História Perdição - Capitulo 45

CAPÍTULO QUARENTA E CINCO

 

 

— O senhor por acaso não viu esta foto, caramba? — Nicole colocou seu celular no rosto do delegado. — Não está vendo por acaso as mãos dela atadas? O que mais você precisa, hein? — estava impaciente, morrendo de medo de que o pior acontecesse. — Temos somente até às nove da manhã de amanhã para fazer alguma coisa.

— Calma, senhora. Se me deixar falar o plano, poderemos agir. O que quer fazer não há como, quer sair daqui agora, sem um plano sem nada. Temos que ter um plano para não colocar nada a perder. —

— Nicky, calma. — Alex sussurrou para a amiga.

A ruiva então suspirou. — Tá, tá... Então qual é o plano no final das contas e quando iremos executá-lo?

— Bom, o plano é simples: você vai ligar para ele no mesmo numero que ele entrou em contato e vai dizer que vai dar o que ele quer, que é o dinheiro, então iremos rastrear a ligação e iremos resgatar a  sua esposa amanhã minutos antes do sol nascer.

— E porque não o mais rápido possível?

— Sabemos o que estamos fazendo, sra. Nichols.  — disse sério, então suspirou. — Ligue agora.

Nicky suspirou pegando seu aparelho e discando o numero de Lorna. Chamou ao menos duas vezes, até que por fim atenderam.

— Ora, pensei que não me ligaria, Nicole. — aquela voz irônica soou.

— Sério? Pensou que eu deixaria minha esposa a sua mercê? — disse entre os dentes.  

— Estou ouvindo. — disse sério.

— O dinheiro que quer, vou lhe dar é só dizer suas condições.

Enquanto Nicky falava ao telefone os policias usavam o programa de computador para rastreamento. 

— Que sensata! — zombou. — Vou mandar a localização de onde iremos fazer a troca. Espero que não esteja me enganando, nem nada disso, Nicole. Só espero. 

— Não estou. — foi firme.

O policial que rastreava fez positivo com o dedo, indicando que havia conseguido o que queria.

— Eu não colocaria a vida de Lorna em risco. 

— Eu sei. — ele riu. — Amanhã às nove nos vemos. — a ligação foi finalizada e uma mensagem chegou com a localização.

— Pronto e ele mandou a localização. — anunciou nervosa.

— Não usaremos isso e nem precisaremos de dinheiro. Temos o local, agora é só nos prepararmos para invadir tudo e pegar sua esposa. Esse é o plano, e antes do amanhecer é o momento certo.

— É um ótimo plano, Nicky. Vai dar certo. — Alex tocou o ombro da amiga.

Nicky a fitou e suspirou. — Sim, não vou negar. É uma ótima estratégia... Só espero que dê tudo certo mesmo. Quero Lorna comigo e com Kevin. — suspirou, estava angustiada e perdida. — Se quiser ir, pode ir. Vou ficar aqui até a hora do resgate... eu quero ir, espero que eu possa. — fitou o delegado.

— Sim, pode, mas não pode agir pela emoção. Deve ficar no carro. — disse ainda com a mesma seriedade.

— Eu não vou embora. — disse Alex. — Quero participar também.

— O que eu quero saber é: qual vai ser o fim desse cretino? — questionou Nicole séria.

— Prisão, é claro. Ele está cometendo vários crimes, e o primeiro é em se aproximar de sua esposa, entre vários outros.

— Ele merece ficar a vida toda preso, aquele imbecil. — disse com ódio.

O celular de Alex tocou, era Piper ligando, ela então se afastou para atender a ligação.

— Oi, amor.

— Oi... como está as coisas aí?

— Vou passar a noite aqui com a Nicky. Iremos resgatar a Lor.

— Céus... não é perigoso? — temeu.

— Um pouco, mas temos que pensar que vai dar tudo certo. — suspirou ajeitando os óculos e vendo Nicole mais do que apreensiva conversando ainda com o delegado e toda a equipe.

— Espero mesmo que nada de ruim acontece. Esse Vincent é maluco, meu Deus. — suspirou.

Conversaram um pouco mais, Piper disse que Kevin tinha dormido profundamente depois de chorar por falta de Nicky e Lorna. Logo se despediram, e Alex e Nicky ficaram na sala de espera, afinal a policia de Nova York tinha vários outros casos a serem resolvidos.

