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História Planeta 3D2Y - Trabalho


Escrita por: Lotarium

Capítulo 4 - Trabalho


 

Ser um escravo, para todos os efeitos, é ser uma máquina de trabalho vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. É acordar pensando no trabalho, passar o dia trabalhando, dormir cansado por causa do trabalho, sonhar com o trabalho, acordar pensando no trabalho de novo e viver esse ciclo até a hora da morte. Para alguns escravos, a morte é o maior medo. Para outros, ela significa a libertação. Afinal, vale a pena viver uma vida onde você não pode sequer pensar em outra coisa além de sobreviver e cumprir suas obrigações?

Diante de um povo extremamente bem equipado belicamente e, até o momento, mais numeroso, os humanos não tiveram muitas opções além de se render e aceitar o regime imposto. Setenta anos eles viveram como escravos e rebeliões em grande escala nunca haviam acontecido. Era o que todos os jovens aprendiam na Academia de Escravos. Sabo também aprendeu isso. Mas, pelo visto, toda aquela história sobre como os humanos haviam se acovardado diante da suposta superioridade electi não passava de meia verdade.

Os escravos humanos que estavam na mesma caravana de Sabo acompanharam o grupo de humanos a cavalo pelo deserto, sem se importar com as altas temperaturas. Homens e mulheres aceitaram sem pestanejar a proposta do guerreiro Ace, desesperados pela possibilidade de uma vida mais digna. Mas o que ninguém parecia pensar era em como aquela rebelião havia se formado. O Centro de Controle Humano, a uma hora dessas, já deveria saber da fuga daquele grupo. E onde as pulseiras e colares de rastreamento e contenção de rebeliões havia ido parar?

Curioso e apreensivo, Sabo se aproximou de Ace. O rapaz humano era muito gentil com todos. Deu toda a sua comida para as mulheres e encorajou os homens. Mas Sabo era um Vegter, e a primeira coisa que aprendeu na vida foi a não confiar em ninguém.

- Com licença. Se me permite a curiosidade... – Sabo calou-se ao perceber que não sabia o nome do outro. Seria desrespeitoso referir-se a ele de maneira informal, já que não se conheciam. Ace entendeu a situação e riu.

- Meu nome é Portgas Ace. Você vai ouvir algumas pessoas me chamando de Portgas D. Ace por aí. Desde que assumi a liderança da Missão Terra, eles usam o D. dos reis no meu nome. Mas você pode me chamar de Ace. Não sou nenhum soberano.

- Certo. Ace, então. – Ace diminuiu um pouco a velocidade do cavalo, assim o rapaz loiro poderia acompanhá-lo melhor a pé. - Eu me chamo Sabo. Não tenho sobrenome, não conheci meus pais. Mas retomando o que eu ia dizer... Que Missão Terra é essa? De onde vocês vieram?

- Bem, nós íamos explicar tudo assim que chegássemos ao nosso território, mas já que você perguntou, eu vou te dizer uma pequena parte. A Missão Terra é uma rebelião que tem como objetivo libertar os escravos humanos. Ela recebeu esse nome porque há uma parte do plano que envolve voltar para a nossa terra natal, mas ainda não é nada confirmado. Para todos os efeitos, o objetivo principal é encerrar esse regime escravista.

Sabo ficou muito impressionado com o que ouviu, e também um pouco incrédulo. Voltar para a Terra? Todos diziam que o planeta estava em frangalhos! Como voltariam a morar lá? Ainda mais com o tanto de humanos que existiam em 3D2Y atualmente?

- Com todo o respeito, a ideia de voltar para a Terra me parece um tanto fantasiosa.

- Eu sei disso, Sabo. – Ace suspirou. – Ainda estamos vendo se é realmente viável. A ideia de voltar foi mais usada no início para unir todos debaixo da mesma bandeira. A Terra é o sonho de muitos que sofrem os suplícios da escravidão. Nada convenceria mais as pessoas a unir-se à nós do que a ideia de retornar.

- Entendo. – Sabo concordou. Quando era criança, muitos de seus colegas falavam da Terra como se ela fosse o sinônimo de liberdade e paz. Por mais que os electi tentassem, por meio da educação, tirar essa ideia da cabeça deles, ela persistia como uma planta enraizada no cérebro de cada humano que sonhava em ser livre.

