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História Please, be mine! BAKUDEKU, ABO, BNHA - As pequenas coisas que fazem da vida maravilhosa


Escrita por: BAKUBRO

Capítulo 18 - As pequenas coisas que fazem da vida maravilhosa


 

| Izuku | 

Um mês e meio depois

 

Eu me sentia cheio

Não conseguia achar uma posição confortável para me sentar ou me deitar. Enquanto tentava me encaixar no sofá para ler um dos livros para meu próximo teste, minha barriga estava definitivamente me atrapalhando.

Eu suspirei e afaguei os meus dois filhotes ali dentro.

- Vocês estão me dando um trabalhão, hein? - resmunguei e puxei uma almofada para me encostar melhor. Puxei os pés para cima do banquinho e voltei a me concentrar na leitura, por vezes passando uma das mãos pela barriga por cima da blusa. 

Eu ainda estava tentando lidar com a quantidade de coisas que haviam mudado na minha vida nos últimos dois meses. Quando Kacchan finalmente foi para a faculdade, duas semanas depois de contarmos a família dele que estávamos esperando um bebê, eu já havia completado três meses. Agora, com quatro meses e meio, tudo parecia meio diferente. 

Eu tomava aulas a distancia e via Diaval quase todos os dias; ele me ajudava com os estudos e falava animado sobre todas as coisas da escola. Ele era o único amigo que eu tinha, tirando os meu sogro e as minhas sogras divertidos, Diaval era a única companhia que eu possuía durante a maior parte do tempo. 

A nova casa onde eu morava com a mãe de Kacchan - e aos finais de semana com Sarem e o próprio Kacchan -, era imensa. Com um jardim de perder de vista e uma piscina que me cansava só de olhar, era divertido passar os dias ali. 

Uma pontada de dor me fez grunhir irritado. Eu me virei um pouco no sofá e suspirei pesadamente. 

- Está desconfortável, Izu? - Kim perguntou preocupado. Seus olhos vermelhos abandonaram a tela de seu notebook e ele se levantou para pegar mais uma almofada para que eu pudesse me encostar.

-Obrigado, Kim - murmurei e ele deu um sorriso. - Eles estão crescendo tão rápido. Não sei como eu vou me mexer quando chegar aos sete meses.

-Ah, vai dar um trabalho - ele disse com aquele tom caloroso em sua voz. - Thea levava uma eternidade para descer as escadas da casa antiga onde nós morávamos. Às vezes eu tinha que carregar ela.

Eu gargalhei ao imaginar a cena. Kim voltou a se sentar no outro sofá e puxou sua mesinha móvel para perto. Ele estava fazendo a maior parte dos trabalhos dele a distancia, saindo e me deixando sozinho somente quando era realmente necessário a sua presença no gabinete. 

Jamais iria imaginar que a minha gravidez seria acompanhada de perto pelo meu sogro

Ele era muito divertido. Se Kim era o melhor pai que podia, ser avó era algo para o qual ele definitivamente tinha talento. Nós passávamos boa parte do tempo livre dele vendo moveis para o quarto dos bebês ou roupinhas que ele adorava. 

Samire e Dorothea não eram muito diferentes, apesar de estarem um pouco mais ocupadas por seus trabalhos. 

Eu estava feliz, é claro. Mas havia aquele detalhe... Um que não era tão difícil assim e me deixava insatisfeito a maior parte do tempo.

Eu tinha cada vez menos tempo com Kacchan.

- Ei, Kim - chamei baixinho enquanto pensava naquilo.

-Sim? 

-Ah... Você sabe quando o Kacchan vem para casa? - perguntei meio triste. 

- Ele só falou comigo na segunda - Kim respondeu incerto. - Não tenho certeza se ele e o Sarem vem esse fim de semana. Os jogos deles estão acontecendo todo sábado a noite, então...

Concordei com a cabeça. Me recostei de volta nas almofadas e continuei lendo meu livro. Minha tristeza e o estranho sentimento de abandono eram cada vez mais fortes.

Não é bem assim, eu tentava me convencer. Ele está longe por um bom motivo. Para poder seguir o sonho dele. 

Torci a boca com o pensamento. Por vezes eu me sentia tão triste com aquilo que em seguida o meu sentimento mais forte era de raiva. Eu me sentia estranhamente estupido por estar ali - no meio de uma gravidez e sozinho.

