História Perigosas Lembranças - Sua Declaração

Ricardo estremeceu e estreitou-a mais em seus braços. Ela se aninhava a ele e, um pouco mais calma, repetiu sua declaração quase como um desabafo:

- Eu te amo, Rick! Eu te amo!

- Eu sei. - ele desfez o abraço devagar – Há algum tempo comecei a perceber que você estava me amando – deslizou os dedos pelo rosto dela, enxugando suas lágrimas – O jeito com que me olha… como treme toda vez que te toco… ou como às vezes se emociona depois de um orgasmo – sorriu – Mas escutar você me dizendo isso… é diferente. É uma confirmação.

- E é a verdade – tocou no rosto de dele com uma mão como se precisasse se certificar de que ainda estava ali apesar do que lhe revelou – Comecei a gostar de você desde que… acordei no hospital... e fui me encantando por você a cada dia – ele alargou o sorriso. - Mas me dei conta de que te amava na nossa primeira noite. - abaixou um pouco o rosto – Só que… não consegui te dizer. Eu queria, mas… não conseguia. Talvez não falei porque… - fungou – … no fundo eu soubesse que não te mereço e…

- Shh – ele colocou os dedos sobre seus lábios – Não estrague esse momento com mais nenhuma palavra. - ergueu seu rosto e beijou-a com suavidade. Deslizou os lábios por seu rosto e sussurrou em seu ouvido – Quero fazer amor com você, minha querida. - mordeu o lóbulo de sua orelha – O que acha?

Ela assentiu; ele se abaixou e pegou em suas pernas, erguendo-a em seu colo. Letícia arfou pelo movimento, mas se deixou carregar com cuidado e atenção até a cama onde ele a pôs.

Sem pressa alguma, seu marido tirou seus sapatos e suas roupas, deixando-a apenas de sutiã e calcinha. Levantou o dorso e as pernas enquanto ele deslizava as peças por seu corpo; ficou imóvel enquanto o olhar dele devorava suas curvas. Ricardo se sentou à beira do colchão próximo às suas pernas e começou a desabotoar a camisa; Letícia se ajeitou na cama e quis ajudá-lo enquanto sentia o olhar quente do marido. Deslizou a camisa pelos ombros enquanto sentia a pele e o calor dele; em seguida, desceu as mãos pelo peito e abdômen sentindo os movimentos e a respiração do peitoral dele aumentarem. Quando se aproximou do cós da calça, ele tomou suas mãos, colocou-as acima de sua cabeça, avançou sobre ela e deitou-se em cima de seu corpo.

- Hoje quero que você só receba, Letícia.- entrelaçou as mãos dela sobre o travesseiro e ergueu a cabeça para fitá-la – Quero te dar muito prazer.

As mãos dele soltaram suas mãos e deslizaram por todo seu corpo ainda sob a roupa íntima; não tinha pressa em desnudá-la, apesar do olhar ávido. Por fim, retirou as últimas peças e contemplou sua nudez

- Desejo seu corpo tanto quanto da primeira vez – ela arfou com uma carícia em seu mamilo direito – Adoro te tocar.

Uma nova onda de carícias e prazeres a inundou em cada célula, poro e parte por onde as mãos dele deslizavam e acariciavam sem pressa. Perdeu o ar quando ele investiu em sua cavidade por um bom tempo até ficar úmida; teve medo que afastasse os dedos para provocá-la

- Rick… - gemeu

- Shhh, não se preocupe, vou te dar prazer – sussurrou-lhe como se adivinhasse seu pensamento – Sem joguinhos.

E ele adorava brincar com ela, adiar seu prazer, mas naquele momento parecia imerso em lhe satisfazer. Repetia a intensidade dos dedos em movimentos circulares em sua cavidade, sem abandonar a delicadeza. Por fim, seu corpo vibrou até o ápice; ela ofegava e mal conseguia processar o êxtase sentido. Ricardo aproveitou esse momento para se despir diante dela. Ele pediu que arredasse mais para o outro lado da cama e ela o fez. Então começou uma nova exploração em seu corpo com a boca, a língua e dos dentes, beijando, lambendo e mordiscando-a, fazendo-a tremer. Em pouco tempo, seu corpo vibrava, pronto para outro orgasmo. Abriu até as pernas para que ele sugasse sua intimidade; porém, ele não foi até lá, apesar de o rosto estar bem próximo; em vez disso, subiu para seus seios e ali se saciou.

- Oh! - Letícia agarrou os cabelos, esfregou as pernas no abdômen dele, friccionando – Oh!

