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História Perfídia (Shortfic Jungkook - BTS) - Empatia


Escrita por: taemotiva

Notas do Autor


CHEGUEI, MEUS AMORES KKKKKK COMO ESTÃO?
Eu não sei se demorei ou não, mas em minha defesa eu digo que quando eu estava no fim desse capítulo, me veio na cabeça uma voz dizendo que estava ruim e eu apaguei metade, só pra reescrever tudo de novo KKKKKj perdão.
Eu queria dizer que vocês são maravilhosos e eu prometo tentar responder à altura. Eu tava vendo os comentários e adivinha? EU SURTEI! Vocês estavam me dando tanto apoio e amor, meus hormônios me colocaram pra chorarKKKK agradeço à cada um que favoritou e comentou, eu amo demais vocês. :( <3

Avisos ↴
→ Todos presentes nessa estória são maiores de idade;
→ O que ocorre no decorrer da mesma são apenas fatos FICTÍCIOS, de minha autoria;
→ Aqui acontece (vai acontecer) um relacionamento entre doutora e paciente, sendo este portador de TDI, se o enredo não o agrada, aqui não é o seu lugar :(;
→ TDI (Transtorno Dissociativo de Personalidade);
→ Empatia: significa a capacidade psicológica para sentir o que sentiria uma outra pessoa caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela.

É isso, desejo uma boa leitura à vocês <333

Capítulo 3 - Empatia


Fanfic / Fanfiction Perfídia (Shortfic Jungkook - BTS) - Empatia

Perfídia — Capítulo 02.

“Você está machucado, fechando as cortinas, tentando manter isso em segredo. Não se pode manter isso engarrafado, a dor é difícil de engolir." — Dance in the dark, Au/Ra.

Uma voz feminina;

Uma voz feminina foi o suficiente para tudo que estava escuro, se clarear novamente. Em um momento, eu estava inerte em minha própria mente — no outro, — eu abria meus olhos e lá estava eu novamente de volta ao controle. Sentir meu próprio corpo como meu novamente, nunca foi uma sensação tão boa. Eu estava tão perdido em minha própria cabeça que havia esquecido o gatilho que me trazia à tona — eu poderia até arriscar, que — eu estava perdendo à mim mesmo. 

Há meses eu não sentia meu corpo como meu, há meses eu não fazia sequer questão de voltar à mim; a sensação que apertava meu peito, era que aquele corpo não me pertencia mais. As trocas de personalidades ficavam cada vez mais frequentes, o que eram minutos se tornaram horas, o que eram horas se tornaram dias, o que eram dias se tornaram semanas e o que eram semanas se tornaram meses. Quando eu acordava eu não fazia a mínima ideia de onde ou com quem estive, às vezes em um quarto branco, outras vezes em um corredor com sangue em minha roupa; sangue este, que eu simplesmente não fazia idéia se era meu ou de qualquer outra pessoa. Eu sentia meu corpo inerte, minha mente estava perdida e sem nenhum rumo, os sussurros dele me fazia perder cada vez mais a vontade de seguir.

Eu me olhava no espelho, mas não me via — via ele, — sorrindo com aquele sorriso irônico nos lábios. Foi quando eu comecei à me perder de mim, eu via minha vida passar literalmente pelos meus olhos, me sentia como um mero espectador assistindo à uma TV. Eu comecei à me questionar, aquela não era mais a minha vida, nem mesmo era o meu corpo. Eu estava ali dentro, mas não sentia que o corpo era de fato, meu. Ele havia tirado tudo de mim, até a minha vontade de voltar à tona. Então, para quê resistir? Minha mente estava caindo no esquecimento.

A luz que a voz feminina trazia consigo, me sugou para um lugar desconhecido do qual não dei a mínima importância. Meus sentidos se voltaram para as mãos femininas em minhas costas, o cheiro do perfume adocicado dela invadiu as minhas narinas, me fazendo erguer o rosto para olhá-la. Aquelas orbes escuras que me encaravam com o cenho franzido, demonstrando a sua confusão. O rosto dela era tão lindo, cada detalhe por mais mínimo que fosse, era bonito. Poderia arriscar que ela era uma obra de arte de um artista que não aceitava nada menos do que a perfeição. 

Está tudo bem?