- Você é um Vegter. Se quiser, pode unir-se a nós na linha de frente. Poderá participar dos conselhos e ganhará um cavalo. Estou vendo que é muito inteligente e é bem constituído de corpo. Será útil para nós.

- Apenas homens podem participar da linha de frente?

- Não há restrição de sexo. Mas a maioria é composta de homens Vegters. Eu mesmo era um. Temos algumas mulheres na parte de Inteligência, antigas escravas Madaxas, e algumas Kyrias treinando para se juntar a nós na frente de luta. Elas não atingiram o nível necessário ainda, mas são esforçadas. Logo lutarão conosco.

- Há uma coisa que eu ainda não consigo entender. – Sabo disse, um tanto frustrado, pois não conseguia chegar a uma conclusão. – Pelo que você fala, essa rebelião já tem uma proporção grande. Como não descobriram ainda? Quem tirou vocês da vista do Centro de Controle Humano?

Ace deu um sorriso enigmático.

- Para saber disso, você vai ter que se unir à linha de frente. E quer saber de mais uma? Você deu sorte! Uma pessoa especial vai comparecer à reunião de hoje... E ela é a resposta para todas as suas perguntas.

Antes que Sabo pudesse perguntar qualquer coisa mais, Ace esporou o cavalo, que correu rumo ao horizonte. A vista era no mínimo heroica. Com seu porte corajoso, os cabelos ao vento, a pele bronzeada brilhando, Ace era a imagem de um líder ideal e inspirador. Sabo o observou por uns momentos e depois seguiu seu caminho, sem pensar em mais nada, mas atento a tudo o que acontecia ao seu redor. A ideia de estar livre ainda era estranha, por isso a insegurança dominava seus atos. Em sua mente, soldados iam aparecer a qualquer momento e matá-los sem dó. Seriam enterrados como indigentes e ninguém nunca saberia.

Mas o tempo foi passando e nada aconteceu. A sombra de um vilarejo apareceu ao longe, e o grupo de cavaleiros e escravos recém-libertados adentrou-o quando a noite caiu. Foram recebidos com grande ovação. O local era simples e muitas obras se viam ao longo da via principal. Ao que tudo indicava, o lugar tomado pelos rebeldes era uma antiga vila abandonada. Das varandas, mulheres acenavam e jogavam flores, gritando o nome de seus guerreiros favoritos. Os homens gritavam de júbilo e desejavam boas vindas aos novos moradores. Crianças corriam entre os cavalos dos guerreiros. Ace pôs duas em sua cela, rindo. Sabo estava atônito. O lugar não era pequeno, e já estava cheio de pessoas. Como estava sobrevivendo?

Quando o grupo chegou ao centro do vilarejo, a gritaria cessou. Os guerreiros desceram todos de seus cavalos – todos, menos Ace. Ele caminhou sobre o animal até a praça e virou-se para o povo. As duas crianças, dois menininhos pequenos, continuavam na sela, encantados por estar tão perto de seu herói. O guerreiro, por sua vez, as deixou onde estavam. O silêncio no local era austero. Obviamente, estavam prestes a ouvir algum discurso importante.

- Irmãos! – Ace começou. Sua voz possante se espalhou pela vila junto com o vento. – Encham-se de alegria! Novos irmãos foram libertados e se juntaram à nossa causa! Eu, Portgas Ace, dou as boas vindas a todos! Aqui, em Prithvi, somos todos uma grande família. E eu juro que nenhum mal acontecerá a vocês enquanto eu for o comandante da Missão Terra!

Gritos, palmas, tiros e batucadas encheram o ar por um tempo. A cena toda era tão surreal, tão semelhante aos livros de fantasia que Sabo um dia leu, que ele se beliscava de tempos em tempos para se certificar de que não estava sonhando.

- Irmãs, recepcionem as novas moradoras. Irmãos interessados em se aliar ao grupo de guerra, sigam-nos. É hora do Conselho. Meus irmãos, não esqueçam: Nós somos pássaros! E vamos abrir nossas asas para voar!

