As pesadas portas da mansão de Karlheinz foram abertas lentamente, soltando um rangido baixo.
Certamente algum dos funcionários se havia esquecido de olear as suas dobradiças, ou simplesmente eram muito velhas e não havia nada a se fazer.
— Seja bem vindo Mika-san! — A garota disse pulando em cima dele.
— Hijikata, me solte por favor. — Ele disse lhe lançando um olhar frio e retirando o capuz. — E para você é Mikaela.
— Mas, Mika-san-
— Sem mas, eu não quero perder tempo com você.
Ele a pousou no chão e a empurrou levemente para o lado, abrindo passagem.
Mikaela rapidamente se afastou, com seus passos ecoando pelo corredor de mármore.
— Ne ne, Ruri-chan, quem é aquele garoto? — Layla, outra empregada, perguntou.
— Uh? Mika-san? Ah, ele é um dos novos empregados de Karl, e o favorito por sinal! Você não sabia? Ele acaba de voltar da sua primeira missão. — Ruri relatou animadamente. — Ouvi dizer que ele ficará encarregado da Ojou-san.
— Kiiro-sama? Mas que honra!
(...)
— Mikaela, há quanto tempo. — Karl comprimentou batendo com a mão no acento do seu lado.
O loiro baixou a cabeça e se sentou no lugar indicado.
— Fez o que lhe pedi?— O platinado perguntou contemplando a lua pela enorme janela.
— Sim. — Ele confirmou lhe entregando um envelope. — Soube que você escolheu outra mulher. Kiiro-san, não era?
— É. Ela parece mais resistente do que as últimas três, ao que tudo indica Adam poderá ser a sua criança.
— Entendo, ela é de fato especial, não é mesmo?
— Ao que tudo indica, sim.
— Tudo bem, mas o que exatamente você quer que eu faça?
— Direto como sempre não é mesmo? Bem, preciso que você lhe preste seus serviços. Até onde vi você sempre cumpriu as suas tarefas com o seu antigo dono. — Ele disse virando a sua atenção para o rosto agora tenso do rapaz.
— Eu farei como pedir, mas por favor não mencione essa pessoa.
— Claro, até porque não tenho nenhum motivo para duvidar de você. Por enquanto. Faça o que eu lhe peço é tudo deverá ficar bem.
— Como quiser, meu senhor. Quando posso começar?
— Bem, o mais rápido possível eu diria, quem sabe amanhã de manhã poderei apresentá-lo ela.
— Tudo bem, esperarei o seu comando.
O garoto caminhou até a saída, sentindo o olhar penetrante de Karl sobre si.
— Essa será, sem sombra de dúvidas, uma experiência interessante… Bem interessante. — Disse o meio-vampiro para si mesmo.
— Ne, Haru, eu te falei mil vezes! Foi apenas um trovão! — Disse o ruivo já sobressaltado.
— R-Realmente? O mundo não está se partindo ao meio? — A garota de cabelos tão brancos quanto a neve perguntou, ainda escondida dentro do armário.
— Não! Agora saia por favor, Haruka.
Quando ele terminou a frase a jovem reuniu coragem para sair de dentro do bendito guarda roupa. Mas, para a infelicidade da jovem, mais um trovão estourou nos céus, fazendo mais barulho que o anterior. Ela teria se enfiado lá dentro novamente se o ruivo não a tivesse puxado pra si.
— Haruka, se você não parar com essas idiotices eu vou te trancar dentro deste armário permanente!
— Não seja cruel Shin-kun! — A garota choramingou.
— Tudo bem, vamos logo, Nii-san e a outra devem estar esperando lá em baixo.
A garota, já não era mais uma garota, se transformou em uma pequena raposinha branca e adorável, e seguiu o ruivo trotando alegremente para o andar de baixo da enorme mansão.
— Ayato-kun, Ayato-kun!
— Sim, Megumi? — Respondeu Ayato com pouco interesse.
— Este vestido não é perfeito? — Megumi girou e sorriu com uma criança, mostrando a peça de indumentária.
— Sim, maravilhoso. — Disse o outro revirando os olhos.
— Porque… Porque está tão amargo Ayato-kun? — A garota disse fazendo beicinho.
— Não estou amargo.
— Está sim!
— Olha Megumi, não estou bem agora, pode me dar licença por favor? — A menina arregalou os olhos. Porque ele estava sendo assim?
— Tudo bem. — Mesmo escondendo, ela estava chorando por dentro.
Megumi saiu do quarto amargurada e foi atrás de alguma menina para desabafar sobre ocorrido. Por ironia do destino, logo no início da caminhada se deparou com Skyle.
— Skyle-chan!
— S-Sim?
— Quer ouvir meus lamentos?
— Bem...Na verdade… N..
— Ótimo vamos para a sala de estar! — Disse Megumi, sem dar tempo para a pobre responder.
Chegando ao local, as duas se sentaram nas poltronas da grande sala de estar.
