História Pérolas e Safiras - Epílogo

“Se você soubesse do brilho que tem, a sensação disso... Estou viciada no seu jeito, sob seu feitiço. Seu amor reina. Você me deixa dourada e agora que você sabe querido, você tem tudo de mim. Estou viciada no seu jeito, você está sob minha pele. Eu preciso do seu toque.” – Kylie Minogue, Cupid Boy.

Hinata POV

Estava tudo muito calmo. Um pouco doloroso, é verdade, mas não sentia mais a solidão e o medo da morte. Me sentia... Viva.

Não consegui entender de imediato o que me fez querer acordar do meu sono pacífico. Dava para escutar um sussurro próximo, ao mesmo tempo meio distorcido e distante. Aquele som era o que realmente exigia que eu acordasse e como se estivesse sob hipnose, meus olhos se abriram contra minha vontade. A luz repentina fez meus olhos arderem, os fechei por um instante, até que os abri e me acostumei com a leve claridade que adornava o quarto.

Reconheci o ambiente de imediato. Estava deitada na cama do meu quarto na mansão Otsutsuki. Percebi que o sussurro estava muito próximo a mim, na verdade ao meu lado. Lentamente me virei para lá e encontrei uma paisagem perfeita. Naruto estava ao meu lado, sentado numa cadeira perto da cama, com os braços apoiados no colchão.

Ele ainda não havia percebido que eu o observava, parecia sussurrar orações e preces fervorosas para que Kami me ajudasse. Não consegui falar nada ou me mover, queria continuar a olhá-lo, ver sua boca se mover rapidamente com palavras inspiradoras e tocantes, seu semblante concentrado e sério. Percebi que necessitava dormir, olheiras formavam poças arroxeadas abaixo de seus olhos fortemente cerrados, havia uma barba loura e rala crescendo em seu rosto, deixando-o com a aparência mais abatida. Meu coração se apertou com aquela visão, não gostava vê-lo assim, triste e desanimado. Não parecia ser aquele garoto que se transformou num homem confiante e poderoso, que enfrentou diversos perigos se saindo vitorioso. Maior parte dessas vitórias foram conquistadas por palavras. Palavras essas que sempre me incentivaram.

- Você deveria estar dormindo... – Falei roucamente, sentindo as palavras arranharem minha garganta ressecada.

Ele abriu os olhos de imediato ao escutar minha voz baixa, seu rosto repentinamente ficou brilhante ao me ver acordada, o encarando com firmeza. Um enorme sorriso se alastrou em seu rosto abatido, tomando vida, como se eu tivesse lhe trazido de volta a felicidade. Era um sorriso caloroso de boas vindas e como num passe de mágica, as dores do meu corpo desapareceram, restando apenas o meu coração batendo desenfreado. Louco por ele.

- Você e suas preocupações... – Naruto resmungou sem saber se ria ou se chorava. – Eu fiquei preocupado.

Confidenciou demonstrando um medo agonizante, que fez meu peito doer com intensidade. Mas como apareceu, sua dor sumiu revelando um alívio que tornou suas feições mais suaves. Eu sorri lateralmente, enquanto tocava com cuidado o seu rosto. A barba por fazer fez cócegas nas pontas dos meus dedos. Ele é tão lindo. Tão sensível... Ah, a cada dia me encantava ainda mais por ele.

- O que aconteceu? – Perguntei repentinamente me lembrando dos acontecimentos anteriores. Eram flashes dolorosos e meio borrados, mas queria entender se Kaguya havia sido finalmente derrotada. Se tudo estava bem.

- Hey! Calma aí, senão os pontos irão reabrir. – Ele resmungou calmamente ao perceber minha agitação. – As coisas estão bem. Conseguimos derrotar Kaguya, mas quando seu poder acabou, o corte que Hayato fez em você reabriu e quase... – Naruto hesitou em falar por um instante e isso me deixou temerosa. Seus olhos baixaram para cama e focalizaram algo, segundos depois senti uma de suas mãos segurarem firmemente a minha mão. Respirando fundo continuou seu relato. – Seu coração parou de bater por quase vinte minutos. – Revelou voltando a me olhar nos olhos e vi no cristalino daquele azul, uma tristeza e desespero profundos, enlouquecedoras. Ele havia sofrido. – Nunca faça isso de novo, tá certo? Não quero te perder...

