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História Perdida em mim - Effy


Escrita por: evaamaca

Capítulo 27 - Effy


Fanfic / Fanfiction Perdida em mim - Effy

Ela quer que eu entre em contato com a minha música novamente, a música clássica, o violoncelo, por isso deixou as pistas que me levariam para um museu, porque museu remete a história do passado, o meu passado. "Olhe para dentro" estava escrito, dentro de mim. Mas porque ela gostaria disso, eu me pergunto enquanto encaro a minha tela preta do computador  no meu apartamento bagunçado. Também chego à conclusão dela ter incluído runas porque faz parte da história do povo antigo do meu país e que sou parte dela, sua história é também a minha, passada por séculos e séculos até chegar a mim. Mas posso estar errado, posso estar enganado com relação a tudo, desde o museu até a música. Não tem como saber se estou seguindo as pistas certas e para onde elas me levarão, não até eu criptografar o enigma.

Cada minuto que passa fico mais e mais ansioso por uma notícia e não consigo evitar em pensar se algum sentimento que estava escondido e coberto dentro dela, tenha já se dissipado. Cada segundo que passa importa e não posso perder tempo, não mais. O que quer que ela queria me dizer com essas pistas, muito provavelmente não será algo que eu gostaria de ler e é muito menos provável que ela deixara seu endereço nesses dizeres rúnicos que tento em vão decifrar.

Eu preciso vê-la, desesperadamente. Preciso confessar-lhe tudo o que sinto, tudo que eu deixara de dizer quando ela estava aqui, tão vulnerável, tão perto e tão longe. Eu pedira perdão na beira da cama do hospital pela atitude rude que dissera naquela noite de shows, palavras que amedrontavam minhas noites sozinho em meu apartamento organizado, porém tão vazio sem sua presença. E agora preciso exclamar palavras de amor e paixão que explodem em meu peito deixando-me sufocado, neste apartamento bagunçado com vestígios de sua presença. É um tormento.

Eu dissera a ela a razão de nunca mais conseguir tocar meu violoncelo quando conversamos sobre música há três anos atrás. Parecíamos tão distantes e diferentes um do outro naquele dia até então. Quando o agora antigo patrão de Tuva ofereceu uma casa na praia para irmos passar um fim de semana prolongado, fomos eu, George, Eric, Tuva e Vivianne. Effy recém-chegada á cidade estaria ocupada e impossibilitada de viajar longe. Eu já conhecia Tuva, estudamos juntos na Universidade em uma aula. Havíamos trocado mais do que vagas frases e um dia a encontrei com um pequeno grupo de amigos ao lado do meu irmão. Eu não esperava Effy na casa em Lysick, aliás ninguém esperava. Effy estava fazendo um curso na Universidade de Design e estava com outros trabalhos pela cidade para ajudar com as despesas que adquiria com a mudança. A viagem era longa, aproximadamente cinco horas de carro, mas lá estava ela, após dois dias de nossa estadia, entrando pela porta da frente da casa, trazendo um sorriso caloroso de dias ensolarados, em um dia chuvoso.

-Bom dia! -Ela diz sorrindo abrindo os braços com sacolas de plástico nas duas mãos -Trouxe o café da manhã.

Eu estava sentado no sofá na sala de estar com todo mundo na casa, assistindo a um programa de tv matinal esperando a chuva passar. Ela cumprimenta nós ao passar pelo sofá, dizendo oi. Eric ainda dormia no quarto acima, provavelmente passara a noite com Tuva, George cumprimenta não muito empolgado pois ainda se recuperava de um porre da noite passada. Eu cumprimento cabisbaixo com um sorriso tímido, ela me intimidara nas últimas duas vezes que nos encontramos. Ela deixa as malas no meio da sala de estar e senta-se no meio entre eu e George e Viviane. Viviane está surpresa em vê-la e o tempo todo a observa dos pés a cabeça, incrédula em vê-la ali.

As duas conversam se olhando, comigo no meio da conversa sem saber o que fazer.

-Você é maluca! -Viviane dizia repetidamente -Você é maluca, como você veio?

-Ônibus!

-Você é maluca! -Vivianne repete com um sorriso largo no rosto.

-Peguei o endereço com Tuva antes de partir.

-Ela sabia que você viria?

-Não, é claro que não. Eu quis fazer uma surpresa. Acho que vou acorda-la.

-Não! -George diz- Acho que ela não está sozinha no quarto, eu presumo.

Effy olha para George e faz um carinho brusco em seu cabelo.

-Acho que é a primeira vez que eu vejo seu cabelo George -Ela diz ainda alisando o cabelo de George, assando os dedos por entre os fios -Ele é bonito, não sei porque você o esconde naquela touca azul.

-Estava tudo tranquilo até você chegar Effy -George dissera não prolongando o assunto da touca.

-Estava chovendo também? -Ela pergunta para mim.

