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História Perigosas Lembranças - Seu Amante


Escrita por: jord73

Notas do Autor


Voltando com capítulo novo depois de uns meses, rsrsrs... Mas pelo menos retomei ainda este ano. Espero que gostem.

Boa leitura!

Capítulo 36 - Seu Amante


Fanfic / Fanfiction Perigosas Lembranças - Seu Amante

- O que… é isso? - Letícia disse num murmúrio. Era o rosto dela, seus seios, mas não podia crer

- Não está vendo? - Armand fez uma falsa expressão de estranheza. Virou o celular para si como se quisesse enxergar melhor e tornou a mostrá-lo para Letícia – Acho que o vídeo está bem nítido.

- Quem é essa?

- Ora, por favor, não vai negar que seja você. - ele fez um bico – Tá aí sua cara... e seu corpo também - ele sorriu e tornou a olhar para o vídeo. Os gemidos haviam cessado, só havia sons de respiração, talvez pela relação ter se encerrado – Modéstia às favas, filmei muito bem, mesmo fazendo três funções diferentes: diretor, câmera e o ator principal.

- Mentira! Isso é uma montagem!

- Ah, não é não! Me lembro muito bem desse corpinho maravilhoso em cima de mim nesse dia – ele a olhou de cima a baixo com expressão luxuriosa que a enojou mais ainda – Foi numa festa na casa de um empresário que faz negócios com meu pai... e com seu maridinho. Você e eu subimos para um dos quartos e transamos a noite toda enquanto ele estava lá com os amigos. - ele gargalhou – E sabe o que é mais interessante? Foi por sugestão sua! Você nem estava aí se fossemos pegos.

- Não! Não! Não! - Letícia colocou as mãos na cabeça e deu as costas para ele. Aquilo não estava acontecendo! O vigia os observava intrigado – Não pode ser!

- Olha só a melhor parte – Armand se postou a seu lado e tornou a mostrar a câmera. Letícia não queria ver, mas, ao mesmo tempo, precisava se certificar de que era ela mesma na gravação, por mais que não deixasse margem para dúvida. O vídeo focava o rosto inconfundível de Armand que havia virado a câmera para si. Ele resfolegava como se houvesse acabado de chegar ao orgasmo – Daqui a pouco você entra de novo em cena com algumas falas bem interessantes.

- Tenho que dizer que… nunca gozei tão bem assim – dizia o Armand do vídeo. Ele tornou a focar no rosto da Letícia com mais destaque. Ela havia saído de cima do corpo do amante e estava deitada de lado. E por mais que Letícia agora quisesse virar o rosto para sua própria imagem, não podia mais afirmar para si que aquilo fosse uma montagem ou a mulher com Armand fosse uma sósia. Era seu rosto, seu cabelo, seus olhos. - Quer dizer alguma coisa?

- Não – disse a Letícia do vídeo com expressão fechada. Ela virou o rosto, porém, Armand insistia em filmá-la. – Não tenho nada a dizer.

- Ora, vamos… qualquer coisa. A não ser que esteja chateada em eu te filmar. Você disse que não se importava.

- Não me importo – respondeu com tédio – Só não quero falar.

- Está bem. - ele virou a câmera e mostrou parte do quarto. Ia direcioná-la para ele – Então digo eu...

- Quer saber? Vou falar sim. - Armand virou o celular para Letícia. Ela se sentou e encarou a câmera com um sorriso cruel – Sou casada com um imbecil e estou adorando colocar chifres nele enquanto ele está lá embaixo! – ela riu – O babaca deve estar se perguntando onde estou agora.

- Nossa, linda, você é perversa, hein? - Armand riu sem desviar o celular – Eu é que não queria estar na pele do seu marido. Você não tem dó dele, não? O cara baba por você.

- Por mim ele pode ir para o inferno – Letícia parou de sorrir e voltou a se deitar com o corpo virado para cima, sem encarar a câmera – Não estou nem aí. E se você quiser, pode mostrar esse vídeo para ele e para quantos quiser.

- Não, vou guardar. Não sou bobo, vai que ele resolve me trucidar – Letícia deu de ombros – Mas se quiser, depois te envio o vídeo. - Letícia assentiu com expressão indiferente – E agora… que tal uma rapidinha antes de descermos?

A câmera foi desligada e, com isso, o vídeo se encerrou. Letícia estava paralisada; tremia. Mal conseguia perceber tudo à sua volta, nem mesmo a mão de Armand que tocava em seu ombro.