 

//

 

Lorna acordou, e sua cabeça estava estourando como jamais antes. Abriu seus olhos e olhou ao redor. Tudo estava meio confuso e embaçado, mas de uma coisa ela sabia: não estava em um local conhecido. Era fedido, nojento e mofado, mal cuidado. Parecia até estar abandonado. Mexeu as mãos, mas percebeu que seus pulsos estavam amarrados com tamanha força que seus pulsos estavam doloridos. Ergueu a cabeça, olhou ao redor. Estava sozinha e tudo estava escuro, mas eis que abriu uma porta e quando ela viu seu ex-marido seu coração gelou.  Então ela soube que não sairia viva dali.

— Que bom que acordou, querida. Está com fome? — o sorriso irônico não saia do seu rosto.  — Ah, esqueci que não pode me responder, pois está amordaçada. Me deixe tirar isso. — e assim ele o fez. — Tudo bem aí?

— Por que está fazendo isso, Vincent?

Ele inclinou sua cabeça para o lado e riu. — Porque sua esposinha pensou que poderia quebrar meu braço e meu pulso e sair impune. Por isso. — respondeu com uma enorme serenidade.

— Sabe que você está ferrado, não é? Está quebrando tantas leis que são incontáveis! 

Vincent riu irônico. — Ora minha cara, sabe o que é? — agarrou seus cabelos com força. — O que acontece é que você não vai sair daqui, pelo menos não viva. Quer saber meu plano perfeito?

Lorna o fitou. — Você não tem cérebro para um plano perfeito! — retrucou ácida,

Em resposta ele virou um tapa extremamente forte em seu rosto, fazendo com que um filete de sangue se formasse em seu labo inferior. — Sua vadia! Cala essa boca! — disse possesso. — Meu plano é mais que perfeito, eu pedi uma quantia de dinheiro o qual Nicole já disse que vai me dar. Ela pensa que iremos fazer uma troca, mas não iremos. Marcamos às nove da manhã em um lugar X, mas antes disso eu vou te matar, claro que antes irei me divertir com você de várias formas, mas enfim, — suspirou com um sorriso sínico nos lábios. — Então vou acertar uma bala no meio da testa dela com isso aqui. — mostrou uma 38. — Então eu vou fugir com a grana e terei matado vocês duas, agora fala se não é um bom plano, baby? — colocou o canudo da arma na cabeça de Lorna que fechou os olhos temendo por sua vida.

— E porque você acha que ela vai te dar esse dinheiro? E não vai chamar a policia?

— Porque ela não arriscaria isso vida, não é obvio? — riu dando de ombros. Recolheu a arma colocando em sua cintura. — Fome? — enfiou um pão seco na boca da mulher que mastigou fazendo careta. Estava horrível e muito duro. — Água? — deu em seguida. — Bom, está bem tratada. Bem até demais. Vamos nos divertir um pouco? — esfregou as mãos uma nas outras com uma expressão maléfica.

Lorna temeu por si mesma. Estava nas mãos daquele maluco, amarrada, sem modo de defesa. Não sabia o que seria de si.  Ele então se aproximou e desferiu tapas em seu rosto, deixando a maçã de seu rosto vermelho e seu nariz sangrou em seguida. Ergueu o rosto.

— Está com medo? — colocou outra cadeira de frente a ela e a fitou com um sorriso que não queria sair de seu rosto.

 — Já tive. — respondeu séria. 

— Então não está com medo? — indagou erguendo-se. — Vou fazer você ter, porque pelo o que eu fiquei sabendo você adotou uma criança. Quer que ela perca uma das mães, é isso?

— Sei que Nicky será uma ótima mãe. — retrucou, não daria o gostinho de deixá-lo saber que sim, estava com medo de morrer.

Mais uma vez Vincent agarrou seus cabelos com força, fazendo com que sua cabeça fosse para trás. — Sua vaca, cretina! — soltou com força abrupta. — Me trocou por uma mulher! — esmurrou seu rosto, fazendo com que o nariz sangrasse mais.

— Eu não te troquei e você sabe disso! — respondeu entre os dentes ofegante e com dor. — Eu não estava tendo um caso com a Nicky enquanto estava com você! Só iniciamos algo meses depois que eu sai de casa e pedi o divorcio!

— Acha que vou acreditar em uma balela dessas? — indagou-a seriamente agarrando seu queixo com força. — Mas eu vou te mostrar quem manda aqui. Hoje, Lorna querida, você vai apanhar e vai ser minha esposa, como deveria ainda ser.

Morello arregalou os olhos. — Não pode fazer isso comigo... não toque em mim! — as lágrimas surgiram em seus olhos.

