História Perfect To Me - City of Love - Part 2

- Obrigada Jack... – Sorrio para o meu segurança que apenas dá um breve sorriso – Eu te ligo, ok?! – Ele concorda com a cabeça.

Depois que Lauren e eu dançamos com o violinista algumas pessoas começaram a se juntar fazendo uma rodinha, saímos dali e fomos em direção ao carro preto aonde Jack nos esperava, consegui o convencê-lo de nos deixar ir até a torre e ficar por lá até anoitecer. Como se tivesse planejado tudo comigo Lucy havia deixado uma toalha... era mais para uma manta enorme, no porta-malas. Peguei o tecido azul entrelacei minha mão com a de Lauren, não me esqueci de pegar o meu casaco dentro do carro indo em direção ao enorme jardim que cercava o lindo monumento.

Tivemos que andar bastante até, porém quando chegamos no jardim dava para ver muitas pessoas com suas toalhas deitadas, lendo, estudando, conversando, namorando, rindo, jogando cartas... era um lugar lindo com uma vista perfeita. Estendi o pano e me deitei no tecido, Lauren fez o mesmo.

- Não é lindo? – Falo olhando para a torre e ela concorda com a cabeça – Nós podemos subir lá em cima essa semana... um dia antes de irmos embora, o que acha? – Pergunto e ela sorri.

- Não é muito alto? – Questiona e eu a puxo para mais perto de mim, começando a fazer um cafuné em seus lindos cabelos.

- É... mais eu não vou deixar você cair, é tudo muito seguro, não se preocupe, você vai gostar, ok?! – Ela concorda com a cabeça me olhando e eu sorrio.

- Está ficando tarde! – Lauren fala sorrindo.

- Isso é verdade, você quer voltar? – Pergunto.

- Não... gosto de ficar aqui! – Fala olhando para a torre – É lindo... tudo!

- Também acho... principalmente a companhia! – Falo acariciando o seu rosto e tirando uma mecha dos seus olhos – Hoje foi o melhor dia da minha vida, Lolo...

- Porque?

- Porque você disse que me amava... – Sorrio boba lembrando de suas palavras.

- E você não sabia?

- Não tinha certeza... – Falo sincera e ela me olha.

- Taytay disse que quando amamos as vezes sofremos, eu sofri por você, mas ela também disse que quando você ama – Ela faz uma pausa olhando diretamente nos meus olhos – Você só quer ver a pessoa feliz e estar com ela! – Sorrio e concordo com a cabeça.

- Sua irmã é inteligente, assim como você! – Falo tocando a ponta do seu nariz e ela sorri.

- Podemos ficar mais aqui? – Concordo com a cabeça e beijo a sua testa.

Assim como eu, Laur havia percebido que era bom ter apenas a companhia de quem amamos e mais nada.

Conversamos sobre constelações, sobre Paris, conversamos sobre o futuro. A cada momento eu via uma Lauren mais solta, muito mais confiante com a sua fala, ela estava sendo ela mesmo sem se preocupar em se embolar na própria fala, sem ligar se mexia alguma parte do corpo repetidamente... apenas pelo olhar percebia que Lauren estava confiante sobre quem ela era no momento.

Eu amo fazer as pessoas rirem, sabe aquela risada alta e exagerada que faz você rir junto pelo escândalo da pessoa? Amo fazer pessoas ao meu redor rirem assim. Agora imagine a pessoa que você mais ama e que é difícil rir, porém sorri facilmente, você consegue arrancar uma risada dessas dela... te traz uma sensação tão boa.

Já fazia duas horas que estávamos sentadas lá, rindo e jogando conversa fora. Quem olhasse ao redor iria ver o quanto estávamos nos divertindo na nossa “bolha”, não nos importávamos com os olhares e muito menos com o que essas pessoas iriam pensar, naquele momento apenas nós duas existíamos.

- Eu senti um pingo... – Lauren fala olhando para cima e eu olho para o céu, então olho ao redor vendo as pessoas juntando as coisas.

- Acho que vai começar... – Então começou um chuvisco – A chover! – Rio e Lauren me acompanha.

Nós nos levantamos e eu me xingo mentalmente por ter sugerido que nós duas tirássemos o sapato a um tempo atrás, Lolo pegou o pano e me entregou, não deu nem para contar até vinte, uma chuva um tanto quanto forte começou. Comecei a andar e quando olhei para o meu lado não vi Lauren, olhei para trás e a vi com os braços abertos enquanto ela olhava para cima.

Era uma cena tão linda, queria ter uma máquina fotográfica para registrar aquele momento. Ela sorria para o nada, sorria para o céu, aproveitava as gostas cada vez mais grossas da água que caiam em seu rosto e molhavam o seu corpo, foi então que ela soltou os saltos que antes segurava e olhou, fez um sinal com a mão e eu soltei as coisas andando até ela.

- Eu quero dançar... – Fala abraçando a minha cintura.

- Está chovendo... – Rio abraçando a sua cintura.

