História Petit Moment - Uma simples tarde

— Isso não é comida.  — O tom de Kaiba estava carregado de reprovação e seu rosto se contorcia em uma careta ao sentir o cheiro do macarrão instantâneo toma conta do cômodo, não era tão forte, mas para alguém que nunca teve contato com aquele tipo de comida era realmente forte e desagradável.  — Só tem sal e nenhuma proteína ou vitamina, só vai te ajudar a ter um ataque cardíaco.

Joey revirou um pouco seus olhos ao escutar aquela observação de Seto, parecia que ele estava escutando sua mãe reclamar de seus hábitos.  

— Eu gosto de sal e gosto disso. — Respondeu Joey em um tom meio alto, ele realmente estava tentando não se exaltar naquele momento, já havia brigado com Kaiba duas vezes aquele dia e não era nem duas da tarde. — Você fala como se fosse um velho de cinquenta anos.   

— Eu apenas estou falando que não faz bem comer essas coisas. — Disse Seto em um tom calmo conforme mantinha seus olhos focados no pequeno gato que dormia em seu colo.  

— Ainda parece um velho. — Joey rebateu enquanto observava o macarrão dentro do pequeno copo de plástico. Joey sabia que aquilo não era uma refeição incrível, mas era o que tinha dinheiro para pagar e era prático.  Sim, ele estava ganhando muito bem trabalhando para Kaiba, mas essa era a primeira vez em sua vida que tinha um salário decente. Antes disso ficava em dúvida se comprava comida ou pagava seu aluguel, por isso optava por comprar apenas cup noodles, era barato e gostoso. Ele sempre tomava um cuidado para não repetir muito os sabores, pois podia acabar enjoando. Naquela tarde havia escolhido Udon, ele vinha até com uma fatia de Tofu frito, como Kaiba podia dizer que aquilo não era saudável? 

Joey pegou o pedaço de tofu com seu hashi e o colocou por inteiro na boca, o que deixava um pouco do molho escorrer pelo canto da boca, ele usou sua língua para limpar. Tudo isso acontecia e Seto observava do sofá com uma expressão de indignação misturada com nojo. O mais velho começava a se questionar o por que daquele garoto o atrair.  Joey era bonito, isso era algo que não podia negar, o loiro era uma das pessoas mais bonitas que Seto já havia visto, tudo isso devido seus traços exóticos. Ele era diferente de todas as pessoas de Domino, ele se destacava entre elas. A mistura de seus traços americanos com os asiáticos.  Sua pele tinha aquele bronzeado natural, que combinava tão bem com aquele cabelos dourados. Há dois anos, Seto tinha certeza que tudo o que sentia era apenas físico, mas agora tinha uma necessidade estranha de estar perto dele, aquilo não era mais físico. Seto já teve diversos casos de uma noite só, na verdade todos seus relacionamentos até o momento foram assim e ele nunca sentiu necessidade de ficar perto das pessoas.  

— Você é nojento. — Disse Seto em um tom baixo enquanto pegava o pequeno gato que dormia em seu colo e o colocou para o lado. — Se limpe com alguma coisa e não com sua língua. 

Joey revirou seus olhos ao escutar aquilo, se questionava como Seto podia ser tão chato e implicar com tudo.  

—Puta merda, eu estou na minha casa! — Disse em um tom alto.  

— Não significa que precisa se comportar como um selvagem! 

— Eu não sou selvagem, apenas estou em casa!  

— Mas poderia se limpar como alguma coisa, fazer isso apenas te deixa sujo com saliva. 

Joey se questionou como Seto poderia ser daquele jeito, ele estava tentando enlouquecê-lo?   

Seto por sua vez se questionava quando aqueles sentimentos por Wheeler apareceram.  Ele sempre ignorou todo mundo, as provocações de Joey eram as únicas que respondia.  Talvez isso tenha começado na ilha dos duelistas.  Aquele tinha sido o primeiro duelo deles, ver Joey de joelhos, a forma que ele o segurou pela gola… Nessa época ainda era físico demais, talvez nesses anos que ficaram juntos tenha aprendido a reagir e gostar daquelas provocações idiotas. 