Eu não sabia o porquê de ter falado aquilo, eu apenas havia questionado. Aquele olhar de confusão que a doutora me lançava, me inquietava; mas, não mais do que o fato de sentir um vazio quando ela retirou as mãos de meu corpo. Algo naquela mulher, fazia meu corpo despertar sensações que por muito tempo imaginei não ser capaz mais de sentir. Alguma coisa naquele olhar intenso, fazia minha curiosidade sobre ela crescer em uma escala quase impossível de descrever; tudo estava acontecendo tão rápido, era quase de tirar o fôlego. 

Quando dei por mim, eu já estava conversando com ela como nunca havia feito com nenhum outro psiquiatra. As palavras — junto com o olhar marcante da mesma — me transmitiam segurança, confiança e firmeza no que ela dizia. As características da mesma, me instigaram à conhecer ela, me faziam sentir que aquela mera desconhecida já havia me transmitido mais confiança do que qualquer outra pessoa em minha vida. Vê-la, tocá-la, conversar com ela; já eram vontades que cresciam discretamente em meu âmago. 

— Vamos conversar um pouco. 

Ela esboçou um sorriso empático e eu lhe retribui; observei-a ir à passos rápidos e firmes até a cadeira do outro lado da mesma. Quando se sentou, cruzou as pernas e voltou à me olhar, colocando as mãos sobre a mesa. 

— Conversar? Pensei que depois do Jungsook, você teria que ir embora. — Confessei, abaixando o olhar.

— Jungsook? Ah sim, fala do seu alter ego? — Franzi o cenho, quem estava confuso agora era eu. Vi ela curvar discretamente a boca em um sorriso, pegando um bloco de notas e rabiscando o mesmo. — Que tal conversar sobre a sua vida? Antes de ser internado nos hospitais do quais passou. — Arqueei uma sobrancelha, mas me limitei à sorrir quando ela virou o pequeno bloquinho para eu conseguir ler o que ela havia escrito.

“Finja que a consulta acabou de começar, caso contrário terei que sair daqui em alguns segundos.”

Voltei à arquear uma sobrancelha e ergui meu olhar para encará-la; ela era esperta, esse era um fato. Em todos os hospitais que eu havia ficado internado por um curto período de tempo, existiam normas de tempo para o psiquiatra ficar com o paciente. Com certeza aqui não era diferente, ela já havia ficado um bom tempo com o Jungsook, por isso teria que ir embora; mas, pelo que vi de suas ações, ela não queria fazer isso. 

Com as inúmeras consultas, eu havia aprendido à ser muito observador, sabia quando o doutor estava apenas blefando ou apenas ganhando tempo para a consulta terminar o mais rápido possível. Mas, eu não conseguia captar nenhum sentimento de desistência ou de tédio emanando dela; a cada vez que meus olhos se prendiam nela, eu me sentia perdido na imensidão que ela parecia conter dentro de si. Aquilo era uma sensação cativa e crescente dentro de mim, pela primeira vez eu sentia que abrir minha boca ou não para falar algo iria de fato, causar um impacto.

— O que quer saber? — Falei, entrando em seu joguinho.

— Me conte do seu passado, quando começou à notar os mínimos detalhes da sua doença.

— Foi de repente, ou pelo menos eu pensei ser. Tudo começou à ficar confuso quando eu acordava faminto e sem saber como eu havia chegado em um determinado lugar, e o mais importante, onde eu estava. — Franzi o cenho, arrepios me acompanhavam à cada lembrança vindo em minha mente. — Mas, o que me fez perceber e querer desaparecer foi acreditar em uma noite qualquer, que eu tinha um monstro dentro de mim, o que na verdade, não é de fato mentira ou devaneio.

 

[FlashBack On.]   

— Fique longe de mim!

Eu via meu pai se arrastar para trás, com pavor nos olhos. Pensei estar alucinando — talvez até sonhando, — mas aquilo parecia real demais, tudo parecia se encaixar como de fato, realidade. Mas, por que era para mim que ele estava olhando? O que eu estava fazendo para que ele se sentisse tão apavorado? Nada fazia sentido, meu pai sequer se importava se eu comia ou não, se eu falava ou não com ele; ele simplesmente, me ignorava. Mas, daquela vez estava sendo diferente e por que? Eu não sabia.

— O que vai fazer se eu não quiser, velhote?