— Ah, qual é? Você está casada com uma mulher agora, e antes esteve comigo há dez anos. Precisa de um pau! — disse de modo vulgar, fazendo com que o estomago de Lorna se revirasse no mesmo instante. Sem esperar, Vincent desferiu mais socos em seu rosto. Lorna ficou zonza e viu tudo rodar. Perdeu as forças.

Ele então aproveitou-se da situação desamarrando-a os pés e as mãos, só que ela foi esperta o suficiente para ter um breve lampejo de reagir, desferiu uma joelhada no nariz do ex-marido que cambaleou para trás com o sangue já escorrendo em seu nariz.

— Sua filha da puta! — agarro-a pelos cabelos, fazendo com que ela caísse com tudo no chão, desferiu chutes em suas costelas e então ficou sobre ela, colocando todo o seu peso sobre Lorna e uma faca em seu pescoço. — Está muito engraçadinha para o meu gosto, amorzinho. — forçou mais fazendo um pequeno corte, então guardou a faca acertando um soco certeiro em seu rosto, deixando-a a inconsciente e totalmente a mercê daquele monstro chamado Vincent.

Seus olhos se abriram. Não sabia exatamente quanto tempo havia ficado fora de si. Umedeceu os lábios cortados pelos socos que havia recebido e estremeceu com a dor.  Quando seus olhos finalmente se abriram por completo, viu a figura de Vincent em pé diante de si fechando o zíper da calça. Seu estomago embrulhou quando entendeu o que tinha acontecido ali, e se sentiu pior ainda quando começou a sentir o incomodo em meio a suas pernas.

Ela tinha sido violentada pelo homem que um dia chamou de marido... Céus...

Sentiu-se nauseada e as lágrimas escorreram por seu rosto. Analisou os braços, estavam completamente tomados por filetes de sangue feito por uma ponta de faca e suas costelas doíam loucamente.

— Ah, mas eu quero só ver a cara da Nicole quando souber que eu a fiz minha. — riu alto e olhou o celular. Daqui uma hora amanheceria.

Lorna nada disse.

O que diria?

Não tinha forças para nada.

Só queria chorar. Estava com dor em todo o corpo e se sentindo péssima. E morrendo de saudades do filho e de sua esposa.

 

//

 

O tempo se passou, e logo o momento mais esperado chegou. Todos os policiais ficaram a postos vestindo todos os equipamentos e pegando suas armas. Seria um resgate e um resgate necessitava do melhor da policia.

— Quando chegarmos lá seguirão minhas ordens, — o Delegado olhou para Alex e Nicky que assentiram.

Sem mais demora pegaram os carros indo rapidamente para o lugar que havia rastreado. O coração de Nicky estava a mil por hora em pura expectativa. Tudo que queria era chegar lá e pegar Lorna de uma vez, sã e salva.

Chegaram e com as sirenes desligadas. Cercaram o galpão sem chance de fuga. Os policias saíram dos carros e apontaram suas armas. O Delegado pegou um megafone para anunciar a chegada e poderem resolver isso logo de uma vez.

— Aqui é a policia! Nos entregue a refém para que assim possamos talvez diminuir sua pena, Vincent Muccio.

Vincent congelou quando ouviu isso do lado de fora e Lorna se alegrou, enquanto estava encolhida em um canto abraçando os joelhos.

Ele fechou os olhos com força. — Merda! Não acredito que ela fez isso... Aquele imbecil! — esbravejou, então pegou Lorna de uma forma bruta colocando o cano da arma em sua cabeça e então saíram para fora.

Nicky que estava dentro do carro da policia com Alex, não suportou ver aquilo e saiu rapidamente para fora, sendo seguida por Vause.

— Que merda ele vai fazer? — indagou.

Estava aliviada por ver Lorna, porém não naquelas condições.

— Não faça uma besteira! — disse o Delegado. — Vamos conversar.

— Quero meu dinheiro e quero ir embora daqui, ou a cabeça dela explode.

— Que tal sem dinheiro e sem sair daqui, porem uma pena menor?

— Nada disso! — forçou mais a arma na temporã de Morello que estava tremendo. — É sob minhas condições... Eu deveria mesmo é explodir a cabeça dela agora, porque Nicole Nichols me traiu! — cuspiu entre os dentes.

O Delegado suspirou, então fez um leve sinal com a mão, e um dos policias acertou um tirou no ombro de Vincent, enquanto outro foi em sua direção e tirou a arma de suas mãos já o colocando no chão de bruços e o algemando.