— Você realmente está tentando me deixar louco? — Perguntou Joey que puxava seu copo de macarrão para mais perto de seus lábios e foi comendo de uma forma rápida.  — Já brigamos duas vezes hoje,Kaiba. Estou cansado demais. 

— Eu não estou querendo brigar, apenas comentei sobre o que come. — Respondia conforme se levantava do sofá e sentava na frente do loiro.  

— Não é todo mundo que tem um chef para preparar todas suas refeições. — Murmurava o menor que ficava mexendo o olho com seus hashis. — E sem contar isso é bem mais barato. Assim como você eu tive que me virar sozinho desde o ensino médio, a diferença que morava aqui sozinho e você na mansão com empregados.  

Seto ficou fitando o garoto a sua frente, devido aqueles tons azulados seu olhar se tornava mais intenso, Joey sentia que o mais velho estava olhando para sua alma, na verdade parecia que poderia ler seus pensamentos. 

— Não vou mais falar sobre isso. — Declarou Seto que cruzava seus braços. 

— Obrigado. — Agradeceu Joey que tocou o copo de plástico em seus lábios e o virou devagar para poder tomar o resto. 

Seto ficou em silêncio, seu celular estava em suas mãos e ficava respondendo as mensagens de seu irmão. Mokuba questionava onde ele estava e se estava bem. Ele respondia que estava tudo certo e que não precisava se preocupar, era óbvio que não contaria que estava na casa de Joey, seu irmão não precisava saber disso, ainda não pelo menos.  

 — Você só trabalha. — Comentou Joey que terminava seu almoço e deixava o copo sobre a mesa e limpava seus lábios com as costas de sua mão. — Deveria relaxar um pouco. 

— Não estou trabalhando. — Respondeu Seto conforme apagava a tela de seu celular e o deixava sobre a mesa. — Mokuba estava preocupado comigo, eu ia para casa depois do almoço.  

— E acabou parando na minha casa. — Observo Joey em um tom calmo enquanto olhava na direção do sofá e depois para cozinha, sabia que ainda ia demorar um pouco para as roupas do maior secarem e Seto não sairia dali sem pegá-las.  — Quer ver um filme? Digo, você faz isso?  

Seto deu uma risada baixa ao escutar aquele comentário. 

— Sim, eu assisto filmes. — Respondeu em um tom calmo conforme apoiava o seu cotovelo esquerdo sobre a mesa e apoiava sua cabeça na mão.  

— Aposto que são filmes chatos que ninguém entende nada, mas você entende porque é muito inteligente. — Joey se espreguiçou enquanto olhava na direção do sofá e via o gato pulando para o tapete e deitando na frente do aquecedor.  — Se quiser também podemos jogar algo… Embora eu sinta que não é uma boa ideia.  

— Por que? — Perguntava Seto arqueando sua sobrancelha esquerda. 

— Kaiba, você é o cara mais competitivo que eu conheço. — Disse Joey enquanto dava uma risada. — Se eu te ganhar, eu tenho medo que me mate. Eu lembro como olhava para Yugi. Se você tivesse uma faca no meio dos duelos… Meu deus, eu sinto que meu melhor amigo já estaria morto hã muito tempo.  

Seto revirou seus olhos, aquilo podia ser verdade, ele era uma pessoa competitiva demais e não reagia muito bem a derrota.  

— Podemos apenas ver o filme então.  — Disse Seto um pouco emburrado. — Mas eu escolho. 

— Não! — Joey falou em um tom alto enquanto batia no braço que Seto usava para se apoia, o fazendo se desequilibrar um pouco, quase batendo seu rosto contra a mesa. — Você vai escolher alguma coisa chata!  Aposto que seu gosto é ruim! 

