História Perfect Partner - Book Two - Covert II

Covert II

JADE 

Noah não saía dos meus pensamentos, a minha preocupação com a sua recuperação era constante.

Além dessa crise ter sido mais grave por ter atingido os pulmões, ele vinha sentindo dores intensas e constantes. O que não era novo, mas dessa vez, parece que ele não estava conseguindo suportar e lidar, como das outras vezes. 

Eu tenho a sensação de que ele tenta o tempo todo disfarçar o que realmente está sentindo, tanto física quanto sentimentalmente. E o fato de não termos mais tocado no assunto da gravidez de Katherine, parece um campo minado entre nós. 

Mesmo eu tendo dito a ele que o apoiarei incondicionalmente, sinto que ele se sente desconfortável com toda a essa situação. Ainda bem, que ela deu uma desaparecida ... mas pensando bem, isso era preocupante, na verdade. 

Provavelmente, ela devia estar arquitetando algum outro golpe ...

Eu estou me sentindo esgotada, como se minhas energias, por mais que tentasse preservá – las, se esvaíssem com qualquer mínimo esforço. E até mesmo o trabalho, que sempre foi minha válvula de escape, estava me desgastando.

 A clínica que sempre foi meu sonho, atender aos meus pacientes, tudo parecia me cansar. E a parte burocrática do negócio, era extremamente desgastante, eu me arrependo de não ter aceitado a ajuda de Noah quanto à administração.

Orgulho tolo.

O único momento em que sinto uma descarga de energia percorrer meu corpo, é quando estou atendendo Adam. Cada sessão é um desafio novo !!!

Eu nunca sei como vou encontrá -lo... 

Felizmente, já passamos da fase das discussões e troca de farpas. Nos últimos atendimentos, conversamos bastante. E eu descobri que por baixo de toda a amargura e inconformismo, existe um homem bem humorado, gentil e muito do bem.

Surpreendentemente, quando estou ao lado dele, me sinto leve. Sem pressões e alegre. Conversamos sobre vários assuntos e nos divertimos muito.

E se não fosse comprometida e amasse meu noivo ...

FLASHBACK ON

Estávamos encerrando a sessão de hidroterapia, que havia exigido um árduo esforço dele. Para relaxar os músculos exauridos e evitar atrofia dos membros, eu costumava fazer uma massagem.

Como a lesão que ele tinha sofrido, só fez com que ele perdesse a sensibilidade das pernas, aproveitei para massagear com vigor suas costas. Como um prêmio pela dedicação e bom comportamento durante as sessões. 

Ele suspirava de vez em quando e eu pude sentir sob minhas mãos o relaxamento que invadiu seus músculos ainda fortes e delineados.

- Muito bem Adam , terminamos. – falei, auxiliando para que se virasse na maca. 

- Já  ?!  Estava tão bom ... essa é a melhor parte do meu dia.

- Já. E massagens são deliciosas mesmo. -respondi sorrindo e trazendo a cadeira de rodas para acomoda – lo.

- Eu não estava só me referindo à massagem, Jade. 

Parei ao seu lado e evitei encara -lo.

- Ah , os exercícios na água também são menos extenuantes e dolorosos. Porém, para que você mantenha o tônus muscular e evite atrofias, precisamos realizar os demais exercícios mesmo que sejam dolorosos. 

Disparei a falar ,nervosa e ajudei com que ele se transferisse para a cadeira, o que ele fez sem grande dificuldade. Realmente, as sessões vinham dando resultados expressivos. 

- Você entendeu o que eu quis dizer.- disse segurando meu pulso delicadamente e me obrigando a olha -lo.

- Eu ... Adam ... 

- Você é a única amiga que eu tenho. – disse me fazendo ruborizar – A única que não me olha com piedade e me trata de igual para igual. Eu até esqueço que estou preso à essa cadeira.

- Ah, que bom !!! – falei sem jeito, soltando meu punho e sentindo queimar onde ele havia tocado.

O que eu estava pensando ?! O que estava acontecendo comigo ?!

Achei que ele estava se referindo a que, se sempre foi respeitoso? 

E o pior,  por que a decepção?!

- Nossa, eu já estava me esquecendo de falar !!! – falou entusiasmado – Ontem à noite, senti fisgadas no meu pé esquerdo e consegui mover o dedão. 

- Adam !!! Meu Deus !!! Isso é maravilhoso !!! – disse eufórica – Me mostre o movimento que conseguiu fazer. Quantas vezes, conseguiu repetir ?

Ele sorriu da minha euforia, enquanto eu me sentei na banqueta em frente e fiquei observando a sua tentativa.

- Só consegui uma vez .

O tempo foi passando e o silêncio começou a pesar entre nós, já que ele não conseguia fazer um único movimento.

- Maldição !!! Eu  consegui ... vi e senti o movimento.- sua voz falhou – Jade eu senti, chegou a doer ...

- Adam, eu sinto muito. – falei segurando suas mãos – Mas o que você teve foi um espasmo muscular involuntário. 

Segurei o pé dele com delicadeza e fiz alguns testes de sensibilidade, porém, não obtive respostas aos estímulos. 

- Pareceu tão real ... mas e a dor ? – questionou tentando se agarrar ao último fio de esperança. 

Aqueles olhos imploravam por uma resposta, que eu não podia dar.

- Síndrome do membro fantasma. Atinge amputados e também portadores de paraplegia.

Ele abaixou a cabeça derrotado e meu coração ficou apertado ao vê -lo sofrer. Contudo, eu não podia dar falsas esperanças a ele.

- Eu entendo. – respondeu por fim.

- Adam, eu não sei o que dizer ...

