História Pois é, A Vida Me Odeia - Title: Partido, quebrado...

14.08.16 segunda-feira 01:40am

Title:

Mais um tempo desgraçado e indeterminado vem vindo.

Humor: 

Zanga, aborrecimento; todos os relativos.

Eu odeio o J, e tão igualmente o Cho. E o Giriboy, e o Eddie também. O que é uma pena, Eddie, você teve a oportunidade de participar da lista de caras com quem eu ficaria, mas miseravelmente, desperdiçou essa chance. Você me perdeu, para sempre.

Uma pena Eddie, uma pena.

Tá ligado no momento “íntimo” em que eu e Kihyun tivemos lá no labirinto do parque de diversões sábado? Então, todo mundo já sabe. Surgiu um rumor aí de que eu e Kihyun estávamos nos pegando e... Ah, você conhece a história. Sabe também como são os boatos, eles exageram pra burro. O pior é que ninguém veio perguntar ou conversar isso comigo, eu que descobri sozinho. Notei que havia algo errado logo de manhã quando cheguei à escola e literalmente todo mundo me olhava cochichando.

Não precisei ser um Light Yagami de Death Note para saber que eu era o assunto. Também não precisei ter ouvido biônico pra escutar umas meninas conversando sobre isso quando passei por elas. Fui desesperado checar no jornal me dispondo inteiramente pra tirar satisfação com Gunhee, e aí, fiquei surpreso. Não vi nenhuma noticia relacionada — ele não tinha postado ainda. Por sorte, consegui convencê-lo de escrever outra coisa em troca de um podre do Kihyun, o de que ele tem medo de palhaços. Honestamente, nem sei se é verdade, eu só queria que ele não postasse essa mentira. Ainda doei uma foto que eu tinha tirado do Kihyun limpando o nariz com o dedo. Gun aceitou, após eu implorar de joelhos (eu fiquei de joelhos mesmo). Ele fez outro post relatando os melhores momentos da nossa gincana, mais uma coluna exclusiva ao lado sobre Kihyun ter medo de palhaços e sua mania de tirar meleca do nariz. Alívio por Gun não ter colocado a fonte dessas duas ultimas notícias, ou Lim Changkyun seria um homem morto até o final dia.

O ruim é que não adiantou de nada eu ter impedido a matéria.

De inicio, a minha preocupação era a de que se esse post sobre eu e Kihyun saísse, iria propagar ainda mais a notícia falsa, só que a escola inteira já tá sabendo de qualquer jeito. Se duvidar, até o diretor. Se estou me importando com Yoon Bo vir até eu perguntar a veridicidade disso? Nah. O que tem mais nessa escola são rumores, 95% deles sendo mentira. E desses 95%, 50% são sobre Kihyun. Yoon Bo nem deve dar mais bola. Acho que devo ter deixado claro que ele vê Kihyun como um garoto inocente, estudioso e que nunca faz nada de ruim. Não é novidade pra ninguém que ele protege o filho.

To sussa.

Enquanto a ele, enquanto ao resto da escola são outros quinhentos.

Assim, não sei se foi o J, o Cho, Giriboy ou Eddie que andou espalhando essa merda, mas os quatro estão metidos, e eu espero de coração que todos eles comam algo estragado e passem um mês cagando. Eu que achava Kihyun, Minhyuk e Hyungwon por si uma corja de cobras. Eles perdem feio para Eddie, Cho e J.

Não citei o Hyunwoo porque sei que é namorado do Kihyun; ele não faria uma coisa dessas. Apesar de ser visível que está chateado plus furioso. Como eu sei disso? Das três vezes que eu e Kihyun estivemos juntos hoje de manhã, Hyunwoo passou por nós como se não existíssemos. O que me lembra, devo evitar andar sozinho com Kihyun. Já é um porre ouvir ele zumbir besteiras no meu ouvido, mais essa de que minha boca está encostando na dele. Eishhh, só de imaginar me causa uns tremeliques com pitadas de repulsa em cima. E sim, eu já superei/esqueci o infortúnio que tivemos na sala lá do labirinto, não sei o que rolou ali e não tenho NENHUMA intenção de descobrir, obrigado.