Admitiu com a voz quebrada e percebi que tentava não chorar na minha frente. Era desolador e angustiante sentir seus medos e temores. Naruto me fazia lembrar uma criança assustada, perdido em uma imensidão obscura. Era de quebrar meu coração.

E com todo o amor que tenho, tentei transmitir calma e serenidade. Com lentidão me sentei na cama, me sentindo revigorada e mais forte do que nunca. Ignorando algumas pontadas incomodas em meu peito, agarrei a blusa preta que vestia e o abracei com foça. Abraçá-lo era uma sensação diferente e incrível, se apenas segurando sua mão me sentia segura, abraçando-o me sinto em casa, completamente aconchegada. Seus braços me envolveram com firmeza e determinação. Naruto suspirou, como se finalmente estivesse se sentindo melhor e mais tranquilo.

Passamos durante um bom tempo abraçados e depois que nos separamos sorri envergonhada para ele, que retribuiu com um sorriso aberto e acalentador. Desviei meus olhos para a janela e vi que ainda estava de manhã, o sol brilhava no lado de fora. Não nevava mais, mas sei que a neve derreteria em breve.

Curiosa, acabei bombardeando Naruto com perguntar cruciais. Descobri que havia ficado inconsciente por três dias, havia perdido muito sangue e que foi necessário substituir a perda. Shizune foi à voluntária para doar um pouco do seu sangue devido à compatibilidade. Eu havia perdido o sepultamento do corpo do Toshida, coisa que me fez ficar melancólica. Não pude evitar ficar triste pela morte de Kaguya e Hayato. Eles não fizeram coisas boas, mas se amavam e esse amor foi o que lhes causou a morte. Apenas desejo que onde quer que esteja suas almas tenham se encontrado.

- Eu andei pensando muito nesses dias... – Naruto disse de maneira nervosa. Vi que o assunto que queria abordar parecia incomodá-lo. Dava até para sentir sua agitação de longe. Minhas sobrancelhas se juntaram, fiquei curiosa com a mudança de atmosfera.

- Pensando no que? – O questionei enquanto agarrava sua mão que estava fria e tremula. Comecei a me preocupar com ele.

- Muitas coisas, sabe? – Ele falou meio sem jeito. Eu não percebi de imediato, mas minha cabeça se inclinou um pouco, tentei decifrá-lo, mas tudo o que conseguia ver era nervosismo. Seus olhos não paravam quietos.

- E o que seria? – Instiguei tentando fazer com que a atmosfera ficasse menos tensa e nervosa. Deu para escutar que engoliu em seco, sua respiração tremeu em um instante.

Naruto fechou os olhos por um momento e senti o aperto em minha mão ficar mais forte. Parecia estar tendo um conflito interno, mas quando seus olhos repentinamente abriram e se firmaram nos meus, tive de ofegar devido a uma emoção intensa que encontrei neles. Agora ele estava mais decidido, mais intenso que o comum.

- Sobre nós. – Ele falou com seriedade, sem jamais permitir que eu desviasse um milímetro do seu olhar. Meu coração deu um salto, assustado com a ferocidade que ele transmitia. Um pavor angustiante e pegajoso dominou meu peito. Parecia que Naruto iria me abandonar... Não. Isso não pode ser... – Eu pensei em várias maneiras de te dizer isso... Pensei várias palavras... Mas como todas as vezes que chega a hora, eu as esqueço!

Ele riu nervosamente e eu apenas o segui, sem conseguir deixar de encará-lo, com medo do que viria a seguir de sua boca. Tenho certeza de que se tudo fosse acabar agora, eu estaria arruinada e meu coração não sobreviveria depois disso. Eu o amo demais para perdê-lo.

