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História Please, be mine! BAKUDEKU, ABO, BNHA - "Ouvi dizer que pouco amor é melhor do que nenhum"


Escrita por: BAKUBRO

Notas do Autor


Eu acho SUPER importante falar aqui que:

1) essa obra, e nenhuma outra obra minha, jamais vai romantizar relacionamento tóxico e abusivo. Eu estou escrevendo com base em coisas já vividas e de uma forma que vocês possam ver, refletir e entender que esses comportamentos são ruins;

2) se você está em um relacionamento abusivo ou se vê representado nessas cenas, eu posso te dizer: você não precisa depender dessa pessoa. Outra pessoa vai sim te amar e esse amor todo tem que começar de você, meu docinho;

3) se você conhece uma pessoa que está em um relacionamento abusivo ou tóxico, dê a ela todo o apoio que puder. As relações tóxicas são difíceis de se desfazer porque o abusador normalmente faz a outra pessoa pensar que não consegue ficar sem ele.

Capítulo 2 - "Ouvi dizer que pouco amor é melhor do que nenhum"


Katsuki

Enquanto eu apertava com força os botões do meu joystick, escutei minha mãe se aproximar. Ela encarou a tela por um tempo, curiosa. Depois de alguns instantes ela se sentou do meu lado e eu ergui um dos braços para ela entender que podia deitar no meu colo. E foi o que ela fez logo depois, acomodando-se ali.

- Tá com fome? - perguntei sem tirar os olhos da tela. - Acho que a Meroh deixou alguma coisa pronta aí.

Minha mãe negou com a cabeça e continuou quietinha, me vendo terminar a partida. Xinguei em voz baixa quando quase perdi, mas, assim que as grandes letras de "VITORIA" apareceram, minha mãe riu.

Eu me abaixei e deixei um beijo em seu cabelo.

- Venha cá, linda. Vamos comer alguma coisa - murmurei e a ajudei a levantar.

Minha mãe era uma pessoa muito, muito especial, de muitas formas. Enquanto eu a levava para a cozinha, ela ia murmurando baixinho sobre sua roseira que estava finalmente começando a crescer. Era a única coisa sobre a qual ela falava.

- Sente aqui - eu pedi e afastei uma cadeira confortável, onde ela se sentou e abraçou as próprias pernas como uma criança pequena, me assistindo com seus olhos desfocados. Virei-me para o forno e dei uma olhada ali: Meroh havia deixado carne assada e purê de batatas, o que era nossa comida favorita. - Ei, mãe, eu já te disse que amo a Meroh?

Minha mãe me encarou com curiosidade enquanto eu trazia o jantar para a mesa.

- Aqui está - estendi um dos pratos para ela. - Quer suco?

Ela concordou e começou a comer devagar. Voltei para a mesa com dois copos e a jarra de suco de limão que era o favorito dela.

- Coma direitinho - eu pedi e me sentei também, puxando da cadeira livre um livro para ler pra ela. - Posso começar?

Os olhos azuis, quase sempre vazios, brilharam em antecipação.

- ... E o jovem caçador se aproximou do anjo, seus olhos fechados e a expressão devastada. "Eu lhe trouxe flores", a voz baixa sussurrou, uma de suas mãos estendendo-se para acariciar a face do anjo. "Não vão, minha senhora, florescer como as de sua morada, mas lhe traram alguma alegria". - fiz uma pequena pausa da leitura. Minha mãe piscou os olhos, atenta, esperando. - "E eu posso cantar canções para que lhe guiem a um sono profundo", o caçador prometeu. O anjo ergueu seus olhos cheios de lágrimas e os desviou, em silêncio e..."

- Katsuki?

Interrompi nossa pequena leitura ao escutar a voz de meu pai. Quando ele chegou a cozinha, estava acompanhado de Meroh. Ela sorriu para mim enquanto meu pai se aproximava.

- Estão jantando cedo - ele comentou surpreso.

- Minha mãe estava com fome, eu só vim acompanhá-la - respondi sério. Meu pai concordou e se aproximou de minha mãe para abraçá-la. Como sempre, ela não esboçou reação alguma. - Eu estou só de passagem, ainda tenho muita coisa para fazer no trabalho.

- Tá certo - resmunguei e voltei a comer, deixando a página em que estávamos marcada. - Meroh vai dormir aqui?

- Eu vou sim, querido - ela disse com sua voz angelical.

- Meroh, eu já te disse que não precisa dormir aqui quando eu estiver - eu retruquei calmamente, olhando para meu pai.

