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História Playing Pretend - Carona


Escrita por: Chrissy_RDC03

Capítulo 3 - Carona


Fanfic / Fanfiction Playing Pretend - Carona

 

*Lucille*

(Uma semana depois)

 

— Paul, preciso desses documentos xerocados em três minutos, se eu não entregar esses documentos na hora saiba que minha cabeça vai ser jogada para fora desse prédio hoje mesmo. — Digo, ofegante pelo fato de ter corrido até aqui.

 

— O Malik tá puto hoje? — Ele riu, pegando os papéis da minha mão, já virando em direção à máquina. 

 

— Ele sempre está, mas hoje, puto é pouco. Acho que ele e a Miss Universo brigaram. — Revirei os os meus olhos só de lembrar da namorada dele que não me suporta. — Eu nunca fiz nada contra ela e ela me encara como se eu tivesse assassinado a vó dela! 

 

— É que, Lucy, acho que todos já perceberam menos você e o Malik, que... — Paul voltou a olhar para mim, um pouco aflito, coçando a nuca. — Não, não é nada, deixe pra lá. 

 

— Agora eu quero saber. Diga, Paul! 

 

— Tá bom. Mas só porque você tem um sorriso lindo. — O loiro me provocou, o que me fez revirar os olhos. — É que o Malik te chama a cada dez minutos na sala dele, e quando não é isso, ele vem até você na sua mesa. 

 

— É claro que não! — Eu ri, um pouco nervosa. — Quem disse isso? 

 

— Todo mundo fala, na verdade. 

 

— Sério? — Arregalei os meus olhos. — Inacreditável como as fofocas de escritório correm rápido. Então estão achando que eu estou tendo um caso com o modelo da Calvin Klein?! Sério?! 

 

— Bem, foi você que inventou esse nome para ele, e todos estão usando agora. — Ele disse, com humor, e eu acabei rindo, batendo em seu peito. — Mas é o que falam sim. Estão falando até que o motivo das brigas entre a Miss Universo e o modelo da Calvin Klein são por sua causa. 

 

— Mas que audácia! — Exclamei. — O Malik me trata igual capacho toda vez que olha pra mim, acha mesmo que eu iria me envolver com ele?! 

 

Bufei, pegando os papéis xerocados e saindo em passos pesados até a minha mesa, nem ouvindo a resposta de Paul. Me sentei na cadeira e afundei os meus dedos na raiz dos meus cabelos presos em um rabo de cavalo, estressada. 

 

Eu queria poder dançar agora para aliviar toda a raiva que eu estava sentindo daquele projeto lindo de homem tatuado. Oras! E agora boatos sobre nós dois corriam soltos pelo escritório, sendo que ele nunca sequer disse algo bom para mim além de ordens quase impossíveis para mim fazer em tempo recorde! Argh! 

 

— Com licença. 

 

— Ahm, posso te ajudar? — Perguntei, erguendo a cabeça, e me deparando com um homem um pouco mais velho que eu, de cabelos castanhos compridos e cacheados até os ombros e olhos verdes como esmeraldas. 

 

— Ah, sim, eu... — Ele ergueu os olhos do papel em suas mãos e me olhou, e então a sua boca se entreabriu e ele se perdeu em suas palavras. — Minha nossa, como você é linda. 

 

— Ahm...desculpe? — Eu não aguentei e ri, e ele acabou fazendo o mesmo, mas vi que ficou um pouco envergonhado. 

 

— Mil perdões. Eu e a minha boca grande. — Ele riu, mas se recusou a tirar os olhos de mim. — Harry. — O moreno ofereceu a mão para mim. 

 

— Lucy. 

 

Harry beijou a minha mão, e seus olhos verdes pareciam entrar dentro da minha alma, vasculhando tudo sobre mim. 

 

— E então? O que deseja? — Perguntei, um pouco sem jeito, olhando para a tela do computador, observando a logo do escritório. 

 

— Bem, pra falar a verdade, gostaria do seu número, princesa. — Harry piscou para mim.  

 

Uau. 

 

— Bem... 

 

— Styles. Mas que ótima surpresa. — Quase pulei da cadeira quando ouvi a voz do meu chefe, que andou em passos lentos e com um sorriso macabro no rosto até nós. Os dois fizeram um toque qualquer e se abraçaram meio de lado, trocando algumas palavras informais, enquanto eu observava tudo com medo do apocalipse começar. Todos me disseram que Malik era pavio curto, mas eu nunca havia presenciado um estouro dele até agora. 

