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História Plano Perfeito - Shaka


Escrita por: Mila-Scorpions

Notas do Autor


Gostaria de agradecer a todas as pessoas que não abandonaram a fic e continuam acompanhando e, principalmente, as pessoas que deixaram um comentário no capítulo anterior. PeixeGay, Dias_Jasmin, Raposa_Onix, muito obrigada pelo carinho.
Um beijo enorme no coração de vocês. Devagar e sempre, nós chegamos lá.

Capítulo 16 - Shaka


Fanfic / Fanfiction Plano Perfeito - Shaka

 

Fechei os olhos e respirei fundo, na tentativa de conter todo o sentimento de frustração que me consumia naquele momento, enquanto eu lia mais um editorial atacando o presidente helênico. Desta vez, ele era criticado por ser indulgente com o crime da capital.

— Quem autorizou publicar isto? — questionei à minha assistente, mostrando-lhe o exemplar do jornal.

Eu já havia perdido as contas de quantas vezes dissera para os meus editores que nenhuma matéria poderia ser publicado sem a minha aprovação. Qual o objetivo de ter um editor-chefe, se qualquer um puder publicar o que bem desejar?

— O príncipe do ge... Quero dizer, o senhor Chevalier — ela respondeu, olhando para baixo.

Eu detestava quando os meus subordinados olhavam para o chão quando estavam conversando comigo, pois passavam-me a imagem de que eram fracos, incapazes e submissos demais; e eu não conseguia lidar bem com pessoas assim.  Eu só não demitia a minha assistente, porque, apesar desse seu problema com autoestima, ela era muito competente em sua função. Além disso, estava difícil encontrar secretárias polivalentes como ela hoje em dia.

— Não é Camus quem dirige este jornal, sou eu! — bradei antes de suspirar, enfadado.

Oh buda! Eu ainda era o editor-chefe do Next Dimension!

Entretanto, desde que Camus o comprara que todos pareciam se esquecer desse fato. Sua presença estava transformando o meu trabalho num verdadeiro suplício.

Cheguei a pedir demissão certa vez, numa de nossas desavenças de ideias; porém, ele me convencera a ficar, dobrando o meu salário, cobrando por nossa amizade e me lembrando de todos os meus anos de dedicação ao Next Dimension. Esse último argumento fora o mais importante para que eu ficasse.

Além disso, era instigador trabalhar com pessoas visionárias como Camus. Por mais que a convivência com ele estivesse ficando cada vez mais complicada. Ele era arrogante, sua opinião era a única que contava e tudo tinha que ser feito à sua maneira. Era o primeiro a chegar no jornal e o último a sair. Parecia não ter mais vida social, tampouco um relacionamento amoroso. Por conta disso, sua vida particular era um tema de intermináveis fofocas no Dimension.

— Peça a Algol para vir até a minha sala, imediatamente.

— Sim, senhor — ela disse, olhando novamente para chão antes de se retirar, fazendo-me revirar os olhos.

Não demorou muito para que Algol estivesse em minha presença, claramente apreensivo. Com certeza, minha assistente lhe adiantou o assunto; ou ele deve ter suspeitado, já que conhecia o quanto eu era rigoroso com as publicações do jornal. Nunca precisei chamar sua atenção antes. Apesar de ser jovem, Algol era um dos nossos melhores jornalistas.

— Queria falar comigo? — ele perguntou-me polidamente.

— Foi você quem escreveu este editorial, Algol?

— Eu mesmo. Há algo de errado com o texto?

Tenho que admitir que o editorial não estava mal redigido, muito pelo contrário. O que me incomodava era outra coisa.

— Este parágrafo sobre o crime diminuindo em vinte e cinco por cento em Esparta graças ao governador de lá não me agrada. Por que falou justamente sobre Esparta?

Ele coçou atrás do pescoço, parecendo meio incomodado quando explicou:

— Foi uma sugestão da Príncipe do..., digo, do senhor Chevalier.

Tinha que ser!

— Ficou ridículo — falei. — Dá próxima vez que o senhor Chevalier lhe der alguma sugestão, traga-a primeiro em minha sala antes de publicar.

— Tudo bem...

— Ótimo, é somente isso. Pode se retirar...