— Você está preso e deve permanecer em silencio! Qualquer coisa que dizer agora pode ser usado contra você no tribunal! — o ergueu com força bruta.

Nicky nem pensou duas vezes e correu até Lorna abraçando-a. Ela estava mole em seus braços e muito machucada, percebeu.

— Está tudo bem agora, querida. — sussurrou em seu ouvido ajudando-a a ir até a ambulância que estava a sua espera.

— Ela vai ficar bem agora, Nicky. — Alex disse indo de encontro as duas.

Nichols assentiu. — Ela vai... — entregou-a para os socorristas. — Viu o que ele fez com ela? Está muito ferida. — passou as mãos entre seus cabelos.

— É, mas vão cuidar bem dela. O pior já passou. — tocou seu ombro.

— Sim, o pior já passou. — sorriu fracamente. — Eu vou com ela, tá?

Alex assentiu. — Vou dar uma passada lá em casa... Piper deve estar em nervos e então nos encontramos no Hospital.

Nicky assentiu e subiu dentro da ambulância que logo teve as portas fechadas e saiu em disparada. Alex suspirou e olhou para o carro em que Vincent estava, o encarou. Faria de tudo para que ele tivesse o mesmo destino de Fred.

 

//

 

Dentro da ambulância, Nicky não soltava a mão da esposa e rezava silenciosamente para que ela ficasse bem. Já havia feito muitas perguntas paras os socorristas, mas nada lhe respondiam somente diziam: Temos que esperar o atendimento no hospital, senhora.

Saco!

Lorna estava muito machucada, Nicky não era cega para perceber que seu prontuário não era o mais simples do mundo. Ela estava mesmo bastante judiada.

Maldito Vincent!

 

//

 

 

Assim que Alex chegou em seu apartamento deparou-se com Piper no sofá tomando algo em uma caneca com uma manta em suas costas.

— Meu Deus... Finalmente! — se erguei indo até a mesma e abraçando-a.

Alex passou seus braços ao redor da noiva. — Tudo bem.

— Como está Lorna?

— Machucada, mas viva. Acho que tudo vai correr bem. O pior passou. — acariciou seu rosto. — Falei para Nicky que iriamos no Hospital.

Piper assentiu. — Sim, sim... eu vou deixar Kevin com Red às oito, então podemos ir vê-la.

Alex assentiu. — Ok... eu preciso de um banho e comer alguma coisa. — aplicou um beijo nos lábios de Piper e sumiu rumo ao seu quarto, onde encontrou Kevin na sua cama.

Sorriu. Tudo ficaria bem agora. Sem fazer barulho foi para o banheiro para tomar seu banho.

 

//

 

Nicky andava de um lado para o outro, enquanto passava as mãos em seus cabelos. Já fazia um bom tempo que Lorna havia entrado para a emergência e de lá não saia mais nenhuma novidade. Estava aponto de ter um enfarte, Bebeu um pouco de água, se sentou, mas nada. Não estava aguentando mais, até que finalmente um médico surgiu. Ela ficou o olhando, na sabia se era o de Lorna, mas quando ele se aproximou dela, soube que era.

— Você veio com a paciente Morello?

— Sim.

Ele olhou na prancheta. — E o que é da paciente?

— Esposa. Sou Nicole Nichols.

— Ah, certo. — sorriu ajeitando os óculos. — Sou o médico de sua esposa. Ela está bem, apesar dos traumas que sofreu. Luxou algumas costelas, mas fora isso está bem. 

— Certo. — colocou as mãos na cintura aliviada.

— Mas tem uma coisa.

Nicky ergueu a cabeça. — O que exatamente?

— Ela também foi violentada sexualmente. Tivemos suspeitas, então fizemos exames e sim, foi comprovado. — a mandíbula de Nicky se apertou e ela fechou os olhos com força. — Mas não se preocupe que os devidos remédios já foram receitados e inclusive ela já os tomou por hoje. Terá que continuar por pelo menos três semanas e meia. 

— Entendo. — esfregou a testa com os dedos. Estava incrédula e morrendo de ódio. — Algo mais?

— Só isso.

— Posso vê-la?

— Ela está dormindo, demos um calmante para ela, mas sim, você pode.

Nicky assentiu e já saiu rumo ao quarto. Girou a maçaneta abrindo a porta, então viu sua esposa no leito, dormindo tranquilamente com alguns hematomas no rosto, principalmente nos lábios e braços.

Fechou a porta e se aproximou pegando sua mão e a levando até os lábios. Manteve seus olhos grudados nela, então aplicou um beijo em sua testa e se foi.

