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História Perfume (DL) - Tem certeza que quer saber a verdade?


Escrita por: MyLittlePsycho

Notas do Autor


Eu não me aguento e quero postar logo então aqui está mais umcapítulo. Hsuahsuavj

Capítulo 8 - Tem certeza que quer saber a verdade?


Fanfic / Fanfiction Perfume (DL) - Tem certeza que quer saber a verdade?

 

POV Hakyeon

 

Ao chegar pode notar que o carro de Wonsik não estava na garagem e estranhou que o irmão tivesse saído cedo. Normalmente ele acordava bem tarde.

Nem chegou a entrar novamente pra não correr o risco de esbarrar com o pai e passar mais alguma situação embaraçosa. Verificou que estava tudo no carro e logo se posicionou no banco do motorista pra sair. Pensou em ligar pra Wonsik antes de sair, mas então lembrou que não tinha o novo número de telefone do irmão que o mudava com constância para que as mulheres não o ficassem enchendo como ele mesmo dizia.

Hakyeon se sentia estranho indo embora daquela casa. Por um lado não via a hora de se afastar dali e ao mesmo tempo se sentia totalmente inseguro de deixar aquele lugar que mesmo que conturbado sempre foi o seu lar.

Tirou o carro da garagem e ainda ficou aparado um tempo em frente ao portão observando os detalhes da casa. Se lembrando de várias coisas que viveu na infância na época em que ainda brincava com Wonsik e Jaehwan naquele quintal.

Depois de algum tempo suspirou e resolveu sair dali. Dirigiu devagar mesmo encontrando as ruas praticamente vazias.

Chegou na casa dos irmãos por volta das dez horas e logo foi recebido com entusiasmo por Hongbin. Teve que deixar o carro estacionado na calçada já que na garagem só havia espaço para um carro.

 

Os dois alfas vieram ajudar a carregar as caixas para dentro e todas foram levadas ao quarto que pertencia a Hyuk.

-Você vai ficar com esse quarto por enquanto Hakyeon. Pode arrumar suas coisas na cômoda, mas as roupas do Hyuk continuam no armário, então ele vai ter que entrar de vez em quando pra pegar. –Hongbin falou colocando a última mala no chão perto da cama.

-Não precisam deixar um quarto só pra mim, eu posso ficar na sala sem problema nenhum. 

-O Hyuk quem decidiu que deixaria o quarto pra você e ele vai ficar no meu quarto. Desenterremos a beliche que estava esquecida na garagem. Vai ser como quando éramos crianças.

-Ah bom. Pensei que o Hyuk ficaria na sala. Mas de qualquer forma eu não quero atrapalhar vocês. Ele vai ter mais trabalho assim.

-Não se preocupe. Eu já falei que você não atrapalha em nada então pare de achar que está dando trabalho. Nós vamos começar a fazer o almoço. Pode ir arrumando as coisas do seu jeito. Se precisar de alguma coisa é só chamar.

-Obrigado.

 

Hakyeon observou aquele quarto. Era minúsculo comparado ao próprio quarto na sua antiga casa. Se fosse calcular provavelmente o tamanho da casa toda dos irmãos era o equivalente ao da sala de estar da casa dos Jung. Mesmo assim Hakyeon estava feliz. Era muito melhor estar em uma casa humilde, mas onde não precisava sentir medo o tempo todo.

Começou a arrumar as roupas nas gavetas e logo percebeu que faltaria espaço pra guardar tudo então separou as que mais usava e guardou o resto de volta na mala a colocando debaixo da cama pra não atrapalhar.

Logo saiu do quarto e foi até a cozinha conferir se os irmãos precisavam de ajuda, mas apenas ficou sentado observando os dois cozinhando. Hyuk cortava alguns legumes com agilidade e Hongbin mexia alguma coisa em uma panela grande. Pelo cheiro devia ser carne. Logo os dois trocaram de lugar e Hyuk foi colocar os legumes na panela e Hongbin começou a lavar a louça sobre a pia. Era engraçado ver como os dois trabalhavam em sintonia sem trocar uma única palavra. 

Logo o almoço ficou pronto e Hakyeon ajudou a arrumar a mesa.