O mais velho ficou claramente irritado por aquele gesto, ele chegou muito perto de bater seu rosto na mesa e o olho nos olhos.  Estendeu sua mão apontando para o loiro. 

— Por causa disso, eu vou escolher e você não vai reclamar! 

Joey se jogou no chão de uma forma dramática, ele pensou que poderia usar o drama ao seu favor, sabia que o mais velho sentia algo por ele, poderia usar. 

— Eu vou te odiar para sempre se fizer isso! — Choramingava Joey que seguia jogado no chão. — Eu fiz aquilo como forma de demonstrar o que sinto… Mas você está sendo cruel comigo, está sendo cruel comigo desde que chegou aqui.

Seto revirou seus olhos e sorrio de forma cínica conforme se levantou e ficou de pé ao lado do garoto, o cutucando com seu pé.  

— Joey, eu crio um adolescente e talvez você não saiba, mas Mokuba é o rei do drama, ele já fez esse truque de chantagem comigo e não funcionou.  Agora saia do chão antes que fique doente. 

Joey se sentou com um beicinho se formando em seus lábios, cruzou seus braços e ficou olhando para o mais velho parado a sua frente. 

— Você é cruel! 

— Uhum. — Fez Seto que voltava para o sofá e pegava o controle da tv que estava jogado no meio das cobertas. 

Realmente, Seto era imune a chantagem e deveria agradecer isso a Mokuba. Conforme se levantava Joey observava a cena de Seto Kaiba sentado em seu sofá, usando sua blusa. Aquilo era bizarro, quando eles se tornaram tão próximos, ele estavam se matando mais cedo no elevador.  

— Seto.  — O moreno franziu seu cenho ao escutar seu primeiro nome ser chamado.

— Por que me chamou assim? — Perguntou.

— O que a gente tem? — Perguntou conforme cruzava seus braços e se sentava no canto do sofá. — Digo, eu não sou gay e não quero que a gente esteja namorando e nem nada. 

Seto realmente queria revirar de novo seus olhos, ele reparou que fazia isso muito quando estava na presença do loiro.  Acabou apenas respirando fundo  antes de bufar.  Ele se lembrou do que o garoto tinha falado, ele estava confuso sobre sexualidade, não podia pressioná-lo a assumir alguma coisa que não tinha certeza. Não era todo mundo que aceitava as coisas com facilidade, como Seto havia feito. 

— Estamos apenas escolhendo um filme. — Respondeu Seto em um tom calmo e voltou seu olhar para a televisão. — Essa é uma boa forma de esperar minhas roupas secarem e se a gente evitar de se falar as chances de um matar o outro são baixas.  E não posso matar um funcionário meu. 

— Isso é verdade. — Concordou Joey sorrindo enquanto puxava as cobertas para cima de seu corpo.  

Realmente os gostos de Kaiba eram diferentes dos de Joey, e ele percebeu isso assim que abriu o streaming, os filmes e séries que apareciam nas sugestões não conseguiam chamar sua atenção, eram os típicos filmes que nunca veria e apenas ignorar.  Ele poderia escolher alguma coisa que costumava ver, mas sabia que não faria o gosto do loiro e apenas o deixaria entediado em seu canto. Isso era estranho, só agia dessa forma com Mokuba, sempre buscava escolher alguma coisa que agradasse mais o irmão do que a si próprio, mas agora estava com esse mesmo pensamento com Wheeler.  

— Por favor, não escolha um documentário. — Pedia o loiro que se encolhia mais dentro das cobertas.  

— Não vou. — Respondeu Seto em um tom calmo conforme parava sobre um filme que já tinha visto no passado e tinha lido o livro quando mais jovem. Não era um de seus favoritos, mas seguia um estilo bem hollywoodiano, algo que poderia agradar o outro e não seria algo tedioso. 

— Você assiste Gatsby? —  Questionou Joey que lançava um olhar de surpresa ao moreno. 