Um novo embalo tomou conta dela, ao mesmo tempo em que seus sentidos nublavam. E quando havia acabado de ter seu corpo inundado por um segundo orgasmo, Ricardo deslizou o rosto em linha reta até o meio de suas pernas e ali tomou sua cavidade com voracidade e fê-la mergulhar em várias ondas de prazer uma atrás da outra, sem intervalo.

Ela perdeu a voz, gritou, gemeu e, por fim, chorou no último arrebato. Deus, ele a havia feito ter orgasmos múltiplos pela segunda vez em suas relações! Ele subiu em beijos por todo seu corpo até seu pescoço e abraçou-a.

- Meu amor – sussurrou numa voz ofegante – Não sabe o quanto me deixa feliz quando sinto que te dei prazer – ergueu-se e encarou-a enquanto enxugava suas lágrimas com a ponta dos dedos; ela mal conseguia olhá-lo pela exaustão – Sei que está cansada… te deixei exausta… - ele sorriu –… mas preciso de você agora.

Tornou a beijá-la e deslizou as mãos por seu corpo; uma parte dela queria dormir e outra se mantinha acesa pelos toques. Ricardo a virou de lado e posicionou o corpo atrás dela, Quando esfregou os dedos em sua cavidade, uma nova energia a animou, sentia o calor e o som da respiração dele em sua nuca; logo seu corpo estava pronto para ascender; arfou com o órgão dele ao penetrá-la no lugar dos dedos. O braço com que a tocava se apoiou em cima dela e entrelaçou com uma de suas mãos.

A respiração de Ricardo se acelerou e ele começou a gemer. Assim como ele adorava escutar seus gemidos, os dele também eram música para seus ouvidos. Aumentou o ritmo das investidas e penetrou-a mais a fundo; o corpo dela vibrou mais uma vez, mas já não tinha som para exprimir seu prazer. Estava exausta, já não aguentava mais, porém, deixou seu corpo entregue até Ricardo atingir o orgasmo. Ele urrou e caiu estatelado sobre suas costas.

- Deus, Letícia… ah! - foi tudo que exprimiu

Adormeceu com o rosto do marido encostado em seu pescoço e o corpo em concha envolto pelo dele.

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Despertou um pouco confusa: o quarto ainda estava com as luzes acesas. Ricardo costumava apagá-las no meio da madrugada sem que ela se desse conta e acordasse. Ainda era noite? O corpo de Ricardo ainda estava encostado ao seu; não se mexeu. Porém, ele alisou seu rosto.

- Está acordada? - ela assentiu. – Ainda bem, porque eu já ia te chamar para comermos alguma coisa.

- Quantas horas são? - virou o rosto para ele com voz meio sonolenta

- São 20h15. Você tirou uma boa soneca, mas ainda é cedo. - ele lhe beijou o rosto – Está com fome?

- Pra jantar não. Não quero comer muito.

- Que tal um sanduíche e um suco? - ela acenou – Eu vou lá na cozinha buscar com a Glória.

A realidade dos fatos tornaram à sua mente enquanto o observava se levantar e vestir-se com um roupão. Precisavam esclarecer mais pontos de sua conversa, porém, não sabia como abordar o assunto. Envergonhava-a o que havia feito e intrigava-a a revelação dele do conhecimento de sua traição.

- Vamos comer. Teremos tempo pra conversar depois – fitou-a como sempre adivinhando a maioria de seus pensamentos – Não pense em mais nada agora.

Ela não lhe respondeu; apenas esperou que saísse e mergulhou em seus pensamentos. Deus, o que lhe diria sobre Armand? Teria que falar sobre a chantagem. Também teria que esclarecer que Carmen não tinha a menor culpa sobre sua fuga. Apesar de ter lhe dito, ele não pareceu muito convencido.

Não adiantava se atormentar; tomaria um banho. Estava sem se banhar desde a noite anterior; ia fazê-lo na casa da sogra quando Ricardo foi buscá-la.

Após entrar no chuveiro por alguns minutos, escutou o barulho da porta se abrir. Não precisava se virar para saber que era seu marido. Não demorou e juntou-se a ela, mas não fizeram amor; apenas se contemplavam enquanto cada qual se lavava.