-Ah, começou ontem a noite-Respondo precipitadamente sua pergunta.

-Vocês foram ao mar? -Ela pergunta a mim novamente, inclinando a cabeça para me olhar melhor, seus olhos tentam ler os meus, em vão.

-Não. Deixamos para ir hoje, ontem andamos pela cidade -Respondo.

-Porque hoje não? -Ela pergunta abismada -Estão com medo de se molhar?

-Porque está muito bom aqui dentro -George responde bocejando.

Ela levanta-se do sofá e vai até a cozinha e eu escuto o barulho de armários sendo abertos, panelas sendo mexidas e sei que ela prepara algo para comer. O barulho inconfundível do bule de chá apitando ecoa pela sala de estar. Como ninguém de nós três levanta-se para ajuda-la eu vou até a cozinha e a vejo em pé com xícara na mão olhando a chuva leve e persistente cair lá fora pela janela. Hesito entrar na cozinha com medo de atrapalha-la em qualquer pensamento perdido que ela tenha ao olhar a chuva, mas na verdade ela está de olhos fechados e ao vê-la, distraído bato meu ombro em um dos armários da cozinha, fazendo um barulho baixo mas suficiente para ela notar ter alguém por perto. Ela vira-se para mim.

-Hei Carl -Ela diz suavemente. Pela primeira vez eu a vejo pensativa -Quer chá?

-Não obrigado -Eu digo e fico sem sair do lugar.

-Trouxe pãezinhos de uma padaria ao vir -Ela olha para a ilha no centro da cozinha -Não recordo-me o nome, mas parecem bons -Ela volta o olhar para a janela.

Não havíamos conversado muito anteriormente e muito menos o suficiente para nos conhecermos bem. Mas não precisava conhece-la bem para entender que algo não estava bem. Vou até ela e paro calado ao seu lado, ela beberica da xícara de chá e olha para mim, falando o que pensara sem mesmo antes eu perguntar se ela estava bem.

-Chuva e pedras – A casa ficava no topo da formação rochosa, da janela podia-se ver o mar abaixo e a pedra lisa molhada -Chuva, pedras e chá -Ela repete -Sinto-me em casa.

-Gosta de chuva? -Pergunto surpreso, ela parecia ser uma pessoa que adorava sol, praias e parques ensolarados.

-Se eu fosse feita de ingredientes, chuva e sal estariam presentes e rochas também.

-Rochas?

-Sim, rochas. Porque a dúvida?

-Você não é rocha, você é mais uma pena do que rocha.

-E você é iceberg.

-Porque sou gelado?

-Não é um insulto, todo gelo pode derreter. E você é muito mais do que parece ser. E então, porque sou pena e não rocha?

-Por que você voa, não fica presa no mesmo lugar ou estou errado?

Ela parece gostar da minha resposta com sua expressão. Ela comprimi seus lábios, cerra seus olhos e balança a cabeça olhando-me.

-Nasci e cresci em uma península. Hirta, o clima lá era sempre chuvoso e a conversa das pessoas eram sempre sobre o clima. Sempre -ela enfatiza -Quando eu me deitava na minha cama a noite eu escutava o som das gotas da chuva caindo no telhado. Eu amo esse barulho e o som, era exatamente esse daqui. De água em rocha.

Ela bebe mais um pouco do seu chá e continua a dizer.

-Tudo fica melhor com chuva, principalmente o chá.

-Talvez o chá lá seja melhor do que o chá daqui -eu digo a ela -porque o daqui eu não gosto.

-Talvez sim, talvez não. Ou talvez, tudo o que precisa é da chuva certa -Ela pega o chá do bule e coloca em uma caneca que estava ao seu lado na pia e coloca um sache de chá para mim e entrega-o para mim.

Olho para o líquido de cor desbotada na caneca. O cheiro não me agrada e lembra-me de terras distantes e exóticas. Ela me olha atentamente enquanto levo a caneca para a boca e bebo o chá com gosto de mato e terra, engulo rapidamente para não dar tempo das papilas gustativas sentirem o gosto por completo, mas não consigo evitar ela notar minha expressão de desgosto.

Ela ri me pondo em dúvida se o som da chuva era mais belo do que seu riso.

-Você bebe café? -Eu pergunto a ela que ainda ri enquanto bebe o final do chá de sua xícara branca lisa.

-Não -ela responde – não gosto de café.

-Experimenta esse -Eu começo a preparar um na máquina de café expresso.

-Não, obrigada -Ela diz.

-Você tem que experimentar, eu experimentei o chá que eu não gosto -Eu insisto entregando-lhe o café.

-Era uma questão de momento, e esse não é o momento para eu experimentar esse café, não é a chuva certa.

-Esse é o momento perfeito, esse é o país do café!

-No país do café Carl, eu bebo chá!

-Effy! Effy -Tuva aparece na cozinha. Ela usa um pijama largo de unicórnio colorido -Viviane me disse mas eu não acreditei!