Por outro lado, a minha popularidade só está aumentando. Hyuna postou as fotos em tudo que é canto, o facebook não ficou de fora. Tiveram várias fotos minhas, em especial uma que eu estava com Kihyun na qual rendeu 945 likes. Me elogiaram, me enalteceram, puxaram meu saco, uma mina até se escalou comigo e me mandou seu número. Meu facebook nunca teve tanta solicitação de amizade. Pode crer, antes eu achava que ter 1000 amigos era o ápice da fodicidade, agora eu tenho 4.500. Alô visibilidade, acho que ainda vou ficar um tempo contigo. Pena que não posso afirmar o mesmo da reputação. O problema é que, eu não quero ser reconhecido como o ficante, namorado, ou sei lá, do Kihyun. Seloko cachoeira, é mais digno ser reconhecido como o cara que mastigou um dos chicletes grudados nos bancos do pátio.

Pois é, se você mastigar um daqueles, te consideram uma pessoa da pesada, logo cê ganha moral. Se quer saber, aqueles chicletes são mais velhos que a minha vó. Os tios da limpeza não fazem questão de retirar.

Lamentavelmente, o último menino que mascou um foi parar no hospital no dia seguinte.

É chapa, o preço para ser popular às vezes não compensa. Mas ainda é melhor do que acharem que eu e Kihyun estamos nos pegando.

Enfim, sobre o rolo todo da gincana. Hyuna ouviu nossos protestos, assim como os de todo mundo que acusou o grupo do Eddie. Democracia, ladies and gentleman. Como ficou uma confusão do caramba, ela nos levou até a ala beta e montou um tipo de Júri onde foi à juíza, claro. Pediu E-dawn para pôr três mesas só pra ela, e ainda mandou um dos escravos conseguir um martelo para decretar as coisas. Vê se pode? No final ela decidiu que o grupo do Eddie era culpado e por conta disso, não iria ganhar os ingressos. Eles criticaram a decisão, J chamou a maioria de hipócrita(?). Até Hyunwoo que parecia um robô reclamou. Se bem que eu senti que sua raiva não era direcionada a esse assunto, e sim pra desconta-la em alguma coisa por causa de Kihyun. Vai saber.

Eddie pediu silencio e surpreendeu todo mundo quando fez o grupinho dele “confessar” que o que haviam feito fora desonesto. Depois, Eddie, com a mão no peito, jurou que nunca mais fariam isso de novo. Óbvio que eu não acreditei nesse papo furado de arrependido, mas serviu pra recuperar nosso orgulho. E quando nós (eu, Jooheon, Kihyun, Wonho e Hyungwon) achávamos que iríamos sair ilesos dessa parada toda, eis que J boca de caçapa sai cacarejando que deveríamos pagar as prendas porque não tínhamos nada a ver com isso, e ainda fez questão de lembrar a todos das regras para dar mais ênfase a sua alegação.

E mais discussões entre Kihyun vs J, Jooheon e seu fiel escudeiro Minhyuk vs Cho, com ameaças de pôr a cabeça do outro na privada, extra os outros botando mais lenha na fogueira. O Giriboy era o eu do meu grupo, só o meme do Michael Jackson com uma pipoca na mão. A diferença entre ele e eu é que eu sou do bem. E então, muitos bate-bocas depois, Eddie, onde de primeira eu acreditava ser um bom menino, humilde e de caráter, vem com um discurso enorme do porque devemos pagar as prendas. Tentando pagar de bom samaritano, teve a insolência de encerrar com: “não é nada pessoal galera, são apenas princípios”.

Princípios? Princípios é minha rola.

ELES NOS SABOTARAM. Nós perdemos por causa DELES. Tudo bem que meu porte não atlético, e as frescuras de Hyungwon contribuíram, mas grande parte foi culpa deles sim. Os sínicos são os piores, anota aí o que eu estou dizendo, são os piores. Wonho é a prova.

Todavia, aparentemente o falatório meia boca do estrangeiro loiro Eddie que eu sonhava adotar dois filhos e um gato — porque gatos são mais quietos — acabou convencendo Hyuna. E cá estamos, eu, Kihyun, Jooheon, Wonho e Hyungwon, no ginásio aqui da escola criando coragem pra invadir o treino das meninas do vôlei, roubar a bola, e jogá-la lixo.

12:12pm

— Vamos nos vingar. — Kihyun disse aquilo com todo o veneno que conseguiu reunir.

Antes tivemos que escrever “burros de carga” no quadro da sala do curso de administração. Esse é o apelido deles porque os bichim vivem fazendo as tarefas dos outros. São os que trabalham mais nos clubes, aliás, na escola toda. Além do mais, os professores abarcam na exploração. É o curso de alunos que sempre dizem sim pra tudo, dedicados pra caralho, e ainda zombam deles. Povo mal.