—  Você sabe o que é Gatsby?  —  Seto também ficou surpreso, nunca achou que Joey fosse se interessar por um filme do gênero. 

—  É um filme de romance.  —  Respondeu conforme revirava seus olhos, ficou visível que ele não queria ver aquele filme.  

—  E sobre uma traição. —   Respondia Seto que revirava seus olhos e se mantinha quieto em seu canto conforme mantinha seus olhos focados na tela.  

Joey realmente fez um esforço para parecer insatisfeito com a escolha, mas aos pouco foi se deixando ser entretido pela história, talvez o fato de ter atores populares tenha ajudado bastante, mas a questão é que Joey já estava um pouco mais inclinado para frente da tv e se deixava entrar naquele pequeno universo.  

Seto, por já saber tudo que aconteceria não se importava muito em olhar para tela, na verdade a quase todo momento ele se pegava encarando o garoto ao seu lado. Ele estava satisfeito em ver que tinha achado alguma coisa que prendeu a atenção do mesmo. 

Só agora percebia que poderia passar dias admirando aquele idiota, cada detalhe de seu rosto era interessante. Seus cabelos loiros começavam a secar e ficava mais armados que o normal, Joey apenas os ajeitava passando sua mão, tentava jogar sua franja para trás, mas ela voltava para o mesmo lugar.  

As horas foram passando, assim como o filme. Seto estava com suas costas encontradas no braço do sofá e seus braços cruzados, ele havia deixando suas pernas sobre as de Wheeler, como costumava fazer, Joey estava entretido demais para se importar. 

—   Ela não ligou… —   Disse Joey em um tom baixo, isso era algo novo e que Seto não sabia sobre o outro, ele era sensível ou tinha se deixado levar demais pela história. — Ele morreu sozinho e ela não se importou! —   Dizia Joey em um tom mais indignado enquanto lançava um olhar sério para o mais velho.  

—   A vida é assim, Wheeler. 

—   Ele foi morto por causa dela! —   Falava em seu tom alto. —   E ela foi embora como se nada tivesse acontecido! Ela foi embora com o cara que ela não gostava! 

Seto deu de ombros enquanto voltou a observar a tv e ficou observando os créditos. 

—   Ela não amava ele. —   Respondia Seto em seu tom neutro. —   Era apenas uma aventura.  

Joey seguia indignado em seu canto e assim cruzou de novo e se jogou no sofá. 

—   Eu odeio os filmes que você gosta!   —  Declarou Joey, isso fez o outro ri. 

—   Você só viu um filme.  

—   Mas eu já sei que todos devem ser assim! Quem é que vê um filme com um final triste? — Questionava Joey que se virava também e ficava olhando o rosto de Seto. —   Você é sádico e esquisito! Ninguém deveria sair de um filme triste! 

—   Esse filme não é triste. —   Rebateu conforme puxava seu celular para quer o horário, estava perto das seis horas, deveria pensar em voltar para casa, mas estava realmente gostando da companhia de Joey, embora eles passaram duas horas calados e agora que estavam conversando de novo poderia começar a brigar a qualquer momento.  

 —  Claro que é! —   Disse em um tom alto conforme apontava para tv. —   Ele morreu sozinho na piscina com um tiro no peito, ouvindo o telefone tocando! Ele acha que está desapontando a garota, mas ela nem ligou para ele! 

—   É uma morte poética.  Ele afunda, o maior medo dele.  

—   Não é poético morrer afogado e perdendo sangue! 

Joey era tão barulhento. Ele seguiu questionando coisas aleatórias sobre o filme e por mais estúpidas que fossem suas perguntas elas agradavam o mais velho, ele tinha prestado atenção, havia se esforçado para fazer isso. 

—  E o que acontece. As pessoas morrem sozinhas! — Assim que o mais velho falou aqui o loiro abaixou sua cabeça.