Antes de eu ver Algol passar pela porta, o telefone tocou. Era Mu, todo animado, avisando-me de que havia conseguido fazer a reserva no nosso hotel preferido na Villa de Oia, um dos melhores locais para se hospedar na ilha de Santorini e um dos mais lindos, na minha opinião. Demos muita sorte em conseguirmos essa reserva tão rápido, o lugar era muito visado. De qualquer forma, nesse hotel ou em outro, nós iriamos para a Ilha.

Já fazia algum tempo que Mu reclamava de que não estávamos tendo muitos momentos de lazer, tampouco românticos. Tanto o meu trabalho quanto o dele eram muito extenuantes e estavam nos desgastando. Então, ontem mesmo, decidimos fazer essa viagem. Estávamos precisando desse momento só nosso.

Mal coloquei o telefone no gancho ao encerrar a ligação, e o número do ramal de Camus piscou no aparelho. Apertei o botão.

— Shaka, venha imediatamente até minha sala.

Desligou.

Nem "por favor", nem "bom dia"... Oh buda! O Príncipe de Gelo estava num dos seus ânimos sinistros. Ia ser mais um dia longo, muito longo...

Ainda bem que era quinta-feira. Logo eu iria para uma praia paradisíaca em Santorini, ver o mais lindo pôr-do-sol ao lado do meu namorado e, com certeza, voltaria de lá com as energias renovadas.

Depois de pensar nisso e de algumas respirações concentradas de re ao inalar e lax ao exalar, eu estava bem o suficiente para me dirigir até a sala de Camus.

Fui andando pelos enormes corredores do prédio, onde centenas de empregados circulavam por toda parte. O Next Dimension Enterpoires era um dos maiores jornais da Grécia, e eu me sentia realizado por ser o responsável em controlar todas aquelas inúmeras e diferentes repartições.

Subi de elevador para a Torre Branca. A porta do suntuoso gabinete do dono do jornal estava ligeiramente aberta e eu podia ouvi-lo falando sobre alguma coisa, embora não conseguisse entender o que era. Ele sentava-se atrás de sua enorme mesa e direcionou-me os olhos quando entrei. Meia dúzia de editores já esperavam na sala. Ele convocara uma reunião editorial.

Não cabia a Camus convocar reuniões como aquela. Era minha função. Recordei o que ele me  dissera quando comprou o jornal: "Você é quem vai dirigir o Dimension, Shaka, eu não vou me meter." Suspirei ao recordar-me disso. Eu deveria ter imaginado. Por outro lado, eu tinha que aceitar que ele era o proprietário, podia muito bem fazer o que quisesse.

— Vamos começar — ele disse.

— Antes, precisamos conversar sobre aquela matéria a respeito do  presidente Saga...

— Não há o que conversar — ele me cortou e levantou um exemplar do Atenas Post, o nosso principal rival. — Já viu isto?

 — Já sim, e...

— Onde estavam você e seus repórteres quando o Post cavava este furo, Shaka?

Minha mandíbula se apertou e minha visão ficou turva de repente. Senti vontade de arrancar todos os cinco sentidos de Camus, um por um, a começar pela fala. Quem me dera poder fazer isso, resolveria muitos dos meus problemas.

A manchete do Washington Post era a seguinte:

“O presidente grego se dirigiu a Moscou para um acordo milionário. Em plena época de guerra, Grécia faz alianças com a Rússia.”

— Por que não publicamos essa notícia? — Ele me olhou diretamente nos olhos, e eu sustentei o olhar.

— Porque esse “tal apoio” ainda não é oficial. Já verifiquei — com os dentes trincados, falei no mesmo tom altivo que ele havia usado. — O presidente fez uma viagem diplomática até a Rússia, não há nada que comprove um acordo entre os dois países. Isso não passa de apenas especulações...  Esse jornal não é um folhetim de fofoca, é um lugar de notícias sérias.

Frisei a última fala.

— Viagem diplomática? E você acredita mesmo nisso?

— Por que não acreditaria. Saga Archipoulos é um ótimo presidente e ele tem feito muito pela Grécia. Devia dar uma chance a ele...

— Eu já dei — Foi o que ele me respondeu rápido, desviando o olhar. — De qualquer forma, não gosto de perder um furo.

Eu apenas cruzei as pernas e recostei na cadeira, sentindo aquela pontada na cabeça. Já vi que hoje seria uma noite inteira de meditação quando chegasse em casa.