Senti minha boca se mover, ouvi a minha voz sair de meus lábios; mas, não era o meu tom de voz, não era as minhas feições que o meu rosto estava formando, aquele ali não era eu. Eu comecei a me sentir sugado cada vez mais para dentro da minha própria mente, quanto mais ele falava, mais eu me sentia inerte. Quanto mais ele se movia, mais eu me sentia parado e sem qualquer possibilidade de retorno. Quanto mais eu ouvia os pensamentos dele, mais eu sentia o meu corpo não me pertencer mais. 

— Eu sempre disse para a Sorah, que ter engravidado de você havia sido um erro! Agora você está aqui e ela morreu! — Senti meus lábios se curvarem em um sorriso sarcástico, ao ouvir aquelas palavras. Aquelas simples palavras sempre tiveram muito impacto sobre mim, mas daquela vez estava sendo diferente, talvez porque já não era eu. — Você é um monstro! Já disse para ficar longe, Jungkook!

Ele continuou se arrastando, e em um movimento rápido, me vi de frente para o mesmo e agachado. Senti minha destra ir até o seu cabelo o puxando com força, fazendo com que o meu pai me olhasse nos olhos. Meu sorriso desapareceu, dando lugar à uma linha sem expressão aos meus lábios.

— Não me chame de Jungkook, pois não atendo à esse nome. Não me chame de filho quando tampouco me importa paternidade, não tente me minimizar com essas palavras que você as usava com ele, para que ele e somente este, se sentisse mal com elas. Elas não me fazem efeito, como também te ver nesse estado, não me trás remorso algum. — Aquelas palavras saíam como agulhas, no único intuito de machucar; o que só me deixavam mais confuso, eu tinha uma espécie de demônio dentro de mim? — Eu sou aquele do qual você chamou de monstro, mas não sou aquele que a sua mulher deu à luz e faleceu no processo do mesmo. Sou aquele que para te causar dor, não medirei esforços. Você não é nada além de um inseto asqueroso para mim, algo que nem mesmo merece o meu asco.

— Quem é você? — Ele perguntou em um fio de voz, o pânico estava presente mais uma vez na sua voz e olhar.

— Sua existência não merece nem mesmo pronunciar meu nome. Mas, lhe direi. — E lá estava mais uma vez, o sorriso sarcástico. — Pode me chamar por Jeon Jungsook.

[FlashBack Off.]

 

— Foi a primeira vez que você se percebeu dominado pelo seu alter ego? — A voz melodiosa da mulher à minha frente, me tirou dos meus pensamentos.

— Sim. Foi a primeira vez que eu me senti preso e inerte em minha própria mente, foi desesperador. Ouvir palavras que a sua boca gesticulou, mas ter a ciência que não foi você que as pronunciou, fazer movimentos com o seu corpo, mas que não foi você quem os premeditou e muito menos quem os realizou… É uma sensação que não dá para expressar de tão ruim.

— Eu imagino. — Ela tentou sorrir, e o meu coração acelerou apenas por ela se esforçar à fazer aquele ato. — Você sabe o que é um gatilho de personalidade, Jeon?

— É alguma coisa que me trás à tona novamente, não é? Os médicos já me falaram disso, mas sinceramente? Não dei tanta importância.

— Bom, não vou me prolongar tanto sobre sua troca de personalidade porque não quero me tornar entediante, visto que, não sou a sua primeira médica. Então, todos nós já experimentamos dissociações leves algo como, sonhar acordado e se perder em um momento do qual estava fazendo algo. — Ela falava enquanto mexia na caneta presente em seus dedos, eu estava apenas observando-a, quase fascinado. — Geralmente, o seu alter ego se origina como mecanismo de enfrentamento para com uma experiência ou uma situação muito violenta, traumática ou dolorosa para assimilar com a sua mente consciente. Creio que, sua má relação com o seu pai, tenha provocado isso.

— Meu pai sempre me detestou. Não importava as minhas notas altas, os meus prêmios nos esportes, nada o fazia se orgulhar de mim. De certo modo, até o entendo. Ele queria a esposa viva, e não um filho imprestável. — Olhei para os meus dedos abaixando a cabeça, sentindo um nó em minha garganta se formar aos poucos.

— Tudo bem se for muito para você, Jeon. — A olhei, podendo vislumbrar a mesma se esticar e pegar em minhas mãos; tentando me reconfortar.