- Agora acredita em mim? - o som da voz dele a despertou para a realidade. Ela recuou do toque, mas não se distanciou – Não mostrei pra ninguém… até hoje. Te enviei o vídeo, mas acho que você também não mostrou pra seu maridinho. Eu já teria levado um soco. - ele alargou o sorriso – Mas se você não cooperar, vou mostrar pra ele o melhor filme pornô que ele já tenha visto. Ou será o pior? - o homem riu – Bem, ele vai saber o tipo de esposa dedicada e apaixonada que você é.

- O que você quer? - perguntou Letícia lutando para não cair aos prantos. Não daria tal satisfação ao bandido – Dinheiro?

- Querida, você me ofende assim – pegou em seu queixo, mas ela deu um tapa na mão dele. Armand não reagiu, apenas fechou o rosto – Não preciso de dinheiro. Tenho aos montes para dar e vender. Meu pai é um poço de fontes… e tenho meus próprios negócios.

- Então por que você está fazendo isso comigo? Por que não me deixa em paz?

- Porque eu gosto de você, Letícia. Sério – ele se aproximou. Letícia deu alguns passos atrás. Ele suspirou – Olha, de todas as mulheres que tive, você foi a que mais me deu prazer… e ainda te desejo. - a respiração dele ficou ofegante – Então quero que nos vejamos mais, que nos encontremos… até que a brincadeira perca a graça

- Você quer que eu seja sua amante?

- Você nunca deixou de ser, apenas… está um pouco esquecida – ele riu – Ah, mas você adorava nossos encontros furtivos! E eu também... Então por que não nos divertirmos mais? E ninguém precisa saber. Nem seu marido. Amo demais minha pele para que ele queira tirá-la.

- Ah, é? Por que você mostraria o vídeo se tem tanta certeza de que ele faria algo contra você?

- Aí é que está! Eu gosto de brincar com o perigo. Mas a questão é que quando eu enviar para ele, estarei a quilômetros de distância. Há algum tempo que estou pensando em ir para a Espanha. Tenho um amigo que mora lá e me propôs um negócio. Mas eu queria ficar mais um pouco antes de ir, uns meses mais para aproveitar. - ele a encarou com desejo – Se você me der um incentivo…

- Nunca.

- Calma, linda, não precisa me responder agora. - ele tentou pegar numa mecha do seu cabelo, mas ela não deixou – Vou dar uns dias pra você pensar na minha proposta. Caso se recuse… - ele deu de ombros – É você que vai sair perdendo. - ela não respondeu. Fitava-o com nojo. E nojo de si mesma por ter se permitido se envolver com tal homem – Vou deixar você sossegada. Ah! Tentei te ligar várias vezes, mas parece que você mudou o número. Tsc, sem problema. Vou deixar meu cartão com você pra que me ligue – estendeu um cartão bege, mas ela se recusou a pegá-lo. Ele tomou sua mão à força e obrigou-a a segurá-lo – Pegue. E não ouse jogá-lo fora. E para seu bem, espero escutar um “sim”

Passou por ela sem a tocar, mas a olhava como se fosse um pedaço de carne. Letícia amassou o cartão, mas o segurou.

Quando ele sumiu é que ela caiu aos prantos e no chão. Não soube quanto tempo ficou caída, mas se sobressaltou quando o vigia se aproximou perguntando se estava bem. Não ergueu a vista, mas enxergava os sapatos e a barra da calça do uniforme dele. Ele estendeu a mão para erguê-la, mas ela balançou a cabeça. Queria ficar ali, enterrar-se a fundo e esquecer-se de quem era.

- Senhora, aquele sujeito te fez alguma coisa? Quer que eu chame a polícia?

Não respondeu. E não lhe importava. Passado um tempo, escutou uma voz conhecida lhe chamar. Era a última voz que queria ouvir, embora amasse o dono:

- Letícia!

Ergueu o rosto e quase recuou ao vê-lo ali parado, a expressão em pânico. Levantou-se de imediato e deu-lhe as costas. Tarde demais; Ricardo correu até ela, virou-a e abraçou-lhe.

- Letícia, o que aconteceu?

Ela se encolheu, mas não se afastou. Parte de si queria ser amparada por aqueles braços; parte não se sentia digna deles. Depois de algum tempo, quando seu choro foi diminuindo, seu marido tomou com cuidado seu rosto e fê-la o encarar.

