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História Poesia de Amor - If It hadn't been for love


Escrita por: Elis_Giuliacci

Notas do Autor


Oi, amores!!!! Elísia aqui!!!
Hoje o capítulo é duplo, viu?! Ficou grandão, mas vale pena!!!!

Ellen começa falando da Emma e alternamos entre os asteriscos ( *** )

São os preparativos para a festa do aniversário de Regina, então... temos alguns momentos fofos, momentos tensos e momentos reflexivos das duas!!! Depois passem pelas Notas Finais

Boa leitura!!!

Capítulo 5 - If It hadn't been for love


Emma tentou reparar na tia de Robin. Mesmo que rapidamente, mas não conseguindo vê-la. Ambas saíram do carro tagarelando e comentando sobre o novo álbum da Florence que havia saído poucas horas atrás. Robin esperou Emma passar pelo portão para continuar a conversa animada. Era raro ter um alguém como Emma por perto e estava gostando disso. Era sozinha, vivia mais com os livros e os problemas de casa do que com outras pessoas.

- … Poxa, que pena a minha tia ter saído tão rápido assim, você iria gostar dela!… Ela nem ao menos retornou as minhas mensagens… - dizia ao revirar a bolsa e pegar a chave. Emma tinha as mãos no bolso da calça e sorria para o que Robin falava. Estava encantada com o jardim tão cuidado e diversificado daquela casa. - ... Pronto! - abriu a porta e esperou a loira passar. Emma estava envergonhada e um tanto sem jeito.

- A sua casa é linda! - observou as decorações e Robin sorriu em agradecimento ao praticamente puxá-la para a cozinha.

- Aí estão vocês!... - Cora sorriu ao virar-se na direção das duas. Enxugou as mãos e caminhou de braços abertos até a neta. - Vocês demoraram tanto, que sua tia não pôde ficar para o jantar… - afastou-se da neta que sorria. - … E a senhorita é a nova amiga da minha netinha? - Emma sorriu e a abraçou.

- Emma Swan, essa é Cora Mills… A melhor avó desse mundo! - a loira riu.

- É um prazer, senhorita Mills. Espero não estar atrapalhando… - disse ao observar rapidamente algumas coisas dentro da pia.

- Que nada!... Estou preparando um jantar e espero que fique conosco. Robin falou muito de você e quero agradecê-la por trazê-la em casa ontem… - Emma teve as suas mãos apertadas pela senhora. - … Leve-a para conhecer a sua mãe, querida. Zelena está no quarto organizando a festa de sua tia… - a menina estranhou, mas gostou do que ouviu.

- Como ela está? - perguntou curiosa.

- Está bem… Sabe como ela fica quando sua tia vem aqui. Ela sente-se bem e eu acho que essa festa fará bem para ela. - mexeu as mãos e olhou para Emma. - Fique a vontade, a casa é de vocês! - piscou. - Qualquer coisa…

- Calma, vó… - as duas jovens gargalharam. - … A senhora é mais ansiosa do que eu. Estarei lá em cima e depois nós iremos para a biblioteca… - a mais velha acenou com a cabeça e logo as duas estavam subindo as escadas. - … Eu quase não trago ninguém aqui em casa, por isso tanta euforia! Minha avó adora visitas, principalmente quando eu trago alguém para cá.

- Sua avó é divertida! - Robin caminhou até a porta do quarto de sua mãe e nem precisou bater. A ruiva abriu a porta e sorriu. Tinha escutado a voz da filha.

- Finalmente estou conhecendo a senhorita Swan! Vocês demoraram… - cumprimentou Emma com dois beijos na bochecha. - … Robin não parou um segundo de falar em você. Oi, querida… - abraçou a filha por um tempo. Robin respirou fundo. Todo o abraço que dava em sua mãe, era como uma carga em cima de si. Queria tirá-la daquela amargura que era disfarçada com alguns sorrisos.

- Espero que tenha falado bem. - Emma olhou para Robin.

- Claro que eu falei, Swan! - riu. - Essa é a minha mãe, Zelena… - a ruiva deu espaço para elas entrarem. - … Nós ficaremos na biblioteca…

- Tudo bem então… - mexeu nos cabelos. - … Fiquem a vontade. - deu um meio sorriso. - Estou organizando a festa da sua tia, já sabe quem irá convidar? Ela disse que poderia convidar quem você quisesse.

- A Emma, por enquanto é só… Gostaria de vir? - olhou para a amiga.

- Ah, claro que sim! - sorriu. - Seria um prazer, obrigada. - Zelena estava melhor, a festa de Regina e a visita da amiga de sua filha estavam fazendo bem. Era algo para distrair a cabeça.

- Bem, deixarei vocês fazerem o que querem. Sua avó está fazendo um jantar e espero que a Emma fique para nos conhecermos melhor. - alisou o braço da jovem.

- Mãe… - Robin entrou no quarto e olhou para o vidrinho de remédio. Emma disfarçou e olhou para o outro lado ao ver que Zelena ficou um pouco constrangida com o tom de repreensão da filha. - … Está no horário… Não esqueça. - analisou as expressões de sua mãe e suspirou baixo. Às vezes Zelena esquecia-se do horário ou não queria tomar por achar estar bem. Robin sempre ficava em cima, mesmo ela estando bem, não podia correr dos medicamentos.

- Eu sei, querida… - suspirou. - … Estou bem, pode ficar com sua amiga… - Robin aproximou-se e deixou um beijo na testa de sua mãe.

- Certo!... - a deixou sozinha e chamou Emma para ir até o seu quarto. - … Pode deixar a mochila em cima da cama… - comentou sem muito ânimo.

- Não fique assim, Robin… - deixou a mochila e sentou ao lado dela na cama.

- Estou tentando… - descansou a cabeça nas mãos e Emma a abraçou. - … É estranho quando os papéis se invertem. Às vezes tenho que cuidar dela como se ela fosse uma criança, sabe? Esquecer dos remédios… Não querer tomar, isso me deixa muito preocupada… - Emma sorriu fraco.

- Talvez esse seja um problema. Olhe, não quero ser indelicada, mas talvez todo esse cuidado e proteção não ajude muito. - Robin ficou em silêncio prestando atenção no que Emma dizia. - Às vezes ela só precisa respirar e fazer as coisas sozinha…

- Eu nunca pensei nisso. - balançou a cabeça. - Obrigada, Emma. Quer conhecer a biblioteca enquanto o jantar não fica pronto? - levantou-se e a loira fez o mesmo.

- Sim! Estou quase morrendo de ansiedade para conhecer a biblioteca que você não para de falar… - mexeu as mãos no ar e seguiu sua amiga, descendo as escadas na mesma velocidade que descia a de sua casa.