-Quis fazer uma surpresa -Effy responde, deixando a xícara na pia e sentando-se na mesa com Tuva -Gostaria de chegar mais cedo e pegar vocês dormindo aqui, mas quem diria que ás onze horas ainda teria gente dormindo ou ainda aqui dentro?

-Está chovendo!

-Eu trouxe a chuva -Effy diz engrandecida.

As garotas saíram para ir a um restaurante antes de ajeitarem um quarto para Effy no final do corredor, no quarto com queda de telhado que carinhosamente chamamos de Hipotenusa. Eu e George ficamos na casa jogando cartas enquanto Eric as acompanha provavelmente por estar atraído por Tuva. Eu estava em um lugar incrivelmente belo apesar da chuva atrapalhar um pouco a vista e o passeio, e tudo o que eu pensava era como seria o lugar que Effy crescera e como foi e qual o nome.

Saímos de guarda-chuvas pela cidade antes de anoitecer e tiro fotos da cidade colorida com o céu cinza no alto. Tiro fotos dos sapatos, dos pés pisando no asfalto de pedra brilhante por causa da chuva. Procuro pelo melhor ângulo para captar a luz e a sombra de cada lugar, cada objeto e cada pessoa. De George arrumando sua touca, seu braço a fazer sombra em seu rosto, Viviane segurando o guarda-chuva rente a seu corpo, todo seu rosto coberto pelo guarda-chuva. Eric pulando as poças, Tuva comprando souvenirs da cidade e da única pessoa que vivencia o lugar como eu, Effy. Enquanto todos estavam preocupados com o vento mais frio, da água cair no cabelo ou molhando os sapatos, ou levando recordações de momentos não vividos plenamente, eu observava através da lente, cada pedaço da cidade e quantas pessoas já passaram por lá fazendo exatamente o que fazemos ou quantas vidas passadas viveram por lá e tento capturar essa história na foto. Effy vivencia a experiencia e o lugar, protegendo-se da chuva fazendo conchinha com a mão a fim de segurar a chuva que escorre, tiro uma foto dela, e em seguida ela olha para a câmera e desce o guarda-chuva e roda-o na sua frente e sente a chuva cair em sua cabeça, mas ela protege veementemente um livro de capa azul em uma mão.

Ao voltarmos para a casa após irmos a um restaurante, um a um começam a ir para seus quartos em seus computadores. A casa é confortável e possui tudo e mais do que teríamos normalmente na nossa casa, inclusive um ofurô estilizado no quintal rochoso. Os quartos são decorados para férias curtas da família proprietária. Não há retratos deles e nos guarda-roupas, sequer uma meia, se não fosse pela liberdade em estar em uma casa, poderia-e imaginar estar em uma pousada. Passo algum tempo no meu quarto descarregando as fotos no computador e analisando-as e se editando-as se necessário. Paro na foto em que tirara dela e reparo em cada detalhe da foto. Suas roupas coloridas justapondo contra as cores predominantes de paredes claras e telhados vermelhos. O cabelo longo, fino e ondulado preso no topo da cabeça caindo nas costas, seus olhos com longos cílios escuros e sobrancelhas emoldurando olhos amendoados finos. Ela me atraia e possuía toda a orientação de minha atenção para si, e eu não conseguia evitar olha-la, eu lutava comigo mesmo desvencilhar meus olhares teimosos para outra direção, mas era um magnetismo, eu sendo bússola e ela o norte. Eu não saberia dizer se ela reparara em meus olhares discretos repetidamente em sua direção, porque após um determinado momento nossos olhares se encontravam, e ao acontecer eu desviava acanhado, mas ela não. Ela me encarava como se soubesse de um segredo meu, que nem eu mesmo sabia.

Eu não conseguia dormir e virava de um lado para o outro na cama e quanto mais eu pensava em dormir mais o sono escapava-me, por isso decidi descer para a sala de tv que ficava em um dos lados da escada e assisto a um filme com o som baixo. Deito-me no sofá inclinável confortavelmente e assisto entretido na casa completamente escura a não ser luz da tv ligada a iluminar. Ainda chove lá fora, agora mais intensamente fazendo um barulho estilhante e acabando com toda a expectativa de uma manhã com o céu limpo. Escuto passos rápidos a descer a escada e mudo de canal apressadamente com receio que alguém veja o que eu estou assistindo.

-Oi -uma voz diz ao aproximar-se de mim -Estava indo a cozinha mas vi essa luz -Effy diz cruzando os dois braços sobre a cabeceira do sofá e ela olha para baixo para mim.

-Não consigo dormir -Digo levantando-me do sofá com cheiro de mofo e salgadinhos.

-Eu também não, estava indo preparar alguma coisa para comer, o que você está assistindo?

-Um canal, qualquer -Respondo balbuciando deixando-a duvidosa.