— Não se preocupe. Quando era criança, ele usava de tudo para que eu me sentisse inferior. Com o tempo, minha adolescência chegou e tudo só pareceu se ampliar e piorar, de certa forma. Depois que eu alcancei a maioridade, os apagões na memória, a mesma confusão toda vez em que eu acordava em um lugar diferente. — Respirei fundo e fechei meus olhos por um breve momento, quando tornei à abri-los olhei diretamente para as nossas mãos juntas, aquilo me trazia uma calma inexplicável.

— Quando você retornava à si, percebia algum fator em comum nesses lugares?

— Eu sempre estava atordoado demais, para perceber algo extravagante demais, mas eu sempre percebi que eram lugares escuros e molhados. Talvez, porque sempre estava chovendo. — A olhei e percebi sua boca se curvando em um sorriso discreto.

— Esse poderia ser o seu gatilho para voltar à tona sem você nem mesmo notar. Muitas pessoas que possuem TDI, acabam por ter gatilhos em tiques, sons repetitivos, luzes como as de uma ambulância, e água. — Esboçou um sorriso sem mostrar os dentes e se curvou, ficando mais perto de mim. — O seu alter ego pode estar sempre muito calmo, mas guarda um acesso de raiva muito forte dentro de si. Portanto, quando ele via a chuva cair, ele automaticamente se perdia nos próprios pensamentos e posteriormente o controle, deixando você assumir novamente. 

— E você descobriu isso só por me ouvir? — Falei, encantado pela descoberta da mulher.

— Sim. —  Vislumbrei o tom das bochechas dela assumirem um tom rosado, me fazendo sorrir involuntariamente. — Ele deve ter percebido isso antes de você. Por isso, começou à evitar lugares chuvosos, banheiras, tudo que poderia remeter à água. Só para você continuar inerte na própria mente e deixar ele por conta própria. 

— Eu me tornei uma sombra de mim mesmo e comecei à aceitar viver assim, talvez, vinha em minha cabeça que o corpo não era mais meu e sim dele. Ele era o principal e eu era só o outro. — Falei em um tom de confidência, e soltei o ar que nem mesmo percebi prender. 

— Não se dê por vencido. Você está aqui e vamos conseguir que continue assim. — Ela falou em um tom decidido e eu não pude evitar de sorrir. — O que está me intrigando, é que aqui não está chovendo e não tem nenhuma torneira aberta. Não tinha como você estar aqui. 

— Não? — Juntei minhas sobrancelhas, mostrando o quão confuso eu estava.

— O que me leva à lembrar o que Jungsook mencionou. — Afirmou um pouco perdida em seus pensamentos e logo continuou. — Quando eu perguntei qual era o gatilho que te trazia à tona, ele falou que era eu. Eu estava deixando você inquieto, como se você fosse capaz de me ouvir.

— E de fato, eu estava te ouvindo. — Confirmei, acompanhando o raciocínio dela.

— Isso me dá a certeza, que por motivos do qual eu ainda não sei, eu me tornei o seu gatilho atual. Sendo assim, não irei mais quase encontrar Jungsook nas sessões. Porque se sou o seu gatilho, quando eu começar a conversar com ele, você automaticamente irá aparecer.  

O fato dela estar realmente interessada no meu caso, fazia meu coração acelerar as batidas sem eu nem mesmo compreender o motivo. Dava para ver como ela estava empenhada em encontrar respostas assim como eu, ela queria saber tanto quanto eu porque uma completa estranha, estava conseguindo mais de mim do que qualquer um outro já conseguiu. A possibilidade de vê-la nas próximas sessões me faziam ficar com um estranho frio na barriga, como se não vê-la fosse me resultar em uma sensação de vazio. Aquela doutora estava despertando sensações em mim que eu julguei, nunca mais ser capaz de sentir.

— Eu vou conseguir te ajudar, Jungkook. — O sussurro dela, me tirou de todos os meus pensamentos e me fez erguer o olhar para a mesma. Ela estava sorrindo e eu pude sentir a confiança que ela estava querendo me transmitir. — Se eu sou o gatilho para te tirar dessa escuridão, também sou aquela que vai te tirar de uma vez por todas dela. 

Eu acredito em você.