Enquanto Robin mostrava a casa, Emma reparava nos detalhes das decorações. Tinha alguns belos quadros pendurados na parede do corredor que dava para a biblioteca. Robin abriu a porta com cuidado e acendeu as luzes. Emma ficou encantada com a quantidade de livros que tinha dentro do cômodo. Tomando liberdade, foi passando a ponta dos dedos pelas prateleiras, tocando alguns livros e lendo alguns títulos. Amava aquele cheiro de livro antigo. Era algo delicioso. A lembrava das tardes com o avô, na varanda da casa ou até mesmo diante da lareira no inverno. Ele sempre contava boas histórias, sempre bons e grossos livros. Antigos e bem conservados. Tinha cheiro de saudade. Robin sentou na poltrona de couro e relaxou as costas no estofado divertindo-se com o olhar entusiasmado de sua amiga. Emma parecia uma criança escolhendo um único doce.

- Você já leu todos esses? - Emma pegou um dos livros da autoria de Jane Austen e sentou na outro poltrona ouvindo a amiga rir. A verossimilhança que tinha nas obras de Jane, a deixava encantada.  - O que foi?

- Não cheguei nesse nível ainda… Eu gosto de ficar aqui, me sinto em paz. Você tem um gosto específico para leitura? Já leu este que pegou?

- Não… Eu gosto de ler aquilo que me atrai a atenção. Nunca li Razão e Sensibilidade… -deu de ombros e folheou o livro em mãos. -...Se eu tivesse uma biblioteca dessa em casa eu não iria querer saber de ver a luz do dia! - ambas riram. - Todos os livros que tenho em casa já foram devorados…

- Pode levar esse… Você me devolve quando terminar de ler. Eu gosto da escrita da Jane, acho que li uns três livros dela…

- Eu também! Até o Emma eu já li. - sorriu. - Sou grande fã da Agatha Christie também.

- Emma, eu amo os livros da Agatha! Acho que já li a maioria… - deu uma gargalhada. - Qual a sua obra favorita?

- Morte no Nilo! - as duas disseram juntas e caíram na gargalhada.

- Eu passei tanta raiva lendo esse livro… E mesmo sabendo que a Linnet morreria, eu chorei quando houve o assassinato. - riam sem parar.

- Ah, mas ela roubou o noivo da melhor amiga…Eu amo a Jacqueline, não gostei muito da Linnet. Acho que sou apaixonada pelos vilões das histórias.

- Acho ambas ótimas personagens, o idiota mesmo é o Simon.

- Personagem que eu mais sinto raiva em toda a história… Mesmo a Jacqueline o ajudando… - meneou a cabeça. -...Criei tantas teorias…

- E no final não era nenhuma das que pensávamos. - comentou Emma.

- Por que você está fazendo Direito, Emma? Deveria fazer Literatura, isso sim! - a loira franziu o nariz e negou.

- Meus pais sempre desejaram que eu fizesse Direito e eu estou gostando… - Robin assentiu, lembrou-se do programa de sua tia e teve uma ideia.

- Abrirão as vagas para a Estrutura Poética na faculdade. Por que não se inscreve? É online… - levantou-se e foi até o notebook que havia na biblioteca.

- Não pensei nisso… Acho que não levo jeito. - riu sem humor.

- Ah, Emma…Você já leu tantos livros e fala sobre eles com tanta paixão… É sério, deveria fazer algo relacionado a isso… - abriu a página e a loira suspirou derrotada. Robin não desistiria. - ...Você irá gostar e no final me agradecerá.

- Por que não se inscreve também? Você também fala com muita paixão. - cruzou os braços ao sentar ao lado de Robin. - Você é esperta, Robin!

- Porque eu não quero, oras. - gargalhou. - Aqui… Coloque os seus dados. - passou o notebook para Emma. A loira olhou para a tela e pensou no que August diria. Olhou para os olhos claros de Robin e os mesmos estavam cheios de expectativas. Que mal faria, certo? Tão logo preencheu as lacunas com os dados necessários e inscreveu-se.

- Se eu não gostar… - cerrou os olhos. - … Você tentará uma vaga para fazer comigo e aguentar junto! - Robin concordou ao apertar a mão de Emma. Nunca seria chato, sabia bem o estilo de sua tia e com certeza seria um sucesso! Até pensou em inscrever-se, mas tinha outros planos. - Você já conseguiu o livro que a professora pediu? - Robin fechou o notebook e o deixou de lado.

- Ainda não vi, mas com certeza deve ter aqui nesse lugar. Você comprou? - Emma assentiu. - Eu pensei em comprar… Levarei tempo para achar o livro aqui. Até pensei em falar com o meu avô, mas é melhor não.

- Sairia mais caro se eu tirasse cópias. Comprei pela internet, espero que chegue direitinho… O que você acha de sair comigo e um amigo um dia desses para se distrair? Você gostará do August.

- Sério?! - sorriu. - Eu quero, sinto falta de sair e me divertir… Conhecer pessoas novas. - Emma deu um sorriso malicioso. - Você entendeu, Emma! - passou a mão na face. - Nem vem com essa!

- Eu duvido que você não tenha um alguém e diz que não tem só para não trazer aqui e sua tia fazer um jantar. - Robin a olhou de soslaio e Emma riu ao lembrar-se da pequena história que Robin havia contado. - Desembucha, nós somos amigas!

- Eu não tenho ninguém, sua fofoqueira! - Emma debochou fazendo careta. - Ando muito ocupada para ter tempo de pensar em trazer alguém para a minha vida. É muita responsabilidade. Você querer dividir o tempo com uma pessoa… É complicado demais… Mas e você?

- Eu namoro as minhas músicas e os meus estudos. - as duas riram. - Não vejo muita graça em ficar com alguém que eu sei que não será o mesmo quando a minha vida chegar ao fim… - Robin assentiu. Entendia Emma perfeitamente. - … Eu já saí com alguns homens, mas não passou disso. O único em que eu quase cheguei a ter uma relação foi um amigo antigo… Não deu certo. Eu gosto de ser livre… Para mim o amor não se limita em uma pessoa… O amor pode ser qualquer coisa, como um acorde de uma música. Eu posso achá-lo em qualquer lugar…

- Não acredita em alma gêmea e toda essa baboseira clichê? No amor?

- Eu não disse que não acreditava… - sorriu fraco. - … Veja, meus pais sempre juraram amor um para o outro e o que eu vejo é uma relação abusiva, por mais que eu ame os dois. Para mim não é amor… A minha mãe ama o meu pai e, por amá-lo, acha que tais atitudes estão certas, mas não é assim. O amor não é para aprisionar você a sua alma gêmea ou o que quer que seja, mas é para libertar. É algo leve…- levantou uma das sobrancelhas. -...Que te liberte e te mostre o mundo de outra maneira.

- E você não queria se inscrever… Cometeria um erro e tanto! - Emma ficou corada. - Minha alma gêmea é a lasanha que a minha avó faz! Temos uma relação estranha! - gargalhou levando Emma a fazer o mesmo.  - Nunca tive um relacionamento muito profundo… Coisa de noites ou apenas semanas.

