Silêncio.
Era o que reinava em seu carro. A música animada que sempre costumava colocar no rádio já não era mais tocada, e a doce voz de seu ex-melhor amigo já não era mais ouvida.
-Por quê? –Sugawara se perguntava enquanto dirigia- Por que você é feliz com ela e não comigo? Por que nesse exato momento você está em um avião indo para sua Lua de mel com aquela mulher?
E colocou-se a chorar. Aquelas lágrimas não eram de tristeza, mas sim de raiva. Raiva não com Michimiya e muito menos com Daichi. Sugawara estava com raiva dele mesmo. Raiva por não ter se declarado quando teve a chance e por ter imaginado que conseguiria viver em um mundo sem seu melhor amigo e primeiro amor.
Por que ele tinha aceitado ser o padrinho daquele casamento? Por que deu-se por vencido no momento em que seu amigo começou a namorar? Por que não disse nada quando Daichi se confessou no dia da formatura? Por que saiu correndo como um covarde e o deixou para trás? Tantos ‘por que’ e nenhuma resposta. Talvez tudo tivesse sido diferente, talvez se tivesse sido sincero com o amigo seria ele em cima do altar e não aquela garota.
As lágrimas não paravam de cair, mas agora por outro motivo. Recordou-se do dia em que os dois anunciaram que estavam noivos. Deu seu melhor sorriso e os parabenizou, por mais que não demonstrasse, Sugawara estava em pedaços por dentro, pedaços que agora seriam impossíveis de se juntarem de novo. Então quando Daichi o chamou para ser seu padrinho ele não sabia o que responder. Não queria, mas ele era seu melhor amigo, e faria tudo para ver um sorriso em seu rosto, por mais que isso o machucasse.
-Eu me sinto perdido –disse para si mesmo quando parou o carro no encostamento- Deixar você não é tão fácil quanto parece.
Abaixou a cabeça no volante e lá ficou pensando sobre o dia que acabara de passar. O casamento fora sem dúvida lindo. Com certeza se não fosse de Daichi e Michimiya ele teria ficado emocionado. A cerimônia foi rápida e ao final dela Sugawara subiu até o terraço, não aguentava mais tudo aquilo, queria apenas voltar para sua casa. Talvez iria beber, algo que só fazia quando estava muito estressado ou triste. Foi tirado de seus pensamentos quando um certo alguém encostou em seu ombro, o chamando para uma foto. De primeira Suga recusou mas Daichi persistiu e lá estava ele, ao lado da agora esposa de seu amigo. Após a foto Sugawara foi embora, não sabia se queimava ou guardava a lembrança do dia em que sua vida foi arruinada por isso resolveu apenas colocar dentro do terno, afinal não estava com cabeça para isso.
Ao lembrar da foto Sugawara despertou de seus pensamentos e colocou a mão por dentro do terno, tirando de lá a imagem em que se encontravam os três de pé no altar. O casal com um sorrio verdadeiro estampado no rosto e ao lado deles estava Suga, com um meio sorriso falso. Em um ato não pensado Sugawara começa a rasgar a foto ao meio, bem em cima de Michimiya. Ao terminar de cortar a imagem ele começa a juntar as duas metades, fazendo com que apenas os dois homens permanecessem na foto. Ao olhar para aquilo seus olhos marejaram de novo e lágrimas de tristeza e arrependimento rolaram pelo seu rosto.
-Por quê? Por quê? Por quê? –disse baixinho, agarrando com mais força a foto contra seu peito- Como pude deixar você sair de meus braços? Eu te amo! –falou a última parte em um sussurro, ainda não se conformando pelo o que acabara de perder.
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