História Please Don't - Please​ Don't Capítulo 3

Please Don't — Capítulo 3

Era domingo de manhã, mas para mim, continuava sendo um dia sem vida. Passei a noite em claro, dando pequenos cochilos de dez em dez minutos. Sempre acordava sonhando com o casamento de KyungSoo, vendo-o beijar JiYoung e dizer que a amava.

Pude ouvir a porta da sala bater, o que indicava que Kyungsoo havia saído cedo. Resolvi me levantar e tomar um banho para aliviar minha dor. Enquanto a água quente encharcava meu corpo, minhas lágrimas se fundiam aos pingos do chuveiro. Seria assim a partir daquele momento? Eu não teria mais o prazer de olhar nos olhos de Kyungsoo e sentir amor vir dele?

Provavelmente, não.

Após o término do banho, me vesti em uma calça de moletom cinza e decidi ficar sem camisa. Desci e comecei a preparar o café, me surpreendi por Kyungsoo sair sem comer nada. O sol lá fora avisava que novamente não teria chuva, apenas o calor exagerado do clima.

Terminando de preparar a bebida quente, ouvi a porta bater e vi Kyungsoo entrar na cozinha com uma sacola contendo pães e bolo, aparentemente.

Meu coração gelou quando nossos olhares se encontraram.

— Pensei que estivesse morto, até. — Ele disse depositando a sacola em cima da mesa. — Trouxe o seu bolo preferido. Está até quente ainda. — Kyungsoo retirou os itens da sacola e pude ver a embalagem do bolo de cenoura com chocolate. Aquilo partiu meu coração. Ele ainda tentava me agradar depois de eu descontar minha raiva sobre ele. — Acho que você caiu no sono pesado ontem. Te chamei e você não respondeu.

— É. Eu… Estava super cansado, estudei e arrumei meu quarto, então… — Falei sem graça, colocando a garrafa térmica em cima da mesa.

— Sei. Por isso, vou agradecer agora por se preocupar comigo. — Seu sorriso lindo invadiu minha visão. — Obrigado, Jongin, por se preocupar com meu bem estar. Você até mesmo desceu para preparar meu jantar ontem. Uma comida que eu amo, por sinal. Sério, agradeço a Deus todos os dias por ter te colocado em minha vida. Você é o meu melhor e grande amigo, Kim Jongin.  

Me surpreendi quando seus braços rodearam meu corpo, num abraço apertado e gostoso. Seu cheiro era maravilhoso, e meu coração se acalmou novamente. Eu adorava aquele garoto. Adorava de tal maneira, que deveria deixá-lo ir. Foi isso que eu conclui quando seus lábios beijaram meu rosto, os olhos abertos me encarando.

— Obrigado você, Kyungsoo. — Falei com a voz cortada. As lágrimas já se formavam, mas prometi a mim mesmo que não as deixaria vencer. — Obrigado por estar em minha vida.

— Ah, vamos parar. — Ele riu, se distanciando. — Parecemos até um casal de namorados, por favor.

Eu apenas ri com suas palavras.

— Mas e aí, seu casamento…?

— Pois é… Vamos marcar para daqui a dois meses.

— Que bom, fico feliz por você. — Me sentei à mesa e me servi com café e meu bolo preferido.

— Então, eu gostaria de convidar você para ser nosso padrinho. A JiYoung vai chamar uma prima dela, porque são muito unidas. — Ele sentou à minha frente e fez o mesmo. — Você aceita?

Não bastaria sofrer uma vez apenas?

— Tudo por você, Kyung.

Ele riu e comeu um pedaço do bolo. Eu tentava ao máximo me acalmar, enquanto olhava para o lado de fora da janela.

Um mês depois

Tinha se passado um mês desde o comunicado do casamento de Kyungsoo. Não sei se era o destino, mas o tempo estava contra mim. A data tinha sido marcada para um mês depois, a qual já estava bem perto, dali uma semana. Nesse meio tempo, tive de conviver com a presença de JiYoung quase todos os dias lá em casa para “pegar Kyungsoo e fazer uma surpresa”. Eu lá queria saber o que eles iam ou não fazer? Não, não queria. E apenas a presença dela me deixava triste. Apenas por saber que era ela quem beijava a boca dele.

Felizmente, eu estava conseguindo esconder meus sentimentos direito. Havia comprado o presente e agora preparávamos a festa de despedida de solteiro de Kyungsoo. Eu nunca pensei que faria isso. Pelo menos, não naquele tempo.

Park Chanyeol e eu compraríamos as bebidas, e os outros ficaram encarregados das comidas e afins. Eles decidiram que o local da festa seria na nossa casa mesmo. A trilha sonora ficou por conta do nosso amigo Sehun, que se prontificou a deixar a festa de arrombar.

Saímos da faculdade e fomos para casa, pois estávamos cansados e com sono. Kyungsoo não disse uma palavra sequer, apenas ficou me observando dirigir. Parecia em dúvida sobre alguma coisa.

— Se tem algo a dizer, diga. — Falei virando a esquina da nossa rua. — Não fique me olhando com essa cara de gatinho manhoso.

Ele riu.

— Não tenho nada a dizer. — Assim que estacionei, ele pulou do carro, correndo para dentro de casa.

Pois eu gostaria de dizer, pensei comigo mesmo enquanto tirava o cinto de segurança.

Preparei o jantar rapidamente, pois estávamos famintos, e acabei fazendo apenas lámen. Durante o jantar, meu amigo continuava calado, o que estava me deixando desconfortável.

— Ansioso para a festa de despedida de solteiro?

— É, estou. — Ele riu. — Você convidou aquele Wu Yifan? Vi que estão muito mais próximos. — Kyungsoo bebeu um pouco do refrigerante. — Sinta-se à vontade para convidar, se quiser.

— Na verdade eu falei com ele, mas não sei se virá. — Também bebi um pouco. — Sua noiva… — Aquela palavra ficava entalada na garganta. — Ela não vai achar ruim?

— Todas acham ruim, Kim. O problema é que a gente não liga. — Riu sincero. — E eu não sou diferente. Mas não quero falar sobre isso. Eu vou subir e tomar um banho. Estou morto de cansaço. Boa noite, Kim. — Ele beijou o topo da minha testa. Logo depois subiu as escadas e pude ouvir a porta do banheiro ser fechada. Sorri ao lembrar dos seus lábios em minha pele, me causando arrepios assombrosos e uma sensação de calmaria.

Ao terminar de jantar, lavei os objetos e fiz o mesmo que Kyungsoo, tomei um banho e deitei para dormir.

Ao contrário do que achava, foi uma noite de sono bem tranquila. Cheguei até a sonhar que beijava KyungSoo. Foi lindo, na verdade.

Mas infelizmente, acorde e me dei conta que era apenas um sonho.