A olhei nos olhos e todo o universo parou de existir naquele mesmo segundo. No momento em que os meus olhos se conectaram aos dela, eu sabia que o que ela falava era sincero e se ela estava disposta à me ajudar, eu estaria aqui para fazer isso acontecer; do lado dela. Não sabia explicar o porquê de confiar tanto nela, mas eu sabia que eu não iria me arrepender. Ela tinha uma vontade cativante, e aquilo me encantava tanto, que nem se eu quisesse iria dizer um “não” para ela. Os olhos dela me pareciam duas galáxias, prendendo-me dentro da mesma. Algo me dizia que tinha que ser assim desde o início, desde quando eu ouvi a voz melodiosa dela em direção a luz, eu tive a certeza que se tinha alguém para me ajudar; seria ela.

— Bom, eu tenho que conversar com o Hoseok, mas eu prometo voltar o mais rápido que eu conseguir. — O meu coração se apertou e eu me levantei, assim que ela o fez. — Tenho que resolver sobre você não poder receber as consultas. Me promete não desanimar? — Me olhou esperançosa e eu sorri, sem perceber.

— Prometo, se for você quem eu ver, todas as manhãs. — Falei sério e arregalei os olhos ao perceber o significado daquela frase. — Claro, eu quero dizer, nas consultas. — Falei obviamente, envergonhado e pude percebê-la sorrir. 

— Eu entendi, não se preocupe. — Fez um aceno discreto com a cabeça para mim e colocou as mãos nos bolsos do sobretudo branco. — Eu prometo.

Piscou o olho para mim esboçando um sorriso divertido nos lábios, a observei indo em direção a porta e vi a mesma se virar novamente para mim quando a abriu, deu um “tchau” com as mãos — o qual, não fui capaz de retribuir —  e logo fechou a porta; me deixando sozinho.

E lá estava o vazio, presente em mim, só por ela ter me deixado.

(...) 

Já estávamos no fim do expediente e eu ainda não tinha tido uma oportunidade de conversar com o Hoseok, eu estava atrapalhada com tantos papéis. Decidi que levaria alguns para casa e por lá resolveria, iria deixar que a minha mesa ocupasse apenas os papéis para ajudar o Jeon.

— Eu sou péssima em cumprir ordens. 

Me permiti rir um pouco, pois iria receber uma baita bronca do Jung. Mas, eu tinha certeza que no final ele iria concordar comigo e acabar, ajudando o Jeon também. Eu me sentia em dívida com o Jungkook, eu o havia dado um propósito e como tal, tinha que ir até o fim. O ajudar era um objetivo e não uma obrigação, mas eu iria concretizar o mesmo com paciência.

Saí de meus pensamentos para focar na porta à frente, bati três vezes na mesma e logo obtive a respostas, me fazendo entrar em seguida. Observei Hoseok terminar de rabiscar alguns papéis e logo me olhar, de um jeito sério. Apoiou o antebraço na mesa e sustentou o queixo com o pulso, enquanto me estudava.

Não precisa contar nada, eu já sei de tudo. — Despejou, em um tom baixo.   

— Como? — Juntei as sobrancelhas ao ficar surpresa com o comentário dele.

— Não banque a inocente. Eu fui claro, só uma consulta avaliativa! — Arregalei os olhos ao perceber o mesmo tocar naquele assunto. — Estou decepcionado com você. Eu tive a sensação que mesmo ocultando alguns detalhes do caso, iria diminuir a sua curiosidade! Mas, eu me enganei.

— Hoseok, não aja como se eu fosse uma criança que foge dos seus atos! Eu sei bem o que fiz e iria falar isso justamente agora. Você me pediu uma consulta e eu fiz, mas não me contive em continuar com o processo! Eu pude falar com o próprio Jungkook e acredite quando eu digo que tive motivos para prosseguir, se você pudesse simplesmente me escutar, saberia o por quê. 

— Não me interessa. Te dei ordens claras e você não hesitou em quebrá-las. — Passou a destra pelo cabelo, os puxando para trás. — Sabe o que o pai dele pode fazer com o hospital quando descobrir que o pedido dele foi negligenciado?

— Não tenho medo dele, eu assumo a responsabilidade. 

— Você é corajosa, mas não acho que isso vá durar. Aconselho você ir para casa e refletir sobre os seus erros. — Falou, enquanto vinha em minha direção com as mãos dentro do sobretudo. — E quando eu digo ir para casa para refletir, estou querendo deixar claro que não quero vê-la por aqui, por pelo menos, uma semana.

— Já está passando dos limites me suspendendo, Hoseok! — Arregalei os olhos com indignação presente em meu rosto, ele nunca havia me suspendido, agora não seria a primeira vez. — Concordo, foi um erro meu passar por cima da sua ordem ao continuar com a consulta. Mas, não foi uma perda de tempo.