Não é como se ele tivesse me abandonado. Não, não era. Mas era tão próximo. Eu suspirei de novo.

-O que foi, Izu? - Kim perguntou e ergueu os olhos. - Está desconfortável de novo?

-O que? N-não! - neguei depressa. - Está tudo bem.

-Você parece chateado - Kim registrou. -Está com saudade do Kat, não é?

Eu dei um sorriso triste e concordei. Kim se virou para mim.

- Ficar longe do seu parceiro na gravidez é difícil - ele disse pensativo. - Sabe, quando Thea estava grávida e eu tiha que sair para ir trabalhar, ela chorava toda vez. 

Kim e eu demos risada. Ele parecia bem nostálgico. 

-E ela ficava realmente chateada com isso, sabe. 

- É bem... Chato - eu confessei. - Às vezes queria voltar aquele tempo em que nós dois só estávamos saindo com nossos amigos. 

- Você... Você se arrepende da gravidez? - ele perguntou em voz baixa.

Desviei o olhar do rosto dele, tão parecido com Kacchan, de quem eu sentia tanta falta. Sim, eu me arrependia muito. Bastante. O tempo inteiro.

- Não - eu menti com um sorriso. Passei uma mão pela barriga, fazendo carinho. - Eu adoro meus bebêzinhos. 

 

 

Três dias depois

| Katsuki | 

 

- Katsu, acorda! Anda logo!

Pisquei algumas vezes e resmunguei enquanto levantava o rosto dos livros onde eu estivera dormindo. Sarem estava batendo na porta do quarto.

- Já tô indo - murmurei depressa e corri para abrir a porta para ele. 

- Caramba, você tá horrível - ele murmurou impressionado. - Dormiu na mesa de novo?

- Estava estudando - respondi e dei espaço para ele entrar. - Vou tomar banho para ir para a aula.

- Não temos aula agora - Sarem disse e eu piquei algumas vezes. - Horário livre, garotão.

Eu suspirei aliviado. Me joguei na cama e estava quase me virando para dormir quando senti meu celular debaixo de mim. Eu o peguei e me lembrei, com um choque, que deixei Deku esperando por uma resposta para nossa conversa na tarde anterior.

Tateei a cama em busca do meu carregador e o conectei. Sarem se sentou à mesa ao lado da cama e tirou o próprio notebook e o caderno para estudar. Nós passávamos a maior parte do tempo juntos. Dos treinos aos estudos e às vezes ele até dormia no meu quarto, no sofá ou na minha cama mesmo.

Aquela faculdade era um inferno, mas pelo menos, Sarem estar ali fazia um pouco menos ruim.

- O Izinho está puto da vida com você, cara - ele murmurou de repente. Eu pisquei algumas vezes e ergui os olhos.

- Ele está falando com você?

- Está. Quer ligar para ele? 

Concordei com a cabeça e aceitei o celular dele. Deku não demorou de atender o celular.

- Amor? 

- Kacchan? - ele perguntou confuso.

-O-oi, benzinho. O meu celular está descarregado. Eu acabei dormindo ontem enquanto estava est-

- Sarem já me disse - ele me cortou com a voz seca.  - Eu não posso falar com você agora, estou fazendo outra coisa.

-Ah! T-tudo bem, eu... Te ligo mais tarde então?

- Não - Deku respondeu e eu arregalei os olhos.

-Amor, como assim "não"?

-Eu não quero falar com você - Deku respondeu e de repente parecia estar perto de chorar. 

- Mas eu... Deku, amor, por que você não-

-Eu estou cansado. Estou exausto! - Deku declarou. - Você está aí se divertindo e feliz na droga da sua faculdade nova e eu estou aqui sozinho e irritado o tempo inteiro.

Eu me levantei depressa da cama. O olhar alarmado de Sarem me acompanhou, nós dois assistindo a situação sair de controle.

- Ei, você quer que eu vá até aí ficar com você? Eu posso pedir licença da faculdade e ficar alguns dias com-

- Eu não quero! - Deku rebateu. - Eu não quero mais nada.

Izu, por favor, eu vou... Vou até aí. Eu prometo!

- Não. Eu realmente não quero. 