Ela passa pelo sofá e senta-se ao meu lado. Nossas pernas tocam-se e nossos olhares encontram-se novamente.

-Boa estratégia a sua, colocar em algum canal entediante para deixar-lhe com sono, mal estou aqui e já estou começando a ficar com sono.

-Bem, eu acabei de colocar nesse canal, eu nem sei do que se trata.

-O que estava assistindo antes, posso saber?

-Um filme ...

-Huuum. Qual filme?

-Não vou falar qual é.

Ela se ajeita no canto do sofá, sentando-se sob uma perna e esticando a outra. Ela usa um pijama de algodão branco com renda nas alças e um shorts largo e curto com bolinhas azuis. Ela assiste e parece entender o que está sendo dito, o que parece impossível por ela não entender sueco perfeitamente. Suas mãos estão no assento do sofá e de repente ela pega o controle que estava no meio entre nós e eu tento tirar de sua mão que agilmente esconde-se atrás de seu corpo, sigo e toco sua mão. Ela passa o controle para a outra mão e novamente tento pegar, rimos um pouco da brincadeira infantil, mas ela se levanta e aperta o botão do controle da tv que retorna ao canal anterior.

-Era isso o que você assistia? -Ela parece decepcionada.

-Sim, porque?

-Pensei que era um canal adulto.

-Não! -Eu digo constrangido.

-Eu gosto desse filme -Ela diz empolgada e senta-se em cima de suas pernas ao meu lado, nossos ombros se encostam e eu não me afasto como normalmente eu faria e ela também não e pressuponho que talvez, talvez ela sinta a mesma conexão que eu sinto. Estar com ela, naquele momento, era tocar música novamente.

Olho de relance para suas mãos que descansam em suas pernas nuas, as unhas lascadas e com restos de tintas. Ela tem um sinal marcante em seu dedo anelar, sinal que usara um anel por tempo suficiente para deixar uma marca em sua pele. Eu não consigo conversar com ela enquanto assistimos juntos ao filme preto e branco, penso em vários assuntos que poderiam ser interessantes ou dos quais ela gostaria de conversar. Eu não sabia nada sobre ela, praticamente quase nada e mesmo assim, ela parecia ser a criatura mais intrigante que eu já conhecera, e jamais ousaria perguntar se essa marca de anel era de compromisso.

-Essa é a minha parte favorita -Ela diz com sua voz mais áspera do que habitual -Por causa da música.

-Eu também gosto da música.

-Os italianos realmente sabem como o amor funciona ao compara-lo com comida -Ela canta uma parte da música.

-E vinho!

-E vinho, verdade! É amor quando você sente vontade de vomitar quando bebe muito vinho.

-Uau, alguém teve péssimas experiencias amorosas!

-O amor só vale a pena quando você bebe muito vinho. Vinho em uma taça pela metade não é amor suficiente, é ordinário. E não, péssimas experiencias não, mas uma boa lição.

-Conheçe a palavra Lagom?

-Sim! Vai dizer-me que deve ser lagom?

-Exagero nunca faz bem.

-E meia taça de vinho é uma degustação, e não uma deleitação -Seus olhos brilham e sorriem junto com seus lábios, ela arqueia as sobrancelhas antes de sorrir e voltar seus olhos para a tela.

Há uma tensão entre nós, pelo menos é o que eu sentia. Ela parecia jogar um jogo em que eu jamais jogara. Como toda pessoa nova que entra em nossas vidas, aos poucos vamos conhecendo-a, tirando as camadas até chegar em seu interior, aos poucos. Voce pode ser amigo de alguém sem nunca conhece-la totalmente. Não com ela. A cada camada tirada, eu entrava em um mundo confuso e profundo. Ao interpreta-la eu mergulhava em seu imensidão, em seus jogos, novato, eu esquecera de segurar a respiração.

 Por ser tímido, as garotas que eu namorara sempre foram diretas e eu estava acostumado com esse jogo. Esse tipo de jogo que ela faz, eu evitaria e acharia desnecessário, mas agora eu quero desesperadamente, jogar. Mas com equipamentos de segurança e um tubo de oxigênio. _____ Mal eu sabia que era necessário afogar-se em seu jogo.

. Não tenho certeza se é realmente um jogo ou se fantasio, ela pode ser simplesmente assim, não posso confiar em meu julgamento, posso estar terrivelmente errado e ofende-la com algum avanço prematuro.

-Essas músicas me dão fome -Ela diz, se referindo a música do filme.

-Lembram restaurante italiano -Concluo pelo estilo musical.

-É, também -Ela levanta-se faltando alguns minutos para o filme acabar. Sua frase de repente faz duplo sentido para mim. Afinal, a música diz sobre saciar o amor com comida.

-Não vai assistir ao final?

-Já vi esse filme, só esperei a última música. Boa noite Carl.

-Boa noite.