— Skyle-chaaaaaaaan...
— S-Sim?
— Você me acha irritante ou algo assim?
— Bem...sim, quer dizer, não! Espera, talvez! Não! 43 e a resposta! — Disse a garota realmente pensado em uma resposta decente, que não magoasse a amiga. Megumi apenas riu da confusão da outra.
— Ha Skyle, você é tão fofa. — Disse Megumi espremendo as bochechas da albina.
— D-De qualquer forma, porque pergunta isso Megu-chan?
— Porque eu acho que o Ayato se cansou de mim ou eu fiquei muito chata.
— Não diga isso! Ele nunca iria se cansar de você, ele apenas...hum...deve estar em uma fase ruim! Isso!
— Mesmo? O que você acha que é? — Megumi perguntou com um tom de curiosidade.
—Hum, será que está no cio? — Ela pensou alto, coçando o queixo.
— Não seja boba! Isso só ocorre nas fêmeas. — Megumi corrigiu certa de si.
— Vai saber! As coisas nos humanos são bem diferentes.
— Bem, não posso tirar sua razão. Mas se ele realmente estiver no cio, como fazemos para não despertar o seu lado mau?
— Pense no que lhe agradaria.
— Hum, talvez um bife, ou um osso, ou um osso de bife!
— Megumi! Não é a você é a Ayato… Eu penso que talvez chocolates resultassem.
— Que ideia ruim Skyle, isso só resulta com fêmeas.
— Até parece que ossos são um plano melhor.
— Vamos pensar!
— Hummmm…
Depois de aproximadamente um quarto de hora de silêncio, Megumi gritou:
— Já sei!
— O-o quê?!
— Só um outro ser humano pode saber o que Ayato quer. Então, vou perguntar ao Reiji!
— Reiji? Porquê ele?
— Porque ele parece esperto e deve estender sobre muitos assuntos.
— Brilhante! Eu vou com você, também quero saber o que fazer caso Kanato-san entre no cio também.
—Vamos!
Chegadas ao quarto do moreno, com a porta entreaberta, as duas curiosas avançaram quarto adentro. Para a sua desilusão, tudo que encontraram foi Rinko a ler um velho livro empoeirado.
— Rin-chan? — Megumi chamou a atenção da garota.
— Sim?
— Onde foi o Reiji?
— Saiu para comprar chá e coisas para suas poções.
— Mais que coisa!
— Precisavam dele para alguma coisa?
— Bem sim, temos uma pergunta que precisa ser respondida com urgência. — Disse Skyle com aflição.
— Do que se trata?
— Cio humano!
— O-o quê?!
— Bem, a história e a seguinte…— Megumi contou os detalhes a Rinko.
— Bem, a sua história é...comovente?
— Não sei se este seria o melhor termo.
— Bem, não acredito que se passe tal coisa com os humanos, mas, de qualquer forma, quando Reiji chegar, vou avisá-las imediatamente, tudo bem?
— Hai — Disseram Skyle é Megumi juntas.
As duas deixaram o quarto e foram ficar de bobeira no jardim. De longe, avisaram Subaru encarando as rosas muito pensativo, que, por uma vez na vida não estava carregando Mayuri, o nome que ele tinha escolhido para Anri, por aí.
— Ei, Skyle-chan, não acha que deveríamos tentar perguntar a ele?
— Não sei, ele me dá medo.
— Bem, ele me parece meio burro mesmo. — Suspirou Megumi.
— Eu estou ouvindo vocês claramente, idiotas. — Bufou o albino.
— Ahhh. B-Bem, K-ko-konbanwa Subaru-san, como vai.
— São quatro e meia da tarde. Vocês, seres irracionais, deveriam aprender mais coisas antes de chamar alguém de burro.
Seu tom ameaçador fez ambas estremecerem, era quase um milagre Mayuri suportar a pressão que era só de estar perto dele.
— Existe algo específico que queiram comigo?
— B-Bem, qu-queríamos saber como é que… AI! — Skyle e interrompida por uma pisada forte em seu pé.
— Bem meu caro, apenas queríamos saber onde está Mayuri, você a viu? — Perguntou Megumi em um sorriso perfeitamente falso e nervoso.
— Está na cozinha.
— Ha, obrigada! Passar bem meu caro, tenha uma boa noite, até logo. — Megumi se despediu e arrastou Skyle para longe.
— Porque não quis perguntar a ele? — Questionou Skyle.
— Tá louca? Prefiro a morte! Se eu ficasse mais um segundo com aquele cara possivelmente seria decapitada.
— Bem, tenho que admitir que sinto o mesmo. Para onde vamos agora?
— Para a cozinha.
— Porque?
— Para fazer Mayuri entrar na nossa busca por respostas.
Elas foram diretamente para a cozinha, encontrando a garota adormecida sobre a mesa da cozinha.
— Será que morreu? — Disse Skyle preocupada.