 —   As pessoas morrem sozinhas apenas se elas quiserem…—   Aquele comentário realmente havia deixado Joey triste, não era algo que ele gostava de ouvir e algo que não acreditava, afinal, seus amigos nunca o abandonaram. 

Um sorriso surgiu nos lábios do mais velho que estendeu sua mão para afagar o rosto do outro. Joey se afastou um pouco e fez uma careta 

—   Seus dedos ainda são gelados, isso queima.  

Eles tinham um contato visual, o que era bom, mas Seto podia ver toda a confusão que se passava na cabeça do outro, seus olhos pareciam um pouco perdidos naquele momento, mas para sua surpresa Joey se aproximou, Seto só precisou se ergue um pouco para selar seus lábios.  

—  Vou tentar não te tocar. —   Sussurrou entre seus lábios conforme o puxava pela barra da camisa preta que usava. Foi aprofundando aquele beijo aos pouco, ele queria tentar ir até o fm com Wheeler, mas não sabia se conseguiria isso, provavelmente seria interrompido por ele próprio. 

—  Você ficou o filme todo me olhando, você é tão esquisito. —   Joey parou o beijo por um breve momento para fazer o comentário, mas se arrepende. Quando seus lábios se afastaram Seto aproveitou para descer até seu pescoço. Sentir os lábios do outro naquela região provocou um arrepio enorme em seu corpo e acabou deixando um gemido escapar de seus lábios.  —   Seto… —   Chamou o nome do mais velho antes de levar sua destra até os cabelos castanhos do outro e puxá-los de leve.  As bochechas de Joey estavam mais do que vermelhas, na verdade ele sentia seu corpo inteiro quente, mas ainda estava tão confuso com tudo aquilo.  

Os beijos eram seguidos por mordidas fracas, não iria conseguir deixar marcas com aquilo, mas de certa forma criava uma ansiedade maior para Joey que estava praticamente grudado ao corpo do mais velho.  

—   Seto… —   Joey tentou mais uma vez chamá-lo, mas não teve uma resposta. Um misto de emoções tomava conta da mente do loiro, ele estava realmente desesperado pelo contato, mas a ansiedade ainda era grande e as coisas pioraram assim que sentiu as mãos do mais velho descerem por sua cintura até agarrarem suas nádegas e forçá-lo mais contra si. Isso foi o bastante para Joey voltar ao presente e empurrar o mais velho com certa força. 

 —   Chega, Kaiba! —   O tom de Joey era alto e ele acabou caindo de costas no sofá, sua respiração estava um pouco ofegante e sua expressão era de um pouco de medo.  O mais velho voltou de forma bruta a realidade e se sentiu muito mal quando viu a expressão que estava no rosto do menor. 

—   Eu… Joey eu… 

Joey balançou sua cabeça negativamente antes de abrir um pequeno sorriso de canto e se ajeitar. 

—   Está tudo bem… Apenas não faça isso de novo. —  Pediu em um tom calmo conforme puxava as cobertas para cima de seu corpo e fazia o mesmo para cobrir o corpo do outro. 

Joey se sentia um pouco mal por ter surtado ao ser tocado pelo outro e por isso pensou que teria de fazer alguma coisa para que não o deixasse triste ou irritado.  Se aproximou devagar e selou seus lábios brevemente.  —  Desculpe… Eu apenas… Isso é estranho demais para mim. 

—   Está tudo bem… —   Disse Seto que levou sua destra até os cabelos do mesmo e ficou os afagando, eles eram mais macios que Seto esperava. —   Tentarei não fazer isso de novo.  

Eles passaram o resto da tarde daquele jeito, Joey acabou adormecendo enquanto sentia as caricias em seus cabelos e ficou com a cabeça apoiada ao peitoral do maior.  Seto por sua vez ficou acordado mexendo em seu celular, ele via algumas coisas do trabalho, mas não conseguia se concentrar naquele momento. Não parou um único momento de afagar os cabelos do menor. 