 

E nem queria, é claro. 

 

Então fingi voltar ao trabalho. 

 

— Veio tratar dos nossos negócios? — O chefe perguntou. 

 

— Exatamente. 

 

— Bem, então se é só isso, por favor, não dê encima da minha secretária. — Ergui o meu olhar cautelosamente, mordendo o meu lábio inferior, mas me arrependi amargamente quando ele me olhou também e nossos olhares se esbarraram. Seus olhos castanhos claros e intensos se demoraram nos meus, severos, me secando por inteira, antes de cair até a minha boca. Desviei o mais rápido possível. — E você, Lucille, volte ao trabalho. — Ele fala, firme, antes de dar as costas. 

 

Ele nunca iria me chamar de Lucy, como todas as pessoas normais e capacitadas mentalmente me chamam porque eu pedi que me chamassem assim. Argh! 

 

Até parece que ele gosta de ser diferente de todas as outras pessoas. 

 

— Sim, senhor. — Olhei para baixo e revirei os meus olhos, tentando focar em meus afazeres e ignorar os dois homens andando até a sala do meu chefe. 

 

— E por favor, Lucille, não nos interrompa. Eu sei o quanto você gosta de entrar na minha sala o tempo todo sem bater. 

 

— Mas é você que me... — É óbvio que ele me interrompeu. 

 

— Como é? — Ele me lançou um olhar severo, daqueles que dizem “mais uma palavra e você será despedida”, e então eu apenas respirei fundo e assenti. 

 

— Me desculpe. — Sussurrei. — Pode deixar, senhor Malik, eu não entrarei. 

 

Antes que os dois entrassem na sala do chefe, pude ouvir um pouco da conversa dos dois, e ri um pouco pela infantilidade. 

 

— Cara, foi mal dar encima da sua secretária, mas eu juro pra você, ela vai ser a mãe dos meus filhos. 

 

— Vai sonhando, Styles. 

 

[...]

 

Eu disse que não entraria em sua sala mais, mas é óbvio que ele me chamou pelo telefone enquanto o tal Harry ainda estava lá. Eu fiz questão de bater bem forte na porta para que ele ouvisse, e então entrei lentamente em seu escritório. 

 

E ele me deu trinta relatórios para preencher, faltando meia hora para o meu expediente acabar. 

 

Eu quis morrer. 

 

Caramba, Malik, eu só queria dançar, poxa!

 

Não dei um pio sequer e fiz tudo com um sorriso orgulhoso (e falso) no rosto, mas assim que fechei a porta, fiz a maior careta que podia fazer. 

 

Eu queria tanto esganar ele! 

 

Fui até a minha mesa à contragosto e preenchi os relatórios como ele havia mandado o mais rápido que pude, mas mesmo assim, iria me atrasar para ir até a Classique hoje. 

 

Quando todos já haviam ido embora, eu avisei rapidamente para Gabriel qual o motivo do meu atraso, e então percebi quando a porta do escritório do Malik se abriu e Styles foi embora logo depois que eles se despediram brevemente. 

 

E é claro que Harry piscou rapidamente para mim antes de sair. Segurei uma risada, ainda no telefone com Gabriel. 

 

Quando desliguei, voltei a preencher os últimos três relatórios que faltavam enquanto o Malik trancava seu escritório com cautela. E então ele andou até ficar de frente para mim. 

 

— O que está fazendo aqui ainda, Lucille? 

 

Ele só podia ter amnésia. 

 

Ou demência. 

 

Olhei para ele com um olhar óbvio e o respondi, tentando acalmar meus nervos. 

 

— Preenchendo os relatórios que o senhor  me mandou preencher. 

 

— Mas já passou do seu expediente! — Foi a vez dele usar um tom óbvio em sua frase, olhando o relógio em seu pulso. — Merda, se Louis te ver aqui eu sou um homem morto. 

 

— Ele já foi faz tempo. Disse para ele que só iria terminar isso aqui e iria à pé. — Apontei para as folhas empilhadas na minha frente. 

 

Malik tocou a nuca e bufou, quase gemendo de estresse. 

 

Quis negar para mim mesma que pensei o quão sexy ele ficava fazendo aquilo. 