Os guerreiros voltaram a montar. Alguns homens, incluindo Sabo, continuaram a segui-los. Os moradores ficaram para trás, gritando:

- Viva Gold Roger! Viva Portgas D. Ace! Viva, viva!

 

Gold Roger...

Onde Sabo já tinha ouvido esse nome?

 

 

Ao adentrar seus aposentos após o jantar, Monkey-Bellemere Nami não estava se sentindo bem. O jantar, como sempre, havia sido horrível. Luffy mal se dirigiu a ela. Passou a refeição inteira discutindo com Rononoa Zoro sobre um discurso que ele queria fazer via transmissão de vídeo para todo o país. Pelo teor da conversa, o objetivo era afirmar a posição abolicionista da Casa Real dos Verligtes. Obviamente, Rononoa era totalmente contra, e a discussão ainda estava só começando quando Nami se cansou e resolveu retirar-se.

Sem dizer palavra, a Malika fechou a porta e deu uma olhada para seu quarto. Tudo limpo como ordenara. Sentada aos pés de sua cama, sua nova escrava Khusi a aguardava sem dizer palavra. Não se surpreendeu ao encontrá-la ali, afinal, ela mesma havia ordenado que a garota a esperasse ali mesmo.

- Você parece ser uma escrava obediente. – Nami começou, caminhando pelo aposento devagar. Sentou-se na cama e se livrou dos sapatos. A escrava virou-se para encará-la.

- Não faço nada além de cumprir meus deveres, minha senhora.

- É mesmo? – A Malika suspirou, tirando a pesada coroa e soltando os cabelos. – Pois aqui vai seu primeiro dever: Tudo o que acontecer dentro desse quarto, fica nesse quarto. Se sair algo sobre mim pelos corredores do Palácio, eu saberei que foi você que abriu a boca, e cortarei sua língua sem pestanejar. Estamos entendidas?

- Sim, minha senhora. – A garota abaixou a cabeça. Nami levantou e foi até ela, parando em sua frente.

- Levante-se. Quero dar uma boa olhada em você. – A escrava levantou. Era um pouco mais alta que a Malika. Tinha a pele bronzeada, olhos como os de um gato, cabelos lisos e negros, corpo esbelto. Belíssima, sem dúvidas. Mas Nami queria ver ainda mais. – Agradável de rosto... Mas como será o corpo? – Sussurrou. – Tire as roupas.

A garota se afastou um pouco e tirou o pequeno vestido justo que usava. Deixou-o junto com as roupas íntimas no chão. Completamente nua, a Khusi era, sem dúvida, um espetáculo. Seios grandes, cintura fina, bons quadris e nenhum pelo no corpo.

- Estou satisfeita. – Nami sorriu. – Você é muito bonita. Venha aqui e me ajude a tirar estas roupas. E me diga seu nome.

A escrava se aproximou e começou a despir a Malika respeitosamente. Habilidosa com as mãos, silenciosa. Nami realmente estava gostando dela. Parecia ser de confiança e não aparentava ser o tipo de escrava que dava problemas a seus senhores. Seu instinto não falhara, ela seria de grande ajuda.

- O meu nome é Nico Robin, minha senhora. – Ela falou enquanto descia o enorme vestido verde da Malika.

- Robin. Muito bem, Robin. Você deve estar curiosa para saber porque eu te comprei, não é? – Indagou depois que saiu do meio das roupas, usando apenas as roupas de baixo.

- Não é meu dever pensar sobre isso, minha senhora.

- Bem, não importa. Você precisa estar ciente. – Nami sentou na enorme cama de dossel, e a escrava ficou em pé, apenas observando. – Comprei-te porque preciso de ajuda.

- Se me permite a pergunta, minha senhora... Porque a Malika de 3D2Y precisaria da ajuda de uma escrava Khusi? – Robin indagou.

- É simples de entender. – Nami suspirou e deitou-se de bruços sobre as almofadas. – É de conhecimento geral que o meu casamento com Monkey D. Luffy é um completo fracasso. Não nos amamos. Mas essa parte já se tornou uma coisa trivial. Não preciso do amor dele, posso viver muito bem sem isso. O fato é que ele se recusa a deitar-se comigo há muito tempo. Em consequência, não temos herdeiros. Eu preciso engravidar dele, Robin. Se eu não tiver um bebê com o Verligte, ele poderá me trocar por outra Malika quando quiser!

