- Vamos? Você não aceitou minha proposta ainda, e só aceito sim como resposta. Disse ele rindo em meu ouvido.
- Não Harry! Me deixa! Falei em alto tom, na esperança de que alguém ouvisse, mas foi em vão todas as pessoas haviam entrado no ônibus e a rua estava deserta a essa hora. Foi nesse momento que meu coração começou a latejar em meu peito, senti um temor crescer dentro de mim, algo horrível, eu estava com muito frio, e com medo.
Ele simplesmente ignorou minha resposta, segurou meu braço com força e começou a arrastar-me pela rua, comecei a gritar tentar desprender-me daquele monstro, mas foi tudo em vão ele segurava-me com mais força ainda anulando qualquer forma de tentativa de fuga.
Senti lagrimas escorrerem por meu rosto, eu mal sentia minhas pernas, a única coisa que eu almejava agora era fugir, fecho meus olhos tentando imaginar-me em outro lugar.
Eu estava presa em um beco escuro e sujo, Harry encurralava-me, tentei gritar mas ele havia tampado minha boca. Senti suas mãos rasgarem minha roupa, meus olhos agora tomados por lagrimas suplicavam socorro.
- Você vai ser minha sua vadiazinha! Gritou ele, e em seguida deu-me um tapa no rosto.
Senti minhas calças sendo arrancadas, suas mãos nojentas a tocar meu corpo das formas mais horríveis, e naquele momento eu desejei com todas as minhas forças morrer, ali mesmo, eu jamais conseguiria erguer minha cabeça novamente. A essa altura eu já havia fechado meus olhos na esperança de morrer, mas senti o corpo de Harry enrijecer, e ser arrancado de cima de mim.
- O que você está fazendo?! Berrou uma voz masculina enfurecida.
Minha visão estava entorpecida pelas inúmeras lagrimas, mas pude ver o dono da voz que a instantes gritara, desferindo inúmeros socos sob Harry. Eu não tinha forças, nunca havia sentido-me tão fraca em toda minha vida, mas tentei reunir algo para levantar-me e correr dali, aquela era minha chance de fugir. Erroneamente apoio-me sob as latas de lixo e com passos fracos tento andar, a medida que as latas de lixo vão ficando para trás perco meu apoio, e caio no chão.
O rapaz que batia em Harry desvia sua atenção para mim, e nesse instante posso ver o monstro fugindo para longe.
Sinto mãos segurando-me, eu estava com medo, medo de qualquer homem que chegasse perto de mim, tento soltar-me das mãos daquele rapaz que estava levantando-me, ele percebe e apenas me senta encostada em uma das latas daquele beco nojento.
Olhei para mim e senti nojo, levo minhas mãos a meu rosto e choro, como uma garotinha vê seu bichinho sendo atropelado.
O rapaz coloca seu casaco sob meus ombros nus e me puxa para perto de seu peito.
- Vai ficar tudo bem, eu prometo, estou aqui agora. Dizia ele enquanto acariciava-me o cabelo.
- Q-quem é você? Pergunto em meio ao pranto.
- Sou eu Jully, Leonardo.
O que Leonardo estava fazendo ali? Ele havia me seguido? Logo tento dispersar estas perguntas de minha mente. A única coisa que importava é que ele estava ali.
- Vou te pegar no colo agora tudo bem? Alertou ele.
- P-para onde você vai me levar? Perguntei ainda chorando.
- Para um lugar seguro. Eu prometo. Respondeu ele calmamente.
- Mas vou ligar para a polícia antes. Completou ele
- NÃO! Não ligue para policia, por favor... Falei suplicando
Fechei meus olhos tentando esquecer tudo o que havia acontecido. Só os abri quando Leonardo colocou-me em um sofá. Olhei ao redor tentando identificar algo familiar, e logo reconheço o cômodo. Estava na sala de minha casa.
- Jully? Você está bem? Perguntou ele.
- Eu quero morrer. Respondo de cabeça baixa, a essa hora já havia recuperado a força em minhas pernas, me alguma forma ter ficado próxima ao peito de Leonardo era reconfortante e fez-me sentir mais segura.
- Não fale besteira ! Você vai ficar bem, eu prometo. Falou ele trincando o maxilar.
- E-eu, sou a culpada por tudo isso ... Falo chorando baixinho .
- Não é, você nunca vai ser a culpada por tudo isso, nunca, tire isso de sua cabeça. Falou ele suavemente.
- E-eu, beijei ele , mas não queria nada além disso eu juro, ele me fez perder o ônibus, depois disso arrastou-me para aquele beco, e ...
- Ele te machucou? Perguntou sério, trincando novamente o maxilar.
- S-sim.. Q-quer dizer, não desta forma... Graças a você... Como sabia que eu estava ali?
- Ele tocou em você? Perguntou sério.
- S-sim. Abaixei a cabeça.
Pude ver uma expressão em seu rosto ilegível, estava enfurecido mas ao mesmo tempo tentava manter-se calmo, eu nunca tinha o visto sem capuz, e fiquei surpresa ao ver a cor de seus olhos, um azul intenso, tão intenso que fundia-se levemente ao violeta.