Com passos firmes saiu de lá. Pretendia pegar um Uber, quando chocou-se com Piper e Alex.

— Ei, e Lorna? — questionou Piper achando-a estranha.

— Como está ela? — Alex a encarou.

— Bem. Dormindo. — coçou o nariz olhando ao redor.

— Onde está indo? — quis saber a loira.

— Delegacia. Preciso ver aquele verme. — respondeu firme.

Alex suspirou. — Não sei se é uma boa ideia.

— Vai à merda! — praguejou com lágrimas nos olhos. — Ele a violentou. Isso não vai ficar impune. Tenho que olhar para a cara daquele filho da puta.

Alex e Piper se entreolharam.

— Vamos com você. — disse Chapman.

 

//

 

O carro mal parou e Nicole já foi saindo dele e indo com passos firmes delegacia adentro. Piper e Alex se esforçaram para alcança-la.

— Quero vê-lo. — foi tudo que ela disse assim que estava em frente ao Delegado.

Ele a fitou. — Para quê?

— Quero vê-lo. — disse firme mais uma vez. — Mereço isso.

Ele suspirou se colocando de pé e ajeitando o nó de sua gravata. — Vou confiar em você.

Depois disso ela entrou na sala de interrogatório, onde havia somente uma mesa e duas cadeiras e ele estava sentado em uma das cadeiras, com as mãos sobre a mesa, algemadas.

Nicky sentou-se na outra cadeira colocando as mãos sobre  a mesa, assim como ele estava. Ele sorriu para ela.

— Que surpresa.

— Imagino. — sua voz não tinha emoção.

— Ah, mas eu esperava que você aparecesse aqui quando soubesse. — sorriu mostrando os dentes. — Gostou? Me fala... sei que gostou.

Nicky respirou fundo se colocando de pé e se aproximou dele com passos curtos e calmos. Seus olhos eram um gelo de frieza, enquanto o encarava.

— Ela precisa de um homem, Nicole. — suspirou maneando a cabeça em negativa.

Nicky deu um sorriso que não atingiu os olhos então em um movimento certeiro e rápido empurrou sua cabeça contra a mesa de ferro causando um corte na testa e fazendo seu nariz sangrar.

— Caralho, mulher louca! — esbravejou Vincent com dor.

Rapidamente policias entraram na sala tirando-a dali, mas ela já tinha feito o que queria.

— Podem me soltar. — pediu séria, então eles o fizeram e ela ajeitou sua jaqueta. — Vamos embora. — olhou para Alex e Piper que a fitavam preocupadas.

— Você está bem? — quis saber Piper.

— Sim, só preciso ir ver Lorna. — garantiu.

 

//

 

Assim que os olhos de Lorna se abriram a primeira pessoa que ela viu foi Nicky. Um alivio passou por todo  o seu corpo. Ela estava viva e estava a salvo. Tentou se mexer, mas tudo doía.

— Ei, calma.  — afagou seus cabelos. — Vou chamar o médico. — saiu rapidamente do quarto voltando com o médico ao seu lado em seguida.

Ele a examinou novamente, tudo estava bem.

— Como se sente?

— Com dores e um pouco confusa.

— Sabe o que aconteceu?

— Sim... fui sequestrada pelo meu ex-marido.

— Lembra de tudo que aconteceu?

— Cada detalhe. — respirou fundo.

— Tudo vai ficar bem agora. — ele sorriu gentil. — Vou pedir para que tragam algo para que você possa comer.

Lorna assentiu e o viu sair do quarto.

Nicky se aproximou da cama sentando-se na cadeira ao lado da mesma e pegou a mão de sua esposa.

— Que bom que está aqui.

A ruiva sorriu. — É bom estar aqui. — beijou as costas de sua mão em seguida. — Tudo vai ficar bem agora.

— Eu sei que vai. — sorriu.

— As meninas estão lá fora querem te ver.

— E Kevin?

— Está com Red... Piper cuidou bem dele essa noite. — sorriu. — Está tudo bem. Não se preocupe.

Lorna sorriu aliviada encostando suas costas no travesseiro. Tudo agora ficaria verdadeiramente bem. Sabia que a justiça não pegaria leve com Vincent depois de tudo que ele fez.

O tempo passou. Lorna recebeu alta naquele mesmo dia. A adaptação pós trauma foi bem, ela tinha sua família e seus amigos para que tudo corresse da melhor forma possível.  Tinha sua esposa, seu filho. Sabia que agora sim, teria seu final feliz ao lado da mulher que amava.