- E onde eu entro nessa história, minha senhora?

- Não é óbvio? – A Malika se sentou, apressada. Parecia um pouco irritada. – Quero que você me ensine! Quero que me ensine todas as artes do prazer que aprendeu! Quero seduzir esse homem de tal maneira que ele não consiga resistir a mim!

O silêncio tomou conta do aposento. Robin não tinha permissão para fazer comentários. Nami não tinha mais nada a dizer. Elas apenas ficaram se encarando por um tempo, pensando cada uma em seus próprios problemas. Robin estava numa batalha interna entre o choque pelo que ouvira e o tesão pela bela mulher que era a Malika. Nami pensava em seu desespero. Não podia perder o Verligte. Não podia. Não depois de ter aberto mão de tanta coisa para se casar com ele.

- Venha aqui. – Nami chamou. A Khusi sentou-se na cama. – Me diga, Nico Robin, você me acha bela?

- Acho, minha senhora. É a mulher mais bela que já vi.

- Meu marido não acha isso. Mas você... – A Malika tocou o rosto da outra e desceu um carinho que percorreu o pescoço e os ombros morenos. – Você vai me mostrar uma maneira de fazê-lo concordar com você.

- Farei meu melhor, senhora. Não vai se decepcionar.

- É bom que seja assim mesmo. – Nami segurou as mãos de Robin e as levou aos próprios seios, num pedido para que a escrava os tocasse. – Pois se eu não conseguir o que quero, acho que você já sabe em quem eu vou jogar a culpa. – Sussurrou.

A ameaça desceu pela garganta de Nico Robin como uma bebida forte e de sabor amargo. Bem, pensou, este deve ser o sabor da morte.

Pensaria naquilo mais tarde. Naquele momento, apenas o sexo importava. Se a Malika não ficasse satisfeita, Robin teria sérios problemas.

 

Andando pelas ruas, Rononoa Zoro inspirava respeito e temor a cada passo. Estava sozinho, e não tinha medo nenhum disso. Ninguém ousaria atacá-lo. Comentava-se que ele era mais temido que o próprio Verligte, e não era pra menos. Alto, forte, robusto, com uma cicatriz medonha sobre o olho, cabelos tingidos de verde, armado com três espadas forjadas especialmente para ele, o Mantree era um habilidoso guerreiro e, apesar de não ter a melhor das formações intelectuais, era prático e tomava decisões incisivas. Tinha a frieza que faltava a Monkey D. Luffy na hora de tomar as decisões mais difíceis, e isso tornou-o a escolha óbvia pro cargo mais alto do conselho.

Parou na frente de um estabelecimento e bateu à porta. A música obscena encheu seus ouvidos no momento em que foi aberta. A pessoa que abriu era uma garota loira. Estava vestindo apenas uma saia que nada cobria e estava cheia de joias. Os seios redondos carregavam piercings. Ela sorriu e tocou-lhe o a parte do peitoral que não estava coberta pelo traje esverdeado.

- A que devemos a honra de quer o Grande Mantree entre nós? - Sussurrou numa voz mansa e doce. - Posso ser sua companhia esta noite, meu senhor Rononoa?

- Agradeço, mas não vim aqui com essa intenção. - Ele respondeu. - Estou procurando Vinsmoke Sanji. Sei que ele está aqui. Me leve até ele.

- Que pena… - Ela suspirou. - Já que é assim… Me acompanhe, meu senhor.

Rononoa Zoro daria tudo para não estar ali naquele momento. Bordéis deixavam-no enojado. O cheio de álcool misturado a urina, moças e rapazes em situação degradante dançando ou fornicando na frente dos outros, o som de músicas indecentes junto a gemidos extremamente altos e falsos, a luz que incomodava a vista, tudo deixava-o puto. Seguiu a garota tentando não encarar ninguém. Ela deixou-o na frente de um dos melhores quartos do lugar.

- Tem certeza de que não deseja mais nada, meu senhor?