— É isso o que você não está entendendo! Eu lhe dei ordens claras, das quais você não seguiu. Negligenciou um pedido do pai para com o paciente, fora que, iria continuar com a idéia de prosseguir com a rotina de consultas e se por acaso eu viesse à me opor, não duvido que iria fazê-las sem o meu conhecimento. — Cruzou os braços e me encarou nos olhos, me fazendo arquear uma sobrancelha. — Estou errado?

Não, ele não estava e eu estava bem ciente disso. Hoseok me conhecia há anos, com isso poderia afirmar com clareza e precisão, o que eu faria diante à um caso como esse. Fazer as consultas sem o conhecimento do mesmo, já havia passado pela minha cabeça, inúmeras vezes. Entretanto, eu havia descartado a possibilidade; Hoseok era um grande amigo e com isso, não merecia tamanha traição de minha parte. Por isso e somente por ele ser meu amigo, eu havia entrado em um bom senso comigo mesma e vim aqui conversar com ele; na minha cabeça, tudo iria correr bem — eu iria falar sobre como as consultas de rotina iriam ajudar Jungkook à se abrir mais para o mundo, iria convencê-lo que passeios pelo pátio com ele iriam ajudá-lo à se imaginar reintegrado a sociedade em seu cotidiano — eram poucas coisas, mas que eu tinha plena certeza que iriam fazê-lo ficar bem aos poucos. Mas, Hoseok havia destruído o meu plano inicial e eu iria precisar de um plano secundário — visto que, — desistir do Jungkook não era uma opção considerável para mim.

— Pelo seu silêncio, posso considerar minha afirmação como correta. — A voz rouca de Hoseok, me fez voltar à encará-lo sem me perder mais em meus pensamentos

— Nos conhecemos muito bem para sabermos que você está sim, certo. Mas, está errado em pensar que eu faria isso, minhas intenções seguindo com esse caso, nunca foram prejudicar você ou o hospital; minhas intenções sempre foram priorizar a saúde mental do paciente e você, melhor do que ninguém deveria saber que desde de quando me contratou, que eu nunca iria me abster em meu juramento. — Ele abaixou o olhar, talvez estivesse envergonhado. — Eu sempre pensei que se eu pudesse ajudar alguém, eu o faria. Não importando os obstáculos, nem mesmo os empecilhos que surgissem, eu daria o meu melhor para ajudar quem quer que fosse. — Respirei fundo, passando minha destra pelo meu cabelo. — Não irei falhar com ele agora.

— Não sou o vilão. Eu apenas estou entre a cruz e a espada, por isso que pedi que ficasse longe do caso. Você é mais corajosa e forte do que eu, e irá contra tudo para conseguir ajudar ele. Mas, será que ele vale o preço? — Ergueu o olhar para mim, e eu mordi o lado interno da minha bochecha. — Como eu falei, o pai dele não medirá esforços para destruir quem descumpra as suas ordens. Será que ele, vale o seu declínio?

— Se você tivesse conversado com ele, saberia que sim. Estou apostando tudo nele, porque vejo que ele merece ter pelo menos, um resquício de esperança. — Massageei minhas têmporas, colocando minhas mãos nos bolsos do meu sobretudo, em seguida. — Ele parecia ter perdido tudo, Hoseok. Mas, viu esperança ao conversar comigo. Não vou destruir o pouco de luz nele, por conta de um velho com sede de poder — Disse, resoluta.

— Espero que isso não te leve à ponta de um precipício. Como eu disse no início, não quero vê-la por aqui até ter refletido pelos seus erros. — Caminhou até a porta, a abrindo. — Esqueça essa idéia de ajudá-lo, sua carreira não merece ir para o brejo sem antes deslanchar, apenas por um erro.

Caminhei até ele, mas antes de passar pela porta, o encarei.

— Jungkook não será um erro que fracassará minha carreira. A única maneira disso acontecer, será se eu desistir dele. 

Falei por fim, e antes que ele pudesse dizer algo que prolongasse a nossa discussão, eu apertei a alça da bolsa em meu ombro indo embora no mesmo momento.

(...)

Abri a porta do meu apartamento e a bati com força, extravasando toda a minha revolta naquele momento. Peguei minha bolsa e a joguei no chão, bagunçando meus cabelos e gritando de indignação. Quem pudesse me ver, diria até que era uma criança de doze anos tendo um surto por birra. Mas, não era o caso. 