Assim como o esperado Vincent foi rapidamente jugado, ficaria 70 anos na cadeia. Uma pena mais do que merecia a tudo que ele fez até o momento. 

 

Pov Piper

 

O tempo se passou. Tudo foi se ajeitando e se acalmando aos poucos.  Era mais um dia. Encarei o teto do meu quarto, enquanto Alex dormia ao meu lado. Amanhã. Amanhã seria nosso casamento. O ensaio já havia acontecido e ficamos mega nervosas nele, imagina em nosso casamento.

Céus...

Hoje a noite aconteceria nossa festa de despedida de solteira. Nicky e Lorna estava organizando tudo. Eu confiava em Lorna, mas em Nicky... Céus, a conhecia bem demais para saber que viria merda disso. Ela organizando uma festa? Sei não. Ri maneando minha cabeça em negativa.

Olhei para o lado onde Alex dormia tranquilamente esparramada da enorme cama, com seus cabelos negros sobre o rosto. Sorri boba a observando. Comtemplando. Eu era uma pessoa sortuda demais em tê-la em minha vida.

Meu celular anunciou a chegada de uma mensagem. Peguei-o no criado mudo.  Era uma mensagem de Nicky.

 

“Quer deixar sua morena louca?”

 

Franzi a testa.

Que merda de mensagem era aquela?

 

“Olha Nicky, eu acabei de acordar. Me explica isso direito, por favor.”

 

Sua resposta veio rápida.

 

“Desculpe kkk

Mas sério: Quer deixar sua morena louca hoje na despedida de solteira? Tenho uma ideia. Eu e Lorna tivemos uma ideia.”

 

O que essas duas estavam aprontando?

 

“Ok... Que ideia é essa?”

 

Respirei fundo.

Sabia que viria merda a seguir.

 

Pov Alex

 

Piper passou quase que o dia todo com Nicky e Lorna resolvendo coisas sobre a despedida de solteira. Elas estão muito misteriosas para o meu gosto. Aproveitei para resolver os últimos assuntos da empresa. Ficaria de férias uns bons dias, então a empresa teria que estar em ordem.

Piper somente chegou no começo da noite toda misteriosa, nos arrumamos para a festa que haviam organizado. Como seria em uma boate não coloquei nada formal demais. Optei por uma calça de brim de cor bege, all star de cano longo, uma camiseta regata branca, uma camiseta social negra com todos os botões abertos. Piper usava uma blusa branca, macacão azul jeans e botas. Seus cabelos ficaram amarrados de uma maneira sensual, que certamente ela nem percebia que era. Uma leve maquiagem no rosto. Simples, mas linda. Só Piper para conseguir algo assim.

Saímos então rumo a boate, era simplesmente a maior da cidade e todos os nossos amigos estariam lá, até Larry e sua agora esposa Polly. Acabou que ele se redimiu, estava mesmo sendo uma pessoa melhor.

Chegamos, o lugar estava lotado. Haviam dançarinas em mini palcos dançando quase nuas, um palco enorme com polidance onde outras mulheres dançavam. 

Suspirei.

Ok, agora elas tinha mesmo passado do limite.

Que caralha era isso tudo?

Ajeitei os óculos em meu rosto.

E suspirei, enquanto Piper me guiava na frente em busca das nossas madrinhas malucas.

— Ei amor. Não acha que isso está pesado demais? — a questionei me referindo ao lugar e a festa,

Piper riu. — Não. Esperava mais de você, Alex Vause. — deu uma piscadela.

Comprimi os olhos. 

Então ela continuou a me puxar entre a multidão até que chegamos em Nicky e Lorna que já dançavam e bebiam. As duas na verdade estavam quase era transando no meio do povo.

Hoje a noite seria pesada.

— Olha só... nosso casal preferido chegou! — Nicky disse com a voz enrolada.

Lorna estava sorridente mais do que o normal e levemente alterada. — Oiee!

Sorri. — E aí? Já estão nessa altura de álcool e a festa mal começou?

— Pra você ver, Vause. A festa vai bombar! — Nicky bebeu mais de seu conhaque.

Piper riu. — Amor, vamos dançar... beber!

Sorri puxando-a pela cintura. — Como quiser.

Dançamos e bebemos. Dançamos até nossos pés doerem, mas não exageramos na bebida.  Piper estava me colocando louca com sua dança sensual em minha frente, ela se esfregava em mm, mantinhas seus olhos fechadas, enquanto balançava seu corpo de uma forma sensual.