- Por ora, apenas não deixe ninguém mais vir aqui. E me traga uma garrafa de cerveja. A maior que você tiver. Se eu desejar mais alguma coisa, procuro você. - Ela assentiu com a cabeça. - Agora suma daqui, garota. Tenho assuntos a tratar com o Mantree Vinsmoke. Não volte sem minha cerveja.

A loira retirou-se, suspirando de tesão. Rononoa era tremendamente viril, poderia ter todas as prostitutas da casa na palma da mão se quisesse. Mas não tinha interesse nenhum no coito, muito menos em pegar doenças sexualmente transmissíveis. Bem, hora de trabalhar. Bateu na porta. Esperou um minuto. Não obteve resposta. Resmungou, profundamente aborrecido. Rononoa Zoro não era homem de bater duas vezes na porta.

- Vinsmoke Sanji. Eu sei que está aí. Não adianta me ignorar. - Disse alto.

- Vá embora, Rononoa. - Uma voz rude respondeu de dentro do aposento. - Não tenho nada para discutir com vossa estupidecência no momento.

- Abra logo essa porta ou farei-a em pedaços. Você sabe que eu posso. - Rononoa sibilou. A ameaça foi o suficiente. A porta se abriu e o Mantree Vinsmoke, visivelmente bêbado, encarou o visitante com uma expressão irritada. Estava de roupão e fumava um cigarro. Três garotas nuas, uma delas jogada de pernas abertas na cama, esperavam a volta do cliente. Rononoa não deu atenção a elas.

- Você consegue ser muito inconveniente, Rononoa. Não vê que estou muito ocupado?

- Desde quando foder é ocupação? Me poupe. - Zoro cruzou os braços. - Preciso da sua ajuda.

- Minha ajuda? - Sanji sorriu debochado. - O Grande Mantree Rononoa precisa da ajuda do papai aqui? Eu não era o fanfarrão irresponsável?

- Era não, é. Você é um fanfarrão, irresponsável, bêbado, infiel e uma vergonha para a nossa casta. Mas também é um Mantree. Estou reunindo todos em minha casa em uma hora. Passei na sua casa pra avisar e sua mulher me disse que estaria aqui. - O sorriso de Sanji morreu quando Violet foi mencionada. - Ficou envergonhado foi? É pra ficar mesmo. Deixar uma mulher daquelas em casa pra vir aqui se envolver com essas vacas. E, como se isso não fosse vergonha suficiente, você nem tenta disfarçar e tem consciência de que Violet sabe de sua infidelidade.

- Quem é você pra me julgar, Rononoa? - O Vinsmoke sibilou. - Nunca casou. Não sabe o que é viver isso.

- Realmente, meu caro, eu nunca me casei. Sabe o porquê? - Rononoa apontou para si mesmo. - Porque eu sou um homem de verdade. Sei que nunca faria uma mulher feliz, a vida que eu tenho hoje não me permite cuidar de uma família. Eu tenho consciência disso. Você é igual a mim, a diferença é que você prefere dar vazão aos seus desejos sem se importar com as consequências dos seus atos. Isso, meu caro, é o que te torna um garoto… E não um homem. Fala pra mim… - Sussurrou. - Nunca superou aquela paixão, não foi?

Os punhos de Sanji estavam cerrados, e Zoro mantinha uma das mãos nas espadas, pronto pra revidar qualquer ataque. Faces próximas, o ódio estampado no olhar do homem loiro, o desprezo na expressão do espadachim. Estavam a um deslize de cair na porrada.

- Você não sabe de nada, Rononoa Zoro. Sugiro que não se meta nisso, se tem amor ao próprio couro.

- Eu me meto no que eu achar que devo, Vinsmoke Sanji. Um conselho de um Mantree pro outro: esqueça-a. Ela está fora de seu alcance para sempre.

- É mesmo? É o que veremos! - Sanji berrou, fazendo o outro rir.

- Eu não preciso nem argumentar com você sobre isso, meu caro. Você está aqui, e não com ela. Quer maior prova que essa de que você não tem mais chance com ela?

O silêncio pairou sobre o corredor por dois minutos. Sanji desfez o punho cerrado, mas Zoro não vacilou na empunhadura da espada. Passos anunciaram a chegada de uma terceira pessoa. Era a prostituta loira que atendera Rononoa mais cedo. Trazia em mãos uma cerveja gelada de um litro.