Os três conversavam apenas assuntos banais pra descontrair. Os alfas queriam que o moreno se sentisse realmente em casa, mas Hakyeon ainda estava achando tudo aquilo muito estranho. O ômega já tinha comido na casa de irmãos outras vezes, mas agora ele não era mais simplesmente uma visita.

Depois de comerem Hakyeon insistiu em lavar a louça e os irmãos deixaram. O ômega não tinha muita prática com esse tipo de coisa e aceitou a ajuda de Hyuk que começou a secar e guardar a louça.

 

-Estou muito feliz que tenha vindo morar conosco Hakyeon hyung.

-Obrigado. Vocês estão sendo muito bons comigo por me acolher aqui. Eu espero não atrapalhar por muito tempo.

-Você falou ao hyung que quer morar sozinho em breve, não é?

-Sim. Vocês são ótimos amigos e eu sei que estão fazendo de tudo pra que eu me sinta bem, mas eu preciso aprender a me virar sozinho.

-E eu vou te ajudar.

-Vai?

-Eu sei que você sempre teve empregados na sua casa e nunca precisou fazer nada sozinho então se quer ser independente você tem muito a aprender e eu estou disposto a te ensinar. Você sabe cozinhar?

-Não. Nem fritar um ovo.

-Então hoje você vai me ajudar a fazer o café da tarde e depois a janta. Também vou te ensinar como usar uma máquina de lavar roupa e a lavar o banheiro. Eu sei que parece que eu estou te explorando, mas eu quero que você aprenda tudo pra não passar os mesmos perrengues que eu e o Hongbin passamos até aprender a fazer tudo. Eu vou botar você pra trabalhar nesta casa. –Hyuk falou sério parecendo uma mãe dando bronca e isso fez Hakyeon sentir algo estranho. Aquele jeito de falar o fazia querer lembrar de alguma coisa, mas era um sentimento bom e confortável.

-Eu vou me sentir muito melhor em ajudar você ao invés de ficar só olhando. Assim vou me sentir útil.

-Mas não pense que vou te dar moleza. –Falou desta vez sorrindo.

-Sim senhor. Serei um aprendiz dedicado. –Sorriu também.

 

Hongbin entrou e sorriu também apesar de não saber sobre o que os irmãos conversavam, mas era bom vê-los juntos e se dando bem, mesmo que Hakyeon ainda não se lembrasse de nada.

-Eu vou ao mercado comprar algumas coisas. O que você precisa pra fazer a janta Hyuk?

-Eu fiz uma lista. Está ali na geladeira.

Hongbin pegou a lista e leu rapidamente logo guardando no bolso.

-Quer ir comigo Hakyeon?

-Eu preciso ajudar o Hyuk ainda.

-Se já terminou de lavar a louça pode ir. Quando você chegar a roupa e o banheiro ainda vão estar te esperando. 

-Certo.

 

Caminharam em direção a garagem, mas antes de entrar Hakyeon paralisou lembrando que o “bichinho de estimação” de Hyuk ficava ali.

-Er... Hongbin.

-O que foi?

-Podemos ir com o meu carro? Ele já está lá fora vai dar menos trabalho.

-Tudo bem. –Falou voltando e Hakyeon respirou aliviado por não ter que entrar na garagem.

-Por que está nervoso Yeon?

-Eu não quero ter que chegar perto daquele bicho.

-Você fala a Hebi? Ela é mansa. É uma serpente domesticada, jamais te atacaria.

-Mesmo assim.

Os dois entraram e Hakyeon foi dirigindo até o mercado. 

-Quer dizer que o Hyuk resolveu colocar você pra trabalhar?

-Ele quer que eu aprenda a me virar pra quando eu morar sozinho.

-Você quer mesmo fazer isso? Pode ficar conosco o tempo que precisar.

-Eu sei, mas eu quero ser independente Binnie.

-Você está certo. Eu também posso te ensinar tudo que precisar.

-Obrigado.

-Você conseguiu conversar com o seu irmão?

-Sim, mas pra dizer a verdade eu não me lembro muito bem da conversa que tivemos. Eu nunca me lembro direito das coisas.

-Você falou que foi ao médico e eu sei que você toma alguns remédios, mas você nunca me falou que tipo de tratamento você faz.