Vejo ela subir as escadas escuras e penso em um cenário: Desligo a tv, corro até ela e a acompanho até seu quarto, ela coloca sua mão na maçaneta e eu a impeço e a beijo contra a porta. Ao contrário disso, a vejo subir para o andar de cima sozinha, bocejando de sono.

Desligo a tv e subo pela escuridão da casa, com cuidado para não tropeçar em nada e ao chegar ao andar de cima dos quartos, uma luz no fim do corredor atravessa por uma fresta da porta encostada, é o quarto dela. Abro a porta do meu quarto paralelo a sua porta aberta e consigo vê-la sentada em uma cadeira. A casa está silenciosa e a chuva cai levemente lá fora, criando quase nenhum ruído e ao entrar em meu quarto a escuto cantarolar a música do filme, bem baixinho criando um sorriso feliz em meu rosto.

Na manhã seguinte ao acordar com chuva ainda a cair lá fora, sou o último a sair do quarto e acordo exatamente pelo barulho feito lá embaixo. Gritarias, risos altos e deduzo que eles não resistiram as garrafas alcoólicas da adega refrigerada na cozinha.

-Heeeeee -Eles gritam ao ver-me. Ainda estou de pijamas e muito provável com o rosto amassado.

-Até que enfim Carl, você acordou! -Eric diz segurando um copo com um líquido suspeito cor de rosa.

-Ele ficou até tarde assistindo filmes na tv -Effy diz.

-Como você sabe? -Eric diz envolvendo-a em seus braços moles pela bebida e a encara tão próximo ao seu rosto fazendo Effy dar um passo para trás.

-Porque eu desci e assistimos uma parte juntos Eric -Ela o afasta com uma mão -Fui dormir com a música na cabeça, cantei tanto que parece que fiz uma viagem mental para a Italia, merda! Agora lembrei da porra da música.

-Qual música -Eric pergunta.

-Uma italiana, muito apropriada. Na verdade, a musica diz que se enamorar é estar bêbado e julgando a sua aparência Eric, eu diria que o Cupido acertou a flecha mais de uma vez.

-O cupido com certeza não acertou o coração -Ele aponta para a sua genitália, e ao faze-lo pensei que ela ficaria enojada, como Märta ficaria se ouvisse, mas ela gargalha alto.

-Se você precisa do cupido para isso funcionar eu sinto pena de Tuva -Ela responde um Eric embriagado o bastante para deixar passar uma réplica.

-Não é engraçado -Ela vem até mim com hálito de vinho, mas aparentando estar ainda sóbria -Que ao ouvirmos um determinado estilo musical já sabemos sua origem? Como se representasse o espirito do povo daquele determinado lugar? -Viviane passa por ela e oferece a garrafa de vinho para Effy, que a agarra e bebe um gole da boca.

-Você fala da música de ontem? -Pergunto confuso.

-Sim e de tantas outras. Por exemplo, se escuto gaita de fole, sei que ela é da grã-bretanha.

-Sanfona com a França -Digo.

-Sim!

-E aqui, qual música instrumento você associa?

-Guitarra pesada.

-Nej, na verdade é Nyckelharpa -Com sua expressão confusa, explico -É um instrumento de cordas, tocado com um arco.

-Carl toca muito bem violoncelo! - George diz oferecendo-me um copo com a bebida esquisita cor-de-rosa.

-Tocava -Eu digo repreendendo-o.

Ela pega de volta a garrafa da mão de Viviene e enche um copo quase vazio com o vinho da garrafa.

-Impressionante. Realmente impressionante, iceberg.

-Iceberg? -George diz sussurrando olhando para mim. Ele conhece-me o bastante, percebendo o conteúdo secreto da conversa paralela.

-Mas eu não toco mais violoncelo -Seu olhar para mim, vivo, queimando, apaga-se com minha revelação.

-Porque? -Ela pergunta-me.

-Iceberg -Respondo. George não entende o que falamos e noto nesse momento que posso jogar o seu jogo. Se eu contar a razão, ela não se interessaria, mas eu poderia deixa-la curiosa e ansiosa pela resposta.

-Bem, mas sabe o que isso significa não é Effy?

-O que George? -Ela pergunta sarcástica.

-Que ele sabe usar o arco!

-George! -Eu o censuro pela brincadeira maliciosa. Ela não gargalha como fizera com Eric mas sorri largamente e bebe todo o vinho do copo.

-Com meia taça de vinho, talvez.

O clima não ajuda. A chuva não cessa por nenhum instante e a temperatura não esquenta e Eric já está derrotado, deitado de qualquer jeito no sofá. George já esquecera do gorro jogado em qualquer canto da casa amarrotada de coisas jogadas por todos os cantos. Eu como alguma coisa na cozinha para não passar mal após beber o drink horroroso cor-de-rosa. As garotas conversam entre si, sentadas na escada e partilhando uma garrafa de vinho tinto. Eu como uma torrada com queijo e George rouba uma torrada do meu prato e se inclina na mesa para conversar privativamente.