- Mas...

-Eu vou desligar - ele avisou. - Tchau.

- Ei, não desliga. Por favor, amor, vamos conversar! - implorei ansioso. Eu podia sentir as palmas das minhas mãos suando de nervoso. - Você não pode ficar tão estressado assim, faz mal para você e para os bebês e-

- Ah, faz mal para mim e para os bebês eu estar estressad0 - ele zombou.- E quanto a mim sozinho o tempo todo? Não tem problema sobre isso, tem? Ou o fato de eu ter engravidado e o único alfa perto de mim ser o seu pai? É o cheiro dele que os bebês vão reconhecer, sabia?

- O que?! Izu, espera aí, eu... - me interrompi quando ele desligou a chamada. Eu encarei o celular na minha mão por alguns instantes, completamente horrorizado.

- O que foi que ele disse? - Sarem perguntou depressa. - Katsu?

- E-eu... Preciso ir para casa - murmurei desconsertado. - Eu preciso ver o Izuku.

- O que foi que aconteceu? - Sarem insistiu. - O que ele te disse?

- Que... Ele... Eu estou deixando ele sem mim o tempo inteiro - eu balbuciei como um idiota, incapaz de formar uma frase completa. - E meu pai, ele só... O meu pai. Ele só tem o meu pai lá.

- Como assim só tem o seu pai? Diaval, Thea e Samire também estão lá com ele - Sarem retrucou, mas logo em seguida ele parou de falar, uma das mãos a caminho para tocar meu ombro. - Ah! 

Sarem exclamou de repente. 

- Eu vou com você - ele disse e me ajudou a arrumar minha mochila depressa. 

Aquilo era verdadeiramente um inferno.

 

 

Os portões dourados da mansão do meu pai se abriram. Sarem acelerou o carro e nós entramos depressa, estacionamos em uma das vagas.

Eu desci do carro correndo, cruzando o espaço até a segunda casa. Eu não era um grande fã daquela casa; já estava muito acostumado ao apartamento para gostar totalmente daquela casa, mas ela era muito bonita.

Mesmo naquele momento ela era encantadora. 

Não havia ninguém na sala. Nem na cozinha.

- Sua mãe não atende o celular - Sarem resmungou atrás de mim. 

- Está sentindo esse cheiro? - perguntei de repente. O cheiro era estranho, como de ferrugem. Eu duvidava que houvesse algo enferrujado naquela casa. Nós nos adiantamos por onde o cheiro parecia mais forte.

Dentro de um dos quartos tudo estava revirado. Uma mala em cima da cama parecia abandonada, feita pela metade. Aquele era o quarto que eu dividia com Deku nas poucas vezes em que estava em casa. 

- Isso aqui é sangue? - Sarem perguntou de repente. Ele apontou para uma mancha na ponta da cama que se estendia para o chão. Eram poucas gotas, mas era sangue.

- Tenta ligar para o meu pai - eu pedi e bati as mãos nos bolsos só para perceber que meu celular não estava ali. - O-ou para a Samire. 

- Será que o Izuku se machucou? Essa mala é dele? 

- É - concordei enquanto olhava as coisas ali. Eu me virei para entrar no banheiro e dar uma olhada ali. A bancada da pia também estava uma bagunça. Havia caixas abertas e alguns papeis, embalagens abertas e remédios para dor em todo lugar.

- Ei, Katsu - Sarem chamou no quarto. - Calma aí, ele já está vindo.

- O que? 

-É o seu pai. 

-Pai? Pai, onde está o Izuku? 

- Filho, eu preciso que você fique calmo agora - ele pediu e eu pisquei algumas coisas.

- Onde está o Izuku? - repeti nervoso.

-E-ele está aqui comigo. No hospital.

- Hospital - ofeguei. - Por que meu namorado está no hospital?

- Katsuki - meu pai disse. - Onde você está?

- Em casa. Eu acabei de chegar com o Sarem. Nós viemos ver o Izu porque... Ele discutiu comigo no telefone hoje... Estava tão zangado, eu pensei... - me interrompi para respirar fundo. - Ele disse que não queria mais nada e eu achei...

-Está tudo bem - meu pai assegurou. - Ele estava bastante irritado hoje de manhã... Eu vou te mandar o endereço e vocês vem até aqui. Vamos conversar melhor, certo? 