- Mas daí me lembro que nunca fui bom com as palavras e sim com ações... – Naruto falou com seriedade, deixando um sorriso nervoso estremecer seus lábios. Rapidamente desviou seus olhos dos meus e caçou alguma coisa em seus bolsos, segundos depois pareceu encontrar o que queria e voltou a segurar minha mão. Eu nunca senti suas mãos tão instáveis como agora. – Eu queria fazer isso de uma maneira mais... Sei lá, romântica... Mas eu não sei como fazer, então resolvi improvisar.

Meu coração não parava quieto, minha respiração já estava irregular. Não sabia o que pensar, não entendia o que estava acontecendo, mas aquelas palavras fizeram algo dentro de mim remexer. Não era uma sensação desconfortável, era mais espontânea e explosiva. Até que Naruto deu sua cartada e me encontrei sem reações.

A minha frente estendeu algo que não esperava. Sonhava, entretanto nunca imaginei ser possível. Entre seu polegar e indicador, ele exibia um trançado de dois galhos, formando uma aliança rudimentar e artesanal.

- Eu sei que isso não é uma joia ou algo que esteja aos seus pés, mas... Queria te dar algo, prometo que é provisório. Quando voltarmos para Konoha, eu vou comprar um anel com um diamante enorme. – Ele falou em disparada, mal dando tempo para respirar. Eu não me contive e acabei rindo, Naruto também riu comigo, entretanto voltou a ficar sério e continuou seu discurso. – Enfim, eu quero que você saiba que, aceitando esse anel – falou enquanto o estendia em minha direção. – você estará aceitando ser minha mulher. Minha esposa. – Não pude me controlar, as lágrimas caíram sem minha permissão. A visão dele ficou meio borrada, contudo não permiti que desaparecesse dos meus olhos. – Hyuuga Hinata, eu quero te pedir que aceite meu nome, meu amor e toda minha gratidão por permitir amá-la. E também tenho que dizer, que nesses dezenove anos, nunca me senti tão amado e completo quando estou com você... – Disse com a voz profunda e os olhos penetrantes. – Aceita ser a senhora Uzumaki?

Eu não pude responder. Minha voz não saia devido a garganta estar inchada. As emoções antes contidas transbordaram em lágrimas e risadas suaves. Nunca me senti tão leve, querida e amada. Com esse meu silêncio repentino, o rosto do meu louro ficou pálido e tenso. Minha crise de risos apenas piorou sua situação, parecendo deixa-lo agoniado, provavelmente pensando que eu estivesse zombando dele.

Para silenciar tais pensamentos negativos, consegui finalmente esboçar uma resposta. Um pouco agressivo, mas não pude conter esse meu gesto expansivo. Eu puxei Naruto para um beijo desesperado e frenético. Ele ficou um bom tempo estático, sem saber como reagir, entretanto cedeu rapidamente ao entender de que aquilo se tratava de uma resposta. Nada convencional, mas o que era convencional em nossa relação?

- Então você aceita? – Ele perguntou ofegante depois que quebramos o beijo, nossas testas estavam coladas e senti sua respiração abrasiva em meu rosto. O desejo que sentia por ele apenas aumentava.

- Sim, sim, sim! – Respondi enfaticamente e em troca recebi sua deliciosa risada.

- Ufa! Achei que você não me quisesse. – Disse visivelmente aliviado, nos separou minimamente apenas para colocar o anel no meu dedo. – Eu sei que esse anel é muito fajuto. – Ele resmungou para mim, desviando o olhar envergonhado com o que estava oferecendo. – O teme me disse que era pra te dar uma joia enorme, mas não acho que você gostaria disso... Mas se você quiser, eu posso ver o que dá pra comprar aqui e...

Eu o impedi de falar colocando o indicador em seus lábios. Sorri alegremente para ele, ainda nas nuvens com o que estava acontecendo.

- Eu não ligo para o anel... – Falei revirando os olhos. Naruto apenas riu. – O que importa é o quanto ele vale. Não pode valer rios de dinheiro, mas foi você que fez, então ele tem um valor inestimável para mim.