-Eu vou ao psiquiatra desde criança por que sempre tive problemas com pesadelos, falta de memória e alucinações. Eu não me lembro de quase nada relacionado aos primeiros anos da minha vida. É como se essa época fosse um grande borrão. Mesmo hoje em dia ás vezes eu me esqueço das coisas que eu fiz ou que eu falei. É estranho, mas eu tenho como apagões. É como se as minhas memórias fossem cheias de espaços em branco que eu não consigo preencher.

-Eu acho que você deveria passar em outro médico. Ter uma segunda opinião. Se até hoje você não se lembrou quer dizer que o tratamento não está sendo eficaz.

-Eu sempre quis trocar de médico, mas o meu pai nunca deixou. Ele falava que precisava ser alguém de confiança.

-Nós não temos dinheiro pra procurar um profissional no particular, mas eu tenho um amigo que está estudando medicina e acho que ele pode conseguir uma vaga pra você no hospital onde ele faz residência. Vou falar com ele hoje.

-Eu não gosto muito de ir ao médico...

-Você precisa se cuidar Yeon.

-Tudo bem. Se você conseguir a vaga eu vou.


 

Eles fizeram as compras e logo estavam de volta. Quando chegaram Hyuk estava sentado na sala com o celular na mão. Ele parecia preocupado.

-Hakyeon posso falar com você um instante?

-Aconteceu alguma coisa? 

-Venha precisamos conversar.

Hyuk levantou e foi ao próprio quarto que agora era o quarto de Hakyeon e o ômega o seguiu.

-O que aconteceu Hyuk?

-Onde estão os remédios que você costuma tomar? –Perguntou sério.

-Estão na minha mochila, por que?

-Pegue-os, por favor.

Hakyeon estava achando aquilo tão estranho e começou a ficar preocupado.

-Pra que você quer os meus remédios?

-O Jaehwan acabou de me ligar. Você precisa parar de toma-los. Eles contém substâncias pesadas que podem te fazer mal. Se não parar com os remédios vai prejudicar a sua saúde.

-O que o Jaehwan tem a ver com isso? Os remédios são pra me ajudar a dormir e me acalmar. Fazem parte do meu tratamento.

-Eu peguei os seus comprimidos escondido na última noite em que você dormiu aqui e levei pra que Jaehwan descobrisse o que tinha neles. Qual o nome do médico que os receitou pra você?

-F-Foi o doutor Park. Ele me passa esses remédios desde que eu era pequeno. 

-Nós precisamos denunciá-lo á polícia. Isso que você toma não são calmantes. Uma das substâncias é um sedativo que pode funcionar como calmante em pequenas doses, mas na quantidade que você toma ele age como um sedativo pra que você fique dopado e o outro é um alucinógeno que pode causar diversas reações inclusive algumas pessoas o usam para se drogar.

Hakyeon sentou na cama digerindo as informações. Sabia que Hyuk não inventaria uma história como aquela, não havia motivos. Por outro lado não conseguia acreditar completamente nas palavras do alfa.

-Você tem certeza? Por que ele me passaria um alucinógeno?

-Pra te deixar confuso. Pra que você não consiga diferenciar os sonhos da realidade. Esses seus pesadelos não são só sonhos. Algumas coisas são lembranças que você acaba confundindo com as alucinações que o remédio provoca.

-Não... Isso não é verdade. –Falou colocando as mãos nos ouvidos. Sua cabeça começou a ficar confusa. Centenas de imagens vieram ao mesmo tempo e uma sensação ruim tomou conta de si. Estava com medo. Começou a tremer.

Hyuk sentou ao seu lado e o puxou pra um abraço.

-Está tudo bem. Aqui é seguro.

-Não. Me diz que é mentira. Tudo isso é só um sonho ruim, não é? Essas imagens não são reais. Elas não podem ser.

Hyuk apenas o abraçou mais forte esperando o menor se acalmar. O ômega se sentia seguro sendo abraçado pelo alfa, mas ao mesmo tempo queria que ele não estivesse ali.

-Eu quero ficar sozinho, por favor.

-Tudo bem. Quando estiver mais calmo nós conversamos está bem?

-Eu não quero conversar. Eu preciso descansar.