 

| Hospital | 

 

Ver o rosto lindo de Izuku com algumas escoriações e seu corpo pequeno cheio de fios ligados a maquinas era, no mínimo, uma cena de horror.

Uma das mãos dele estava descansada contra as minhas e eu a beijava insistentemente; como se o meu carinho por ele pudesse, de alguma forma, consertar alguma coisa. Mas não podia, eu sabia.

Adormecido por causa dos remédios que ele misturou, Izuku estava completamente alheio aos olhares preocupados que lhe fitavam. Sua tia, Steph, não estava na sala. Ela estava do lado de fora com o meus pais, conversando com eles e um médico. Sarem, Samire e eu estávamos ali em silêncio, assistindo o coração de Izuku batendo.

"Ele não tem chance alguma de morrer", o médico e meu pai me asseguraram logo que eu cheguei perguntando sobre ele. "Agora está tudo bem com ele. Izuku tomou uma quantidade muito grande de remédios hoje de manhã". 

E os remédios que ele havia tomado eram variados. Calmantes, remédios para estresse, para dor e um que, segundo o médico, parecia ser um para forçar um aborto. 

"Ainda não sabemos o estado dos bebês", o médico explicou. "Podem estar perfeitamente bem porque o Izuku vomitou os remédios não muito depois de tomá-los. Mas podem ter sofrido algum dado também". 

Nós precisaríamos esperar ele acordar. E só quando ele acordasse é que poderia ser feito qualquer outro exame para saber sobre ele e os bebês. Então, enquanto nós estavamos esperando, continuavamos juntos. 

- Como foi que ele machucou o rosto? - perguntei para Samire.

Ela ergueu os olhos do Ipad onde estava trabalhando e os fixou em mim.

- Seu pai disse que o Izu caiu - ela explicou. - Provavelmente desmaiou. 

- Meu pai não estava com ele?

- Não - Samire respondeu. - Ele estava no gabinete. Ele chegou e encontrou o Izuku no quarto.

Balancei a cabeça. Minha mente misturava a visão do rosto e dos braços cobertos de sardas com as lembranças da minha mãe, bebendo garrafas de vinho e misturando com remédios. Tudo porque estava deprimida demais sem o meu pai perto dela.

Aqueles pensamentos continuaram me atormentando pelo restante da tarde. E pelo começo da noite. Eu assisti quando Samire, Sarem e minha mãe se despediram. Meu pai e eu ficaríamos para ser acompanhantes de Deku. Claro, normalmente só poderia haver um acompanhante, mas o meu pai dava o jeito dele para as coisas acontecerem. 

- Você não quer comer nada? - meu pai perguntou enquanto tirava sua gravata vermelha e se sentava no sofá do outro lado do quarto. - Eu estou pensando em ir comprar algo.

- Não estou com fome - respondi sem emoção na voz, os olhos fitando Deku. - Será que vai demorar muito para ele acordar?

- A médica me disse que é provável que ele acorde daqui a pouco - meu pai garantiu. - E ele vai acordar com bastante sede. 

- Hm - foi tudo que consegui pensar em responder.

- Você quer conversar sobre isso agora? 

- Não sei... Eu estou me sentindo realmente mal agora - comentei. - Ele estava irritado porque eu não estava lá. 

- Ele estava mais magoado do que qualquer outra coisa, eu acredito.

Alguns instantes de silêncio. Meu pai continuou nos assistindo sem dizer nada. Eu respirei fundo antes de declarar:

- Vou trancar a faculdade.

Meu pai continuou em silêncio. Ele não ia dizer nada? 

-Quero estar perto dele agora - eu expliquei, aproveitando o silêncio dele. - Acho que... Eu deveria ter desistido da faculdade por um tempo assim que soube que ele tinha engravidado. Não deveria ter deixado ele sozinho.

- Não é sua culpa - meu pai disse em uma voz calma, mas muito séria. - Vocês dois ainda são muito jovens. 

- O que isso quer dizer? - perguntei enquanto observava uma mecha de cabelo de Deku que estava no lugar errado. 

-Que vocês dois ainda tem muito tempo pela frente - meu pai continuou. - Felizmente você tem privilégios que a maior parte das pessoas não tem. Então, aproveite-os um pouco. Vocês dois vão ter tempo para fazer tudo mais depois.