- A Meroh vai ficar para que você possa estudar melhor e ter uma boa noite de sono - meu pai rebateu. - Ouvi dizer que você estava dormindo na aula. De novo.

Estalei a língua.

- Bobagem. Não perdi nada de mais. Além disso, minhas notas estão todas acima no padrão da escola.

- E é exatamente onde elas tem que estar - meu pai disse por fim. Rolei os olhos e me virei de volta para minha mãe, ignorando-o. - Inclusive, como é que estão os treinos de hockey?

- Ótimos - resmunguei. - Você perdeu o jogo da semana passada.

- Ah! Samire me disse algo assim... - meu pai comentou sobre sua atual esposa. - Mas você recebeu o presente que comprei pra você, não é? Mandei o Mark entregar pra você depois do jogo...

Concordei com a cabeça, lembrando-me da sacola preta e brilhante com uma jaqueta cara e bonita dentro. Aquela era a única forma que meu pai tinha de demonstrar afeto: por presentes.

Enquanto ele se despedia e pedia a Meroh para não esquecer dos remédios de dormir da minha mãe, eu suspirei. No final das contas, aquele tipo deturpado de amor era melhor do que nenhum.

Depois do jantar, levei algum tempo na cobertura do apartamento com minha mãe e Meroh. As duas estavam regando as plantinhas enquanto eu estava estudando matemática. Assisti com um sorriso enquanto minha mãe voltava a falar sobre suas rosas, dizendo que elas teriam a mesma cor dos meus olhos.

As oito da noite meu alarme tocou para indicar meu horário para correr.

- Meroh - chamei enquanto me levantava. - Vou descer. Estou levando o celular.

- Tudo bem, menininho - ela murmurou e acenou para mim.

/

Eu gostava de correr perto do Parque Centenário. Ficava bastante vazio durante a noite e bem fresco também. Mas não era por nada disso que eu escolhia correr lá todas as noites.

Exatamente as oito e quarenta, depois que eu já havia completado a primeira volta no lago, eu via Izuku sair de um prédio. Ele estava deixando das aulas de piano.

Eu descobri que ele fazia aulas de piano ali depois de uma breve conversa no corredor. Depois daquilo, não pude evitar e passei a correr ali todas as noites.

Naquela noite, entretanto, Izuku não se dirigiu direto para o ponto de ônibus. Ele atravessou a rua e entrou no parque, o olhar distraído, seus dedos longos e delicados brincando com a barra do próprio sweater.

Fingindo não ter visto quando ele entrou no parque, voltei a correr. Aumentei o volume da música para ignorar o ataque cardíaco que eu estava segurando.

Não demorou para que eu o perdesse de vista enquanto continuava fazendo meus exercícios. Mesmo não vendo onde ele estava, seu cheiro doce parecia chegar até mim.

- Isso é demais - resmunguei comigo mesmo e parei a corrida imediatamente. - Eu sou tão idiota.

Suspirei. Estava me virando para entrar no estacionamento do parque e ir embora dali antes que eu acabasse avistando-o de novo quando alguém tocou meu ombro.

- Ah, Katsuki? - a voz melodiosa perguntou e meu estomago gelou.

Eu me virei e dei de cara com Izuku sorrindo timido, seu aparelho reluzindo.

- Oi - cumprimentei como se não tivesse ideia de que ele estava ali. - O que é que você está fazendo aqui, baixinho?

Ele riu com o apelido.

- Estava saindo da auda de piano... Achei... Ter sentido seu perfume na rua e... Quis passar por aqui. Por que não me disse que corria aqui?!

Abri e fechei a boca, surpreso.

- Ora, eu... Ah, não achei que fosse uma informação... Que você fosse querer.

Ele balançou a mão.

- Eu adoro te ver! E também, eu nunca te vi fora da escola - ele disse rindo. Eu sorri também.

- É verdade. E você, hm, já está indo embora?

- Ah! Já, sim. Está começando a ficar tard...

Querumacarona? - perguntei engasgado.

Izuku piscou sem entender.

- O que?

- Carona - eu disse, limpando a garganta. - Quer uma carona?

- Não precisa se incomodar, não... - Izuku murmurou devagar. - Além do mais, Shoto vai ficar chateado se eu aceitar.

- O que? Por que?

Izuku desviou o olhar.

- Ele tem, ahn, um pouco de ciumes - ele murmurou. - Mas não é nada com você! Ele diz que eu ser um ômega me torna muito... Fácil e manipulável... Para alfas.

Arregalei os olhos.