Agora tinha certeza que estava se importando demais com aquele moleque idiota que estava ao seu lado. Ele nunca seria rejeitado por um de seus parceiros e seguiria no quarto na pessoa, provavelmente sairia bravo.  Mas estava ali mexendo em seu celular enquanto deixava Joey dormir sobre seu corpo.  E ainda fazia questão de mexer em seus cabelos, aquilo era tão idiota.  

—   Seto… —   Chamou o garoto em um tom arrastado conforme se ajeitava um pouco melhor no corpo do mais velho, passava sua perna por cima da dele. —   Você precisa ir para casa… ? 

—  Mokuba é o único me esperando. —   Respondia conforme observava seu celular, o irmão tinha mandando mensagem a pouco tempo, estava perguntando que hora ele pretendia voltar. —  Não posso deixar ele sozinho.  

Joey seguia com seus olhos fechados, estava preguiçoso demais para se levantar ou tentar qualquer coisa. 

—  Tudo bem… —   Foi a única coisa que ele disse, mas não se mexeu nenhum pouco para liberar o mais velho.  

—  Eu não vou conseguir sair se ficar agarrado a mim, Wheeler. 

Joey bufou baixo e fez um som de indignação conforme apertava mais o corpo do maior. 

—   Você é chato pra caralho. 

 

[...]

 

Seto chegou por volta das oito em casa, Mokuba foi recebê-lo correndo na porta principal, o garoto estava muito preocupado afinal, seu irmão estava doente e suas roupas estavam úmidas, ele se perguntou se o irmão havia passado o dia inteiro daquela forma. 

—   Você pegou chuva…  —  Falou o menor enquanto pegava o sobretudo do mais velho e ficou o olhando de forma séria. —   Deveria ter vindo para casa e descansar! 

Um suspirou deixou os lábios de Seto conforme ele subia as escadas para seu quarto. 

—   Eu acabei encontrando uma pessoa no caminho… Fui para casa dele. —   Comentava Seto em um tom calmo conforme ia retirando sua blusa preta e abria a porta de seu quarto.  

Mokuba entrou junto com o garoto e pulou na cama do mais velho e ficou esperando para saber mais.  Um só tinha o outro, sendo assim não existiam muitos segredos entre os irmão, Mokuba sabia da sexualidade de seu irmão e às vezes até conseguia descobrir sobre os casos do irmão. 

—  Conhecido? —   Perguntou Mokuba com um sorriso cínico em seus lábios. —   Seria o Joey? 

Aquelas palavras fizeram Seto congelar, ele não achou que tivesse deixando transparecer seus sentimentos e nem o que estava rolando com o loiro, não tinha como Mokuba saber daquilo, seria impossível.  Ele sabia que se virasse com sua expressão atual iria apenas confirmar as suspeitas do irmão, por isso virou com uma expressão neutra e chegou a fazer uma pequena careta.  

—  Por que disse o nome dele? 

Mokuba mantinha seu sorriso. 

—  Vocês ficaram presos no elevador hoje. —   Dizia Mokuba. —   Eu vi os vídeos do elevador e nunca te vi agir daquele jeito com alguém. Infelizmente não tinha áudio, mas foi interessante de vê. 

Seto fechou seus olhos e começou a massagear suas têmporas. 

—   Eu tinha um negócio importante para discutir com ele, mas ele age como uma criança de doze anos.

—  Você prendeu ele no elevador com você, Nii-sama. —  Reforçou Mokuba que seguia observando o irmão com aquele sorriso, Seto por sua vez caminhava na direção de seu closet para pegar alguma coisa quente para colocar. 

—  Eu me irritei com ele. Ele agia como uma criança e não estava em um bom dia. —   Continuava Seto que pegava uma calça de pijama preta e a vestia. —   Mas de qualquer forma não estava na casa dele. 