-O que foi aquilo lá, iceberg?

-Ela me chamou disso ontem.

-Ah sim! Vai ...? -ele me dá um soco no braço e uma piscada com um dos olhos.

-Não sei George! Estamos na mesma situação, ainda dá pra ver a marca de um anel em seu dedo.

-E qual o problema? Se estão na mesma situação, é provável que ambos queiram a mesma coisa.

-Ela não é igual as mulheres daqui ou mulheres que conhecemos. Não consigo entende-la.

-O que tem de tão complicado? Você esta complicando! Se você quer, vai lá e faça acontecer.

-Não, deixa-me George.

-Não precisa entender Carl. Você está pensando como Märta, pare de pensar.

-Ela faz um tipo de um jogo, parece.

-Faz sim, todos fazemos, vá lá e jogue.

-Eu não sei jogar esse jogo, alias, esse jogo é inútil. Não entendo porque ela faz isso.

-Que jogo ela faz?

-Entendo que se precipitadamente eu avançar, ela recuaria. Definitivamente é um jogo.

-Então não jogue.

George vai até no meio da sala onde todos estão entediados e diz alto, alegre e um tanto embriagado.

-Tenho uma ideia para alegrarmos o dia. Vamos jogar verdade ou desafio? -Ele vira-se para mim e dá uma outra piscadela, implicando que assim estaria me ajudando, eu sorrio incrédulo por sua grande ideia. 

-Grande ideia -Tuva diz sarcástica.

-Eu gostei da ideia -Vivanne diz alegre abrindo sua boca para Tuva.

-Então vamos! -George faz sinal com as mãos para elas irem até o meio da sala ao redor dos sofás, ele arrasta a mesa de centro para o canto e acorda Eric.

-O que está acontecendo? -Escuto Effy perguntar a Tuva e Vivianne.

-George deu ideia de brincarmos de verdade e desafio -Vivianne diz.

-Estamos na quinta-serie agora? -Effy diz parecendo não gostar muito da ideia -Quem ainda não beijou e precisa de ajuda nesse jogo?

-Eu ainda não beijei -George diz- Não vamos desperdiçar essas garrafas e joga-las diretamente no lixo. Ou você faria isso com elas? Hein? Faria, faria isso Effy? Usa-las e depois joga-las no lixo?

-Vamos jogar então, mas não pode ter frescura -Ela aponta o dedo no rosto de George, o desafiando - Se eu te desafiar beijar um dos garotos, você vai ter que beijar.

-Mal posso esperar -Eric diz.

Nos sentamos em círculo no tapete cinza peludo no meio da sala, alternando um homem e uma mulher. Colocamos um pano branco para evitar que a garrafa de vinho respingue no tapete. George gira a garrafa e o gargalo para em Vivianne e o fundo da garrafa para George.

-Verdade ou desafio? -Ela pergunta.

-Desafio -George diz.

-Desafio... desafio ... Desafio você deixar de usar o seu gorro por hoje.

-Fácil, já estou sem ele.

-É porque você perdeu ele, não é? -Eu digo.

-Fico sem o gorro por uma semana! -George olha para Vivianne.

-Ok, tanto faz George -Ela ri -O desafio é por hoje -Ela gira a garrafa e o gargalo para em Effy.

-Verdade ou desafio?

-Verdade - Tuva escolhe verdade se jogando para trás.

-Verdade. Uhn, vejamos. É verdade que você tem um piercing em uma parte íntima?

-Não! -Eric responde. Tuva dá um tapa em sua perna.

-Não, não tenho.

-Eric já viu? -Effy pergunta novamente.

-É uma pergunta por vez Effy, como vocês jogam isso no seu país?

-Então gire Tuva e não responda -Effy retruca irritada, mas depois dá um sorriso forçado para ela.

-Verdade ou desafio?

-Desafio – Eric escolhe.

-Desafio você usar um dos meus vestidos.

-Pega um lá então! -Eric levanta-se cambaleando. Nesse ponto, Eric aceitaria usar qualquer coisa. Tuva dá a ele um vestido decotado branco com transparência e tecido esvoaçante. Ela o ajuda vesti-lo colocando por cima da cabeça e após ajeitar no corpo,ele tira sua bermuda por baixo do vestido.

-Gira agora Eric -Tuva enxuga as lagrimas que caíram enquanto ela ria vestindo-o.

-Verdade ou desafio.

-Verdade -Effy responde.

-Quem é a pessoa mais atraente daqui?

-Uhn -Vivianne exclama arregalando os olhos, talvez aliviada por não ter de responder a pergunta. George dá risinhos e levara sua mão a boca. Eric fica piscando e abre os braços, insinuando que ele é o mais atraente.

Como se soubesse o que Effy iria responder, Tuva diz:

-Não pode se escolher.

-Deveria ter formulado a pergunta corretamente então.