- Katharynm ligou-me desesperada, pois você não atendia ao telefone, ela me disse que já havia tentado ligar para Luce, acho que é sua governanta certo? Em fim, pediu-me para tentar ligar para você, e eu tentei, mas seu celular estava desligado não é mesmo? Liguei novamente para ela e perguntei os possíveis caminhos que você poderia fazer um dele era este, na verdade foi o primeiro que tentei, pois ficava perto do lugar onde eu trabalho. E graças a Deus te encontrei.
- Katharynm? Te ligou? .
- Sim. Também fiquei surpreso.
- Mas acho que agora você precisa tomar um bom banho e deitar, não é mesmo? Falou sorrindo suavemente.
- P-por favor não conte a ninguém o que houve! Por favor, eu lhe imploro. Supliquei, não queria que ninguém soubesse daquilo.
-Mas Jully... Seus pais precisam saber, sua amiga esta preocupada, e essas horas Luce deve estar, aliás todos devem. Falou ele franzindo o cenho.
- Leonardo, coloque-se em meu lugar... Não tenho coragem de olhar para qualquer homem como olhava antes, e-eu estou derrotada, envergonhada, apesar de ele não ter terminado o que queria começar , o que ele fez foi... Disse fechando os olhos, não queria lembrar-me do que havia acontecido.
- Tudo bem...Não vou contar, mas o que falaremos a Kathrynm e a Luce? Perguntou ele.
- N-não sei... Falei gaguejando. Não queria chorar, mas sinti uma lagrima escorrendo por meus olhos.
- Jully... Já passou, você vai ficar bem, eu prometo. Disse ele sorrindo suavemente.
- E-eu sei, mas não consigo evitar, droga, eu pareço uma garota mimada fazendo drama. Disse aquelas palavras em meio a lagrimas novamente.
Leonardo abaixou a cabeça, como se não tivesse palavras para aquele momento. Lembrei-me de quando ele havia me trazido para casa, da paz que senti perto de seu peito, algo nele acalmava-me.
Senti uma imensa vontade de abraça-lo, mas resisti.
- Vamos falar que você estava no Tea and Books, que passou lá para comprar um livro, e que havia desligado seu celular para não atrapalhar a leitura das demais pessoas, que tal? Perguntou ele.
- Você é bom em mentiras . Disse .
- Mas está bem, pode ser assim. Completei
- Certo. Respondeu ele.
- Eu acho que você deveria tomar um bom banho e deitar... Dormir um pouco sempre é bom. Falou ele em tom baixo.
- É... Acho que vou... Respondi.
- Então acho que é melhor ir para casa, já são 00:30. Falou ele olhando a hora no visor do celular.
- Mas está tarde... É perigoso . Falei
- Não se preocupe, eu sei me cuidar. Respondeu.
- Vou chamar um taxi para você, é o mínimo que posso fazer. Falei pegando o celular.
- Não, não posso aceitar. Disse ele .
- Por favor , aceite, não é nada de mais, apenas um taxi, você fez muito por mim hoje. Falei tentando lhe convencer.
- Apenas retribui o favor. Sorriu ele.
“Favor?” pensei, mas logo lembrei-me do fato ocorrido na escola.
Por fim acabei o convencendo a aceitar o taxi, e não demorou muito para que ele chegasse.
- Bom acho que é isso, boa noite Jully, e qualquer coisa me ligue. Falou ele colocando o capuz, os roxos de seus olhos estavam quase desaparecendo por completo, mas eu ainda podia vê-los.
Aproximei-me dele, e coloquei suavemente a mão em seu rosto, no local onde havia um dos hematomas.
- Quem fez isso? Perguntei com tom baixo.
Rapidamente pude ver desespero em seu rosto, ele tirou minha mão com rapidez e olhou para baixo.
- Isso não vem ao caso, e não lhe interessa. Respondeu seco.
- D-desculpe. Falei
O táxi que estava do outro lado da rua buzinou, Leonardo saiu por minha porta e caminhava em direção a ele. Porém nesse momento deixei minhas emoções tomarem conta de meu corpo e minha mente, corri em direção a ele, encosto em seu braço e subitamente ele vira-se para trás.
- Obrigada por tudo. Falei, em seguida abracei-o, colocando minhas mãos ao redor de sua cintura, fechei meu olhos e encostei minha cabeça em seu peito. Eu podia ouvir as osciláveis e rápidas batidas de seu coração.
Leonardo-
Ela havia percebido os roxos, e perguntado as origens dos mesmos. Em meu interior eu gostaria de contar-lhe tudo, sobre minha vida, sobre minha família, sobre como eu não aguentava mais viver, sobre como estava furioso com o que aquele idiota fizera com ela e em como eu queria matar ele. Mas limitei-me a secamente tirar-lhe a mão de minha face e virar o rosto, pude ver espanto em seu rosto, mas ela já havia passado por tanta coisa hoje que eu jamais iria lhe trazer problemas, os quais ela se quer pertenciam a ela.
Porém antes que eu atravessasse a rua senti um toque em meu braço, virei-me para trás e lá estava ela, junto a uma tênue garoa que caia sobre nós.
- Obrigada por tudo. Disse ela enquanto abraçava-me.
E por um momento não tive reação, apenas alguns segundos depois eu a abracei de volta, senti meu peito ficar mais leve, meu coração acalmar-se porém ao mesmo tempo latejar forte, ela não era muito alta, batia em meu peito, e abraça-la ali fazia-me sentir como se eu pudesse a proteger de tudo.
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