— Duvido muito. Deve estar apenas em um sono pesado.
— Devemos acordá-la?
— Claro!
— Tudo bem. — Skyle se aproxima de Anri e balança suavemente seu corpo. — Ei, Mayu-chan, Mayu-chan, acorde…
— Não deste jeito idiota! Deixe-me fazer direito.
Megumi abaixou sua cabeça até o mais próximo possível da orelha de Anri e gritou o mais alto que seus pulmões permitiram.
— VEJA! SUBARU-KUN ESTÁ SÓ DE CUECA!
— HA? O QUE? — Anri acordou agitada e gritou, moveu-se tão intensamente que despencou da cadeira e caiu para trás.
Megumi caiu na gargalhada enquanto Skyle dava seu melhor para conter o riso.
— Desgraçadas! — Disse Anri, vermelha da cabeça aos pés.
— O que? Pelo menos não somos as pervertidas da história!
— D-De qualquer forma… o que querem?!
— Respostas. Mas não suas.
— Como?
Megumi explicou tudo o detalhadamente para Anri, que prestou muita atenção.
— Bem, é um assunto curioso… — Disse Anri.
— Não é? Precisamos de respostas!
— Bem, não é e comigo que vocês as conseguiram.
— Mas não quer se juntar a nós nesta jornada pelo conhecimento?
— Não.
— Porque?
— Preguiça e falta de vontade. Além do que, não há como Subaru-kun ficar mais rabugento do que já é. Se isso vier a acontecer, vou saber que é a hora de exorcizá-lo pois estaria lidando com o próprio diabo.
As três garotas riram, mas pararam com o som da porta da cozinha se abrindo bruscamente. A abertura revelou Rinko, que parecia cansada e suada com as mãos sobre os joelhos, respirando de forma desigual.
— Achei vocês! Francamente, procurei a mansão inteira! — Resmungou Rinko.
— Desculpe por isso. — Disse Skyle.
— Sem problemas, mas o mais importante, Reiji está de volta.
— Sério? Então vamos nos apressar!
Todas foram em disparada ao quarto do moreno, até Anri, mesmo que se opondo. Chegando lá, viram ele remexendo na coleção de inúmeras xícaras e utensílios refinados.
— Reiji-saaaaaaan... — Chamou Megumi ofegante.
— Sim?
— Temos uma dúvida que precisa ser respondida com urgência.
Ela explicou a ele cada detalhe da história. Ao finalizar a última palavra, algo que Megumi pensou que nunca presenciara nesta vida aconteceu. Reiji estava ligeiramente corado e embasbacado.
— Reiji? Tudo bem? — Perguntou preocupada Rinko, já que fazia uns bons minutos que ele estava vermelho e boquiaberto, logo falou, aparentemente voltando a realidade.
— Q-Que tipo de pergunta é e essa? Você por acaso é estúpida Megumi? Todas vocês, saiam do meu quarto agora! — Ele disse bravo.
Aos pontapés, as 4 garotas saíram apressadas.
— Não entendi. Fizemos algo errado? — Disse Skyle com uma cara inflando as bochechas.
— Obviamente não, ele nos expulsou por algum motivo pessoal. — Respondeu Rinko.
— Sério? Será que o cio é um assunto muito sério para se discutir?
— Não sei.
As quatro continuaram a conversar, até ficar tarde e elas serem obrigadas a ir para seus respectivos quartos.
O relógio marcava pouco mais de 6:10 da manhã, algo muito ruim para Kiiro, que acordou azeda como um limão.
— Mas que droga, porquê tão cedo? — Ela disse, tentando parar o despertador, o que parecia quase impossível, já que ele estava muito longe do alcance de seus braços.
— Deixe ajudar com isso senhorita. — Disse o belo loiro pegando o despertador e o desativando.
— Muito obrigada! — Ela disse, novamente se aconchegando nas cobertas confortáveis e macias, até que a ficha caiu. — Espera… O QUÊ?
Em uma velocidade impressionante ela se afastou, quase caindo da cama, mas foi salva pelo loiro.
— O QUE ISSO SIGNIFICA?!
— Por favor não grite, minha senhora.
— COMO NÃO GRITAR QUANDO UM CARA APARECE NO SEU QUARTO DE MANHÃ?!
— Kiiro-chan, ele está certo, não há necessidade de gritar. — Desta vez, Karl havia entrando na cena.
— Tudo bem, tudo bem — Kiiro respirou fundo. — Quem é ele? E porque está aqui?
— A partir de hoje, este cavalheiro será o seu serviçal particular.
— Bem Senhorita Kiiro, é um grande prazer conhece-la, sou Mikaela, mas me chame de Mika por favor, estou ao seu dispor.
O jovem se curvou, beijando a mão de Kiiro, fazendo a mesma corar.
— O-Olá Mikaela-kun, o prazer é todo meu.
(Leia as notas finais.)
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