 

Quando seus lábios rosados se entreabriam e ele fechava os olhos. Ou quando ele ergueu o braço e pude notar seus músculos por baixo da blusa social branca, ou seus ombros largos que caiam tão bem com a sua postura. 

 

Minha nossa. 

 

— Certo, você vai para casa? 

 

— Não. — Eu disse, apenas, não querendo entrar em detalhes. 

 

— Para onde você vai? 

 

Quase fiz uma careta, vendo que eu não tinha escolhas. Ele era o meu chefe e eu precisava respondê-lo. 

 

— Classique. — Disse, baixo. 

 

O moreno demorou algum tempo para lembrar do que “Classique” se tratava, e então sorriu de leve, ainda me encarando. Por Deus. 

 

— É claro. — Ele sussurrou para ele mesmo. — Então vamos. 

 

— Como? — Eu perguntei, confusa, quando ele apontou para o elevador e se virou em direção a ele, com as chaves do carro na ponta do dedo. 

 

— Está caindo uma tempestade lá fora agora mesmo e já escureceu, Lucille. Não posso deixar você andar na rua sozinha uma hora dessas. — Quando ele terminou de falar, só então percebi o barulho forte da chuva lá fora, assim como a escuridão. Ele deve ter percebido a minha hesitação, pois logo se rendeu e continuou, usando um tom mais doce dessa vez. — Por favor, Lucille. 

 

E aquele tom me arrancou cinco tipos de arrepios diferentes. 

 

Ele nunca havia falado assim comigo. 

 

E quando eu vi, eu já havia dito sim e já estava pegando as minhas coisas, tentando não ficar boba pelo sorriso leve que estampava o sorriso dele. 

 

Caminhei ao lado dele e mordi o meu lábio, nervosa, quando entramos no elevador e ficamos por ali por algum tempo, em silêncio. 

 

E eu não sei porquê ele provocava aquelas coisas em mim. 

 

No estacionamento do escritório, eu o segui até o seu Audi preto, e segurei um suspiro quando o Malik abriu a porta para mim, me mostrando o seu banco revestido de couro. 

 

— Seu carro é muito bonito. — Foi a primeira coisa que disse assim que saímos do estacionamento, ouvindo o ronco baixo e reconfortante do motor e a brisa gelada e relaxante do ar condicionado. Fechei os meus olhos por um tempo, tocando a minha nuca, me refrescando. 

 

Não importa se estava chovendo, continuava calor em Seattle. 

 

— Eu sei. — Abri os meus olhos e o olhei, pronta para o xingar, até porque o meu expediente já havia acabado e eu podia dizer o que eu quiser, mas vi o sorriso brincalhão do rosto dele e soube que ele estava brincando. Também sorri. — E então? Desde quando você dança? — Ele parecia bem interessado em minha resposta, olhando para mim, ainda sorrindo. 

 

Sinceramente? Não sabia porquê ele era tão rabugento no escritório. Ele ficava tão mais bonito assim, sorrindo. 

 

— Acho que desde sempre. — Dei de ombros. — Minha mãe me ensinou os primeiros passos. Acho que ela me passou o amor pelo ballet de alguma forma.

 

— Certo. E o que veio fazer em Seattle? 

 

— Estou dando um tempo de tudo, organizando a minha vida. Mas não pretendo ficar por muito tempo aqui. Eu pertenço à Londres. — Eu suspirei, brincando com os dedos das minhas mãos. — Mas foi basicamente porque Louis me obrigou a vir. 

 

Ele riu, e a sua risada era o meu mais novo som preferido, apesar de muito breve e raro. 

 

Era isso que fazia esse som especial. 

 

Fiz questão de esconder o máximo possível sobre a clínica de reabilitação. Eu não queria que ele soubesse desse fato sobre mim. Não queria que ele sentisse pena. 

 

Se é que ele podia sentir pena de algo. 

 

— O garoto com quem você estava falando no telefone...Gabriel, não é? — Me surpreendi pela sua pergunta, ou melhor, por ele ser tão atento. Eu assenti. — É seu namorado? 

 

— O que? Gabriel?! Não, não! Ele não é meu namorado! — Não segurei a risada. — Eu estou em Seattle há uma semana, Malik, como espera que eu já namore alguém com esse tempo estando aqui? 