O alfa soltou o menor do abraço e Hakyeon se encolheu na cama sem nem tirar os sapatos. Hyuk saiu e encostou a porta suspirando.

Ao olhar pra trás viu que Hongbin estava parado na sala esperando pra conversarem.

Os dois sentaram no sofá e Hyuk contou sobre os remédios. O mais velho queimava de ódio e só se controlou por que sabia que se Hakyeon o escutasse iria se assustar.

-Eu vou matar esse filho da puta do Jung. –Falou baixo num rosnado.

-O que nós precisamos fazer agora é denunciar esse médico e principalmente convencer o Hakyeon a parar de tomar os remédios.

-Mas você já não contou tudo a ele? Ele não acreditou?

-Ele está confuso. Não é fácil ouvir uma coisa dessas. O pior é que esse tipo de droga causa dependência e ele as toma há anos. Vai ser muito difícil simplesmente parar. Temos que leva-lo ao médico e explicar o caso. Talvez ele vá diminuindo a dosagem aos poucos pra que o organismo se acostume e vá desintoxicando.

-Eu vou ligar pro Gongchan agora mesmo. Ele pode conseguir uma consulta pro Hakyeon no hospital onde está estagiando. Mas eu juro que eu quero fazer agora é quebrar todos os dentes desse desgraçado.

-Isso não vai ajudar. Temos que manter a cabeça fria Hongbin. A saúde do Hakyeon vem em primeiro lugar e depois você pensa na sua vingança.

O mais velho respirou fundo e saiu da sala pra pegar o celular e ligar pro amigo. O médico prometeu se esforçar pra conseguir uma consulta o quanto antes.

Hongbin voltou pra sala e o irmão não estava mais lá. O procurou pela casa, mas não encontrou. Hyuk nunca saía sem avisar, aquilo era estranho. O único lugar que restava olhar era o quarto onde Hakyeon estava.

Abriu a porta devagar e olhou pela fresta.

O ômega estava dormindo encolhido na cama e Hyuk estava agachado mexendo na mochila do menor. Hongbin deu uma batida leve na porta e o mais novo olhou para trás logo saindo do quarto.

-O que estava fazendo? –Perguntou depois de fechar a porta novamente.

-Eu queria encontrar os remédios. –Falou mostrando as caixinhas que tinha tirado da mochila do ômega.

-Você não pode mexer nas coisas dele sem permissão. Por que não esperou ele acordar pra pedir?

-Ele não ia me dar e depois ainda podia acabar escondendo. Eu sei que não podemos tirar os remédios de uma vez, mas eu quero ter certeza que ele não vai tomar mais do que deve até conseguirmos ir ao médico. Pelo que Jaehwan me falou uma alta dose de um deles pode até matar. Eu sei que meu irmão está nervoso e isso pode fazer com que ele tome alguns comprimidos a mais tentando se acalmar o que pode ter um resultado desastroso.

-Ele vai ficar bravo com você quando souber.

-Eu sei, mas prefiro que ele fique bravo á ter uma overdose.

Hongbin apertou o ombro do maior.

-Ainda bem que você está aqui Hyuk. Eu realmente não saberia lidar com essa situação.

-Por que você acha que eu não fui morar com a noona quando ela se mudou?

-O que isso tem a ver? –Perguntou confuso. -Você tinha dito que ia ficar comigo antes mesmo de saber que o Hakyeon estava vivo.

-Por que eu sei que você não sabe se virar sem mim. –Falou sorrindo.

-Ei eu sou o mais velho aqui.

-Mas eu sou o mais responsável. Agora chega de dessa conversa, eu vou procurar na internet o endereço desse tal de doutor Park pra fazer a denúncia. E precisamos procurar um advogado também.

-E você tem dinheiro pra pagar um?

-Eu não, mas o Jaehwan tem. Ele pode ser um mauricinho metido a besta, mas assim que souber de tudo com certeza vai nos ajudar. Ele parece gostar mesmo do Hakyeon.

-E você ainda não disse tudo a ele?

-Não. Eu falei que tenho que explicar pessoalmente e ele vai me encontrar mais tarde pra jantarmos juntos.

-Jantar? Isso está parecendo mais um encontro.