— Somos o número um, ou não somos nada — Camus continuou falando, agora olhando para todo o grupo. — E se não somos nada, não haverá empregos aqui para ninguém, entendido?

Todos se entreolharam, apreensivos, mas não disseram uma palavra sequer.

Camus virou-se para Jamian Covors, o editor da revista dominical.

— Quando as pessoas acordam na manhã de domingo, queremos que leiam a nossa revista, não queremos fazer com que nossos leitores voltem a dormir. As reportagens do último domingo eram muito chatas.

Jamian ficou tenso. Era um homem desengonçado e tinha cara de retardado. Trabalhava há anos conosco, e, apesar de não ser de todo ruim de serviço, eu tinha que concordar com Camus. A revista do último domingo estava um lixo.

— Desculpe-me, Senhor Chavalier. Tentarei fazer melhor na próxima vez.

Então Camus virou-se para Geki, o nosso editor de esportes. Era um homem de boa aparência, trinta e poucos anos, moreno, olhos inteligentes, bem alto e atlético. Devia ter uns 100 kilos; não de gordura, mas de músculos. O cara parecia um urso.

— Você escreveu que o jogador mais famoso do nosso futebol seria transferido para outro país.

— Fui informado...

— Pois foi informado errado!

— Recebi a informação do treinador dele... — explicou Geki, imperturbável. — Ele me contou que...

— Na próxima vez, confira suas informações... e depois torne a conferir. — Camus falou olhando para Geki e depois se virou para todos. — A pior coisa que um jornal pode fazer é noticiar os fatos de uma maneira errada. Estamos em um negócio em que temos que acertar sempre.

Ah... o famoso faça o que eu digo e não o que eu faço...

Como se ele sempre se certificasse das fontes quando o assunto era política, especialmente quando envolvia alguma crítica ao presidente. Aposto que se Geki tivesse publicado algo a esse respeito teria ganhado uma estrelinha. Não consegui conter um risinho sarcástico quando pensei nisso e acabei atraindo o olhar de Camus para mim, mas não me senti intimidado.

Em seguida, ele olhou para o relógio.

— E só isso, por enquanto. Espero que todos façam muito melhor da próxima vez... Shaka, quero que você fique.

Continuei sentando onde eu estava, observando os outros jornalistas se retirarem da sala. Quando todos já haviam saído, Camus me perguntou:

— Fui muito duro com eles?

— Conseguiu o que queria. Todos viraram suicidas por boas reportagens. Também já estão acostumados com o seu jeito — falei. — Sabe como eles o chamam?

— Sei. — Ele deu um meio sorriso e pareceu se lembrar de alguma cena. — Príncipe do Gelo. Um dos jornalistas já me chamou assim?

— Quem?! — perguntei, curioso. Eu sabia que todos os jornalistas o chamavam por esse apelido pelas costas, mas nunca imaginei que tivessem coragem de fazer isso cara a cara.

— O senhor Panagoupolis — ele contou.

Ah, Milo... Tinha que ser.

— Não se incomoda?

— Sinceramente, não! — Ele riu, parecendo realmente achar divertido.

Deixei isso para lá e fui logo ao que estava me incomodando.

— Camus, nós realmente precisamos falar sobre o editorial que você pediu Algol para escrever.

— Ficou bom, não ficou?

— Não. Ficou um lixo! — eu deixe claro. — Aquela porcaria não passa de propaganda política e aqui não é uma agência de publicidade. Além disso, você deve saber que o presidente não é responsável pelo controle do crime em Atenas. Temos um prefeito que deveria fazer isso e todo um departamento de polícia. E que besteira é essa sobre o crime cair mais de vinte e cinco por cento em Esparta graças ao governador de lá? De onde tirou essa estatística?

Ele não respondeu, recostou-se na cadeira, muito calmo, prestando atenção em minhas palavras, e começou a se balançar nela, enquanto eu continuava.

— E só para não esquecer, aquela matéria na primeira página sobre o presidente que você publicou na edição passada era mais apropriada a um tabloide sensacionalista. Por que insistir em criticar o presidente?

— Shaka, este é o meu jornal. Direi qualquer coisa que eu quiser. Saga Archipoulos é um péssimo presidente, e quero removê-lo do cargo...

Suspirei. Era melhor deixar isso para lá. Até porque eu não tinha a menor intenção de iniciar outra discussão com Camus sobre o presidente. Ele era fanático no assunto.