Abracei-a passando minha mão por seu ventre e aplicando um beijo em seu pescoço. Nicky veio até nós.

— Ei, Vause... largue o osso um pouco, vamos. — tirou Piper de meus braços que ria sem parar.

— Mas por quê? — pisquei sem entender.

— Logo você vai entender, Vause. — Nicky sorriu. 

Lorna então simplesmente levou Piper de mim.

Bebi meu Uísque sem entender porra nenhuma.

— Tá nervosa? — era preciso gritar por causa da musica alta.

— Morrendo.

— Agora entende como eu me sinto? — riu.

— Oh si entendo. — ri também. — Estou morrendo de ansiedade. — bebi um pouco mais de meu Uísque. — Mas mudando de assunto; como está a Lorna?

Ela suspirou. — Ela ainda tem pesadelos... mas está bem melhor. Estamos superando o que ela passou juntas.

Sorri assentindo. — Está certo.

Ela deu uma leve olhada no celular e disse: — Vem comigo. — pegou meu braço puxando-me entre a multidão.

Deixei-me ser levada sem entender porra nenhuma. Usamos um elevador que nos levou diretamente para um corredor enorme cheio de portas. Nicky abriu uma porta. Era um quarto com uma cama, uma cadeira um poli dance e havia uma porta que deveria ser um banheiro ou algo assim. Franzi o cenho. 

Que porra?

— Vause, senta ali naquela cadeira. — indicou Nicky.

Estreitei olhar encarando-a.

— Vamos, mulher. — riu.

— O que vocês estão aprontando, hein?

— Só faça, Mortícia.

Suspirei me sentando na cadeira. 

— Coloque as mãos para trás e não questione.

Que merda...

Fiz o que ela pediu, então ela simplesmente me algemou.

— Que porra é essa?

— Shiu! — ela se colocou em minha frente. — Agora só espere. — piscou e saiu do quarto.

Maneei minha cabeça perdida com a situação.

De repente as luzes se apagaram e um jogo de luz de boate começou. Não sabia o que esperar. Então a tal porta se abriu revelando ninguém menos que Piper com uma lingerie preta perfeitamente moldada em seu corpo.

Earned It

 

I'mma care for you

I'mma care for you

 

You make it look like it's magic

Cause I see nobody, nobody

But you

I'm never confused

I'm so used to being used

 

So I love when you call unexpected

Cause I hate when the moments expected

So I'mma care for you

I'mma care for you, you, you

 

Cause girl you're perfect

You're always worth it

And you deserve it

The way you work it

'Cause girl you earned it

Girl you earned it

 

You know our love would be tragic

So you don't pay it, don't pay it

No mind

We live with no lies

You're my favorite kind of night

 

So I love when you call unexpected

Cause I hate when the moments expected

So I am care for you

Ima care for you, you, you

 

Cause girl you're perfect

You're always worth it

And you deserve it

The way you work it

Cause girl you earned it

Girl you earned it

 

On that lonely night

We said It wouldn't be love

But we felt the rush

It made us believe

It was only us

Convinced we were

Broken inside, Inside

 

Cause girl you're perfect

You're always worth it

And you deserve it

The way you work it

Cause girl you earned it

Girl you earned it

 

Ganhou

 

Eu vou cuidar de você

Eu vou cuidar de você

 

Você faz isso parecer mágica

Pois eu não vejo ninguém, ninguém

Além de você

Eu nunca estou confuso

Eu estou tão acostumado a ser usado

 

Então, eu amo quando você liga de surpresa

Porque eu odeio quando os momentos são esperados

Então, eu vou cuidar de você

Eu vou cuidar de você, você, você

 

Pois garota, você é perfeita

Você sempre vale a pena

E você merece

A maneira como você trabalha

Porque garota, você ganhou isso

Garota, você ganhou isso

 

Você sabe que nosso amor seria trágico

Então você não se importa, não se importa

Não importa

Vivemos sem mentiras

Você é meu tipo favorito de noite

 

Então, eu amo quando você liga de surpresa

Porque eu odeio quando os momentos são esperados

Então, eu vou cuidar de você

Eu vou cuidar de você, você, você

 

Pois garota, você é perfeita

Você sempre vale a pena

E você merece

A maneira como você trabalha

Porque garota, você ganhou isso

Garota, você ganhou isso

 

Naquela noite solitária

Nós dissemos que não seria amor

Mas sentimos a adrenalina

Que nos fez acreditar

Éramos só nós

Convencidos de que estávamos

Quebrado por dentro, por dentro

 

Pois garota, você é perfeita

Você sempre vale a pena

E você merece

A maneira como você trabalha

Porque garota, você ganhou isso

Garota, você ganhou isso

Minha respiração se tornou pesada. Ela se aproximou de mim de modo lento e sensual. Seus olhos estavam grudados em mim e um sorriso provocativo não saia de seus lábios.

