História Permanent Vacation - Prólogo - Permanent Vacation

Avenida Paulista, São Paulo. 1 de Dezembro de 2016.

Frustração, desespero
Você diz que eu preciso de algum tipo de medicamento
Situação: não há motivação
Destino:
Férias permanentes
(5 Seconds Of Summer - Permanent Vacation)

              Eu já estava pronta para ir ao aeroporto de Congonhas e sair dessa doideira que é São Paulo, mas minha melhor amiga Sophie estava provavelmente casando com ela mesma enquanto estava há mais de uma hora se maquiando. Eu não conseguia ter paciência pra gente lerda justo quando estou prestes à mudar minha vida pra sempre.

Desde um mês atrás quando recebi uma mensagem no meu gmail anunciando que eu havia sido aceita na famosa Australia University, minha vida mudou para melhor. Eu estava definitivamente me sentindo a tal. Não que eu me ache melhor que ninguém, mas não é todo dia que você recebe uma mensagem dizendo que você foi aceita em uma universidade famosa da Austrália.

A despedida com meus pais não foi nada fácil, mas tanto eles como eu sabíamos que era a coisa certa a se fazer. Sophie também iria comigo, mas não iríamos ficar na mesma casa de família na Austrália, e era uma pena porque nós duas juntas somos como uma elite. Mas estudaríamos juntas na mesma universidade.

— Porra, Sophie! A gente vai se atrasar pro vôo! — gritei da sala do meu pequeno apartamento, que eu não o veria por um longo tempo.

— Terminei, sério! — ela gritou do quarto.

Suspirei olhando para minha aparência no espelho do meu iPhone. Eu não era a pessoa mais pontual do mundo, mas esse era um caso importante. Pra Sophie nem tanto, mas pra mim era, eu estava esperando essa viagem há tanto tempo. E agora essa vadia de cabelo roxo estava plantada no quarto até agora.

— Eu vou sem você, bye. — puxei minha mala e abri a porta de entrada, sentindo minha paciência esgotar de vez.

Em menos de dois segundos Sophie estava na minha frente com a maior cara de pau.

— Tô aqui, foi mal. — ela prendeu o riso puxando sua mala roxa. Ela adorava a cor roxa.

— Você só aparece quando eu perco a paciência, incrível! — joguei as mãos para cima de forma irônica.

Sophie sorriu descaradamente ajeitando uma mecha do seu perfeito cabelo roxo, saindo para fora.

— A gente vai perder o vôo.

— Vai se foder. — tranquei a porta enfurecida, esquecendo de ficar animada porque eu estava indo direto para a Austrália.

Sophie começou a rir enquanto andava logo atrás de mim, puxando sua mala. Entramos no elevador e eu me concentrei em mexer no celular para ver as horas, uma das maneiras de eu não me sentir claustrofóbica e em pânico dentro de um elevador.

— Eu estou tão ansiosa! Cara, nós vamos mesmo para a Austrália! — Sophie gritou me sacudindo pelos ombros.

— Eu seeeei! — gritei fingindo estar histérica, mas eu não conseguia entrar no clima se eu estava dentro de uma porra de um elevador.

— Você devia estar animada ou quase tendo um treco.

— É que eu estou tentando não morrer aqui dentro dessa merda, saca? — gesticulei para as paredes metálicas do elevador.

— Saquei, foi mal senhorita estressadinha! — Sophie gargalhou, batendo as mãos na coxa.

Finalmente chegamos no térreo e eu praticamente me joguei para fora do elevador quase derrubando mala e tudo.

— Ah, ar puro! Liberdade! — abri os braços olhando para o céu azul.

Sophie revirou os olhos balançando a cabeça negativamente.

— Chegou a drama queen.

Peguei minha mala, aliviada por estar respirando o ar fresco de verão.

Ar fresco o caralho, São Paulo não traz ar fresco, ele traz ar quente nesse verão. Mas era melhor do que ficar presa em um elevador.

— Temos que nos apressar. — puxei a mala caminhando à passos rápidos até a portaria.

Sophie me seguiu sem enrolação. Afinal, quem iria ficar de bobeira quando um avião prestes à te levar pra Austrália está esperando no aeroporto? Nos despedimos do porteiro, que apertou um botão para abrir o portão para passarmos. Eu iria sentir um pouco de saudades de São Paulo, de todas as loucuras que eu passei aqui e principalmente dos gatinhos, as baladas, festas. Mas eu sabia que a Austrália teria tudo isso em dobro, e ainda a chance de eu entrar na carreira de fotografia, minha maior paixão.

Rapidamente avistei um táxi, que veio exatamente na hora certa. Fiz um sinal com a mão para que ele parasse, e atravessei a rua com Sophie. Entramos no carro e eu informei ao motorista que iríamos para o aeroporto de Congonhas, pagando mais que o necessário pro cara dirigir rápido.

Respirei fundo afundando as costas no banco de couro do táxi. Sophie estava tomando água em sua garrafinha roxa cheia de glitter, e eu percebi que estava com mais sede que o normal depois da correria. Abri minha bolsa pegando minha garrafa de água e tomei longos goles.

— Você tem sorte de ir para a mansão dos Hemmings. — Sophie comentou de repente.

A palavra "mansão" me lançou frios na barriga de repente.

— Porquê? — perguntei sem entender direito, enquanto guardava minha garrafa de água na bolsa.

— As pessoas que ficaram lá para entrar em uma universidade também, falaram muito bem da família, da mansão e da forma que foram tratados.

— Uau. Eu devo mesmo ter bastante sorte então. — olhei mais uma vez para as horas no meu celular. A ideia de ficar com uma família totalmente diferente da minha e ainda por cima podre de rica, estava me deixando nervosa e com medo do que podiam achar de mim.

Não que eu ficasse me importando com o que falavam de mim, mas essa era uma situação diferente.

— E você tem mais sorte ainda, porque eles tem um filho que, porra, é um gato. Tem a nossa idade. — continuou Sophie com um sorriso malicioso.

Opa, agora as coisas estão ficando melhores.

— Sério? Qual o nome dele? — perguntei curiosa com o mesmo sorriso malicioso de Sophie.

— Luke. Luke Hemmings.

O nome ficou impregnado em minha mente, e eu comecei a sentir um pressentimento de que esse garoto Luke não iria sair tão fácil da minha cabeça. E da minha vida.