- O que houve, meu amor? Por que você está aqui? E desse jeito?

Seu lábio tremeu. Não sabia o que dizer para aqueles olhos que lhe encaravam.


 

Seu corpo estava prensado numa coluna de algum lugar. O local estava às escuras, mas era parcialmente iluminado por uma claridade vinda do andar de cima. Ouvia-se sons de microfone e o murmúrio das pessoas. Nada disso lhe interessava, a não ser escutar Ricardo sendo chamado. Saber que ele estava lá, tentando disfarçar sua angústia por ela ter sumido mais uma vez de suas vistas. Enquanto ela estava ali quase gozando. Com Armand. Olhou para o rosto de seu amante; emulava um sorriso largo e lascivo enquanto lhe fodia. Não estava nua por completo, apenas com os seios expostos e segurados por ele; a barra do vestido levantada e a calcinha abaixada e sustentada entre as pernas. Alguém poderia aparecer, vê-los ali e se fosse um conhecido não tardaria em que seu marido e o resto da alta sociedade soubessem. E ela ia adorar se acontecesse!


 

A súbita memória afastou Letícia de Ricardo. Ela correu para um canto da área e abaixou-se; o vômito saiu como um jato. Uma das mãos do esposo pousou sobre suas costas e a outra lhe segurou num dos ombros. Não faltava mais nada para se sentir suja e envergonhada. Aceitou com relutância o lenço que ele lhe estendeu e limpou os lábios. Por fim, ergueu a cabeça, mas manteve os olhos fechados por alguns instantes.

- Melhor? - ele lhe perguntou. Ela assentiu. Na verdade, não estava melhor coisa nenhuma. O mal-estar físico havia passado, mas a dor na alma só começava. As mãos dele foram para seus ombros – Quer me contar o que aconteceu? - ela balançou a cabeça. - Letícia, olhe para mim – ela deu um longo suspiro, abriu os olhos, desviou sua visão dos outros prédios de São Paulo para o rosto preocupado do marido – Você teve uma lembrança? Foi isso? - a expressão dele se fechou – Ou alguém fez ou falou algo com você?

- Quero ir embora – desviou o rosto – Não me sinto muito bem.

- Mas você disse que estava melhor.

- Rick, por favor… - suspirou impaciente. Estremeceu por uma súbita ventania – Eu preciso ir. Você pode ficar se quiser, mas eu…

- É claro que vou te acompanhar, Letícia. - ele tirou o smoking e cobriu os ombros dela – Se você diz que não se sente bem, então é melhor irmos.

- Mas você estava jantando. E o pai e a mãe…

- Não vou comer sem você. E quanto aos seus pais, vou falar com eles que estamos indo. Quer ir junto ou prefere me esperar?

- Prefiro te esperar. Fala.. fala que eu mandei um beijo.

- Tudo bem, mas não fique aqui. Venha – ele a puxou pela cintura e caminharam até a portaria. Letícia tentou não recuar por seu toque, não era repulsa por ele, mas por si, depois de sentir na pele que havia sido tocada por outro homem que não era seu marido. Pararam ao lado do porteiro - Pode ficar com minha esposa por alguns minutos?

- Claro, senhor – o funcionário assentiu

- Obrigado. - Ricardo tocou em seu queixo, embora não o mirasse nos olhos – Eu já volto, tá? - ela assentiu.

Ele lhe deu um beijo na testa como se ela fosse uma menina indefesa e amedrontada, talvez estivesse passando essa impressão.

Seu marido se afastou e ela permaneceu ali com o olhar no chão perdida, confusa. A mente vagava em entender o que havia visto e do que havia se lembrado, mas afastou as imagens. Não queria pensar em nada. Não queria entender. Não podia acreditar. Ainda segurava o cartão de Armand junto ao lenço de Ricardo. Por instinto, guardou o cartão no decote do vestido, antes que seu marido notasse o que segurava.

Ela nem encarava o porteiro. Será que ele havia escutado sua conversa com Armand? Pelas perguntas que lhe fez não. Mas com certeza havia percebido que havia alguma coisa entre ela e o maldito. E se Ricardo lhe perguntasse? Será que lhe diria? Não, Ricardo não o faria. E se depois de llevá-la para a limusine, viesse com algum pretexto para retornar ao hotel ainda que por alguns minutos, mas fosse para questionar o porteiro?