- Que cara idiota! - exclamei, puto da vida. - Fala sério, Izuku. Você não é fácil pra mim porque é um ômega. Você nem é manipulável!

- Como assim?

- Como assim o que?

- Eu não sou manipulável?

- Não, você não é - eu disse em voz baixa e me aproximei para tirar uma mecha do cabelo dele do rosto. - As vezes eu até gostaria que fosse.

- Gostaria? Gostaria por que?

Dei um sorrisinho.

- Talvez assim você já tivesse aprendido que eu posso te tratar melhor que ele.
 

Izuku 

Meu coração falhou uma batida quando escutei o que Katsuki disse.

- M-mas, mas... - balancei a cabeça. - O Sho não me trata mal. Ele só... Perde a cabeça as vezes.

Em resposta, Katsuki ergueu uma sobrancelha e balançou a cabeça.

- Vamos logo, eu vou te levar para casa - ele insistiu e passou um dos braços pelos meus ombros, guiando-me para o estacionamento com ele.

Minha casa não era muito longe do parque, então a carona de Katsuki não demorou tanto. Ele parecia muito concentrado em alguma outra coisa, um dos braços apoiado na janela do carro enquanto a outra mão estava no volante. A música que tocava no carro dele era baixa, mas os sons dela faziam uma sensação fria percorrer meu estômago enquanto o cantor falava "She got a boyfriend anyway..."

Eu expliquei a Katsuki o caminho para minha casa, entrando no condomínio Saykun. Ele concordou sem dizer nada, os olhos vermelhos ainda fixos na pista. Eu me perguntei se ele estava chateado comigo.

Bem, ele parecia chateado.

Eu tentei abrir e fechar a boca algumas vezes, mas minha voz não queria sair. Ao invés disso, minhas mãos tremiam violentamente. Eu nem mesmo queria voltar para casa porque aquilo significava ficar perto de Shoto e eu não queria nada daquilo naquele momento.

Antes que eu pudesse pensar no que dizer, o carro parou.

- Chegamos - Katsuki disse com sua voz profunda e estranhamente calma.

- O-obrigado - respondi envergonhado, olhando para os meus próprios pés.

- Não há de que. Vejo você amanhã - ele disse ainda sério.

Antes que eu pudesse descer do carro, uma das mãos dele segurou a minha e meu coração errou uma batida.

Katsuki se inclinou no banco e deixou um beijo no meu cabelo, respirando fundo o cheiro antes de se afastar.

Cambaleando, desci do carro dele e adentrei o condomínio. Minha cabeça estava rodando enquanto eu caminhava e pegava a chave de casa no bolso da calça.

Quando cheguei, as luzes estavam apagadas. Fui direto para o quarto e me tranquei lá, puxando o celular da mochila.

Seis chamadas perdidas de Shoto.

Eu choraminguei e me sentei na cama; desbloqueei o celular e me preparei para ligar para ele.

Sho atendeu no segundo toque.

- Onde você estava? - ele perguntou assim que me ouviu.

- Vindo da aula de piano - respondi depressa. - Ka... Katsuki me deu uma carona.

- O que?!

- E-ele, ele... Ele só me deu uma carona! Foi só para eu não ir sozinho e...

- Não importa! Você me desobedeceu! Eu te disse que não queria você perto dele e você pega a droga de uma carona com ele?!

- Mas Sho...

Do outro lado da linha, Shoto suspirou pesadamente.

- Esqueça que você tem um namorado, Izuku - ele disse repentinamente e desligou o telefone.

Surpreso, eu pisquei algumas vezes.

Esquecer que eu tinha um namorado? O que aquilo queria dizer?

/

Uma coisa da qual você jamais deve duvidar em uma escola de ensino médio é sobre como as notícias se espalham rápido. Muito rápido.

Na segunda-feira de manhã toda a escola estava comentando sobre Shoto e eu aparentemente termos terminado.

Bem, eu nem sabia que nós havíamos terminado. Durante o fim de semana, no qual eu chorei inconsolável, achei que "esquecer que tenho um namorado" significasse apenas que Shoto não queria falar comigo... Por um tempo.

Mas eu realmente não estava pronto para aquela notícia.

- ... Tadinho, o Izuku deve estar tão triste - escutei alguém comentar.

- Mas o Shoto também...

Enquanto eu empacotava meus livros na minha mochila, escutei a conversa de duas pessoas que passavam.

- Acho que não - uma delas disse. - Ouvi dizer que no sábado ele estava numa festa...

Eu me virei, meus olhos arregalados. Uma festa?!