-Eu preciso explicar as coisas com calma e ele sugeriu um jantar. Como ele que vai pagar eu aceitei. Aliás você que vai ter que fazer a comida. Quando o Hakyeon acordar ele vai estar com fome.

-Eu vou fazer não se preocupe, mas sabe uma coisa que me intriga?

-O que?

-Será que esse tal de Jaehwan realmente não sabia de nada? O Wonsik eu sei que é um cabeça de vento que só pensa em si mesmo, mas o Jaehwan é esperto. Ele já devia ter percebido alguma coisa. E se ele estiver junto ao pai nessa de manter o Hakyeon sob controle?

-Não seja paranoico Hongbin ele não teria motivos pra isso.

-Eu espero que você esteja certo.



 

POV Wonsik

 

Wonsik colocou uma música alta pra ouvir enquanto dirigia. Estava nervoso e sentia o coração bater forte dentro do peito. Ao mesmo tempo sentia raiva e uma enorme culpa. Como pôde ser tão cego por tanto tempo? Ele sabia que Hakyeon estava de alguma forma sofrendo também, mas nunca pensou que realmente seria a esse ponto. Chegou a ironizar o relacionamento do ômega com o pai pelo fato da alfa estar sempre mantendo algum contato físico com o menor mesmo que fosse o simples ato de segurar a mão de Hakyeon, mas agora sentia nojo das próprias piadinhas de mau gosto.

Como ele devia estar se sentindo?

 

Foi tirado bruscamente dos seus pensamentos quando viu uma caminhonete vindo na contra mão com os faróis altos cegando-o por um momento. Tentou desviar pelo acostamento, mas a lateral do veículo o empurrou pra fora da estrada fazendo o carro bater contra a mureta e capotar.

Wonsik estava sem cinto de segurança e foi jogado à metros de distância.

Não teve tempo de pensar em nada sentindo o forte impacto contra o chão e apagando em seguida.



 

POV Taekwoon

 

Logo depois do almoço Taekwoon ouviu o telefone da casa tocar e ser atendido pela empregada.

-Residência dos Jung. Oh. Meu Deus. Sim, eu vou passar ao pai dele, só um minuto. –Ela veio depressa até estar ao lado do alfa. 

-Quem é senhora Lee?

-É do hospital senhor. Parece que Wonsik sofreu um acidente. 

Taekwoon pegou o telefone.

-Pois não.

-O senhor é o pai do jovem Jung Wonsik?

-Sim.

-Ele está internado aqui em estado grave. Foi trazido pela ambulância após sofrer um acidente de carro. Eu peço que o senhor compareça no hospital o quanto antes. Vou lhe passar o endereço.

-Certo. Estou indo.

Enquanto dirigia até o hospital ligou para Xiumin.

-Pois não senhor?

-Você não fez o trabalho direito. Acabaram de me ligar do hospital.

-Aconteceu um imprevisto senhor. Ele estava sem cinto e caiu distante do carro. Outras pessoas testemunharam o acidente e não foi possível que o serviço fosse terminado sem levantar suspeitas.

-Vou te pagar apenas a metade desta vez.

-Tudo bem senhor. É mais do que justo. Eu sinto muito pelo ocorrido.

-Suas desculpas não me interessam. Da próxima vez faça o serviço completo.

-Sim senhor.

 

Ao chegar no hospital teve que esperar um bom tempo até ter alguma informação. O médico o chamou na sala pra conversarem.

-O caso do Wonsik é grave senhor Jung. Ele bateu a cabeça e ainda precisamos fazer alguns exames pra saber se existem sequelas. Além disso perdeu muito sangue e fraturou a coluna em dois lugares. –O médico o encarou. –Eu sinto muito, mas mesmo que ele se recupere totalmente. Ele pode não voltar a ter o movimento da parte inferior do corpo.

-Ele vai ficar paralítico? –Falou arregalando os olhos.

-Eu indico que ele faça fisioterapia assim que a fratura cicatrizar, mas as chances dele recuperar qualquer movimento são baixas.

-Certo. Ele está acordado agora?

-Ainda não. Nós decidimos mantê-lo em coma induzido por um tempo por conta do perigo de fazer algum movimento brusco e piorar ainda mais as lesões. Mas tem algo mais urgente. Ele precisa de uma transfusão de sangue e ele tem um tipo raro. Como o senhor é o pai talvez seja compatível. Qual seu tipo sanguíneo senhor Jung?