- Eu gosto de viver, acho que a graça está nisso. O dia que eu conhecer alguém que me liberte de mim mesma, com certeza casarei com essa pessoa! - piscou e levaram um susto ao ver Cora encostada na porta.

- Ai, vó… - levou a mão ao peito e Cora gargalhou. -...A senhora ouviu tudo!

- Como se eu não soubesse que a senhorita já aprontou…A mesa já está pronta. Vocês estavam tão entretidas que eu não quis atrapalhá-las… Fico feliz por ver vocês se dando bem. - intercalou o olhar entre as duas.

- Acho que a Emma é a minha irmã perdida. - brincou ao bagunçar o cabelo loiro da amiga.

- Certo… Não demorem, meninas. - deu um riso fraco. - A comida esfriará.

As quatro se reuniram na mesa quando Zelena deixou de lado as organizações da festa de sua irmã e desceu. Quando chegou à cozinha, as três conversavam animadamente. Emma contava para Cora como tinham sido esses dois dias de aula e como os professores eram sérios. Cora achava graça da espontaneidade de Emma assim como Zelena que vez ou outra gargalhava.

- … E o seu avô? Ousou mexer com você, filha? - Zelena perguntou entre uma garfada e outra. O ensopado de carne que sua mãe havia feito estava uma delícia.

- Não… Para falar a verdade, ele nem falou comigo direito. Deu uma piscada e começou a aula. No final, Emma e eu viemos correndo! - não deu muita importância ao assunto.

- O que achou dele, Emma? - Cora levou o líquido do copo a boca e a loira pareceu hesitar. - Não precisa ter vergonha, seja sincera.

- O achei normal, um pouco sério… Talvez esteja protegendo Robin de más amizades.

- Que esteja, pois ele que não ouse encostar na minha neta para prejudicar! - Zelena concordou com a mãe e deu um sorriso terno para a filha.

Robin estava feliz, animada e sentia-se leve. Faziam alguns dias que o jantar não era tão leve como estava sendo. Por vezes saía e quando chegava em casa, tudo o que queria era ficar um pouco em seu quarto. Jantou muitas vezes sozinha dentro dele, apreciando o silêncio que muitas vezes foi o seu amigo em noites tristes. Sentia falta de quando sua tia estava sempre por lá, mas entendia que ela tinha a vida dela e que nem sempre poderia cuidar das três. Admirava-a por isso, as três mulheres eram um exemplo para Robin, cada uma a sua maneira. As amava com intensidade e mesmo sendo a mais nova, se pudesse pegaria todos os problemas para ela. Pena que não era assim. Olhava para a sua mãe, a sua avó e para Emma. Estava feliz de estar ali e de finalmente ter um alguém que pudesse conversar sobre o que sentia dentro de seu peito. Conversar com Emma não era o mesmo que conversar com a sua tia ou qualquer outro. Emma a entendia, não era da família e, além do mais, não a julgava. Como havia dito, Emma era a sua irmã perdida e agradecia por tê-la encontrado. A conexão era forte, o tempo de conhecimento não importava.

- … Bem, chega de falarmos sobre mortos… - Cora fez as três rirem ao referir-se ao Henry. - … Já pensaram na roupa que usarão na festa?

- Temos tempo ainda, vó. - Robin tomou um gole do suco e afastou um pouco seu prato. As quatro já haviam terminado a refeição e estavam apenas conversando. - Terá algum tema esse ano? - Zelena deu um sorriso de canto.

- Máscaras! - a ruiva respondeu animada. - Vocês duas poderiam sair amanhã para comprar as roupas, assim adianta… - Robin e Emma trocaram um olhar cúmplice.

- Por mim tudo bem…Você tem algum compromisso, Emma?

- Não, nós podemos ir. Posso chamar o August e você aproveita para conhecê-lo!...- Cora e a filha sorriram. Era nítido o quanto as duas seriam um grande grude. - Passo aqui para buscá-la.

- Então amanhã nós faremos compras! - disse animada. - Não faço ideia de qual roupa usar.

- Muito menos eu... Faz tanto tempo que não vou a uma festa grande! - Zelena achou graça dos gestos exagerados de Emma.

- Põe grande nisso. - piscou. - Bem, caso não se importem… - fez menção de deixar a mesa.

- Deixe que eu lavo a louça, querida. Vá descansar um pouco. - Cora sorriu ternamente para a filha e a mesma foi até Emma.

- Volte mais vezes, Emma. Fico agradecida por estar fazendo bem a minha filha… - deixou um beijo na bochecha da loira.

- A Robin está sendo uma boa amiga e eu quem agradeço pelo carinho, Zelena… - alisou as mãos em seus ombros e trocaram um olhar carinhoso. Cora piscou para a filha com os dois olhos e Zelena deixou o cômodo. Ansiava por um banho quente e pela sua cama.

- Você mora sozinha, Emma? - Cora descansou o queixo na palma da mão e deu total atenção para a jovem a sua frente.

- Comprei uma casa faz um tempinho… Não estava dando certo morar com os meus pais. Decidi que estava na hora de mudar as rotas da minha vida. - sorriu.

- Vocês crescem tão rápido… Quando vemos, já estão formando, casando… Enchendo a casa de filhos… - Emma sorriu ao observar a senhora a sua frente. Cora, apesar da idade, era uma bela mulher. Simpática, mas parecia virar um diabo quando alguém mexia com a família dela. - … Passa muito rápido e é por isso que devem aproveitar essa fase nova… - falava enquanto levantava e levava os pratos a pia. - … Quando as minhas filhas foram para a faculdade, eu ficava em cima para ver se estavam fazendo algo de errado. Pergunte a Robin como era no ensino médio dela… - soltou uma gargalhada enquanto começava a lavar a louça.

- Teve um dia que eu saí mais cedo da aula e fui para o portão de trás do colégio para me encontrar com um menino que eu gostava na época… - Emma ria sem ao menos Robin ter terminado. - … Eu achei que ninguém fosse saber, mas para o meu azar, minha avó estava caminhando e ela nos viu… Nunca esqueci o sermão que ela me deu quando eu cheguei em casa… Nem quero imaginar o que ela fazia quando minha mãe ou minha tia desobedeciam…

- Eu nunca dei esse trabalho para a minha mãe… - comentou Emma após cessar o riso junto à Cora. - … Nunca fui de faltar aulas para fazer outras coisas.

- Assim me ofende! - Robin a empurrou de leve.

- Estou brincando… Pelo menos você terá uma história para contar pros seus filhos.

- Nem pensar! Eles irão querer fazer o mesmo… - Cora gargalhou e enxugou as mãos no pano. Emma puxou o celular para ver a hora e fez um biquinho ao ver que já estava tarde e precisava ir para casa. Aliás, estava morrendo de sono. - … Está na sua hora?

- Infelizmente, mas amanhã eu venho aqui buscar a Robin para sairmos… - levantou-se junto com a amiga.

- Buscarei a sua mochila, Emma. - a loira agradeceu.