-Mas isso é obvio Effy, qual seria a graça?

-E se eu for narcisista? Nunca se sabe.

-Quem é o mais atraente daqui, tirando você -Tuva reformula a pergunta.

-Obrigada Tuva -Ela olha rapidamente para cada um de nós -Carl.

George e Tuva batem palmas e riem muito. Eu sinto vergonha, não foi como eu imaginaria sentir ao ouvir um elogio. Effy gira a garrafa.

-Verdade ou desafio -Eric pergunta.

Justo para mim, todos repousam o olhar sobre mim, sei que se eu responder desafio, Eric vai desafiar beijar Effy e não quero beija-la. E se eu escolher verdade, Eric perguntará algo sobre Effy, é obvio demais, ele não para de olhar para ela que está do seu lado nesse momento. De repente, concordo com Effy, esse jogo é infantil demais e uma péssima ideia, mas das duas opções, escolho a melhor.

-Verdade.

-Se você fosse homossexual, qual de nós você .... -Eric faz um gesto obsceno.

-Que falta de criatividade hein Eric? -George brinca com ele.

-Você Eric! -Respondo automaticamente, já estava esperando por essa pegunta. Olho para ela a minha frente e seu rosto está levemente vermelho e ela sorri de volta para mim, balançando a cabeça, pelos gritos ao redor. Giro a garrafa rapidamente para mudar o foco em nós dois.

-Verdade ou desafio? -Effy pergunta

-Desafio -Vivianne responde.

-Eu desafio -seu rosto se ilumina -você a beijar o George, já que vocês dois estavam ansiosos para esse jogo, assim evitamos mais embaraços e vocês acabam logo com essa encenação.

Vivianne se levanta ajustando seu vestido preto até os joelhos e vai até onde George esta sentado, George levanta-se e não sabe o que fazer.

-Ah, e de língua -Effy diz rindo.

George fica sem jeito, primeiro segura o ombro dela e depois larga e segura novamente, todos estamos sentados olhando para cima para ver a ação melhor. Os dois rapidamente dão um beijo curto, rápido demais.

-Verdade ou desafio? -Vivianne pergunta a Eric.

-Desafio, sempre desafio -Eric mal consegue deixar os olhos totalmente abertos e sua fala deterioriza a cada instante, logo ele sucumbirá ao efeito do álcool.

-Quero que você beije -Vivianne tem um olhar calculista e imediatamente percebo que ela realiza um plano diabólico em sua mente, ela tem esse olhar quando diz- A próxima pessoa que você “pegaria” após Tuva.

-Após? -Tuva sente-se ofendida e cerra suas sobrancelhas para a amiga. Eric não se importa, ele adora ser o centro das atenções e acredito que seja um sonho se tornando realidade ter mulheres brigando por ele. Eric olha para Tuva, inclinando a cabeça e levantando os ombros -Você faz o que você quiser, Eric!

-É só um jogo! -Ele diz ao se inclinar em direção a Effy. As melhores amigas. Ao ve-lo indo cada vez mais perto dela, penso” Não faça isso cara, não faça isso. Você vai acabar com a sua chance com Tuva”. Mas ele não pensa nisso, e está bêbado demais para ter clareza da sua situação. Tuva disfarça estar bem, mas conhecendo-a hoje, diria que ela estava furiosa. Não com Eric, mas com Vivianne.

Eric se arrasta até Effy que não mexe um músculo sequer, e, assim que encostam os lábios, ela se joga para trás, limpando os lábios com o punho da mão.

Eric tenta se aproximar de Tuva, toca-a com a mão e ela arrasta sua mão para longe, recusando sua investida. Ele então tenta toca-la nos cabelos e ela o afasta com a mão na sua frente, dizendo para ele parar. Effy vendo o clima tenso rolar entre os dois resolve tentar acalmar os ânimos.

-Querem saber? Foda-se essa chuva. -Ela levanta-se e tira suas sandálias com um movimento ligeiro com as mãos.

-Vocês não vão vir, seus fracotes? -Ela abre a porta e corre para a chuva com a roupa do corpo.

Vamos até a porta ver se ela estava realmente na chuva e a vejo sentada na borda da rocha no terreno da casa, segurando nas barras de ferro, balançando as pernas e olhando para o mar. Tiro a camisa e saio na chuva também. Tuva me segue e tira a blusa ficando só de sutiã e shorts. Vivianne e George ficam na varanda ajudando um Eric bêbado a tirar os sapatos.

Effy levanta-se soltando o longo cabelo do laço preso no topo da cabeça, deixando-o cair em suas costas, passo a mão no rosto para tirar a água da chuva que escorre em meus olhos.

-Vamos lá para baixo? -Tuva pergunta a ela.

-Vamos! -Elas descem rápido o caminho das rochas mais baixas para nadar na água do mar, azul. Eu desço ajudando Eric que aos poucos começa a voltar ao normal.