- Finja que a chuva não existe... – Sorrio com a sua fala e começo a dançar com ela no meio da grama.

As pessoas estavam indo embora e correndo com medo de serem molhadas, nós riamos e dançávamos ali mesmo, eu rodopiava Lauren, nós dançávamos com os corpos e rostos colados... então corremos de mão dadas e aproveitamos a chuva. Estávamos brincando de pega-pega e eu me sentia uma criança de novo, já estava ensopada e não conseguia parar de rir.

Ninguém nunca tinha esses momentos, quando nós ficamos adultos ou até mesmo adolescentes nós temos medo de “pagar mico” por fazer algo que apenas “crianças” fazem, ser feliz, é apenas para crianças?!

Meu lema na vida sempre havia sido, corra, cante, dance, sorria, aproveite. Afinal qual é a graça de ser o que você não é?! Não se divertir e fazer algo que você odeia? Nenhuma, a vida foi feita para você aproveitar, faça isso fazendo bem ao próximo e a si mesmo.

Lauren corria atrás de mim e tinha um lindo largo sorriso nos lábios, foi então que ela tropeçou nos próprios sapatos que havia deixado por ali e acabou caindo em cima de mim, fiquei por baixo e ela por cima, seu cabelo estava dividido em várias mechas já que ambas estávamos encharcadas e com as roupas sujas agora, por estarmos rolando no chão.

Me levantei e a ajudei a levantar, colei nossos corpos e então comecei a cantarolar uma música qualquer e então voltamos a dançar ali, Lauren fez eu rodar, então eu abracei sua cintura e ela o meu pescoço deitando a cabeça no meu ombro, foi então que eu escutei o meu nome sendo gritado, olhamos para trás assustadas e vemos Jack pegando minhas coisas e fazendo um sinal para nós voltarmos.

Peguei os saltos de Lauren e entrelacei nossas mãos, rindo fomos correndo em direção ao carro que estava perto, entramos no mesmo e Rick já estava atrás do volante, Jack me encarava com um sorriso meio disfarçado que ele não conseguia conter, enquanto negava com a cabeça.

Durante o caminho para o hotel Lauren e eu começamos a tremer de frio, eu a abracei e Jack tirou sua jaqueta preta de couro me entregando, pedi para que Lauren tirasse a dela e assim fez, a abracei e nos cobri com a jaqueta, assim nos esquentando um pouco mais. Rick ligou o aquecedor e a nossa situação melhorou um pouco, estava torcendo para que nenhuma das duas ficasse gripada.

Chegamos no hotel e Jack abriu a porta para nós, peguei a jaqueta de Lauren que estava em cima do banco e entramos descalças no hotel, tendo todos os olhares voltados para nós. A recepcionista do hotel sorriu gentilmente e eu sorri de volta mordendo meu lábio inferior e andando com Lolo até o elevador.

Entramos no nosso quarto depois e então pedi para que ela fosse tomar um banho rápido para que não ficasse doente, ela concordou com a cabeça. Enquanto ela tomava banho liguei o meu computador e comecei a escrever freneticamente, sem conseguir conter minhas ideias para a história, que não tinha absolutamente nada a ver com o dia de hoje, porém o dia de hoje havia servido de inspiração.

Assim que Lauren saiu do banheiro eu salvei os arquivos e corri para o banheiro, eu estava muito gelada, Lolo estava com um pijama de calças com cupcakes e uma blusa regata com um cupcake enorme, sorri divertida e beijei a sua bochecha entrando no banheiro rapidamente.

Coloquei o meu pijama, não queria sair do quarto hoje... iriamos pedir pizza ou qualquer outra comida para ser servida lá, até Lauren já havia vestido o seu pijama. Apareci no quarto e vi minha namorada rodopiando pelo quarto enquanto contava algo para a sua mãe, quando ela me viu seu sorriso largo se tornou um sorriso tímido e ela prontamente se sentou, Clara sorriu para Lauren e então alguém bateu na porta.

Michael entrou e pediu para Lauren o acompanhar, é claro que eu sabia o que ia acontecer. Lolo me olhou apreensiva e eu a instiguei a ir com o seu pai, ela beijou a minha bochecha e disse que logo logo estaria de volta, apenas sorri e concordei.

A porta se fechou e eu respirei fundo.

- Lolo estava contando sobre o nosso dia? – Pergunto sorrindo, mesmo sabendo sobre o que ela queria falar.

- Sim, parece que se divertiram! – Concordo com a cabeça – Você cuidou direitinho dela, como havia prometido, sou grata por isso...

- Eu sempre vou cuidar! – Mordo o lábio inferior segurando um sorriso, eu realmente achei que ela iria tacar a boca em mim e brigar por termos passado o dia todo fora.

- Camila... – Ela respira fundo – Eu não sei o que você quer com tudo isso... – Suspira e eu franzo o cenho – Lauren nunca vai ser uma esposa ideal ou...