- Volte mais vezes, Emma. A Robin ficou tão feliz com a sua visita… - abraçou a jovem. - … Se bem a conheço, não irá soltá-la mais! Minha neta é um chiclete!

- Eu agradeço por terem me recebido tão bem, senhorita Mills. Estava tudo delicioso! - a mais velha sorriu em agradecimento. - A Robin é uma ótima amiga.

- Eu a levo até a porta! - Robin saltou o último degrau e entregou a mochila de Emma. A loira agradeceu mais uma vez pela recepção e desculpou-se pelo trabalho que havia dado. - … Até amanhã, Emma. Obrigada por ter vindo e por ter me ouvido. Meu número… Você me avisa quando estiver vindo, por favor. - entregou um pedaço de papel a loira e a abraçou rapidamente.

- Até, Robin… Eu que agradeço! Envio uma mensagem para você! - acenou e distanciou-se os poucos. Acenou novamente quando estava na calçada e Robin sorriu.

 

    * * *

 

Regina repetiu o banho demorado bebendo vinho. Relaxava enquanto pensava na festa. O que Zelena e Cora fariam era um mistério, mas sabia que seria diversão garantida com boa comida, boa música e boa bebida. Da última vez que esteve numa festa feita por Zelena era aniversário do Robin e ela exagerou na tequila. Regina gostava dessa bebida por tirá-la completamente do comum de seus dias. Se era fuga ou não, o álcool fazia com que sua liberdade ampliasse as asas e ela soltava-se por completo. Lembrava-se das noitadas em Londres e depois com Fiona em Paris. Aquela francesa sabia como se divertir e quando o assunto era sexo ainda mais. Lembrou-se dos toques e sensações, das palavras sacanas ditas aos sussurros ou aos gritos em meio ao orgasmo saboroso. Regina fechou os olhos e deu uma golada do vinho. Suspirou sentindo a água quente relaxar seus músculos. Correu os dedos pelo corpo.

A calmaria da noite fez com que Regina sentisse saudade de carinhos. Seus dedos tateavam sua pele e a cada circular de curvas um arrepio gostoso subia-lhe à nuca e logo a respiração pesou. Ficou excitada lembrando-se dos toques e beijos de Fiona. Apertou o bico do seio com vagar para depois aumentar a pressão e gemer baixinho apertando as coxas.

A mão desceu lentamente pelo abdômen deixando uma trilha de marcas leves das unhas, seus dedos foram parar cobrindo seu clitóris e apertando o que causou uma sensação deliciosa e quis a língua habilidosa da francesa naquele minuto, mas teria que fazer ela mesma. A outra mão ainda apertava os bicos dos seios e Regina começou a respirar com mais dificuldade. Logo ela já acariciava seu clitóris e preparava para penetrar-se correndo os dedos pela buceta que pulsava tamanho tesão que sentia ali totalmente relaxada na banheira entregue aos seus desejos urgentes.

Inclinou a cabeça para trás e apenas sentiu os dedos entrarem devagar e ir até o mais fundo que podia. Deixou-os ali por um tempo e ajeitou-se mais um pouco na banheira iniciando um vai e vem do pulso imerso. Era uma sensação gostosa, um carinho unicamente seu, vez ou outra masturbava-se e sempre deixava o pensamento caminhar para onde ela quisesse. Fiona foi sua primeira inspiração, mas naquela noite e, talvez, por causa do vinho, Regina permitiu-se ir além e desejou uma mulher mais jovem povoar seu pensamento pervertido. Imediatamente a figura assustada da loirinha no pátio da faculdade voltou-lhe à cabeça e ela riu ainda de olhos fechados.

O vai e vem ficou mais intenso e um pouco mais quando percebeu que havia prestado mais atenção na moça do que pensava. Ela tinha olhos verdes se estava mesmo correta, imaginou então aquelas órbitas cor de esmeralda entre suas pernas chupando seu clitóris e a invadindo sem o menor pudor. Gemeu um pouco mais alto e colocou mais um dedo dentro de si, entrando e saindo cada vez mais rápido e mais forte. A outra mão apertava, beliscava e arranhava seus seios e abdômen. Era impossível não se lembrar de Fiona fazer tudo aquilo com tamanha devoção que tinha ao corpo moreno de Regina. A francesa sabia como levar a professora ao céu de maneira avassaladora, mas à essa altura, uma loira desconhecida entrava nas brincadeiras imaginárias de Regina fazendo com que ela própria ficasse entre as mulheres sendo devorada duplamente causando-lhe um furor absurdo.

O orgasmo veio enfurecido e ela apertou as pernas ainda com a mão trabalhando em si. Apertou o seio, gemeu alto retesando o corpo e jogando-se abruptamente para trás. A água da banheira revolveu agitada deixando até escapar um pouco pelas bordas. Abriu os olhos morteiros bem devagar e levou os dedos que a foderam na boca. Sentiu o próprio gosto misturado ao morno da água da banheira e sorriu.

Terminar o banho foi a parte mais difícil. Aquela sensação de entrega a deixou mole, anestesiada. Demorou um pouco para se levantar e sair dali já enrolando-se no roupão e indo para o closet vestir seu pijama. Penteou os cabelos com cuidado ainda imaginando o que Fiona estaria fazendo em Paris uma hora daquelas. Já seria manhã de sábado e a francesa provavelmente estaria chegando em casa de uma bela noitada na Queen da Champs Elysées. Pegou o celular e pensou mais demoradamente. Melhor não. Atirou o aparelho sobre a poltrona ao lado da cama e retirou o edredom deitando-se logo em seguida. Estava cansada e queria ler um pouco antes de dormir.

O celular tocou. Regina torceu a boca e revirou os olhos quando viu o nome no visor. Gold. Ela levantou-se rapidamente sentando-se na cama e atendeu o reitor.

- Eu estou bem curiosa pra saber o que é tão urgente que não possa esperar o horário de trabalho… - sua ironia foi cortante, do outro lado ouviu a respiração pesada do homem.

- Boa noite pra você também, senhorita Mills… O que tenho a falar não caberia no ambiente de trabalho, pois é extra-oficial, mas acredito que vá interessá-la...

- Humm… - suspirou Regina recostando-se nos travesseiros - O que poderia ser tão inusitado?

- Como você já sabe, a intenção da reitoria da Saint John’s é reconfigurar seus cursos a partir da procura por eles. Infelizmente a área de humanas da universidade, especialmente no campus do Queens, não tem dado o retorno esperado…

- Acho que essa informação é bem desatualizada, Gold…

Ele fez uma pausa, mas não rebateu a afirmação de Regina e foi adiante.

- O que estou querendo dizer é que precisamos restringir alguns investimentos na área para que consigamos mantê-la com mais qualidade.

- Volto a repetir que o senhor não tem as informações corretas sobre sua própria faculdade, senhor Gold.

- Regina, vamos direto ao ponto. - sua voz ficou mais firme e o tom aumentou - A faculdade de Artes não está trazendo os lucros esperados, enquanto o Direito precisa de mais investimentos, portanto, nós vamos sim replanejar os investimentos, mas não podemos fazer isso aleatoriamente…

- E o que quer de mim?

