

 

Logo pela manhã Piper foi a primeira a despertar, arrumou o café da manhã e a mesa. Hoje ninguém trabalharia, nem mesmo Lorna, era folga de todos na casa. Dia de se arrumarem para a virada, e a festa seria no restaurante de Red, e a tarde todos iriam para lá para organizarem tudo, assim como fizeram no Natal.

Nicky surgiu bocejando, ainda de pijamas.  — Bom dia, P! — Sentou-se a mesa, enquanto esfregava o rosto.

— Bom dia. — Sorriu animada. — Dormiu na mesma cama que Lorna?

— Sim, dormimos, mas não é nada do que está pensando.

— Bom, já é alguma coisa, né? — Riu.

Nicole assentiu sorrindo. — Sim, estamos indo bem. Indo com calma, mas bem.

— Isso é bom. — Estava morrendo de vontade de saber como havia sido ontem a aula com Alex, então perguntou: — E como foi a aula ontem?

— Quer saber sobre a Alex? Fala de uma vez. — Riu.

— Eu dá Alex? Imagina! — Disfarçou.

— Ah... sei. — Murmurou. — Mas enfim, ela também me perguntou sobre você. Resumindo: vocês duas estão sofrendo. Ela está bastante abatida e vai passar o réveillon amanhã sozinha, eu perguntei.

— Oh. 

Piper sentia muito por isso tudo, mas tinha que pensar, estava muito confusa, e queria se valorizar mais depois de tudo o que houve e que Alex fez.

— Animada para hoje? — Nicky mudou de assunto.

— Sim, bastante e você?

— É claro! Não vou desgrudar da minha gata essa noite. Vai ser especial. — Sorriu derretida, fazendo Piper rir.

— Vocês formam um belo casal.

— Eu sei! — Sorriu convencida.

— Quem forma um belo casal? — Lorna apareceu bem produzida como sempre.

Piper sorriu. — Vocês duas!

As duas então se beijaram.

— Obrigada, Piper. — Morello sentou-se. — Mas você bem que poderia dar uma chance ao amor, não? — Arqueou as sobrancelhas.

— Tudo no seu tempo. — Sorriu fracamente.

Deixaria Alex sofrer um pouco mais, porém não era somente orgulho, era também sua mente que estava em um turbilhão de pensamentos. Tinha que ser cautelosa, ou se machucaria mais, e machucaria Alex também. A morena tinha uma bagagem e tanto em relação aos seus sentimentos, e como ela mesma disse: não seria nada fácil.