- Grande Mantree, a cerveja que pediu.

- Obrigado. - Zoro jogou uma moeda para ela, pegou a garrafa e bebeu um grande gole direto no gargalo. Sanji ainda o encarava sem nada dizer. - Não tenho mais nada para fazer aqui, Vinsmoke. Termine sua foda e esteja na minha casa em uma hora. Garanto que o assunto é de seu interesse. Faça um favor ao Conselho e esteja apropriadamente vestido. Ninguém lá está com vontade de ver sua cenourinha bebê.

- Como se a sua fosse maior que a minha. - Sanji resmungou enquanto o Mantree saía, não baixo o suficiente para não ser ouvido. Zoro voltou-se para o colega e para a prostituta no corredor e apertou seu próprio membro por cima das roupas, fazendo a garota ficar de queixo caído.

- Pergunte para a sua amiguinha aí o que ela acha. - Rononoa sorriu de canto e se retirou.

 

 

De pé no meio de vários homens, numa posição relativamente à frente, Sabo observava tudo cautelosamente. Não era seguro confiar nas coisas de cara. Embora tudo até agora lhe parecesse legítimo, não fazia mal manter um pé atrás. O ambiente era grande, uma sala vazia com uma mesa no centro. A mesa só tinha uma cadeira, provavelmente reservada para Ace, e um mapa desenrolado sobre ela. O mapa continha uma visão detalhada sobre todo o território do planeta, os mares, cidades e redes de transporte. Alguém havia riscado e feito anotações em alguns pontos que Sabo não conseguia entender.

Quando Portgas Ace entrou, a conversa cessou. Todos se colocaram em posição de sentido até que ele sentou e murmurou um “descansar.” O silêncio perdurou por uns segundos até que ele soltou um longo suspiro e relaxou na cadeira. Parecia exausto do dia. Mas algo em seu olhar mostrava determinação. Seria uma reunião interessante, ninguém tinha dúvidas.

- Bom. - Ele começou. - Primeiramente, gostaria de dar as boas vindas a todos os novos aspirantes a integrantes do nosso exército. Sabemos que a jornada tem sido dura até aqui, mas as coisas vão melhorar se cada um fizer a sua parte. Treinamos todas as manhãs, das seis da manhã ao meio dia. O horário da tarde e da noite é reservado para patrulha, ou seja, busca de comitivas com escravos para libertar. Também temos o grupo de vigilantes. Para não tornar as coisas injustas, usamos o sistema de revezamento para os novatos, então todos acabam participando da patrulha e da vigilância em algum momento. Para se tornar um membro permanente de alguma das frentes, é bem simples: vocês devem fazer por merecer. Alguma dúvida?

Ninguém levantou a mão. Ace sorriu. Estava tudo correndo bem até ali.

- Muito bem. Agora vamos falar sobre a nossa missão aqui. Em resumo, somos um movimento que tem como objetivo libertar os escravos e destruir o atual sistema de governo. A longo prazo, queremos usar a tecnologia dos electi para voltar para a Terra. - Um burburinho começou na mesma hora. Ace ergueu a mão e todos se calaram. - Por favor, um de cada vez.

Sabo não perderia essa chance de falar. Levantou a mão. Quando a palavra lhe foi concedida, perguntou:

- Por que quer tirar Monkey D. Luffy do poder? Ele não pode admitir isso publicamente, mas todo o planeta conhece a iniciativa abolicionista do Verligte. Seria mais fácil tê-lo como aliado do que como inimigo.

- Bem dito, Sabo. - Ace acenou com a cabeça e se aprumou na cadeira. - Monkey D. Luffy não é nosso inimigo. Mas o sistema não se resume nele. A coisa é muito complicada para se explicar agora, mas com o tempo você vai entender que tirá-lo do poder é destruir toda uma rede que nos prende como sardinhas.

- Com todo o respeito, Portgas Ace… Mas essa resposta não me deixou satisfeito. - A réplica gerou inquietação entre os guerreiros mais antigos, um misto de revolta e incredulidade. Um deles puxou a espada.

- Como ousa falar com o nosso futuro rei desse jeito? - Sibilou. - Senhor, permita-me decepá-lo agora mesmo.