Enxugaram-se, vestiram-se com roupões e foram saborear os sanduíches e sucos trazidos por Ricardo numa mesa próxima a uma porta de vidro que dava para a varanda do quarto; ele também trouxe algumas uvas, das quais Letícia comeu apenas três. Assim que terminaram o lanche, seu esposo quebrou o silêncio:

- Acho que agora podemos esclarecer algumas coisas que ficaram pendentes entre nós – Letícia engoliu em seco, mas não o fitou – Querida, não quero que se sinta envergonhada de nada – pegou em seu queixo – Entendeu?

- Como você pode me pedir isso, Rick? - soltou o rosto da mão dele, mas permaneceu o encarando – Depois do que me lembrei… e de você ter me contado que já sabia, acho bem difícil.

- Não quero que você se sinta culpada.

- E como não vou me sentir? E como você pôde me desculpar por isso tão facilmente? - balançou a cabeça – Não passo de uma vadia interesseira da pior espécie.

- Por favor, Letícia. Não fale assim de você mesma

- Mas é a verdade.

- Não, não é – suspirou impaciente – Do que exatamente você se lembrou?

- Por onde eu começo? - sorriu amarga – Sobre aquele sujeito e eu? Ou sobre eu ter me casado por interesse? - Ricardo permaneceu em silêncio. Ela suspirou – É, vou começar do que me veio primeiro… eu ter me casado por dinheiro – olhou para o alto, deu de ombros e tornou a encarar seu marido – Sabe aquela discussão entre meu pai e eu? Naquele dia, em que ele foi grosso com o Igor e mandou te dar um recado… pra te insultar. - Ricardo assentiu – Eu disse que foi por me lembrar de ele me culpar pela morte do Sérgio, mas… - engoliu em seco – Eu… menti para você. - desviou o rosto – Não foi disso que me recordei. Foi de uma conversa com meu pai em que ele me dizia para salvar a empresa dele da falência ao me casar com você – o rosto de Ricardo se mantinha impassível – Foi uma memória bem pequena, um fragmento, mas foi o suficiente. - balançou a cabeça – Não quis acreditar… eu não queria… desejei que fosse apenas uma confusão da minha mente, mesmo sendo uma impressão forte.

- Perguntou ao seu pai?

- Perguntei… e ele não negou que houve essa conversa. Ele tentou explicar… dizendo que não era o que parecia – emulou um sorriso irônico – Claro que ele diria isso pra se justificar… e a mim. - suspirou – E essa lembrança foi uma peça de algo que me intrigava há muito tempo.

- O quê?

- Aquelas fotos do nosso casamento. Eu não parecia nada feliz nelas, Rick.

- E de fato, não estava – Letícia o fitou intrigada – Eu sabia desde que lhe pedi em casamento, Letícia, que você não me amava. E que era para preservar a fortuna e posição de sua família que você me aceitou. - a expressão dele se abriu quase em adoração e tomou suas mãos com as dele – Não me importei com isso. Eu só queria você em minha vida. Eu te amava como um louco… e ainda a amo.

- Foi a pior coisa que você fez, Rick! - ela soltou as mãos e colocou-as no colo – O pior erro da sua vida! Eu não valho nada!

- Não diga isso.

– Mas é a verdade. Olha o que eu fiz pra você! Te coloquei um par de chifres com um canalha! - a fisionomia de Ricardo se fechou – E como você soube dele e de mim?

- Você me contou – encarou-o perplexa. – E depois você me mostrou um vídeo de vocês dois – ele riu, mas não havia graça. Era mais amargura – Pelo menos você foi bem honesta em me revelar.

- Deus! - ela colocou a mão na boca. - Como eu pude…?

- Letícia, shhhh... – saiu da cadeira e abaixou-se a amparando em seus braços como se ela viesse a baixo – Esquece isso. Não me importa mais.

- Por que eu fiz isso, Rick? Por que te magoar assim?

- Porque você queria o divórcio de qualquer jeito. Você não aguentava mais ficar casada comigo.

- O que é uma coisa que não entendo – ela pôs a mão na testa e apoiou o cotovelo na mesa – Eu… do pouco que lembrei de nós dois juntos… senti que houve momentos felizes entre nós – encarou-o – Ou pelo menos, eu não parecia triste.

- Tivemos bons momentos sim, mas… - dessa vez, ele desviou o olhar – Mas não foram suficientes pra você me amar.

- E me pergunto o motivo. - seus olhos marejaram mais uma vez – Ainda que eu tenha me casado por dinheiro, por que eu simplesmente não me permiti te amar? Você é tão bom, tão amoroso… - tocou no rosto dele que apertou sua mão. Letícia jogou a cabeça para trás – E ainda por cima zombei de você nesse vídeo que aquele canalha me mostrou e…

Calou-se e deu-se conta do que havia dito. Voltou o olhar para Ricardo; a expressão dele estava congelada num misto de confusão e fúria.

