História Pink Feelings - He is back

Tudo começou, há uns dois dias atrás, quando a minha turma - terceiro ano do ensino médio - conseguiu, após cinco meses de muita apelação e inúmeras súplicas, a autorização da diretora para termos uma viagem antes da formatura. No início de toda a reivindicação, eu também estava ansioso para viajar, passei horas acordado à noite apenas pensando em possibilidades e lugares para irmos, mas conforme foi passado o tempo, a ansiedade foi se esvaindo, por isso eu nem me importava mais se iríamos ou não viajar, estava até me recusando a assinar a lista qual todos que iriam deveriam assinar seus respectivos nomes. Se não fosse todo o enjôo do meu amigo Sehun, eu não estaria sentado em um dos ônibus que nos levariam ao acampamento de inverno, escolhido pela diretoria, obviamente.

O percurso foi surpreendentemente tranquilo para uma estrada esburacada, demoramos cerca de duas horas até chegarmos no local, e devo dizer que me impressionei com o alojamento. Basicamente falando, haviam chalés na cor azul maya distribuídos em um semicírculo; no centro havia um espaço pequeno, provavelmente para uma futura fogueira; mais ao longe podia-se ver algumas mesas de carvalho postas em uma perfeita linha reta, chegava a ser irritante tanta perfeição na arrumação do espaço, não sei se eu era o único incomodado, porque minha vontade era de jogar baldes de tintas coloridas em cada um dos chalés, além de colocar cada mesa em uma posição. Infelizmente, o acampamento não era meu. Mas de volta à realidade, todos os estudantes estavam completamente empolgados, tanto pela beleza do acampamento de férias quanto por conseguirem estar num acampamento de férias, eu não estava muito diferente dos outros, mas também não me apresentava tão eufórico, poderia estar melhor se Sehun não pulasse e se apoiasse em meu ombro ao mesmo tempo, queria poder empurrá-lo no chão, mas era um dos poucos amigos verdadeiros e seria vacilo de minha parte, então o aguentei até a diretora se pronunciar com seu discurso monótono sobre o tipo de comportamento que devíamos ter naquele espaço.

Eu duvido muito que adolescentes iriam obedecer alguma daquelas regras e até me incluo entre eles, mas assim como todos, confirmei com a cabeça quando ela nos perguntou se havíamos entendido e ordenou que uma fila fosse formada para que cada um recebesse um cartão que dizia qual era o nosso chalé. Entrei propositalmente no final da fila para evitar a movimentação exagerada no início e esperei silenciosamente até chegar a minha vez. E foi quando ela chegou que eu o vi.

Não sei explicar em palavras o que senti quando encontrei com aquele rosto bonito possuidor de olhos marcados e sorriso doce, mas foi algo contra minha vontade e principalmente contra minha sexualidade.

Devo meu profundo agradecimento a Sehun, que me cutucou nas costelas e impediu que eu fizesse papel de idiota na frente de todas aquelas pessoas; peguei meu cartão e olhei brevemente para o número escrito na folha: 206, Sehun falou alguma coisa para mim quando nós dois saímos da fila, mas eu não ouvi de jeito nenhum, minha atenção estava totalmente focada no garoto de fios negros e olhos marcados que conversava com algumas garotas no canto oposto ao qual eu estava. Devido a essa falta de atenção, bati minha testa num pilar ao lado de uma cabana e fiquei com uma dor de cabeça desgraçada, e o chato do Sehun ao invés de me ajudar, ficou rindo da minha careta dolorida, xinguei algumas vezes e me sentei no chão com o coreano ao meu lado.

− Kim Minseok, da turma B. − confidenciou para mim, também olhando para o garoto do outro lado do campo. − Não sabia que você jogava nesse time. − gargalhou ao me ver limpar um fio de saliva que havia escorrido pelo canto da boca enquanto meu olhar estava focado em Minseok.

− Eu também não. − falei bobo e recebi outro riso em resposta; meu cérebro girava dentro do crânio, lembrando daquele momento de dez anos atrás que guardei com tanto carinho, eu precisava falar com ele. − Seria estranho se eu fosse lá e falasse com ele? − olho para Sehun e sorrio ao ver sua negação, mas paro de sorrir ao lembrar que algo me impedia de falar com Minseok, a falta de coragem. Durante muito tempo eu havia treinado para conversar com o garoto quando o visse, porém agora era como se todo o planejamento houvesse sumido de minha mente e substituído por medo e vergonha, melhor não falar com ele enquanto essa insegurança toda habitar meu corpo. Falei o mesmo para Sehun e recebi um olhar de desgosto vindo do mesmo, 'se for pensar desse jeito, você nunca vai falar com ele' advertiu e depois levantou, me puxando consigo e apontando na direção da diretora que mandava os alunos irem todos para o refeitório. Antes de seguir o caminho com Sehun, olhei uma última vez para onde estava Minseok e me surpreendi ao ver que o garoto também olhava para mim enquanto uma provável amiga sua falava com ele, temi que fosse sobre mim já que ambos olhavam para minha direção. Arregalei os olhos e senti as bochechas queimarem levemente, desviando o olhar e acompanhando Sehun ao refeitório, sentindo uma confusão em minha mente e querendo internamente que eles estivessem falando sobre mim.