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História Peripécias do destino - O despertar


Escrita por: AndreiaPaz

Notas do Autor


Oi. ^^

Capítulo 3 - O despertar


■■■

         O quarto onde estou é inteiramente branco, assim como minha mente está agora. A sensação que tenho é de que apenas agora passei a existir, nada, nenhuma lembrança do passado, nenhum rosto conhecido, absolutamente nada, a única pessoa que me parecia ligeiramente familiar é a doutora de cabelos ruivos, é estranho, mas tenho a vaga lembrança de ver seus fios ruivos flamejando em uma tela, receio também não ter apreciado nem um pouco tal visão.

— Tem certeza?

Uma bela garota de cabelos castanhos e olhar penetrante pergunta pela segunda vez.

— Sim, estou bem, obrigado.

“Bem” isso é tudo o que não estou, não sei dizer se a pior parte é esquecer tudo o que vivi ou, se é o fato de não ter sido nada importante, pois, ninguém se indignou a vir me procurar.

— Se precisar de algo é só chamar.

A moça diz dando um sorriso, sua beleza é extravagante, não me admiraria se ela fosse modelo ao invés de médica. Ela se senta em um banco próximo, cruza as pernas e começa a folear uma revista.

Passados alguns minutos, outro médico entra no quarto, dessa vez deveria ser o psicólogo que a doutora ruiva mencionara. Horas de perguntas e terapias se passaram, as coisas que ele dizia mais pareciam ter saído de um livro de alto ajuda. Forço minha mente a lembrar de algo, qualquer detalhe, por menor que fosse, é estranho não saber sequer o meu próprio nome. A única coisa que fui informado foi que um senhor havia me arrastado para fora do carro em que estava minutos antes do veículo explodir, talvez fosse um parente, mas, isso também não pôde ser checado já que o corpo dele sumiu sem deixar rastros.

Para completar, um dos médicos me olha de forma estranha, como se eu fosse algum tipo de ser de outro planeta, difícil de desvendar, ele me questionou várias vezes sobre como consegui estas marcas nas costas, no entanto, não faço a mínima ideia de como as consegui. Não sei onde estou, ou, para onde deveria voltar, e essa desconfiança toda me irrita ainda mais.

— Muito bem, você sente algum tipo de dor?

America, descobri que é assim que a ruiva se chama, pergunta analisando algumas folhas em uma prancheta, meu relatório clínico, suponho. “Tirando o enorme abalo emocional?” penso, mas, acabo não dizendo isso.

— Não. — respondo depois de ela colocar pela segunda vez aquela irritante luzinha azul sob meus olhos.

— Bom, muito bom. — ela preenche algo em seus papéis. — Já posso te dar alta.

— E para onde eu vou?

Faço a pergunta que está martelando a minha cabeça desde que acordei.

— Você tem duas opções. — ela diz como se pensasse bastante nas próprias palavras — Voltar para Belcourt e tentar recomeçar lá, ou, ficar aqui até se lembrar de algo que nos permita localizar sua família. No entanto, a segunda opção vem com uma série de normas bem rígidas.

         Ela diz, algo em sua postura, em sua voz, me dizia que essa garota não é tão amigável quanto está aparentando ser.

— Que normas seriam essas?

Pergunto calculando a única opção viável, voltar para uma cidade que não conheço mais, sem casa, sem rumo, e nem perspectiva de futuro não é uma coisa lá muito sensata a se fazer. Então, normas rígidas são o menor dos meus problemas.

— Você está em um bunker, é proibido de sair daqui sem autorização, as leis de Clarkson não são válidas aqui, temos o nosso próprio código de honra, quebre-o e será punido.

— Clarkson é o rei, não? Como as leis dele podem ser ignoradas?

— Oh, alguém aqui não perdeu totalmente o juízo. Parabéns.

Ela debocha.

— Perdi a memória, não o senso de lógica, doutora. — rebato.