- Que seja a chefe do departamento no lugar de Belle para que possamos fazer o melhor para seu curso e os demais… Você é uma professora mais dinâmica e que tem mais visão do que a senhorita French…

Regina riu baixinho e resolveu provocar o homem.

- Há algum tempo atrás era senhora Gold… - esperou que ele respondesse, mas só ouviu a respiração pesada - … Eu não estou interessada e não tenho aspirações políticas dentro da universidade, Gold… Com relação aos cortes do nosso departamento você está equivocado em muitas coisas, inclusive duvidando da competência de sua ex-mulher… - levantou-se agitada e firmou o tom de voz - Desculpe, mas eu preciso dormir, amanhã tenho muito o que fazer… Boa noite. - desligou e deixou o celular sobre o criado mudo. Bufou e passou as mãos pelos cabelos, estava visivelmente descontrolada. Olhou ao redor e vestiu o roupão novamente.

Desceu para a cozinha. Um chá a faria relaxar e dormir mais tranquila. Praguejou o nome do reitor e arrependeu-se por tê-lo atendido.

Abriu os armários até encontrar uma caixinha de camomila perdida entre outros alimentos. Rapidamente colocou o bule no fogão e logo fez a infusão da erva. Um cheiro bom tomou conta da cozinha e ela colocou o líquido na caneca sentando-se em seguida na varanda ouvindo o som das ondas. Respirou fundo e tomou um pouco do chá. Fechou os olhos e sentiu a brisa da noite. A figura da loirinha do pátio voltou à cabeça e ela assustou-se.

- Regina! - repreendeu-se e riu - … Eu devo estar ficando louca… Ou velha… - resmungou rindo de si mesma, mas a conversa com Kristin veio como um relâmpago de volta à lembrança. Pensou na possibilidade de envolver-se com uma mulher mais jovem, uma moça… Uma aluna… - Regina! - exclamou alto e ajeitou-se nas almofadas. Será mesmo que suas vontades estavam tomando novos rumos ou seria apenas sugestão de seu subconsciente depois da amiga tê-la indicado que seria agradável um romance com alguém mais jovem.

Continuou pensando. O chá quentinho ia tomando seu corpo e logo o som do mar foi trazendo um sono bom. Caminhou de volta para a cozinha calmamente, pensativa, sonolenta. Subiu as escadas e deitou-se tranquila. Nem mesmo a lembrança da conversa com Gold passou pela mente. Adormeceu profundamente.

 

    * * *

 

Na manhã seguinte, já cedo, Emma estava acordada limpando o quintal de sua casa. Durante a noite havia ventado bastante, resultando em várias folhas espalhadas pelo quintal de trás. Já havia mandado mensagem para August e para Robin marcando o horário certo para os três saírem. Quando terminou de juntar as poucas folhas, entrou em casa e o som foi ligado. A música ecoava pela casa e tinha certeza que alguns vizinhos já a odiavam por essa mania de fazer tudo com o som ligado. Emma gostava, principalmente quando sentia-se feliz. Subiu as escadas correndo e de frente ao espelho de chão em seu quarto, retirou a sua roupa e a jogou em cima da cama. Um banho gelado a esperava.

Enquanto a água escorria, pensava em seus pais, se eles estariam bem, se sua mãe estaria bem… Era inevitável não pensar nos dois diante da saudade que ignorava em seu peito. Morar sozinha era bom, não tinha horário para chegar, não tinha o seu pai controlando suas coisas, mas eram ruim em alguns pontos. Sentia falta e sentia-se às vezes um pouco sozinha. A água gelada parecia levar embora todas as suas preocupações. Banho era algo definitivamente relaxante, quando acompanhado por uma boa música, tornava-se melhor ainda. Emma enxugou todo o seu corpo, e deixou a toalha pendurada no vidro do box.

Logo estava vestindo-se adequadamente. Tinha uma noção da roupa que vestiria. Só precisava comprar a máscara que usaria. Fechou a blusa de botões em tecido listrado, ajeitou a calça no corpo e escolheu um dos seus tênis confortáveis para usar. Recolheu os documentos necessários sobre a escrivaninha e optou por usar uma mochila pequena e de couro. Não gostava muito de andar com bolsas nas ruas movimentadas da cidade, não gostava de correr risco. Checou o celular e havia uma mensagem de August dizendo que já estava chegando e uma outra de Robin comunicando que já estava pronta. Com a mochila nas costas e o cabelo meio úmido, saltou os degraus da escada e certificou de que tanto o portão do quintal de trás, quanto a porta de correr da cozinha, estavam fechados. Desligou o som e apanhou as chaves, foi o tempo de abrir a porta para ouvir a buzina do carro de August. Fechou a porta e fez um bico triste ao olhar para o fusca.

- … Pensei que fôssemos no fusca! - disse ao entrar no carro, deixar a mochila no colo e colocar o cinto. - Você está muito arrumado para quem andará nesse sol escaldante!

- Não é sempre que presencio Emma Swan sair para comprar roupas para uma festa chique. - ajeitou o óculos escuros no rosto e ambos riram. - Qual o destino?

- Brooklyn! - ligou o som do carro, aumentou o volume e August arrancou com o seu carro.                      

Emma pôs também os seus óculos e fechou seus olhos concentrando-se no instrumental da música. Sentiu falta do seu violão, ele sempre estava junto nas saídas que fazia com August. Não seria uma nova aventura, mas seria uma manhã divertida. Se tinha algo que August adorava era o jeito que Emma sentia a música. O jeito como movia as mãos e entrava em transe sozinha, esquecendo-se do mundo lá fora… Achava magnífico como Emma aproveitava a vida, apreciava as boas e pequenas coisas, mesmo tendo uma vida meio bagunçada. Orgulho era o que sentia pela sua melhor amiga.

Quando o carro preto foi estacionado em frente a casa de Robin, a jovem despediu-se de sua mãe e de sua avó, levando-as a acenarem para Emma e para August.

- … Ei! - Emma abriu a porta de trás e Robin entrou um pouco envergonhada. - Não temos o fusca hoje. Alguém não gosta do meu fusquinha amarelo! - fez careta e Robin riu ao segurar a mão de August.

- Prazer, Robin… - sorriu.

- Prazer, August!... Então, tem uma loja enorme aqui no Brooklyn… - colocou o cinto. - … Vocês já pensaram em alguma?

- Não… Você conhece alguma, August? - olhou para o amigo.

- Ontem eu pesquisei e tem uma na Atlantic Center… É essa, Robin?

- Essa mesma! A Party City. - Emma sorriu e August deu partida.

