- Mas quem lhe contou?
- Meu pai, ele disse que minha perna será amputada e não vou poder mais andar e nem dançar ballet. Expliquei chorando.
- Como ele pode ser tão frio? Vou falar com ele, não posso permitir que vá embora sem pedir desculpas.
- Não, por favor. Fica aqui comigo, estou precisando de alguém.
Percebendo que estava falando sério, o rapaz resolveu ficar. Sua expressão demonstrava que ainda tinha algo pra contar e lógico que o pressionei.
- O que estiver escondendo de mim, fale agora por favor.
Ele me olhou e abaixou a cabeça, depois de alguns segundos de silêncio, voltou o olhar para mim e resolveu falar.
- Sua perna.
- Fala.
- Você não tem mais ela.
- Como assim?
- Os médicos já amputaram.
- Não! Você está brincando, me ajude a levantar o lençol.
Mesmo não querendo, ele ajudou, mostrando o que meus olhos não queriam acreditar. A minha perna esquerda não existia mais, tocava em algo que não conseguia crer, e não havendo nada a fazer, chorei, mas chorei muito, soluçando sem parar. Preocupado comigo, o rapaz que conhecia apenas por pianista, me abraçou tentando me acalmar, e ao meu lado ficou até chegar o dia de sair do hospital, talvez meu pior dia pois preferia partir em um caixão.
E apesar de contestar muito, me levaram até o táxi, através de uma cadeira de rodas o que me fez ficar bem envergonhada. Enquanto passava no corredor do hospital, as pessoas me olhavam com uma expressão de piedade, e isso só me desanimava.
- Por favor Tiago, me tira daqui logo!
- Está bem Emy.
Depois de todo o constrangimento, chegamos a casa do rapaz que parecia ser bem humilde, só existindo dois cômodos.
- Sei que minha casa é humilde mas podemos morar juntos até conseguir um pouco mais de dinheiro.
Não disse nada, apenas observei o local que me dava agonia. Estava acostumada com luxos que meus pais sempre me deram, então seria complicado pra me acostumar com a situação que Tiago me oferecia.
- Você quer deitar?
Fiquei quieta, apenas mexendo no celular.
- Acho que não está querendo conversar né? Vou preparar alguma coisa pra comermos, já volto.
Quando Tiago me deixou sozinha, comecei a chorar novamente, tinha medo de se mover e as dificuldades já estavam começando a aparecer, não conseguia me conformar, sempre fui tão feliz, sorridente e cheia de saúde. E agora me encontro imóvel, prestes a ficar presa em uma cadeira de rodas, presenciando a vida passar sem poder realizar meus sonhos.
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