— Embora me pareça que ele também tenha sido um pouco afetado.— ela comenta deixando a prancheta de lado e olhando para mim — O governo de Clarkson é totalmente ilegítimo, Porter tomou para si algo que jamais lhe pertenceu, nem todo mundo aceita isso, nem todo mundo respeita ou mesmo leva em consideração o que o rei diz.

— Estou em uma das bases rebeldes, não estou?

Pergunto juntando as peças soltas. Leis, os nomes dos membros da família real, aspectos do país, percebo que me lembro desses detalhes, irônico, eu posso citar toda as leis da corte, mas, não lembro a minha própria idade.

— Nossa, seus neurônios não parecem ter derretido completamente. — America aplaude irônica.

— Posso mesmo ficar aqui? — pergunto sem mais opções.

— Se seguir as regras, sim. Ah, e acho melhor que escolha um nome provisório, a não ser que esteja gostando de ser chamado de 654.

— É um bom número.

Brinco. Ela ri.

— Adam, Milles, Ethan, esses combinam com você.

America sugere.

— Entre Adam e Ethan, qual você escolheria?

Pergunto sem me dar ao trabalho de pensa em outro nome, nenhum desses três me importava, eu quero o meu nome verdadeiro, mas, apesar de tentar, não consigo lembrar nem da primeira letra dela. Tirei Milles da lista por começar com M, essa era a inicial do príncipe e, não é sensato manter a mínima ligação com ele dentro de uma base rebelde.

— Adam. — ela responde por fim.

— Ótimo, pode me chamar de Ethan.

Respondo para irritá-la, consegui. America dá um sorriso debochado. Não faço ideia do motivo pelo qual não confio muito nela, parece algo intrínseco.

         Depois de várias horas assinando papéis sobre meu novo nome e condição, finalmente pude sair da claustrofóbica ala hospitalar. Não pude deixar de notar o quanto o resto daquele lugar é incrível, parecia uma verdadeira cidade subterrânea. Pessoas iam e vinham, algumas uniformizadas, outras usando vestes cotidianas. Haviam letreiros de lojas, um café, salas e mais salas, notei até uma escola ali dentro.

— Quantos metros isso tem?

Pergunto curioso tentando olhar para todos os lados para poder ver tudo, é incrível que uma estrutura dessas passe despercebida.

— Estamos à trinta oito metros no subsolo, ao todo, esse bunker tem 15 km de largura. É como se fossemos uma cidade-estado totalmente independente da monarquia. Temos praticamente tudo aqui.

America responde pressionando o botão do elevador, ela digita o número 17 e começamos a descer alguns metros.

— Como eu vou pagar por isso?

Pergunto assim que o elevador se abre.

— Trabalhando. Considere seu tratamento até aqui um empréstimo, nós ajudamos você quando precisou, é hora de retribuir, isso fará com que possamos ajudar mais pessoas.

Ela responde me guiando até um lugar que mais parecia ser um corredor de hotel.

— É assim que recrutam rebeldes?

— Não. Ninguém que está aqui é obrigado a estar, nós não fazemos isso, embora os outro façam.

— Outros?

America para em uma porta com a numeração 135, em seguida retira uma chavinha prateada de seu bolso e abre a porta.

— Os outros grupos e subgrupos rebeldes, os chamo de rebelde sem causa para facilitar. No seu caso, pode sair quando quiser, mas, medidas serão tomadas para que não abra a boca sobre o que viu e ouviu aqui, é bem mais saudável cooperar.

Ela diz me lançando um olhar como se me desafiasse a dizer o contrário. “Essa garota é bipolar, só pode, ora está educada, ora está sádica e sanguinária”. Penso entrando no compacto quarto.

— Essa é sua nova residência. É o pacote básico, suba de nível e melhorias serão acrescentadas, apronte o que não deve e a sua situação irá piorar consideravelmente, e, acredite, você não vai querer isso.

— Imagino que não.

— Ótimo. Sei que perdeu a memória, mas, sugiro que pense em algo que você consiga fazer, amanhã se apresente no RH, lá eles te encaminham para a sua função. — ela diz balançando os chamativos cabelos ruivos se virando para sair — Ah, sabe o caminho da ala hospitalar, não é? Vá até lá se precisar. Aqui, meu número está registrado, ligue se tiver uma crise ou algo assim.