 

— Nunca se sabe. — Ele deu de ombros, com um sorriso leve no rosto. — Ainda mais se tratando de você, Lucille. 

 

— Estou ofendida. — Fingi indignação, brincando, mesmo não sabendo porquê ele disse aquilo. 

 

— Não fique. — Malik riu. — Eu só quis dizer que você é bonita. 

 

Eu corei violentamente e olhei para os meus dedos, me culpando por estar sorrindo como uma boba. 

 

— Obrigada. — Disse tão baixo que não tenho certeza se ele escutou. 

 

Em alguns minutos, logo havíamos chegado em frente à Classique, abaixo de chuva. Antes que eu pensasse em sair correndo do carro para não me molhar, percebi que Gabriel estava perto da porta da academia com um guarda-chuva, e quando me identificou no carro preto, logo veio correndo até o lado do passageiro. 

 

— Muito obrigada pela carona, senhor Malik. Você não precisava fazer isso. — Eu disse rápido, e logo Gabriel abriu a porta para mim. 

 

Malik apenas assentiu, encarando atentamente o cacheado com o guarda-chuva em mãos, me esperando usando um moletom cinza. Dei um último sorriso e saí, sendo acolhida por um dos braços de Gabriel ao meu redor, nos guiando até as portas de vidro da Classique. 

 

— Obrigada, Gabriel. Se não fosse você eu iria me molhar pra caramba. 

 

— Não foi nada, Lucy. — Ele sorriu, mostrando as covinhas, dócil como sempre. Observei que a academia estava vazia enquanto ele colocava o guarda-chuva em algum lugar. 

 

— Me atrasei tanto assim? — Eu ri, vendo que éramos só nós mesmos. 

 

— É. Mas poucas pessoas vêm em dias de chuva. Chama-se preguiça. — Eu ri, caminhando ao lado dele até a sala de ballet. 

 

— Minha nossa, se eu não saísse daquele escritório o mais rápido possível e não viesse para cá, eu juro que enlouqueceria. — Eu disse, tirando o meu casaco e colocando a minha bolsa encima do pequeno sofá que já estava cheio de coisas ali. Os bailarinos esqueciam tudo na academia. — O meu chefe me deixa louca. 

 

— Por acaso é o que te trouxe até aqui? — Gabriel riu, tirando o seu moletom cinza, deixando os seus músculos visíveis. Acho que eu nunca me acostumaria. 

 

Gabriel era muito bonito. 

 

— Sim, foi ele. Pelo menos ele não me deixou sair na chuva. — Peguei as minhas sapatilhas, já indo na direção ao vestiário. — Acho que tem medo que eu pegue pneumonia e ele fique sem secretária de novo. 

 

Ouvi a risada de Gabriel, e então me vesti rapidamente com as roupas apropriadas para o ballet. 

 

...

 

— Calma, preciso de um tempo. — Parei de dançar acompanhada de Gabriel, um pouco ofegante, sentindo um desconforto em uma das minhas pernas. — Eu estou toda travada, acho que é o estresse. Preciso de uma ajuda aqui. 

 

Gabriel me ajudou a erguer a minha perna em seu peito, com meu pé logo acima de seu ombro. Alonguei a minha perna até que ela destravasse, e depois de alguns segundos, me senti bem melhor. Porém, quando olhei para cima, para Gabriel, já que ele era bem mais alto que eu, ele me encarava de forma profunda, e seus olhos azuis pareciam não piscar, bem mais intensos, escuros e dilatados. E nossos rostos estavam a cerca de cinco centímetros de distância. 

 

Acho que previ o que aconteceria e até abri a boca para tentar falar algo, mas me calei quando ele tirou a minha perna de seu peito e a colocou envolta da sua cintura, segurando a minha coxa. 

 

Gabriel me empurrou até a parede mais próxima, ainda atônito, e cometi o erro de descer o meu olhar até a sua boca. Quando as minhas costas bateram contra a parede e ele me encurralou, senti o seu hálito bom em meu rosto, e então as minhas mãos subiram até a sua nuca, adentrando em seus cachos negros. 

 

E então, Gabriel não perdeu mais tempo e me beijou. 

 


Notas Finais


O que acharam da Lucille sendo ligeira desse jeito? Kkkkkkk

Comentem, amores!

Beijinhosss ❤️


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