Afirmei com convicção, tocando o seu rosto para não permitir que seus olhos escapassem dos meus. Automaticamente meus olhos desceram para seus lábios, para se deleitarem com um sorriso de tirar o fôlego. Naruto sem falar mais nada me puxou para um beijo suave e calmo. Meu coração nunca bateu tão feliz, agora me encaixava em algo. Me sentia pronta para enfrentar qualquer coisa.

A porta do quarto se abre, nos obrigando a nos separar apressadamente. Senti meu rosto esquentar, mas não pude esconder o sorriso, que teimava em revelar a nossa situação.

Envergonhada por ter sido flagrada, observo minha sensei entrar no quarto calmamente. Ela tinha um sorriso misterioso, entretanto estava com os olhos brilhantes em me ver acordada. Kurenai se sentou ao meu lado na cama, Naruto olhava para todos os cantos do quarto, menos para minha sensei.

- Desculpa se interrompi vocês. – Ela falou bem humorada e isso apenas fez com que nós dois corássemos.  – Vejo que está bem melhor, Hinata.

O tom maternal que usava comigo, apenas me fez sentir melhor e momentaneamente me permiti esquecer um pouco meu constrangimento. Concordei com que falou e sorri. Kurenai olhou para o Naruto e franziu o cenho devido algum pensamento.

- Você não deveria estar aqui... – Ela falou recriminadora, fazendo com que ele se encolhesse. – Tsunade-sama deixou o Sasuke-san... Onde ele está?

- Ele – Naruto pigarreou antes de voltar a falar, eu apenas voltava meu olhar para os dois, tentando entender alguma coisa. – Ele teve de ir ao banheiro, então fiquei no lugar dele.

- Eu sei que você está mentindo. – Kurenai disse com as sobrancelhas arqueadas e um sorriso brincalhão no rosto, parecia se divertir com o nervosismo do Naruto. – Vá tomar um banho e comer alguma coisa, eu fico com a Hinata... Ah! Tome cuidado para a Tsunade-sama não descobrir que você estava aqui, está bem?

Para a minha incredulidade, Naruto a obedeceu e saiu do quarto com pressa. Antes de sair, refez o caminho apressadamente e me deu um beijo rápido, depois disso correu para fora do quarto. Claro que fiquei um pimentão de vermelha, mas a risada da Kurenai apenas me fez relaxar. Eu soltei uma risada baixa e envergonhada, entretanto tive de parar ao sentir uma fisgada na minha pele.

Isso preocupou minha sensei, entretanto a tranquilizei. Contudo, depois que Naruto saiu, voltei a sentir as dores do meu corpo. Parecia que eu havia sido pisoteada por um elefante.

- Isso não me surpreende... – Ela disse de repente, olhando atentamente para o meu improvisado anel. Fiquei meio confusa com o que havia dito. – Não faça essa cara! – Me repreendeu de bom humor. – Era óbvio que isso ia acontecer algum dia. A relação de vocês mudou muito... Ele ficou muito desolado em te ver quase morta.

Disse com evidente pesar e me senti estremecer ao ter lembranças da luta, onde quase perdi o Naruto, que estava perdendo o controle de suas ações. Antes que eu me fechasse em pensamentos, Kurenai voltou a falar coisas que Naruto ocultou. A Hokage havia o proibido de me ver, até que ele descansasse, pois havia passado dois dias seguidos acordado, sempre ao meu lado.

- Desde que Tsunade-sama o ensinou algumas orações, ele não parou de rezar e pedir que você ficasse bem. – Disse enquanto pegava na minha mão.

Ela sorriu amavelmente e disse estar orgulhosa de mim. Que sempre acreditou na minha recuperação, admitiu que ficou preocupada e quase se juntou a equipe de busca para sair a minha procura. Apenas não o fez por que não queria deixar seu filho sozinho aos cuidados de outra pessoa. Ela também me contou que a situação no clã não estava a das melhores. De acordo com seu relato, meu pai havia ficado apático pelos cinco meses que passei desaparecida, mas que ao ter notícias minhas voltou a ter reações positivas. Era uma história um pouco complicada de escutar e digerir, entretanto eu sentia falta do meu pai e da Hanabi.