-A negativo.

-E onde está a mão do rapaz?

-Ela já é falecida.

-Entendo. Ele tem irmãos?

-Sim, mas eu não lembro o tipo de sangue deles.

-Verifique isso pra mim se possível senhor Jung. Ele precisa mesmo dessa transfusão ou vai acabar piorando. Se tiver alguma dúvida pode perguntar.

-Na verdade eu quero pedir a transferência dele pra outro hospital. Você pode providenciar isso pra mim?

-Eu não aconselho a remoção do paciente no momento. Ele não deve receber impacto por conta da lesão fora que toda a movimentação na ambulância pode fazer com que perca ainda mais sangue. Eu aconselho a transferência apenas depois da transfusão, ou seu caso pode piorar.

-Eu que decido isso. Ele é meu filho.

-Ele é seu filho, mas o médico sou eu. Não vou assinar a autorização da transferência sendo que o paciente corre riscos. Ele está estável agora, mas se o tirarmos daqui ele vai piorar. Se quiser traga o seu médico aqui, mas não vou permitir que o retire dessa forma.

-Quanto você quer pra me deixar leva-lo daqui? 

-Como é?

-Me diga seu preço. Eu pago.

-Eu acho que não ouvi direito senhor Jung. Eu vou voltar ao meu trabalho. Assim que conseguir um doador compatível me avise. Eu gostaria de deixar claro que realmente me importo com a vida dos meus pacientes e nenhum dinheiro no mundo vale mais do que uma vida. Eu espero que esse tipo de conversa não volte a se repetir, nem comigo, nem com qualquer um dos funcionários deste hospital ou vou ser obrigado a tomar providências.

 

Taekwoon saiu até o estacionamento e entrou no carro. Deu um soco no painel do veículo e encostou a cabeça no volante. Desta vez as coisas estavam saindo do seu controle.

Não poderia ir embora já que seria acusado de negligência por aquele médico arrogante e com certeza se dissesse que não conseguiu falar com os filhos ele desconfiaria de algo. Hakyeon tinha o mesmo tipo de sangue de Wonsik, mas obviamente não poderia ser o doador. Um simples exame de sangue denunciaria a enorme quantidade de substâncias químicas presentes em seu organismo.

Ficou um longo tempo no carro. Até perceber que estava escurecendo.

 

Taekwoon voltou pra recepção e o médico estava lá falando com um enfermeiro.

-Ainda não conseguiu se comunicar com seus filhos senhor Jung?

-Eu liguei pra eles, mas nenhum dos dois pode ser o doador.

-Entendo. Eu tomei a liberdade de pedir a polícia que nos enviasse o número dos amigos do seu filho que estavam na agenda do celular pra descobrir se algum deles é compatível.

-Certo.

-Assim que conseguirmos alguma coisa eu o aviso senhor Jung.

Taekwoon foi até a máquina de café e pegou um café forte sem açúcar. Esse médico estava realmente começando a irritá-lo profundamente.

Depois de algum tempo um rapaz jovem apareceu ali e perguntou por Wonsik na recepção e logo um enfermeiro apareceu o levando para dentro.

O Jung se levantou e perguntou quem era a recepcionista.

-Ele disse que era um amigo do seu filho senhor e tem o sangue compatível.

-Entendo. Obrigado.

Depois de quase meia hora o rapaz saiu e ficou na recepção aguardando.

-Qual o seu nome rapaz?

-Eu me chamo Jongin, não se lembra de mim senhor Jung?

-Eu deveria?

-Eu trabalho para o senhor na empresa de perfumes.

-Bem eu tenho mais de duzentos funcionários realmente seria difícil me lembrar de você.

-Pois é. Eu também estudei com o Wonsik no colégio. Eu estou feliz de poder ajudar de alguma forma. Não me falaram muito sobre o estado dele. O senhor sabe me dizer se ele está bem?

-Ele está em estado grave. Talvez não sobreviva.

-Oh... –Kai arregalou os olhos e ficou calado por um tempo. –Onde estão os irmãos dele? Se o caso é sério assim eles não deveriam estar aqui?