- Como assim, Letícia? - ela permaneceu calada – Como você sabe dessa parte?

- Eu…

- Aquele filho da puta te mostrou aquele vídeo? – ela engoliu em seco – Responde, Letícia.

- Sim! Sim! - ela prensou a cabeça entre as mãos – Ontem… naquele evento.

- Miserável! - ele bateu a mão na mesa balançando-a junto com os pratos e os copos. Letícia tremeu – Desculpe, amor. Não é com você – ele pegou em seu rosto com ambas as mãos – Letícia, quero que me conte agora o que aconteceu ontem, como ele chegou até você… e não me esconda nada.

Letícia fez o que lhe pediu, devia ao menos isso a ele; também seria um alívio contar toda a verdade. Falou os detalhes desde a insinuação de Armand na festa anterior até o evento de sábado quando lhe mostrou o vídeo para chantageá-la e a lembrança que teve de estar com ele.

- Filho da mãe! Como ele teve coragem? - a face de Ricardo era medonha – O desgraçado teve a cara de pau de te convidar a dançar na minha frente naquela primeira festa e depois ainda se atreve a te coagir nas outras? No seu estado! Mas isso não vai ficar assim!

- Juro pra você, Rick, que jamais cogitei ceder à chantagem dele – dessa vez, ela quem pegou no rosto do marido com as mãos – Não sei o que me atraiu nele antes, mas seja o que for, não existe mais. Esse cara me dá nojo! Por favor, acredite em mim.

- Sim, querida, eu acredito, não tem que me explicar. Ainda assim, você devia ter confiado em mim e me falado que esse cara estava te aborrecendo desde a outra festa.

- Eu sei, mas tive medo, não sabia se ele estava blefando ou não. E tinha medo de você me odiar quando soubesse – suspirou – Não sabia que você já tinha conhecimento disso

- E então você preferiu fugir a conversar comigo… e pedir ajuda àquela mulher – havia um tom de mágoa na voz de Ricardo

- Rick, eu já te disse… não foi de caso pensado. Nem cogitei em ir pra lá antes de ela me ligar. Eu ia fugir pra qualquer lugar – suspirou – Mas nem sei se teria coragem de ir até o fim, não no meu estado.

- Teria sido uma loucura se você tivesse feito isso – bufou e desviou o olhar – É, talvez aquela mulher... a Carmen tenha me feito um favor ao te sugerir que fosse para lá – Letícia o olhou espantada, ele a encarou – Mas isso não muda o fato de ela ter me deixado no escuro por horas a fio quando bastava atender minhas ligações.

- Fui eu que pedi, Ricardo, ela...

- Está bem, não vamos discutir a respeito. Não quero mais falar sobre... sobre essa senhora.

- E quanto ao… aquele imbecil?

- Pode deixar, querida. Vou tomar medidas contra esse infeliz. – estreitou os olhos – Eu já devia ter feito isso há muito tempo.

- Você acha que ele pode querer se vingar de outra forma quando eu disser que você já sabe?

- Primeiro de tudo, meu amor, não quero que atenda as ligações dele. Ignore. – ela assentiu – E segundo: sim, ele é bem capaz.

- Tipo o quê? – Ricardo a fitou e ela adivinhou – Postar o vídeo nas redes sociais? – seu marido acenou – Acho que ele não é louco. Ele mesmo disse que temia sua reação.

- Ele pode fazer quando tiver ido para Espanha. Você não disse que ele pretendia enviar o vídeo para mim de lá se você não concordasse com os termos dele? – ela assentiu outra vez – Pois então?

- Então o que faremos, Rick?

- Não se preocupe, meu amor, pensarei a respeito.

- Mas...

- Shhh. Agora chega desse assunto, - por fim, ele sorriu – Não vamos desperdiçar o resto da noite falando desse cara quando podíamos estar fazendo coisas mais agradáveis – ela sorriu diante do ar malicioso dele. Ricardo se ergueu e levou-a com ele pelas mãos – Ainda estou com fome... mas de outra coisa.

- Então... você me perdoa?

- Não tenho nada para te perdoar. – enlaçou-a em seus braços e fitou-a com carinho – Só te amar.

- Você é incrível, Rick – suspirou - E não te mereço.

- Shhh...

Ele a silenciou com um beijo leve. E mais uma vez, renderam-se à paixão e ao desejo pelo resto da noite.