Balancei a cabeça. Distraído, estendi a mão para afastar a mecha do rosto de Deku. 

- Ainda não entendi.

- Talvez o Izuku tenha feito isso... Porque estava infeliz. Longe de você. Se sentindo muito sozinho. Passar uma gravidez sozinho não é fácil. Nem eu, nem sua mãe, a Samire ou o baixinho Diaval podemos substituir você. Mesmo que nós estejamos perto do Izuku o dia inteiro, sempre vai faltar alguma coisa para ele. 

-Por que nós estamos marcados?

- Também. Mas porque ele te ama. 

-Hmm - respondi de novo. - Então... Você não vai ficar zangado comigo se eu largar a faculdade agora?

Meu pai riu.

-Não vou, não - ele disse por fim. - Vou ficar aliviado, na verdade. Tudo bem atrasar um pouco. Já que vocês trocaram a ordem das coisas, vamos deixar assim mesmo. Cuide do seu garoto, esteja perto dele durante a gravidez... E depois, vocês dois podem fazer tudo que precisarem. Faculdade, trabalho, viagens... Tudo isso pode ser feito depois.

Concordei com a cabeça. Meu pai se levantou e veio até o meu lado. Ele passou um dos braços ao redor dos meus ombros e eu descansei a cabeça contra a lateral do corpo dele. 

- É bom ter você aqui - admiti para ele.

- É bom estar aqui com você - ele disse com um sorriso. - E agora, você quer comer? 

- Acho que sim. Estou com fome para caralho. 

- Um combo te serve? 

- Com batata grande, por favor.  

- Fechado. Eu volto já - ele disse e bagunçou meu cabelo antes de sair. Eu voltei a fitar Izuku, meus olhos registrando quando as pálpebras dele piscaram algumas vezes.  

- Amor? - chamei baixinho.

Ele fez um barulho baixo, no fundo da garganta. Aquele barulho que ele fazia quando estava esfregando o rosto contra minhas camisas. Como se estivesse feliz por eu estar ali.

- Ei - eu o chamei de novo. - Você está me ouvindo?

Deku piscou os olhos duas vezes. 

-Kim?

- Não, amor - eu respondi paciente. - Sou eu. Seu Kacchan.

Ele deu um sorriso fraco. A mão que estava descansada contra as minhas se moveu um pouco.

- Kacchan - ele repetiu e eu concordei depressa. - É você mesmo?

- Eu mesmo - garanti. - Quer um cheirinho?

Deke quase riu. Ele se mexeu um pouco e eu me levantei depressa para apertar um dos botões da cama para ajudá-lo a se sentar.

- Está bom assim? - perguntei e ele confirmou. - Bom, você está com sede? Tem água aqui.

- Estou, sim. Quando você... Onde é que eu estou?

- No hospital - respondi enquanto pegava uma garrafa d'água para ele em cima da mesinha. - Eu cheguei de tarde.

- Você... Veio da faculdade?

-Vim - disse enquanto lhe estendia a água. - Beba aqui. Está sentindo alguma dor?

Ele negou com a cabeça e começou a beber a água com goles apressados, suspirando satisfeito por fim. Descansei uma das mãos em cima da barriga grande e redonda dele. Eu a afaguei algumas vezes e me inclinei para deixar um beijo nela e depois me endireitei para deixar um selinho nos lábios dele.

- Não me dê mais um susto desses - eu pedi com tristeza. - Por favor. 

- Desculpa - ele sussurrou e afagou minha nuca com os dedos que tremiam. - Eu estava... Só... Irritado. Me desculpa, eu fiz uma besteira e-

- Está tudo bem - garanti. - O médico me disse que você tomou... Tomou um remédio para forçar um aborto. Por que você não me disse que queria fazer isso?

Deku suspirou.

- Eu... Me sinto tão mal agora - ele disse com a voz fraca. - Odeio estar assim.

- Grávido?

-Também. 

- Que mais? É só me dizer, amor, eu faço qualquer coisa por você - eu disse com a voz suplicante.

- Eu só... Me sinto mal. Não sei porque. Fico me sentindo idiota por ter engravidado e estar longe de você. Como se... Você fosse me abandonar.