- Não precisa dizer nada. Eu sei que fui um tolo ... mas por um momento pareceu tão real, que até agradeci por estar sentindo dor.- sorriu sarcástico. 

Num impulso sem explicação, o abracei e encostei a cabeça dele em mim. Ele rodeou minha cintura com os braços e ficamos assim por alguns instantes. As lágrimas dele molharam minha camiseta, enquanto eu acariciava seus cabelos em um gesto de consolo.

Era uma situação extremamente triste e eu gostaria de poder fazer algo ,para minorar a dor e a decepção que ele sentia. Mas além disso, percebi que estava gostando do contato com ele, além da relação profissional /paciente. 

Quando me dei conta do que estava fazendo e sentindo, me afastei constrangida. 

Deus do céu !!! O que há de errado comigo ?!

- Adam ...

- Jade ...

Falamos em uníssono e rimos , envergonhados.

- Primeiro às damas. – disse sorrindo e fazendo minhas pernas bambearem. 

- Eu preciso ir.- falei relutantemente – Só peço que não desanime. Você ainda pode ter avanços significativos e ...

- Ter uma vida de qualidade. Ok, senhorita fisioterapeuta. – me interrompeu sorrindo. 

- Nossa, preciso mudar o meu discurso. Estou sendo muito previsível. – respondi, retribuindo o sorriso.- Até amanhã. 

- Até. 

Eu já estava próxima à saída da área da piscina, quando ele me chamou:

- Jade !!!

- Sim ...

- Vou esperar ansioso para te ver . Obrigado. 

Assenti e apressei o passo até o vestiário. 

Tirei o maiô molhado e só coloquei o agasalho, decidida a tomar banho em casa. Eu precisava me afastar o mais rápido possível daquela tentação.

FLASHBACK OF

O problema é que ao voltar para casa de Noah , me sinto tragada por uma atmosfera de tristeza, melancolia. 

Vanda, uma das novas recepcionistas, irrompeu pela minha sala pálida com o celular em punho , me tirando dos meus devaneios. 

- Jade, você precisa ver isso !!!

 Assustada olhei para a imagem que mostrava Gabi como refém e com uma arma apontada para a cabeça. E em seguida, para a horda de policiais e familiares dos reféns, que estavam protegidos por um cordão de isolamento da multidão curiosa. 

- Meu Deus !!! Eu ... estou indo para lá. – disse atordoada – Por favor, tente contatar Noah e Gabriel. 

Peguei minha bolsa, saí correndo. 

Eu preciso estar lá quando ela sair .

Dirigi pelas ruas da cidade, com certeza ultrapassando todos os limites de velocidade. O telefone tocou e atendi, era Vanda :

- Jade, Noah e Gabriel, já estão no local. Eu falei com o Noah e ele disse para você não ir para lá de jeito nenhum, porque é muito perigoso.

- Ah, tá. Obrigada, Vanda.

- De nada. Deus te proteja.

Desliguei. 

Até parece que não vou estar ao lado da minha amora em um momento como esse.

Perigoso, vai ser para quem tentar me impedir. 

NOAH

À partir do momento em que soube que Gabi e meu sobrinho corriam perigo, tudo o mais perdeu importância. 

Se algo acontecesse com eles,  Gabe nunca mais iria se recuperar. 

Entrei em contato com a equipe de segurança da Montgomery, composta em sua maioria por ex agentes da SWAT e da CIA , exigindo uma intervenção rápida. 

Em poucos minutos, recebi o retorno do chefe da equipe, com informações sobre a operação policial e quem estava no comando. 

O negociador, um tal de Maverick , estava em um jogo de gato e rato com Joe, o líder  da quadrilha há anos. Já tinha se tornado uma questão de honra para ele, prende – lo .

Entretanto, ele não costuma se preocupar se houver alguma baixa de civis. O que ele quer é  provar, que pode vencer. 

E isso para nós era péssimo,  porque não se importaria em ceder ou fazer jogo duro ,às custas das vidas dos reféns. 

Para minha total surpresa, Jason o chefe da minha equipe, também me disse que minha mãe era outra das reféns. E que ela e Gabi, estavam juntas, quando foram surpreendidas. 

Ele já tinha um plano de resgate e só aguardava minha autorização, para colocá – lo em prática. 

Por uma questão de consideração, liguei para o comissário de polícia e o chefe de segurança da cidade,  para informa -Los da ação da equipe. Afinal,  eles farão o trabalho, que os homens sob o comando deles, deveriam realizar. 

Mais uma vez o prestígio e o poder do nome Montgomery, exerceu seu poder.

 Retornei para Jason dando o aval necessário. 

Eu sabia que Gabe estava prestes a explodir ,assim como eu também. Então, falei para irmos ao local e aguardar por lá o desfecho da situação. 

JASON 

A tensão em que estávamos era muito grande.

Qualquer deslize e poderíamos perder vidas inocentes. 

A ordem do senhor Montgomery foi bem clara : nenhum refém poderia ser perdido. No mais, que fizéssemos o que fosse preciso, para garantir isso. 

Desde que saí da SWAT e passei a trabalhar na Divisão de Segurança Montgomery, não tinha mais sentido essa adrenalina. E me dei conta de como sinto falta.

Porém, Jilian e Will , são tudo para mim. E não posso me arriscar a perde- Los.

Justamente,  por isso, consigo entender o desespero que os irmãos Montgomery estão sentindo nesse momento. Contudo, em breve isso terá fim.

A equipe com dez homens estava pronta para entrar em ação, à espera apenas do meu sinal.

Olhei para cada um ,me certificando de que estavam atentos e preparados e dei o sinal tão aguardado. 

Esse era o início do fim.