Ela diz me entregando um celular, seu olhar autoritário se encontra com o meu por um breve segundo. Assim como seus cabelos, seus intensos olhos azuis me pareciam irritantemente familiares.

— Agradeço.

Digo. Ela sorri e se retira fechando a porta.

■■■

         A notícia de que o príncipe havia falecido caiu como uma bomba no país, já esperava por isso, só não esperava que Clarkson pagasse mico gratuitamente e em rede nacional. Foi um chororó atrás do outro, primeiro, a princesa da França, a meu ver, uma versão melhorada de Kriss, mas nem por isso menos irritante, ela passou quase uma hora mostrando um álbum de fotografias dela com Maxon. O príncipe parecia ter sido pintado ali ao invés de fotografado, usava um terno preto passado à exaustão, os cabelos milimetricamente penteados para traz e a pompa habitual da monarquia.

Jenna tem razão, Ethan lembra muito o príncipe Maxon, uma versão menos pomposa deste, mas, o rei não faria todo esse tumulto se soubesse que o filho pode estar vivo, ele não é idiota. Além do mais, por que o príncipe teria marcas de chicote estampada nas costas? Por que teria entrado em um carro qualquer e não em um luxuoso veículo com uma infinidade de militares atrás? Não faz o mínimo de sentido, o rapaz só tem mesmo o azar de parecer com o príncipe.

         Depois da francesinha veio a princesa Brice, e lá se foi mais uma hora de choro, da parte dela, claro, não ouve choro nenhum dentro da base, apenas silêncio, o clima na tevê estava tão melodramático que nem risos teve. Ninguém aqui é fã do príncipe, ninguém aqui aceita Clarkson como rei, estamos sem o menor peso na consciência porque não fomos nós quem orquestramos o ataque, mas, é demais achar que estaríamos tristes com a morte de um Clarkson II. Vossa majestade real iria se pronunciar mais tarde, provavelmente junto com a rainha.

— Aguardando o show?

Tyler pergunta, ele é meu parceiro na ala hospitalar.

— Na verdade, estou procurando o Kota, ele sumiu e bem... Meus pais chegam hoje, e, não estou de plano a ouvir as reclamações de minha mãe por causa da ausência de seu “filhinho perfeito”.

— Kota perfeito? Belo exemplo de antônimo, Singer.

Ele responde.

— Fazer o que, né? Quem quiser se iludir que se iluda. Mas, preciso que nosso “líder” assina umas coisas para mim.

Tyler cai na risada.

— Não sei como sobrevivi até hoje sem ser liderado pelo seu irmão!

Ele gargalha.

— Um dia ele deixa a irresponsabilidade de lado e age como um verdadeiro líder, até lá... Bem, a gente finge que ele faz alguma coisa.

Respondo me virando para achar meu irmãozinho orgulhoso e boêmio.

 — Ele está na sala de monitoramento se agarrando com alguma estagiaria, estou aguardando vossa excelência sair de lá para ver quem foi o engraçadinho que encheu meu quarto de fotos da Tracy, já está irritando.

— Ainda gosta dela?

— Sim, mas prefiro ver minhas lágrimas secarem lentamente a dar outra chance a uma traidora, com licença.

Ele diz se retirando cabisbaixo. Quis fazer alguma coisa por ele, mas, não há nada a meu alcance, fora que, assim como eu, Tyler prefere sofrer sozinho.

         Resolvi que ver Kota se ferrar não seria tão legal se eu tivesse que ouvir o escândalo dos meus pais, se eles ficarem de mau humor, as chances que tenho de tomar um pouco de sol fora daqui são nulas, então, resolvi acabar com a “festinha” de Kota e trazê-lo de volta à realidade...

 

 

 


Notas Finais


Gostaram?
As tretas começarão já no próximo capitulo ;)
Amanhã é bem provável que não tenha, mas, compensarei vocês na quinta :)


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