—   Uhum… —   Fez Mokuba que ainda sorria daquela forma, Seto conseguia ver muito de seus trejeitos transparecer na personalidade do caçula e isso o deixava irritado, ele sabia o quão difícil era de se lidar, mas não se esforçava a mudar porque nunca teria de ficar consigo próprio, mas seu irmão. —   Mas eu liguei para o Wheeler. —   O menor mostrou seu celular. —   Ele disse que você tinha acabado de sair, eu estava muito preocupado. 

Seto se virou bruscamente na direção do irmão e sua expressão deixou tudo transparecer, ele se descuidou naquele momento, havia feito exatamente o que o menor queria. Realmente Mokuba sabia como manipular as pessoas ao seu redor para fazerem o que queriam. 

—   Ganhei. —   Falou o menor com um sorriso vitorioso conforme jogava seu celular na cama. —   Você é o Wheeler? Não sabia que ele gostava de caras, ele sempre pareceu tão… Sabe, padrão.  

O irmão havia conseguido o que queria, sua expressão havia o entregado, realmente ele baixava demais sua guarda com Mokuba e o garoto usava isso ao seu favor. 

—  Não aconteceu nada. —   Respondia Seto em seu tom neutro de sempre, foi na direção da cama e se jogou nela. —  Eu apenas salvei ele da tempestade e fiquei preso na casa dele. 

Mokuba se deitou ao lado do irmão e riu um pouco conforme dava uma risada baixa.

—  Seto, você sempre olhou demais para o Wheeler. —   Comentava o menor em um tom calmo. —   Você lembra  do Grand Championship?  Uma noite do jantar, você ficou todo momento provocando o Wheeler e no fim da noite, na frente do grupo do Yugi, você falou “ Descansem, amanhã começa o torneio e quem chegar atrasado será desclassificado. Mokuba, se certifique que o Wheeler vai chegar atrasado!”  — Mokuba tentou imitar um pouco o tom do mais velho, mas falhou e apenas começou a gargalhar. — Você nunca brincou com ninguém, nem com Yugi você fez isso. Apenas comigo e dai do nada fez com ele. 

— Eu realmente queria que ele fosse desclassificado. — Mentiu Seto. 

Mokuba revirou seus olhos, outra característica que tinha adquirido com o irmão. 

— Por isso sempre ficava tão focado nos duelos dele.  — Mokuba ia continuar, mas apenas se sentou na cama pulando um pouco. — Tanto faz agora, não vou mais perguntar nada. — Kaiba sabia que aquela conversa não havia terminado ainda e pelo que conhecia seu irmão, sabia que ele iria atacar Wheeler, seria mais fácil conseguir informações de alguém que não o conhecia direito.  — Amanhã é nosso dia de folga. — Dizia o garoto com um largo sorriso e seguia pulando na cama.  — Podemos jogar algo essa noite ou ver alguma coisa? 

Seto sorriu de canto para o irmão enquanto balançava sua cabeça positivamente. 

— Podemos ver algo… — Seto falou com uma voz meio falha.  Só agora ele percebia o quão fria estava sua mão e ela tremia um pouco, ele havia passado o dia inteiro sem tomar nenhum de seus remédios.  

— Ótimo! — Falou o garoto pulando na cama e pegando o controle da televisão do quarto do irmão.  

 

Mokuba acabou adormecendo na cama de Kaiba, mas não era algo que incomodava, na verdade ele gostava de ter Mokuba ao seu lado, era sua forma de vigiar o sono do mais novo, sabia que ele estaria seguro ao seu lado. 

Mas Kaiba não estava com sono ainda por isso pegou seu Notebook e começou a adiantar alguns de seus trabalhos. 

Ele demorou um pouco para puxar seu celular, mas quando fez se surpreendeu com a mensagem que estava no celular, era Joey.  

 

“ Você esqueceu um dos seus sobretudo aqui e o Yugi não vai voltar do Egito no dia combinado, por isso fiquei com um ingresso a mais para o Baseball. Se quiser ir comigo, mesmo sabendo que você não gosta, espero que aceite, seu esquisito.”