Cheguei a abrir a boca, mas a dupla já tinha ido embora quando tentei falar.

Quando encontrei Shoto, descobriu que ele estava fingindo que eu não existia. Ele simplesmente se sentou de costas para a janela onde eu normalmente aparecia para vê-lo e não fez nenhum esforço para disfarçar qualquer atitude. Enquanto as aulas aconteciam e todo mundo conversava, Shoto estava na sala dele jogando no celular, em silêncio. Ele estava tão concentrado e entretido que simplesmente não fazia outra coisa.

Meu coração estava partido.

Meu relacionamento com Sho era complicado.

Depois que as primeiras aulas dele acabaram, por toda a manhã até o começo da tarde, eu não vi Shoto em lugar algum na escola. Meus olhos procuravam por ele de forma ansiosa, por todo lugar, mas ele não estava por ali.

Na verdade, a única pessoa que encontrei foi Katsuki. Ele pareceu meio envergonhado e eu não tinha certeza absoluta se estava ou não zangado com ele.

- Ei, Izuku... - ele disse, tentando se aproximar de mim no intervalo. Percebi que algumas pessoas estavam, definitivamente, encarando.

- Eu não quero falar com você agora - eu disse, magoado. 

Virei-me depressa para sair do corredor antes que ele começasse a falar, mas não adiantou muito. Katsuki me seguiu depressa.

- Qual é, Izuku! Eu só te dei uma carona e... Olha, por favor, deixe eu me desculpar com você!

Balancei a cabeça.

- Eu só quero o meu namorado de volta, não quero desculpas - eu disse e enxuguei as lágrimas em meus olhos.

Katsuki torceu a boca. Ele suspirou.

- Shoto trata você tão mal... Por que você não consegue ver isso? - ele perguntou frustrado. - Ouça, se você quiser que eu fale com ele... Eu falo. Qualquer coisa só para você não ficar chateado comigo, tudo bem? Eu realmente não tive intenção de... Fazer nenhum mal.

Eu pisquei surpreso. 

- Você está falando sério? 

Ele concordou com a cabeça e ergueu uma das mãos para afagar minha bochecha, secando uma das lágrimas ali.

- Só... Me prometa que... Não vai deixar ele te tratar daquela forma de novo. Tudo bem? Eu vou achar aquele idiota e...

- Katsuki! 

- Ele é um idiota. Mas eu vou encontrá-lo e vou falar com ele. Certo? 

- Certo! Obrigado, Kacchan! - eu disse muito animado de repente e me joguei na direção dele, para abraçá-lo. Ele pareceu confuso, mas não demorou a me abraçar de volta. 

Meu corpo pareceu relutar em soltá-lo. Ele era tão... Confortável e eu jurava que meu corpo se encaixava perfeitamente bem com o dele.

- Ah... Eu... Já vou indo pra... Pra minha aula - eu disse timido.

Katsuki concordou e desfez o abraço lentamente, como se hesitasse em me soltar. Seus olhos me encaravam com uma curiosidade e ferocidade que faziam algo rodar meu estomago. 

- Eu vou falar com o Shoto - ele prometeu uma última vez.
 

/
 

Katsuki 

Sentado em um dos bancos do lado de fora do nosso campo de treino, Shoto estava mexendo no celular parecendo bastante entretido. 

Ele ergueu seus olhos e os desviou quando percebeu que era eu. Em silêncio, sentei-me ao lado dele e respirei fundo. 

- Por que você e Izuku terminaram? - questionei.

Fitando-me irritado, Shoto resmungou e fez menção de levantar. Eu me ergui também, segurando seu braço para que ele não saísse do lugar.

- Eu estou falando com você - eu disse bravo, deixando meus feromônios de raiva exalarem. 

Sendo um Beta, Shoto era sensível a eles. Ele se encolheu ligeiramente.

- Eu não sou idiota, Katsuki - ele respondeu com raiva. - Izuku é só um ômegazinho idiota que não serve para nada. Nem mesmo para dar no cio dele.

Eu arregalei os olhos ao ouvir as palavras dele. Ele não podia estar falando sério.

- O que foi que você disse? 

- Eu gaguejei? 

- Você não está falando essa merda sério...

- Ômegas só tem uma função: ter um cio para dar prazer para quem é superior para eles. E Izuku não serve para faz-

Interrompi o discurso de Shoto quando segurei sua garganta, prendendo-o contra a parede. Eu podia sentir suas veias do pescoço pulsando contra minha mão enquanto ele tentava respirar.