Meu Deus! O que aconteceu com você? — Jimin saiu da cozinha, visivelmente assustado pelos meus gritos estéricos. Por um momento, bufei por ter cometido a burrice de esquecer que meu irmão estava em casa. 

— Hoseok simplesmente me suspendeu! — Falei como se fosse um absurdo e caminhei até o sofá, começando a bater na almofada roxa, cheia de enchimentos.  

— Por que ele fez isso? — Falou, em um tom calmo vindo em minha direção e sentando ao meu lado. 

Olhei o Jimin, e por um momento quase o xinguei por ser tão calmo. Ele me encarava com aqueles olhinhos quase fechados, com um sorriso em seus lábios sem mostrar os dentinhos salientes que o mesmo tinha bem na frente. Os cabelos escuros levemente bagunçados e o cheiro adocicados de frutas emanavam dele, fazendo automaticamente meus músculos relaxarem. Baguncei meus cabelos contrariada, com Jimin por perto, eu nunca conseguia ficar por muito tempo com raiva.

— Bom, porque eu tenho razão e ele simplesmente se recusa à ver isso. Ele me deu um caso, dizendo que era uma perda de tempo. Porque o pai do paciente, estava negando ao filho dar o suporte que o hospital poderia oferecer. Então, ele me convenceu à fazer uma consulta avaliativo, como primeira e última. — Falava enquanto o encarava, e ele parecia atento às minhas palavras. Assim como todas as vezes em que eu desabafava com ele, Jimin sempre me escutava e sempre tentava me ajudar da maneira dele, o que me rendia bons momentos com o meu irmão.

— Me deixe adivinhar, você não fez isso? — Arqueou uma sobrancelha, me encarando.

— Não, pelo contrário, eu fiz. — Neguei levemente e suspirei, voltando à olhar os meus dedos. — Contudo, eu posso ter me prolongado mais do que uma consulta avaliativa exigia. Mas, isso tem um motivo! Eu vi que tinha esperança para ele conforme íamos conversando. Eu não poderia simplesmente cortar as asas dele, por causa do pedido de Hoseok. Então, eu continuei e com isso, conquistei o ódio de Hoseok.

Que problemão. — O Jimin murmurou, me arrancando um riso.

 Juntei minhas sobrancelhas ao pensar em como estava arriscando tudo, apenas por um caso em que eu havia acabado de pegar. Mas, eu não poderia pensar daquela maneira; não poderia me dar ao luxo de duvidar, Jungkook merecia a esperança de viver como uma pessoa em si e isso era o ponto final. 

— Mas, isso tem uma solução. — Falou, me fazendo olhá-lo. Arqueei uma sobrancelha, não entendendo onde ele queria chegar.

— Do que está falando?

Sequestra ele, ué. — Prendeu o riso, enquanto meus olhos quase saltaram das órbitas. — Assim, você não prejudica o hospital e nem o Hoseok. — Disse simplista, me deixando pensativa. Senti ele balançar o meu braço e voltei à olhá-lo, o vendo rir. — Estou brincando, claro que não é assim.

Esbocei um sorriso e desviei o olhar, parando agora na minha parede vermelha. A fala de Jimin, não saía de minha cabeça e por mais que eu a evitasse, ela havia provocado outro pensamento em minha cabeça. 

O pensamento de como eu iria tirá-lo daquele hospital.

 


Notas Finais


Confesso, que mesmo eu cortando algumas idéias, esse capítulo ficou grandinho KKKKKK BOM, AGORA SERÁ QUE O FOGO CRUZADO COMEÇA? KKKKKKK bom, eu espero que vocês tenham gostado <333
Vou continuar mudando as cores da capa, porque são todas lindas e por um motivo em especial, que vou deixar em off. ;)
Quero ver a opinião de vocês nos comentários e agradeço novamente por todos os favoritos/comentários até os capítulos passados, vocês são demais szzz
Link da playlist onde a música do início, se encontra: [https://open.spotify.com/playlist/0scTZXLWjOWd2fw0HXYvZb?si=B5M4PjanSrqszCIYEYpEHA]
Perfil: @taemotiva.
Bom, eu espero que eu tenha alcançado as expectativas de vocês e é isso. Beijos e até o próximo <333


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