- Não vou - garanti. - Nunca, jamais. Você é meu companheiro, eu quero você na minha vida para sempre, lembra?

Deku sorriu e concordou. Lágrimas se formaram em seus olhos e escorreram por suas bochechas. Eu me aproximei de seu rosto e as beijei antes de limpá-las com cuidado.

- Eu vou ficar aqui com você. Você... Você realmente quer interromper a gravidez? 

Ele balançou a cabeça depressa. Eu suspirei aliviado e entrelacei nossos dedos.

- Então eu vou tomar conta de você e dos nossos filhotes - prometi. - Não vou sair de perto de vocês. 

- M-mas você não pode largar sua faculdade! 

- É claro que eu posso. O que eu não posso fazer é ficar longe de você, amor - eu disse como se fosse óbvio. - Vamos, bebe mais um pouquinho de água. Você quer uma massagem nos pezinhos?

-Hm, se você oferecer assim... - ele brincou e eu dei uma risada, sentando-me ao lado dele para deixar mais uns beijos em seu rosto. - Ei, Kacchan.

- O que? 

- Me desculpe por... Pelas coisas que eu disse no telefone hoje - ele disse e seu rosto ficou vermelho.

- Só se você me desculpar por estar longe de você - eu disse com um biquinho e ele concordou com a cabeça. Eu encostei a testa na dele. Nós nos encaramos por alguns instantes em silêncio. Eu podia sentir que ele estava mais calmo. Aquela sensação estranha que estava no meu peito há dias se dissolvendo. - Eu amo você, baixinho.

- Eu também amo você, papaizinho - Deku disse com um sorriso. - Mas agora eu quero minha massagem.

- Oh, claro - concordei e me levantei. Arrastei minha cadeira para perto dos pés dele e escolhi um dos cremes em cima da mesa (que eram de mão, mas eu presumi que não havia muita diferença). Minhas mãos começaram a apertar os pés gordinhos dele e eu deixei um ou outro beijinho em seu dedo mindinho, fazendo-o rir.

Deku e eu começamos a conversar sobre como era minha faculdade. Eu contei sobre o pessoal do time de hockey de lá e sobre como o cara que eu não gostava era esquisito. Ele parecia genuinamente animado me escutando contar como Sarem nos fazia fingir que éramos um casal gay há semanas.

-... E aí, em uma dessas vezes - eu ia terminando. - A garota lá que tinha olhos azuis chegou e comentou que ele realmente ficava bem de camisa sem manga. Quando eu apareci o Sarem quase pulou em cima de mim. 

- Ah, não! - Deku gargalhou. - Ela acreditou?!

- Acreditou! - eu exclamei. - Fala sério!

- Quem seria o passivo entre vocês, hein? - Deku perguntou rindo de se acabar, uma das mãos fazendo carinha na barriga por cima do roupão do hospital. Revirei os olhos e balancei a cabeça:

- Ele. O Sarem iria me rasgar no meio - brinquei e Deku uivou de tanto rir. 

- Você não me rasga no meio! E eu sou definitivamente muito menor que você e ele!

- Oh-oh, eu sei disso - murmurei com uma risadinha maliciosa. - Mas não precisamos entrar nesses ter-

- Amor! - ele ofegou de repente, as mãos correndo para a barriga depressa.

- O que foi?! Está sentindo dor? Quer um médico?

- Não, não, olha aqui, depressa! - ele disse e estendeu uma das mãos. Eu deixei que ele segurasse minha mão e a guiasse para sua barriga.

Somente para sentir uma movimentação ali. Quase sutil no começo, como um pulsar. Mas depois ficou mais forte. Era como...

- Os bebê estão chutando - ele disse com os olhos cheios de lágrimas. - Estão aqui te dando oi!

- Ah, meu... Oi bebês! - murmurei perto da barriga e corri as mãos por ali. - O papai ama vocês.

- Acho que eles gostam da sua voz - Deku disse rindo. -Olha, está chutando aí de novo.

Eu sorri comigo mesmo. 

- Eu estou louco para conhecer vocês! 


Notas Finais


Vou só deixar um lembrete aqui para quem ainda não sabe, nosso grupo do whatsapp está aberto ainda, hein! Quem quiser participar é só mandar o número pelas mensagens daqui.


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