A música estava ligada, havia ligado assim que as luzes se apagaram. Ela agora estava diante de mim, dos meus olhos. Eu queria tocá-la, mas estava algemada. 

Porra!

Piper rodeou-me, sem parar sua postura sensual e foi até o poli dance, onde ela o usou com perfeição. Eu não piscava, meus olhos não desgrudavam dela, de seu corpo e de sua dança. Ela então veio até a mim sentando-se em meu colo de frente parta mim.

Sorri. — Agora entendi porque o mistério e porque sumiu o dia todo.

— Tive que treinar. — riu dando de ombros.

Em seguida beijou-me, mordeu o meu lábio inferior e afundou os dedos em meus cabelos, aprofundando mais o contato. Sua língua explorava a minha .

— Vamos ficar só na dança? — questionei-a com a respiração pesada. — Porque se continuar me beijando assim... isso não vai dar certo.

Ela riu contra meus lábios. — Só na dança. Para me ter agora só na lua de mel. — sorriu travessa.

Ergui uma das sobrancelhas. — Ah, então não judia de mim. — falei, mas foi aí que tudo piorou.

Ela continuou sua dança sensual, enquanto eu continuava atada, sem poder tocá-la. Isso era agoniante e frustrante demais.

 

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A festa chegou ao fim. Saímos da boate, estávamos em frente ao jeep de Nicky – sim, finalmente ela tinha trocado o carro – eu não queria deixar Piper ir. Ela iria dormir na casa delas, essa noite não dormiríamos juntas.

— Temos mesmo que seguir com essa tradição? — resmunguei enquanto Piper estava abraçada a mim,

Lorna riu. — Tem sim. Dá mais emoção ainda quando chega ao altar.

Rolei os olhos rindo em seguida.

Piper aplicou um beijo em meu rosto. — Amanhã a gente se encontra. Vai ser rápido. — sorriu.

— Mas vou morrer de ansiedade e ficar pensando mil merdas do tipo: será que ela vai me deixar plantada no altar?

Nicky riu alto. — É inevitável!

Piper riu. — Não vou fazer nada disso . Veja bem, até Lorna se casou com Nicky no final das contas.

— Está me ofendendo, loira. — disse Nicole a encarando com cara de ofendida, mas em seguida riu.

— É que eu amo essa chata! — Lorna abraçou a esposa e beijou seu rosto.

— Viu? — se gabou.

— E eu também te amo. — disse Piper.

Sorri tocando seu rosto. — Te amo mais. 

— Seus votos estão prontos, né?

— Falta uma pequena parte. — ajeitei meus óculos.

— Ótimo! — beijou-me e pegou meu rosto com as duas mãos. — Sonhe comigo. — se afastou abrindo a porta do carro de Nicky.

— Pode apostar que vou.

Jogou beijo no ar antes de por fim, entrar no automóvel.

— Morre de saudade não, Vause. — Nicole tocou meu braço e foi entrar no carro.

Lorna me abraçou e riu. — Vai dar tudo certo.

E assim elas se foram.

Suspirei e fui pegar meu carro.

 

Já na cama encarava o teto e pegava o travesseiro de Piper, sentindo seu cheiro doce impregnando na fronha. Não conseguiria dormir tão fácil. Rolava na cama, rolava sem parar.

Porra...

Será que Piper estava assim também ou tinha conseguido dormir tranquila? Então meu celular tocou. Peguei meus óculos para conseguir ver quem era e vi. Era Piper. Atendi prontamente.

— Não consegue dormir? — disse ela assim que atendi.

Suspirei. — Não, não mesmo e você?

— Também não. — houve um silencio. — Amanhã vamos nos casar, Al... Tem noção disso?

— Tenho... tenho sim... — pausei. — Tá arrependida?

— Jamais e você?

— Nunca. — sorri.

Nossa conversa durou muito mais do que uma hora. Tínhamos que desligar ou amanhã estaríamos um caco em nosso casamento. Nos despedimos, e então virei-me e me aconcheguei, na esperança de que agora que tínhamos nos falado eu conseguiria dormir.