- Eu vou matar você se te escutar falando assim sobre qualquer outro ômega - sibilei entredentes, meu rosto a centímetros do dele. - Vou bater tanto na porra da sua cara que você vai esquecer o ser um Beta significa.

Os pés de Shoto estavam afastados alguns centímetros do chão. Seu rosto se tornava, lentamente, azul. 

- Se você disser qualquer uma dessas coisas pro Izuku, se fizer ele se sentir mal de novo - murmurei no ouvido dele. - Eu acabo com a sua raça. Já que você acredita nessa merda sobre ser melhor que um ômega só porque é um Beta, eu vou te mostrar o que um Alfa pode fazer.

Dizendo aquilo eu o soltei, deixando-o cair sobre meus pés, ofegando e tossindo, tentando respirar. 

Tirei as chaves do campo de treino e as joguei na direção dele.

- Diga ao Mark que eu estou ocupado hoje.

Enquanto eu ia embora do salão de esportes, parte de mim estava bastante incomodada. Eu torcia minhas mãos dentro dos bolsos da calça e tentava me distrair da sensação de adrenalina que o momento anterior havia me causado. Eu não costumava ser violento fora dos jogos de hockey, era muito mais um costume por ter que tomar cuidado por causa da minha mãe doente do que qualquer outra coisa. 

Sentei-me por algum tempo no jardim para encarar o estacionamento e o pessoal procurando suas aulas. Eu precisava pensar em um bom jeito de dizer ao Izuku que o namoradinho perfeito dele não era lá essas coisas.

Eu realmente perdi a noção do tempo enquanto estava sentado do lado de fora, vendo a vida dos outros. Para o meu azar, senti o cheiro que eu mais gostava se aproximando. 

- Kacchan! - Izuku chamou logo atrás de mim. Eu tremi sutilmente e me virei:

- Hm?

- Você encontrou o Sho? - ele perguntou enquanto chegava perto de onde eu estava sentado. Eu ergui o olhar para ele. 

Suspirei.

- Olha, Izuku, se eu fosse você, não voltaria para o Shoto. Ele me disse coisas horríveis sobre você e...

O baixinho uniu as sobrancelhas.

- Mas... Ele... Como assim? Ele acabou de me ligar - Izuku murmurou confuso. 

- Ele... Ele te ligou?! Como assim ele te ligou? O que foi que ele te disse?

- Que sentia muito por termos terminado - Izuku disse alegre, quase pulando de animação. - Ele pediu desculpas! 

Filho da puta, eu pensei irritado.

- Izuku, o Shoto... Ele está mentindo para você! Ele me disse que...

Izuku se afastou uns dois passos e me olhou como se pedisse desculpas:

- Eu agradeço mesmo pela sua ajuda, Kacchan. Mas o Sho não está mentindo. Ele só estava nervoso no final de semana... E agora está tudo bem. 

- Eu estou falando sério - eu disse ansioso e me levantei depressa. Izuku ergueu um pouco o olhar para mim, a expressão confusa. - Ele me disse que você... Que você...

- Que eu o que?

Balancei a cabeça.

- Eu nem consigo repetir aquela merda. Ele estava falando sobre... Você ser idiota porque... Ah, caramba, sabe... Você não quer transar com ele.

Izuku ergueu as sobrancelhas parecendo muito surpreso e ofendido. 

- Eu não sei o que foi que o Sho te disse, mas provavelmente não foi isso. Ele... Eu nem tenho porque falar sobre isso com você - Izuku guinchou, ficando realmente vermelho. 

 - Você realmente acredita nisso, Izuku? - perguntei me aproximando um pouco dele. 

Em resposta a minha pergunta ele apenas deu alguns passos para trás.

- Shoto é meu namorado. Eu acredito nele, sim. Por favor, pare de tentar me convencer do contrário. 

E retrucando aquilo, Izuku se virou e me deixou ali, em pé e sozinho. 

Enquanto eu dirigia para casa no final daquela tarde, eu me lembrava de uma das últimas coisas que minha mãe disse enquanto ainda era lúcida, antes de se tornar apenas uma presença cheia de medicamentos e decepções que a mantinham alheia à realidade. 

"Sabe, filho" ela me disse enquanto arrumava o terno do meu pai que tinha o cheiro de outra mulher. "Eu sempre ouvi dizer que pouco amor é melhor do que nenhum". 
 


Notas Finais


Estão gostando da história, babies? Espero que sim :)

Quem ai já quer matar o Shoto dá um alô aqui hahaha


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