- Opa... pode parar por ai! – Rio levemente irritada – Porque você sempre fala isso? Porque sempre acha que o que Lauren e eu temos nunca vai dar certo? – Me sento e respiro fundo – Clara eu já fiz de tudo para você e qualquer pessoa acreditar o que eu sinto por ela é a coisa mais sincera e real que qualquer pessoa poderia sentir!

- Camila minha filha é uma autista! – Fala um pouco alto.

- E dai?! – Rio sarcástica – Você não viu o quanto ela mudou em quatro anos? Poxa, ela está se tornando uma mulher tão incrível, Lauren está aprendendo a lidar com absolutamente tudo, ela quer ser alguém na vida, quer trabalhar e tenho certeza que quer construir uma família!

- Ela não pode! – Minha sogra se levanta

- Para ter uma família, precisa de amor! – Declaro – Nós temos isso de sobra, nem que a família seja ela e eu, eu e ela... continuaremos uma família. – Respiro fundo e me levanto também – Entenda que nada que fizer vai conseguir afastar Lauren de mim!

- Quando você fala isso até parece uma louca! – A encaro irritada – Eu sou muito grata por tudo o que você já fez por mim e por toda a minha família, entenda também que apesar de tudo você já machucou ambas de minhas filhas e eu não posso permitir que isso aconteça novamente!

- Então é isso? – Falo negando com a cabeça – Eu jamais magoaria Lauren, você mais do que qualquer outra pessoa deveria saber disso! – Clara me olha apreensiva – Sra. Jauregui... eu amo a sua filha e ela me ama também, Lauren me disse isso hoje à tarde e eu acho que no momento eu sou a pessoa mais feliz do mundo! Como eu disse em meu livro eu precisava ajeitar a minha vida, porque sei que Lauren sempre vai precisar de um apoio e um porto seguro, estou disposta a ser o seu porto seguro e seu ponto de conforto, para isso eu preciso que você a deixe livre...

- Eu a deixo livre!

- Então deixe ela fazer as próprias escolhas!

- QUE ESCOLHAS CAMILA?

- A ESCOLHA SE ELA DEVE OU NÃO FICAR COMIGO! – Perco a compostura e grito, logo me recomponho e falo – Eu só vou parar de ver sua filha, de beija-la, de tentar faze-la feliz quando ela pedir! – Clara começa a andar de um lado para o outro – Quer você queira ou não, você gostando ou não! Eu tenho um grande respeito pela mulher admirável que você é! Só que quando você mesma não acredita na própria filha acho isso decepcionante...

- É difícil... – Clara se senta e então começa a chorar.

Obviamente que eu não soube o que fazer, afinal nem saber o motivo pelo qual ela chorava eu sabia.

Apenas me sentei ao seu lado e fiquei lá até ela parar de chorar, foi então que eu vi o desespero em seus olhos. Clara começou a desabafar comigo sobre como era difícil e sobre como havia sido difícil todos esses anos ter que cuidar de Lauren, dos tratamentos caros e de escolas especiais caras, os olhares tortos, sobre o preconceito e sobre a descriminação... sobre absolutamente tudo, o jeito que ela falava te fazia querer chorar e sentir pavor de todas as vezes que você já reclamou por algo insignificante na sua vida.

Imagine para pais com crianças autistas ou com qualquer outra deficiência, o quão difícil pode ser para todos eles, tanto para os pais quanto para os filhos. Todas as crianças que morrem por dia por sentir fome. Filhos que perdem os pais. Pessoas inocentes que morrem sem um motivo, apenas por uma guerra para conquistar território. Quantas pessoas não sofrem a cada instante e pessoas simples como nós, que temos tudo não damos valor a nada e reclamamos do muito que temos.

Eu não consigo nem imaginar o quão apavorante deve ter sido para Clara e Michael descobrir que a primeira filha era autista e quantas coisas não haviam passados por sua cabeça.

Mas é como dizem, Deus só dá o que sabe que cada um consegue aguentar.

Ambos haviam feito um ótimo trabalho.

- Vocês são ótimos pais, maravilhosos na verdade... um dos melhores! – Sorrio sincera para ela – Criaram três filhos incríveis, que tem tudo para serem felizes e grandes pessoas... não sou ninguém para te dizer isso... mas não acha que está na hora de deixar Lauren voar? Assim como você fez com Chris e Taylor? Lauren sente, Clara! Ela sabe que você não confia que ela possa conseguir... ela precisa do seu apoio, você é a mãe dela e ela só chegou aqui e agora, por sua causa!

- Obrigada... – Clara me abraça – Só tenha paciência comigo, eu surto muito, só tenho medo que ela se machuque de novo...

- Caso isso aconteça eu deixo você me bater! – Ela ri e eu sorrio a abraçando apertado – Só imploro para que confie tanto nela quanto em mim... só quero dar a felicidade plena em anos para a sua filha mais velha.

- Sei que você vai conseguir fazer isso!

E como disseram em Crepúsculo: “Nenhum espaço de tempo com ela seria o suficiente. Mas comecemos com o ‘para sempre’”.

Eu iria fazer Lauren eternamente feliz, nem que fosse a ultima coisa que eu fizesse na minha vida.