Até Shion, o tio do meu namorado, que era obcecado com política e nutria certa mágoa pelo presidente, desde que ele quebrara o acordo político que havia entre eles, aceitava o fato de que Saga estava fazendo um bom trabalho, de que estava sendo o melhor presidente que já tivemos até agora.

Sempre desconfiei de que também havia algum motivo pessoal por trás de todos esses ataques de Camus. Sei que ele trabalhara ao lado de Saga quando era publicitário e ainda me lembro de como o encontrei abatido no dia do casamento do presidente com a neta de Mistsumasa Kido. Naquele dia, cheguei a pensar que talvez tivesse acontecido algum romance entre eles, ou algo do tipo. Ainda assim, eu não via nenhum motivo ali para cultivar rancores.

— Estou pensando em ajudar na candidatura do governador de Esparta — Camus disse. — Acredito que ele daria um grande presidente, com certeza, melhor do que Saga...

Bufei, exasperado. Ah, não... Ah, não...

— Você não vai querer transformar o Next Dimension numa agência de publicidade para políticos, não é? Eu me demito se fizer isso...

— Ora, Shaka, não faça essa cara... — Foi interrompido por sua secretária, que entrou na sala logo depois de dar umas batidinhas na porta, que já estava ligeiramente aberta. — Aconteceu alguma coisa, senhorita Andrea, para entrar assim antes da reunião acabar? Não podia esperar um pouco?

— Desculpe, senhor Chevalier, mas o chefe dos correspondentes internacionais está aqui, procurando por Shaka. E é urgente!

Eu já iria me levantar, quando Camus disse para mandá-lo entrar, e Valentine já entrou falando.

— Temos um problema... — Ele parecia muito preocupado.

— Diga logo de um vez — falei.

— É sobre um de nossos repórteres, o Milo.

— O que aconteceu com ele?! — Foi Camus quem perguntou.

— Milo foi preso.

— Preso?! — Camus e eu exclamamos uníssonos.

— Por qual motivo? — questionei, mas já imaginava a resposta. Milo era do tipo “muita coragem, nenhum juízo”. Quantas vezes avisei a ele para ser mais temeroso...

— Está sendo acusado de espionagem. — Ele confirmou minha suspeita. Por Buda! Eles iriam matá-lo.

Olhei para Camus, ele estava pálido e, por uma fração de segundo, pareceu perdido enquanto uma expressão assustada, atípica, desenhava em seu rosto.

— Shaka, você quer que eu...?

— Pode deixar que eu resolvo isso —  Camus falou rápido para Valentine. — Ligarei agora mesmo para o Ministro das Relações Exteriores... Shaka, ligue para todas as associações internacionais de defesa dos jornalistas. Eu também ligarei para a ONU, para...

— Camus, sabe que se o presidente não interferir não há a menor chance de... — Ele fez que sim com a cabeça antes mesmo que eu terminasse a frase.

— Faremos o que tiver que ser feito...

Respirei fundo, e saí para a minha sala. Havia muitas providencias a tomar.

Oh Buda! E lá se foi o meu final de semana em Santorini...

Liguei para todas as associações de jornalistas, e para algumas personalidades políticas importantes. Liguei também para Mu, com o intuito de contar-lhe de que nossa viagem seria cancelada e para que ele avisasse ao seu amigo, o tal de Aiolia, que também era primo de Milo. Ele era advogado e talvez pudesse fazer alguma coisa. Tudo tinha que ser tentando numa situação como essa... O desfecho dela me preocupava.

Ah, Milo, você se meteu numa grande enrascada


Notas Finais


Será que o Milo vai conseguir sair dessa?!

Calma, meu pequeno gafanhoto, ainda tem muita água para rolar debaixo dessa ponte...

Gente, mil desculpas pela demora. Agradeço imensamente a paciência de quem continua acompanhando e não abandonou a fic. Devagar e sempre, nós chegamos lá.


Beijos e até o próximo. Espero que seja logo.

P.S.: Ah, por favor, eu sou péssima para achar meus erros e a fic não tem mais beta. Então, relevem alguma bobagem. Se tiver alguma erro grotesco e gritante, não se acanhem em me apontar. Seja por comentário mesmo, ou mandando MP. Beijokas.


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