Emma sabia que os dois iriam pegar intimidade rapidamente. Uma das coisas que admirava em August era a facilidade que ele tinha de envolver uma pessoa em uma conversa e mesmo o assunto durando já horas, ninguém se cansava. Ele era divertido, implicava com ela e cuidava. Estava nascendo uma grande amizade entre os três. Amizade essa que alegrou o coração de Emma e a fez esquecer dos problemas de sua vida, assim como estava sendo para Robin. Achava graça das danças que Emma fazia sentada no banco da frente, enquanto a música tocava um pouco mais alta do que estava acostumada quando saía com sua tia.

Em longos minutos, os três estavam entrando na enorme loja. Tinham fantasias para todos os tipos de festas, muitas eram exageradas aos olhos de Emma. Robin, por conhecer a loja, tinha mais ou menos uma noção de onde encontrariam as máscaras. August e Emma riam dos objetos que achavam ao longo do corredor enquanto seguiam Robin.

- … Aqui! Tem máscaras de todos os jeitos. - Emma e August olharam meio que de boca aberta para a diversidade de estilos de máscaras de Veneza que tinham. - Você já escolheu a sua roupa, Emma? - a loira fez uma meia careta.

- Eu pensei em usar alguma roupa social ou um vestido que eu tenho guardado… Você usará o que? - August estava mexendo em algumas máscaras enquanto ouvia a conversa. Era encantador cada detalhe feito em cada uma. Nem queria imaginar o trabalho que deveria ser para fazer cada uma.

- Acho que usarei um vestido azul escuro que tenho… - pegou uma máscara e riu ao imaginar-se usando aquilo.

- Uma máscara dourada combinará com o seu vestido… Olhe essa… - August entregou uma a Robin e a jovem meneou a cabeça enquanto Emma já escolhia a sua.

Dispensaram a ajuda do vendedor. Aliás, para quê? Tinham August que avaliava as máscaras que as duas colocavam. Não entendia muito de moda, mas sabia quando nada combinaria com o estilo de roupa que ambas diziam que usariam. August sentou em um dos bancos e ria das palhaçadas que as duas faziam. Vezes Emma pegava uma máscara com penas bem extravagantes e fazia poses elegantes causando risos até em quem passava ao longe. A cada minuto ao lado dos dois novos amigos, Robin soltava-se e entrava nas brincadeiras idiotas dos dois.

- ... Levarei essa dourada! - Robin ajeitou a máscara na face e August elogiou. Faltava apenas Emma. A loira estava de costas para os dois, com sua máscara de prata, decorada com algumas pedras pretas e com detalhes meio dourados. Cobria sua face até a metade do nariz. Foi a única que realmente gostou. - Nos deixe ver a sua, Emma! - a loira arrumou os cabelos e virou-se tendo a atenção dos dois.

- Uau! - exclamou August. - Quem você está querendo matar? - Emma riu e olhou-se novamente no espelho redondo. - Está linda, loirinha!

- Está mesmo…- Robin sorriu ao abraçá-la de lado. Ambas trocaram um olhar singelo pelo espelho e August balançou a cabeça. Pareciam duas adolescentes fazendo a primeira compra sozinhas. - Anime-se… É um baile de máscaras... - imitou uma voz sensual e tanto Emma quanto August, caíram na gargalhada.

- E tudo pode acontecer… - Emma imitou o mesmo tom de voz e riu.

- Tem certeza que vocês duas fazem Direito? - August saiu andando em direção ao caixa com Robin, deixando Emma um pouco atrás ainda olhando-se no espelho. Achou incrível como uma simples máscara conseguiu fazê-la sentir que usando-a, tudo poderia fazer. Poderia ser um alguém que jamais foi. Era como o seu avô dizia… Por trás de cada máscara, sempre há um mistério a ser desvendado.

 

* * *

 

Regina precisava equilibrar-se um pouco mais durante aquela semana. Além da rotina pesada da universidade, Zelena e Cora dispararam com ligações e mensagens para decidir sobre a festa. Belle avisou todo o departamento que, enfim, Gold resolvera marcar a tão esperada reunião para o final do mês, isso daria mais tempo para os professores se prepararem.

- Você está brincando, não é?!

- Não…

- Regina!!! A festa é daqui dois dias e você nem escolheu sua roupa!

- Zelena, eu não posso ficar por conta! Por isso pedi você e mamãe para ajudarem com isso… Eu vou resolver o que vestir e não, eu não vou escolher qualquer máscara… De preferência uma que cubra meu rosto inteiro!

Dou outro lado Regina apenas ouviu o barulho de uma ruiva muito nervosa desligando o aparelho. A morena riu.

- Essa festa fez tão bem para minha irmã que agora ela é capaz de desligar na minha cara! - exibiu o celular para Belle.

- Estamos todos empolgados com essa festa, minha querida! Você nunca faz isso e agora que resolveu comemorar seu aniversário é natural que sua irmã fique mais empolgada que todos nós!

- Sim, eu entendo isso… - gargalhou Regina - … Eu não tenho ideia do quê vestir… Não gostaria de usar algo que já tenho, mas não sei o que comprar…

- Nossa, que dúvida cruel, não é?! - Úrsula veio com um copo de café sentou-se na mesa da cafeteria junto das amigas - Regina, você sofre por coisas tão absurdas!... - riu vendo a professora revirar os olhos reprovando o que acabara de dizer.

- Pare com isso, Úrsula… - cruzou os braços dando-se por vencida - Eu não tenho hábito de participar de festas, ainda mais sendo meu aniversário! Eu serei o centro das atenções!

- As máscaras estarão lá para isso! - concluiu Belle - Sua irmã é bem esperta, Regina… Ela sabe que você se sentirá desconfortável e as máscaras ajudarão a sentir-se melhor.

- Pode ser… - a morena ficou pensativa e olhou para o lado vendo Kristin chegar com uma xícara de café expresso.

- O que houve com a varanda de casa?! - Regina fez piada e a loira rebateu.

- Não deveria estar tão amarga com a festa de aniversário próxima!

Todas caíram no riso, inclusive Regina. Elas aguardavam o intervalo terminar naquela manhã de quinta-feira para, enfim, declararem o fim da semana, oficialmente. Nenhuma delas retornaria a Saint John’s na sexta e isso já ajudaria Regina a se preparar para a festa de sábado.

- Eu tomei a liberdade e convidei uma aluna para a festa… - comentou Kristin.

- Não se preocupem com isso… Eu quero privacidade, mas não quero ver somente a cara de vocês a noite toda! - exclamou Regina.

- Não verá, querida!... - Úrsula arregalou os olhos e ironizou - Esqueceu que estaremos todas mascaradas?! - mais risadas e Belle olhava para o lado do pátio onde o ex-marido caminhava calmamente conversando com um velho, o pai de Regina. Logo a dispersão de Belle atraiu os olhares das outras.

- Precisamos dar um jeito naqueles dois… - Dungey levou a mão à boca - Desculpe, Regina, às vezes esqueço que o velho Mills é seu pai!...

- Não se preocupe com isso, Úrsula, você tem razão! Precisamos neutralizar essas investidas de Gold para cima do departamento ou daqui a pouco não teremos trabalho.