-Eu acho que isso não lhe diz respeito.

-Tem razão. Eu preciso ir senhor Jung. Vou deixar meu número com o senhor. –Falou estendendo um pedaço de papel. -Pode me ligar se algo acontecer?

-Claro.

 

Assim que kai saiu Jung amassou o papel e jogou no lixo.


 

POV Kai



 

Assim que saiu do hospital Kai ligou para um amigo que trabalhava no RH da empresa.

-Kyungsoo, eu preciso da sua ajuda.

-Aconteceu alguma coisa?

-Você pode me passar os telefones do Jaehwan e do Hakyeon, por favor? Eu sei que você tem o número de todo mundo que trabalha na empresa.

-Eu não posso te passar os números assim. Isso é contra as normas.

-Mas é um caso urgente. Wonsik sofreu um acidente e está no hospital e eu acho que nenhum dos dois está sabendo.

-Entendi. Nesse caso eu iriei passar, mas espero que não esteja mentindo pra mim.

-O que te faz pensar que eu mentiria?

-Deixa pra lá. Vou te passar os números por mensagem está bem?

-Certo obrigado.

 

Assim que recebeu os números tratou de ligar a Jaehwan avisando do ocorrido, mas o número de Hakyeon só caia na caixa postal.

-Bem ao menos um deles está sabendo. –Falou consigo mesmo.

Kai ainda estava no estacionamento do hospital. Não queria ir embora por que estava preocupado com Wonsik, mas ao mesmo tempo não queria ficar lá dentro perto de Taekwoon. O alfa era assustador.



 

POV Jaehwan


 

Jaehwan estava no restaurante esperando por Hyuk quando seu celular tocou e viu que era um número desconhecido. Acabou atendendo e ficou surpreso ao saber do acidente do irmão. Assim que desligou levantou apressado e trombou com Hyuk que chegava naquele momento.

-Já vai embora? –Hyuk perguntou sem entender.

-Eu preciso ir ao hospital, Wonsik sofreu um acidente grave e está internado. –Falou saindo do local e sendo seguido pelo alfa.

-Espere, me diga em que hospital ele está.

-Ele está no hospital municipal perto daqui. –Jaehwan parou diante do carro e olhou pra trás. –Você vem comigo?

-Precisamos avisar o Hakyeon.

-Nós ligamos pra ele do caminho.

-Está bem.

Hyuk ligou no telefone do ômega, mas caiu na caixa postal então ligou pra Hongbin que logo atendeu.

-Hyuk o que houve?

-Eu estou indo com o Jaehwan até o hospital municipal. Parece que o Wonsik sofreu um acidente. Traga o Hakyeon pra cá também, mas procure mantê-lo calmo está bem? Fale tudo com jeito pra não assustá-lo.

-Eu... vou tentar. Por que você não veio pra cá? –Falou um pouco preocupado. Hongbin não era a melhor pessoa pra passar esse tipo de informação sem fazer alarde.

-Eu resolvi vir com o Jaehwan. Eu estarei esperando por vocês na entrada do hospital.

-Certo. Até já.

 

POV Hongbin


 

Hongbin desligou e foi até o quarto onde Hakyeon estava. O ômega ainda estava encolhido na cama, mas já estava acordado.

-Eu posso entrar Yeon?

-Pode.

O alfa sentou na beira da cama e fez um carinho nos cabelos do menor.

-Você está melhor?

Ele balançou a cabeça afirmando.

-Me desculpe, Binnie.

-Por que está pedindo desculpas?

-Por sempre fazer você e o Hyuk ficarem preocupados comigo.

-Nós nos preocupamos por que somos seus amigos. Você se sente bem pra levantar?

Estendeu a mão ao menor que aceitou e sentou na cama logo ficando de pé.

-O Hyuk me ligou agora a pouco. Ele está indo com Jaehwan até o hospital visitar Wonsik... Parece que ele teve um acidente de carro, mas não se preocupe não é nada grave. Você quer ir pra lá também?

-O Wonsik... É claro que eu vou. O que estamos esperando? Vamos logo.

O ômega correu até o lado de fora sem nem esperar Hongbin. E já ia dando partida no carro quando o alfa chegou correndo.

-Espere, eu dirijo.