Nesse meio tempo, Shizune entrou no quarto meio apressada e alegremente me cumprimentou, estava feliz por me ver bem. Com habilidade começou a me examinar, já que Tsunade estava descansando no momento. Depois de alguns segundos me avaliando e aliviando minhas dores, ela parou o que fazia e sorriu suavemente para mim.

- Vocês tiveram muita sorte! – Disse enquanto tirava uma mecha de cabelo que caiu em seus olhos. – Foi um milagre você não o ter perdido. Quando o examinei, nem acreditei! Ele vai ser muito forte, então trate de se alimentar muito bem, certo?

- Ele quem, Shizune-senpai? – Eu a questionei confusa com a história, troquei um olhar com Kurenai e ela me respondeu dando de ombros, também não havia compreendido.

 - Ora! – Shizune exclamou contrariada por não estar sendo levara a sério. – Estou falando do seu filho, Hinata-chan!

- Meu o que?! – Perguntei exaltada.

- Você não sabia que está grávida? – Ela me perguntou lentamente, fazendo com que eu tivesse tempo de assimilar as palavras. Minha boca ficou levemente aberta, tentei falar alguma coisa, mas nada saia. Existia apenas confusão. – Hinata-chan... Pelos meus cálculos, você já deve estar com oito semanas de gestação. Você não percebeu nada?

Eu nada respondi, apenas encarei o vazio, sem saber o que dizer, de que maneira devo reagir. Tinha até medo de me mover. Kurenai parecia estar estática também, mas diferente de mim tinha lágrimas nos olhos e um sorriso que transbordava felicidade.

- Grá... Grávida?! – Alguém na porta do quarto falou ofegante e assustado.

Todas nos voltamos para a porta e vi que era o Naruto. Ele havia tomado banho e parecia estar renovado, mas sua cara surpresa e petrificada era igual a minha.

- Dobe... Dobe... – Sasuke estalou a língua várias vezes em reprovação, enquanto dava tapinhas no ombro do Naruto, que o olhou com os olhos arregalados, pego em completa surpresa. – Você devia ter sido mais cuidadoso, sabe? – Falou debochadamente, ignorando a repentina imobilidade do amigo. – Mas quem sabe não é uma menina? Assim meu garotão vai ter uma namorada.

Dessa vez o Uchiha riu rudemente. Contudo, suas risadas foram silenciadas pelo grito do meu noivo.

- Seu filho o que?! – Seu rosto tomou vida, saindo da imobilidade para a raiva, ele repentinamente começou a ficar vermelho e seus olhos abrasivos. – As patas do seu filho jamais tocaram a minha menininha! Tô certo!

Sasuke sorriu para ele e o congratulou, decidido a ignorar a fala anterior. Naruto fez uma careta em irritação, mas pareceu ter assimilado a ideia mais rápido do que eu. Quando veio e se sentou na cadeira ao meu lado, todos do quarto pediram licença e nos deixaram a sós.

Naruto me olhou com um sorriso enorme, que foi morrendo lentamente ao ver o espanto gravado em minhas feições. Eu estava chocada, paralisada de medo. Havia acontecido tanta coisa, havia feito muita coisa, mas ainda assim meu filho sobreviveu...

Acorda garota! Você vai ser mãe!

- Aconteceu alguma coisa? – Naruto me questionou com hesitação ao ver que eu voltava a chorar. Eu me perguntava em como não havia percebido minha gravidez... Em como eu havia sido tão estúpida... – Você não gostou da notícia, certo?

Ele me perguntou temeroso, sua expressão agora estava triste e cabisbaixa.

- Não é isso! – Falei meio estressada, sem conseguir controlar um pânico crescente. Naruto me olhou desolado, exigindo respostas. – Eu... E-eu estou com raiva de mim! Eu poderia tê-lo perdido... Por minha culpa, eu poderia ter matado meu filho...