- Isso deve ser culpa minha… Perseguição! - comentou Belle sem jeito remexendo o resto de torta no prato.

- Esqueça isso! - bradou Kristin - Não tem nada a ver com você! E caso tenha ele é muito abusivo por pensar dessa forma!... Vamos dar um jeito nele… A reunião já está marcada, Belle!

- Semana que vem estaremos prontas para enfrentar esses vermes! - resmungou Regina terminando seu café. Logo ela foi se levantando e colocando a bolsa no ombro. Sorriu para as outras que seguiam seu gesto - Meninas, vejo vocês no sábado!

Regina saiu dali um pouco mais animada com a festa. Comemorar o aniversário entre amigos seria muito bom. Porém, ela teria que terminar aquela manhã com mais duas aulas para depois ir procurar o que vestir. Riu no caminho do bloco onde teria as últimas aulas, achou curioso o tempo que já fazia desde a última vez que comprou uma roupa de festa. Isso não seria difícil, penoso seria a máscara, mas não ligaria para Zelena para ter uma opinião ou levaria outro sermão.

Quando encerrou as aulas da manhã, a morena partiu para sua sala e deixou alguns materiais por lá. Sentou-se na frente do computador e acessou o sistema da faculdade. Conferiu o número de inscritos para o curso extra de Estrutura Poética. Não mostrou-se muito favorável ao número, não tinha nem 10 alunos inscritos e estava a pouco menos de duas semanas das aulas começarem. Precisaria de, pelo menos, mais dois alunos para que a turma fosse efetivada. Tentou não se preocupar com aquilo, seria muito pessimismo achar que não conseguiria dois alunos em dez dias. Organizou a mesa de trabalho, desligou tudo e saiu.

No caminho para o estacionamento, já imaginou onde poderia conseguir um vestido do seu gosto. Riu um pouco desanimada, teria que ir até o centro, o coração de Manhattan, em uma loja de departamentos para que pudesse comprar a peça. Afinal, era seu aniversário, lembrou-se das amigas acusando seu comportamento ranzinza e repreendeu-se por isso. Estufou o peito e respirou fundo.

- Vamos, Regina! Anime-se!

Quase 40 minutos dirigindo até o Muji, Regina foi ouvindo algumas músicas dos anos 80 que a animaram muito a cantarolar junto e até arriscar um balanço desengonçado no banco do carro. Zelena pode ter acertado em cheio a escolha do tema da festa, os embalos das baladas pop dos anos 80 a deixavam nostálgica. Lembra-se do início daquela década, ainda criança, começava a dançar os primeiros passos ao som de Madonna e Michael Jackson. As bandas de rock mais famosas ganharam maior destaque naquela época e seu coração ia a mil quando ouvia Guns’N’Roses. Era um prazer relembrar momentos em que ela retirava toda a mobília da sala e começava a dançar sem limite. Era observada pelo pai que ria das coreografias que ela mesma criava.

Chegando na loja, logo uma atendente veio sorrindo, já conhecia a cliente e apanhou sua bolsa para guardá-la. A morena olhou os redor, eram tantas opções, mas uma coisa que não abriria mão: o vestido deveria ser negro por completo. Uma dama da noite, como ela denominou-se para Cora em uma conversa pelo telefone naquela semana. Lembrou-se da advertência da mãe sobre sua idade e que ela não estava de luto para tanto.

Apesar de Regina não ter o hábito de ser festeira, ela gostava de coisas caras, sofisticadas, porém, não sofria muito escolhendo. Caminhou por uns quinze minutos entre as araras e manequins, sempre com o atendente ao seu lado para dar de cara com o que viria a ser seu vestido de aniversário.

- Este! - apontou para a peça negra no manequim solitário no canto da loja.

O rapaz apanhou o vestido e entregou a ela que colocou na frente do corpo admirando-se pelo espelho grande ao lado. Virou para um lado, virou para o outro. Franziu o cenho e ouviu o pigarrear do atendente.

- Os provadores são logo ali, senhorita Mills.

Ela olhou para ele ternamente e abriu um largo sorriso.

- Não se preocupe, querido! - entregou o vestido a ele - É esse mesmo! - o rapaz já sabia que Regina faria aquilo, mas mesmo assim tinha que atendê-la no modo padrão, a mulher já havia comprado algumas vezes ali e acompanhado a mãe e a irmã outras tantas. E mesmo nunca precisando usar os provadores, Regina jamais voltou com alguma peça para troca.

Vestido comprado.

Quando saiu da loja pensou em algo que combinasse com aquele lindo vestido. Olhou ao redor e veio á cabeça uma joalheria que conhecia há algum tempo e era bem famosa pela qualidade e bom gosto das peças. resolveu deixar o carro onde estava e seguiu à pé.

Passou pela Barnes & Noble e lembrou-se de um livro que indicaram e ela nunca comprou, mas sabia que havia sido lançado naquela livraria. Na volta, talvez passasse por lá. Atravessou a rua e entrou na joalheria Steven Kirsch, um lugar de fachada bem discreta, mas que abrigava um requinte bem tradicional. Regina parou na porta e olhou ao redor, o gerente veio rapidamente em sua direção. Ela também já conhecia o homem de longos anos. David foi um colega de escola, da época do ginásio.

- Como vai, Regina? - segurou-a pelos ombros e beijou-lhe o rosto.

- Vou bem, David… Como você está? - olhou amistosa para ele. O homem devolveu-lhe um olhar agudo e sorriu maliciosamente comos empre gostava de fazer.

- Eu estou indo… Mas você está cada vez mais bonita!...

- E sua esposa como está? - Regina caminhou para um dos balcões à sua frente com o homem ao seu lado. Esfregava as mãos impaciente e sorrindo sempre de maneira atrapalhada.

- E-ela também está bem…- sentiu o desconforto de David e mudou de assunto.

- Preciso de um colar… - examinou as amostras no balcão - … Um solitário, talvez…

David apressou-se em apanhar os colares que mais faziam o gosto da cliente. Colocou-os sobre o vidro e esperou que ela os examinasse de perto. Regina assim o fez, com calma, passando os dedos pelos pingentes e segurando os cordões. Não questionou preço ou se haviam mais daqueles. Ela mediu cada detalhe das peças que estavam à sua frente.

- Este. - segurou um cordão dourado, não muito fino, mas que marcava pela delicadeza de seus elos sextavados. O pingente de um único brilhante cintilava entre os dedos da mulher.

- Alguma ocasião especial? - perguntou o gerente.

- Ah, sim! - exclamou Regina - É meu aniversário… - continuou a namorar o colar entre os dedos e o homem novamente pronunciou-se.