-Eric, sinto muito mas você não vai poder nadar nesse estado. É muito perigoso.

-Estou bem, vou molhar só os pés -Ele diz sério -Ela está furiosa comigo.

-Sim, está. Ela é a melhor amiga dela Eric.

-É eu sei, mas foi só um beijinho.

-Se foi só um beijinho, porque você está preocupado?

-Sabe o que seria perfeito aqui? Um jet-ski! -Ele muda de assunto, evitando dar-se por errado.

-Sim, seria ótimo -Eu concordo com ele.

Tuva e Effy chegam mais rápido do que nós. Elas entram no mar até a altura dos joelhos e conversam baixo bem próximas. Vamos até elas e olho para trás verificando se George e Vivianne estão vindo, mas não os vejo.

-Sua mão está fria -Tuva diz batendo na mão de Eric que tentara abraça-la. Ela joga água nas costas dele.

-Me desculpe Tuva- Ele diz -Foi só um jogo.

-Eu sei que é um jogo Eric. Estou entediada, só chove!

-Não culpe a chuva pelo tedio Tuva. Podemos fazer muitas coisas na chuva. Eu acho que a chuva deixa tudo mais divertido –Effy diz, tirando sua blusa fina vermelha, ficando de sutiã. Ela enrola a blusa na mão e a arremessa para longe.

Eric segura a mão de Tuva e a leva para o lado. Eles falam baixo e no pé do ouvido.

-Está com frio? -Effy inclina-se e joga um pouco de água na minha direção.

-Você está? -Eu jogo água na direção dela também. 

-Claro que estou -Ela se abaixa devagar no mar até entrar totalmente na água -Pensei que iria melhorar, mas não! -Ela pula de frio e espirra água em mim.

-Hei! -Ela ri e nada para frente, sigo-a entrando de vez na água gelada.

A água é clara mesmo com o tempo cinza. A chuva caindo na água calma do mar, respinga e entra nos olhos. Nadamos até uma rocha embaixo de uma árvore, ajudo-a a subir em cima. A encosta toda do mar é de rochas grandes, lisas e agora mais escorregadias por causa da chuva. A árvore em cima de nós serve como guarda-chuva natural. Sentamos um do lado do outro, ela está com sutiã e shorts curtos e treme com o vento que bate de frente em nós.

-Melhor voltarmos! -Temo por ela.

-Não, para que? Ficarmos sentados no sofá?  Voce deveria ter tirado sua camiseta pelo menos, Carl.

-Porque você está com frio -Respondo sua primeira pergunta – Porque, esta com medo de se molhar? -Retribuo sua resposta anterior, ela balança o dedo indicador para mim e balança a cabeça entendendo a minha replica.

-Não estou com muito frio.

-Você esta tremendo, e a sua boca está sem cor.

-Estou bem iceberg, não se preocupe “and rain will make the flower grow” -ela canta.

-Que música é essa?

-Falando em música, porque você não toca mais?

-Não gosto, perdi o gosto pela música.

-Eu não acredito em você.

-Eu desisti.

-Você gostava?

-Sim, muito. Fui idiota em desistir.

-Você não é idiota por ter desistido, você é idiota por acreditar que desistir significa nunca mais voltar a tocar. Você esta morto? -Ela toca em meu ombro, sua mão está gelada. Seu braço arrepiado e sua boca começa a ficar roxa -Você não esta morto, só esta congelado.

-Você também, vamos voltar?

-Quando estou sem inspiração -ela ignora meu pedido -Eu costumo escutar música, aprendi com um amigo. Até quando estou com preguiça, às vezes escuto e vou rabiscando como se eu pudesse desenha-la, tarefa impossível eu sei.

-Qual música você costuma escutar? -Ela sorri. Sua boca esta tremendo ela aponta para a lua que começa a aparecer no horizonte.

- A música do agora -O resquício da luz do sol luta para sair nas frestas das nuvens carregadas no céu. Alguns fios de luz emanam destas frestas pintando o céu cinza com feixes amarelos, laranjas e até vermelhos. A luz reflete em seu cabelo e em metade de seu rosto. Gostaria de ter uma máquina para captura-la -Escute -Ela coloca sua mão gelada em meu peito -Esse som.

Seguro sua mão pressionando em meu peito e aperto firme junto a mim. Estou nesse momento intoxicado pela pintura que ela é, eu a envolveria em meus braços aquecendo-a, presa em mim. Nos olhamos sem dizer nada um ao outro e juntos compartilhamos a paisagem e com ela vivencio a beleza sem captura-la em uma foto.

Antes de voltarmos á casa onde estariam esperando por nós toalhas e chocolate quente e uma recepção aflita de Tuva, ela me dissera segurando minha mão.

-Gelo combina contigo, mas não precisa tê-lo como companheiro. Uma geleira pode trincar e quando isso acontecer, eu gostaria de estar lá para escutar.



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