- Joz. Guarde a espada. - Ace disse, um tanto mais sério. - Já disse que não gosto que me chamem de futuro rei. Não nasci para isso. E também não aprovo violência entre nós. Somos irmãos, filhos da mesma mãe, a Mãe Terra. Devemos nos tratar como tal. - O soldado guardou a espada, murmurando desculpas. Ace voltou a encarar Sabo. Trazia no rosto um inesperado sorriso. - Gosto de você, Sabo. Sinto que será grande entre nós. Sei que é difícil, mas tenha paciência. Se quiser, podemos conversar mais sobre suas dúvidas em outra ocasião. Afinal, seus colegas devem estar cansados da longa viagem até aqui. O que acha de ser parte da missão de patrulha amanhã?

- Seria uma honra. - Sabo respondeu.

- Pois muito bem. Marco, adicione o nome dele. Por enquanto é só, senhores. Estão todos dispensados. - Aos poucos todos foram saindo, inclusive o próprio Sabo. Mas ele se permitiu andar um pouco mais devagar para se esconder nas brumas da noite, junto a uma das janelas. Ficaram no aposento junto com Ace uns cinco homens. Com o ouvido a postos, Sabo não se permitia sequer respirar para que som algum interferisse na escuta.

- Ele já chegou? - Ouviu Ace dizer.

- Está a caminho, meu senhor.

- Quantas vezes tenho que dizer para me chamarem de Ace? Ou pelo menos de Portgas? Não gosto disso de “senhor.” Sou muito jovem pra isso e não sou nenhuma autoridade.

- Você pode não querer ser uma autoridade, mas o fato é que se tornou uma. Essas pessoas te respeitam como se você fosse o próprio Verligte.

- NÃO! - Ace berrou. - Eu não quero ser um Verligte! Quero viver como bem entendo, ajudar essas pessoas, mas sem isso de títulos, de pomposidade! Por quê não entendem?

- Não adianta reclamar agora, Portgas D. Ace. - Uma voz desconhecida adentrou a conversa. - Você virou o rosto dessa revolução. O poder traz consigo as responsabilidades.

- Finalmente você chegou. - Ace suspirou. - Ninguém notou sua ausência, espero.

- Deixei aviso de que estava partindo para terras no Norte. No fim, nem é mentira. Parto ao amanhecer para uma cidade aqui perto para possuir um álibi verdadeiro caso me indaguem. Ninguém suspeitará de mim.

- Seria uma tragédia se suspeitassem, você é muito valioso para nós. - A voz de Joz se levantou. - Que notícias nos traz?

- As de sempre. A tensão no Palácio de Aço só aumenta. Os Mantrees não conseguem mais controlar o Verligte. Seus discursos estão cada vez mais inflamados. E a situação com a Malika não é das melhores. Ainda não engravidou.

- Não queremos saber de fofocas. - Ace cortou. - Queremos saber se suspeitam de nós.

- Não. Eu cuidei para que vocês fossem dados como mortos em trabalho ou capturados e mortos entre fugas. Vejo que já anotaram o nome dos novos membros da revolução. Vou dar um jeito de desligar as pulseiras deles. Mas sim… Há alguém que suspeita. Não de vocês em específico, mas de mim.

- Quem?

- O Grande Mantree, Rononoa Zoro. Soube que ele anda me investigando.

- Devíamos dar um jeito de matá-lo. - Alguém sussurrou.

- É muito perigoso. Não devemos nos afobar. - Ace rosnou. - Rononoa Zoro só não é mais protegido que o Verligte, sem contar sua enorme habilidade de luta.

- Sim. - A voz desconhecida concordou. - Vou tentar desviá-lo em sua investigação de algum jeito. Deixo vocês informados.

- Ainda não consigo entender porque está nos ajudando. Afinal, você e o Verligte…

- Não se preocupe com isso. Ele vai entender. - A voz cortou. - Vou embora para meu acampamento. Com sorte, ninguém notou que eu saí de minha barraca.

Sabo saiu de seu esconderijo antes que alguém saísse da casa e o visse ali. Ficou andando a esmo pelo vilarejo, pensando em tudo que acabara de ouvir. Então eles tem alguém infiltrado no Palácio. Quem poderia ser…?



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