Ergueu o rosto, o porteiro olhava para fora numa atitude profissional e rígida. Estava prestes a comentar o que havia passado no terraço e pedir que não mencionasse ao seu esposo quando Ricardo retornou. Ele a tomou nos braços, mas ela ficou com os braços inertes, embora não o repelisse.

- Obrigado por tomar conta dela – dirigiu-se ao porteiro que respondeu com um aceno. Ricardo tornou a fitar a esposa com preocupação – Vamos? – ela assentiu e saíram. Em todo o tempo em que caminhou com o marido, ela conservou o rosto abaixado e não trocaram nenhuma palavra. Somente quando entraram no elevador, foi que ele rompeu o silêncio por estarem a sós – Falei com seus pais... eles ficaram preocupados.

- O que eles disseram?

- Sua mãe quis ir até onde você estava, mas a convenci que não era bom pra você. Disse que achava que você tinha tido uma lembrança, mas que ainda estava tentando absorver o impacto – Ricardo fez uma pausa. Mesmo se olhar para ele, sabia que a observava na expectativa de que se abrisse. Como ela não o fez, ele suspirou – Enfim... pediram pra te dizer que ligue para eles amanhã bem cedo.

E não disse mais nada e nem tentou forçá-la a dizer, mas Letícia sentia a tensão dele. Saíram do hotel e esperaram na portaria pelo motorista depois que Ricardo o chamou avisando que estavam de saída. Ele não voltou para dentro do hotel como Letícia temia.

O trajeto até a mansão foi quase sem conversa, ela fechou os olhos para não ter que encarar Ricardo. Por duas vezes, ele tentou questionar sobre o que havia acontecido, mas Letícia balançou a cabeça como a implorar que nada perguntasse. Em resposta, escutou as respirações frustradas do esposo, mas ele não a pressionou.

Ao chegarem na mansão, ela o fitou brevemente enquanto caminhavam até o quarto; havia uma mescla de preocupação, aborrecimento e pesar na fisionomia de Ricardo. Ela se odiou mais ainda por isso, mas não fez nenhum gesto para confortá-lo, embora ele mantivesse o braço sobre seus ombros.

- Vou ao banheiro – disse ele ao entrarem no quarto – Quer usá-lo primeiro? – ela negou com a cabeça – Certo – ele fez que ia ao cômodo, mas depois se voltou. Colocou o punho entre os lábios – Teremos que falar sobre o que aconteceu – ela engoliu em seco – Mas sei que hoje você não está no espírito de conversa – ele suspirou – Descanse. Amanhã conversamos.

Deixou-a no quarto e entrou no banheiro. Letícia se abaixou devagar até se sentar na beira da cama.

Sou casada com um imbecil e estou adorando colocar chifres nele enquanto ele está lá embaixo!

Apertou a cabeça com as mãos

Por mim ele pode ir para o inferno. Não estou nem aí.

Sua respiração começou a se acelerar. Balançou a cabeça

- Você quer que eu seja sua amante?

- Você nunca deixou de ser, apenas… está um pouco esquecida

Seu corpo começou a tremer. O diálogo com Armand. A chantagem do miserável. As coisas horríveis que ela disse sobre Ricardo. As imagens do vídeo. Sua própria lembrança de outra relação com Armand.

Não sabia se tinha soltado um grito ou foi apenas um pensamento; tudo que percebeu foi que estava deitada de um lado do colchão aos prantos, embora os pés estivessem para fora. Em pouco tempo, os braços de Ricardo a envolveram. Não se sobressaltou, ele viria a qualquer momento. Ele a puxou para o peito fazendo-a se sentar novamente. Ela se agarrou a ele como um afogado a uma boia.

- Shhh. Eu estou aqui, meu amor – os lábios do esposo beijaram sua testa. Ele encaixou sua cabeça entre o pescoço e peito másculos – Eu vou sempre estar aqui

Queria acreditar no que ele dizia, mas duvidava. Não quando ele soubesse toda a verdade sobre sua traição.

Armando lhe mostraria o maldito vídeo.

Ou ela teria que lhe contar.


Notas Finais


Ok, gente, nada justifica uma traição, mas não julguem com tanta severidade os atos de Letícia. Tem muito mais do que parece nesse caroço de angu. Mas até lá ainda haverá outras revelações que ela descobrirá sobre si mesma que, aparentemente a farão se sentir mais culpada

Enfim, espero que tenham gostado.

Até a próxima.


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