- Posso?! - indicou para que ela se virasse e ele colocasse o colar para que ela experimentasse. regina hesitou, mas entregou o colar para David e virou-se ficando de frente para o espelho. O homem passou os braços em torno dela e colocou o colar devagar. Quando fechou o cordão, deixou que os dedos displicentemente tocassem na pele da morena que afastou-se depressa caminhando para mais perto do espelho. Ele não se importou  continuou a falar - É lindo… Combina com você…

- É… resmungou Regina - Eu vou ficar com ele. Ela mesma retirou o colar e entregou ao gerente. Seguiu David pelo corredor da loja até onde efetuaria o pagamento. Ele ainda guardou a joia na caixa adequada e colocou o cartão com seu nome e telefone dentro da sacola e entregou à Regina.

- Foi muito bom revê-la, Regina!... Há muito tempo não aparecia por aqui… Você gosta de comida brasileira? Tem um Empório logo ali… - ela interrompeu o homem de uma vez.

- Você tem filhos, David?!

- Sim, tenho uma filha…

- Pense que alguém sujo e abusivo como você fará o mesmo com ela… - Regina deu as costas e não esperou pergunta ou resposta do homem. David continuou parado no balcão de pagamentos e ignorou o atendente que estava ao seu lado. Agradeceu em pensamento a mulher não ter feito qualquer escândalo. Ainda assim ele ficou a admirar quando Regina deixava a loja.

- Uma bela bunda, isso tenho que concordar… - disse baixinho e voltou aos seus afazeres.

Regina havia ficado muito nervosa. Deveria ter feito um escândalo, mas preferiu deixar tudo como estava. Se ele entendeu seu recado, não faria aquilo novamente. Respirou fundo e tentou esquecer o acontecido desagradável. Parou por um segundo e imaginou que pudesse encontrar a máscara ali por perto. Teria que ligar para Zelena, não teria como escapar de outro sermão. Sacou o celular do bolso do casaco.

- Oi… Zelena… Você conhece algum lugar onde eu encontre máscaras?! - perguntou devagar e em tom delicado quase sussurrando.

- Por que você deixa tudo para a última hora, Regina?!

- Vai ajudar ou não?!

- Aí no Muji não tem lojas assim…

- Não estou mais no Muji… Estou aqui… - conferiu o local - Estou na West 46th Street.

- Vai ter que andar mais um pouco… Espera! - Regina ouviu Zelena digitando, provavelmente a ruiva estava trabalhando nos últimos acertos da festa - … Você se atrasa e ainda me faz atrasar meu trabalho!... - resmungou - Sabia que eu ainda não fechei o DJ?

- Eu não estou preocupada com DJ, Zelena… Por mim poderia ser o som de casa mesmo e Robin faria a playlist…

- Cale a boca e anote o endereço da loja!

- … Sei onde é… - disse a morena tentando equilibrar sacola, celular e agenda - … Assim que voltar para casa eu ligo pra você! Obrigada, meu amor! - desligou e ganhou a rua passando por algumas pessoas e encarando o caminho que faria. Pensou em caminhar, o lugar ficava há uns 20 minutos dali e seu carro estaria seguro naquele estacionamento. Se fosse pegar o trânsito da 5ª Avenida demoraria o dobro do tempo. Foi caminhando sem pressa pelas pessoas que, ao contrário, estavam muito agitadas, indo e vindo, falando ao celular, gesticulando com alguém ao lado. Buzinas, freios de carro, lanternas, semáforos. Ela olhou para o alto e tentou admirar o céu entre os prédios, estava tão azul naquela hora que sentiu vontade de sorrir. Teria que ser uma máscara maravilhosa, pensou. Continuou avançando a 5ª Avenida, passou pelo Madison Square Park onde havia um parque canino. regina gostaria de ter um cão, mas não sabia onde colocá-lo nem como cuidar dele… Olhava as pessoas e seus bichinhos de estimação e sentia falta de um. Quem sabe um gato, suspirou.

Mais alguns minutos de todas aquelas pessoas, suas conversas, buzinas, cores e sons. Regina parou em frente ao número que Zelena indicara. Ela olhou toda a fachada e riu. Zelena, vou te matar! Regina disse isso entre os dentes e ainda relutante em entrar na loja Village Party Store. Só havia ali artigos de festas, muitas cores, máscaras, colares havaianos, fantasias de todos os tipos e até fogos de artifício. Duvidou se haveria ali algo que combinasse com o vestido e o colar. Mentalmente ela foi tentando desenhar o que queria na mente e decorando um texto para quem a atendesse. Que vergonha, Regina, parece que nunca comprou nada antes! Ela pensava alto e caminhava entrando na loja. uma moça simpática veio atendê-la e logo viu nas mãos da morena as marcas das lojas que ela visitou antes.

- Precisa de uma máscara? - Regina olhou a menina assustada e ela riu explicando-se - Desculpe, senhora, mas é que imagino que tenha aí um belo vestido! - apontou a sacola da Muji.

- Ah! Sim, é um vestido preto bem simples, mas preciso de uma máscara bem marcante! - disse mais animada diante da simpatia da moça.

- Claro! - fez sinal para que a cliente a seguisse e foram para o setor de máscaras de carnaval. Havia ali uma infinidade de modelos, cores e tamanhos com adornos de todos os tipos e vindos de vários lugares do mundo.

- Essas máscaras de Veneza são lindas! - comentou Regina perdendo-se nas bancadas e prateleiras.

- Acredito que essa ficará linda com o seu vestido. - a moça pegou uma máscara negra toda detalhada em pedraria dourada de todos os tamanhos, os desenhos eram arabescos finos contornando os olhos e acentuando as maçãs do rosto. Apenas a boca ficaria à mostra. Era o que Regina queria. Seu sorriso ao examinar o objeto foi automático.

- Isso mesmo! - riu para a moça - É essa que eu quero!

Afinal completou as missões às quais Zelena a impôs. Fez seu dever de casa direitinho. Ao final do dia regina sentia-se radiante com as compras que havia feito. Seria um momento único que há muito não tinha perto dos amigos e da família. Queria que todos ficassem felizes e ela mesma sentia-se assim, satisfeita por estar divertindo-se com tudo.

Dirigiu de volta para casa em completa alegria e deixou-se cantar mais alto as músicas dos anos 80 que estavam na playlist do carro. Apanhou a máscara na sacola e deixou que ficasse no banco do carona. Vez ou outra admirava os contornos que ela tinha. as pedras tinham um brilho diferente e quando as luzes da rua passavam por elas emitiam a harmonia do conjunto. Regina viu poesia naquilo tudo e sentiu-se plena. Havia um poema formando-se em sua mente, seu coração pulsante ditava a cadência das palavras de tudo o que representaria o momento daquela festa de aniversário. Sentia que havia algo mais misterioso e grandioso à espera dela no sábado.

- Vai ser tudo perfeito como nunca aconteceu antes!


Notas Finais


Gostaram?! Contem pra gente o que estão achando dessa prévia da festa e o que acham que vai acontecer se elas se encontrarem!?

Essa festa vai ferver, só posso dizer isso! hahahahaha

Beijão pra vocês, agradecemos a todas que estão acompanhando e encontrem a gente aqui pelos comentários ou no TT @adeliakkk e @ejuliaci

Até o próximo!!!


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