- Ei, ei! – Ele tentou ser diplomático e agarrou minha mão pedindo calma. – Você não tem culpa de tudo. E-eu também fui descuidado... – Disse enquanto corava levemente, eu revirei meus olhos, não querendo rir do que havia falado. – O importante agora é que vocês estão bem e nada vai mudar isso.

Suspirei tendo de aceitar suas palavras. Com o tempo a raiva foi desaparecendo e uma felicidade pura e abrasante foi tomando conta de mim. Abri um sorriso hesitante e lentamente toquei minha barriga ainda plana, mas toquei com cuidado, tinha medo de machucar o pontinho que crescia em mim. Era uma sensação tão mágica e indescritível, saber que tem algo crescendo dentro de você era... Maravilhoso!

- Eu posso tocar? – Naruto pediu com a voz baixa e emocionada, me fazendo acordar dos meus pensamentos. Mesmo não tendo muito que sentir, permiti e com suavidade peguei sua mão. Quando sua mão tocou meu abdome, ele permaneceu estático, sem saber momentaneamente o que fazer. Até que novamente me surpreendeu. – Hey, bebê! – Disse com a boca próxima ao meu abdome. Soltamos uma risada nervosa com sua tentativa, mas rapidamente continuou. – Sabe... Você nos deu um susto aqui. Sua mãe tá uma pilha de nervos. – Revirei meus olhos e neguei enfaticamente com a cabeça. Ele deu de ombros e continuou. – Mas a gente vai te proteger, está bem? Não precisa ter medo.

Ele parou um tempinho de falar e me olhou, tentando confirmar se o que estava fazendo era certo. Acenei com a cabeça e lentamente sua mão acariciou meu abdome. Seus movimentos suaves eram reconfortantes.

- Escuta... – Ele novamente voltou a falar. Dessa vez parecia estar mais emocionado. Eu me segurei para não chorar, era tão lindo ver aquilo. – Eu não posso ter tido a chance de ser criado pelos meus pais e sua mãe não teve o carinho do pai dela, mas vamos cuidar de você direitinho! Vamos te dar amor, carinho... Eu vou te treinar para ser o próximo Hokage que nem eu, o meu pai e a vovó! Vou te ensinar um monte de jutsu e a Técnica sexy...

- Não! – Proibi séria, mas não pude conter a risada ao ver a careta chateada do meu noivo. – E se for uma menina?

Perguntei curiosa com a reação dele. Suas sobrancelhas louras arquearam e se permitiu parar um tempo para pensar.

- Se você for menina... – Ele voltou a conversar com o bebê. – Vou te ensinar um monte de golpe. Principalmente para quebrar o filho do teme quando tentar chegar perto de você! – Comecei a rir, entretanto tive de me conter e voltar a ficar séria ao ver a expressão raivosa dele. Naruto falava sério. – Não ri Hinata! Isso é sério! Se nossa filha for linda igual a você vamos ter um problema! – Ele exclamou evidentemente enciumado. Minhas risadas se tornaram constantes. – Olha aqui mocinha... – Falou novamente com o bebê. – Ignore sua mãe. Você só vai namorar quando tiver trinta anos e quero que isso aconteça na minha frente. Estamos entendidos?

Meu sorriso se tornou enorme ao ver que por dentro de todo esse ciúme existia um amor puro e verdadeiro. Naruto já amava o nosso filho. E juntos estamos iniciando nossa família, que seria unida e determinada. Um futuro promissor.

Distrai Naruto de sua conversa puxando-o para um beijo sincero de alegria. Ele não achou ruim por tê-lo interrompido, na verdade começou a se empolgar até demais. Entretanto tive de contê-lo ao me lembrar de uma coisa, onde da qual sei que causaria um grande problema.

- Naruto-kun? – O chamei enquanto recusava suas investidas.

- O que? – Ele respondeu desanimado por estar atrapalhando. Mas aquilo não podia esperar.

- Eu estava pensando...

- Hum?

Me instigou a continuar falando, agora dando evidências de que estava ficando curioso em saber onde essa conversa ia parar.

- Quando vamos contar ao meu pai?

E pela primeira vez na minha vida vi Uzumaki Naruto entrar em completo pânico.