-Mas...

-Você está nervoso e é perigoso dirigir assim. Espere eu trancar a casa e nós já vamos. Sente no passageiro, por favor.

Hakyeon obedeceu, mas os segundos que Hongbin demorou pra aparecer pareciam séculos. Todo tipo de coisa passava por sua cabeça.

Chegaram no hospital e Hyuk os esperava do lado de fora, junto com Kai. Hakyeon correu até ele.

-Hyuk como está o meu irmão?

-Eu ainda não sei. É melhor nós entrarmos. O Jaehwan está conversando com o médico, assim que ele sair vai poder te explicar melhor. 

Ao entrarem Hakyeon viu Taekwoon sentado e correu até o alfa.

-Papai o que aconteceu com o Wonsik? Ele está bem?

Hongbin ia correr atrás do ômega, mas Hyuk o segurou e olhou sério fazendo-o ficar no lugar. Por mais que tivessem ódio do alfa precisavam agir com cautela.

-Ele está em estado grave Hakyeon. Pode não se recuperar totalmente. –Taekwoon falou com a voz calma e baixa.

-Não... Não pode ser... É mentira... –As lágrimas corriam pelo rosto do menor e o alfa o abraçou deixando que chorasse em seu ombro.

Jaehwan chegou e estava pálido e preocupado. Hyuk se aproximou do beta.

-O que o médico disse?

-Ele está em coma induzido. Deve ficar assim por algum tempo até as lesões melhorarem, mas...

-Mas...

-Ele perdeu o movimento das pernas. 

Os dois alfas se encararam sem saber o que dizer Jaehwan se aproximou do pai e do irmão e os abraçou também.

Depois de algumas horas o médico avisou que apenas uma pessoa poderia ficar no hospital como acompanhante e Hakyeon imediatamente se ofereceu pra ficar.

-Tem certeza maninho? Você parece cansado. Eu posso ficar hoje e você descansa e me rende amanhã. –Jaehwan falou com o braço em seus ombros.

-Não.. Eu quero ficar. Eu preciso ficar, por favor.

-Tudo bem. Se precisar de alguma coisa me ligue. Amanhã de manhã eu vou revezar com você combinado? –O beta acariciou seus cabelos.

-Está bem.


 

POV Jaehwan


 

Os dois alfas e o beta ficaram no estacionamento um tempo viram o Jung saindo e deixando o local sem falar com ninguém.

Kai estava indo embora quando Jaehwan o chamou e ele voltou e encarou o beta.

-Obrigado por ter nos avisado. Você estava com ele no momento do acidente? Precisa de alguma coisa? Não se machucou?

-Eu não estava com ele. Na verdade eu só soube do ocorrido por que ele precisou de uma doação de sangue e o hospital me ligou por que achou o meu número na agenda do celular dele.

-O que... Mas por que não ligaram pra mim também? –Jaehwan começou a ficar intrigado.

-Eu não sei, mas o pai de vocês estava aqui quando eu cheguei e quando eu perguntei por que vocês não tinham sido avisados ele ficou irritado comigo. Eu acho que ele não queria que vocês soubessem.

-Por que ele iria agir assim? Isso é estranho.

-Bem, pelo que Wonsik me contava ele não é um pai muito afetivo. Talvez não estivesse se importando com o fato dele estar mal.

-Ele realmente é frio, mas eu não acho que seja a esse ponto. É claro que ele deve estar preocupado com o Wonsik. –O beta falou um tanto irritado com o ômega.

-Eu só sei o que Wonsik me falava, mas isso não parece valer de muita coisa pra vocês. Que eu saiba vocês também não costumam se importar muito com ele.

-Não fale como se conhecesse a minha família. Você não sabe de nada. –Jaehwan falou um pouco mais ácido que o normal.

-Não conheço e nem faço questão de conhecer, mas eu peço que me ligue caso aconteça algo. Independente de qualquer coisa eu me importo muito com ele. Eu virei visita-lo amanhã.

Kai saiu e o beta o acompanhou com o olhar até que sumisse de vista.

-Que arrogante.

-Olha quem fala. –Hyuk falou baixinho e só Hongbin ouviu.

 


Notas Finais


Até mais tarde ❤💜💙💚💛


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