Voltando. Tivemos que fugir pela janela quando ouvimos um dos professores chegando. Isso resultou em Jooheon caindo em cima de Wonho na grama levando Kihyun junto, acompanhando de um punhado de risadas dos alunos penetras que souberam dos ocorridos da gincana e vieram prestigiar nós no ferrando.

Ah é, Hyungwon pisou no meu pé. Duas vezes.

E nem pediu desculpas.

Eu ainda to com raiva dele.

— É claro que vamos nos vingar. Os cara tão subornando os outros times só pra fazermos as porcarias que eles escolherem. — Jooheon tá com muito ódio. Se eu falar que ele fica lindo mesmo estando com raiva, conseguiria arrancar ao menos um sorriso? — Chuto que essa foi ideia do Cho, com certeza. Irin devia se envergonhar. Engraçado que os outros fizeram rebelião que o pessoal do Eddie trapaceou na cara dura, mas agora estão cedendo seus desafios pra eles por sorvete. Como conseguem se vender tão fácil?

— É porque sorvete é bom. — Wonho às vezes fala bosta nos piores momentos.

Eu ficaria puto com Gun e Lyun pelos times deles estarem concordando com isso, mas ambos estão muito ocupados cuidando dos clubes onde são líderes, coisa que esses desocupados deviam fazer também, ao invés de ficarem seguindo nós pra lá e prá cá apenas pra ver os micos que estamos passando e registrarem com seus celulares caros pra postar nas redes sociais depois.

— É melhor você ficar calado hyung. — nessa questão, eu compactuo com Kihyun. — É o seguinte: Hyungwon vai até lá no centro, as meninas vão parar o que estão fazendo para te admirar, aí você pega a bola de quem estiver com ela, joga pra nós, jogamos no lixo e saímos.

— Não gostei desse plano. — eu revirei os olhos quando Wonho falou isso. Kihyun também. Ele tá dando um de ciumento desde sábado. Ele e Hyungwon nem estão namorando, e muito provavelmente não se beijaram; Wonho me contaria se tivessem. Ele não é nem doido de esconder isso de mim.

Ao meu lado, avisto Hyungwon dando um meio sorriso todo convencido.

Blé para esses dois, blé.

— Eddie e os outros estão nos observando Kihyun. — Jooheon aponta para arquibancada onde a trupe do mal e a galera dos outros times estão sentados. Hyuna tá dando uma de Gunhee tirando fotos com uma Canon maior e certamente mais cara. Na realidade, olhando melhor, não tinha tantas pessoas na arquibancada não. Duvido que estão aqui pra assistir o treino. Porra, eles convidaram mais gente pra presenciar nossos vexames, é isso?! Estou quase culminando um genocídio. A propósito, aqueles ali são Jun e Han? — Eles não vão vir encher nosso saco?

— Só falaram para invadir o treino, roubar a bola e jogar no lixo, a forma como faríamos isso não especificaram. — Olha, ás vezes Kihyun raciocina legal. Mas só às vezes. — Quando estiver pronto Hyungwon. — diz ele quando a treinadora finalmente sai.

Eu, Kihyun, Jooheon e Wonho, entramos na quadra como se não quiséssemos nada, só de tocaia esperando a bola. Hyungwon começa a desfilar no meio do treino, e como Kihyun prevê, as garotas do vôlei param o que estão fazendo e começam a cochichar dando uns gritinhos. Duas meninas enormes caminham até ele com o queixo erguido. Acho que são as capitãs. A que está com a bola é mais alta que Hyungwon, dá até graça.

Eles estão conversando. Do nada meu coração acelera, e isso é devido ao fato de que daqui a pouco Hyungwon vai roubar a bola e jogar pra nós, aí só Deus sabe o que vai vir pela frente.

Minha linha de raciocínio é interrompida ao notar ela entregando(?) a bola pra Hyungwon e então o mesmo arremessando para Kihyun, que a agarra no ar.

Observo as expressões das capitãs e elas nos olham indiferente. Eu não sei se isso é ruim ou bom.

— Vamos caminhar sem pressa até a lixeira, jogar a bola dentro e sair correndo. — Kihyun diz com uma voz tranquila. Os outros assentem em igual tranquilidade e o seguem. Hyungwon se junta a nós não muito tempo depois.

Será que eu sou o único em pânico aqui? Porque sinceramente, to com medo de que elas corram em nossa direção e nos encham de porrada quando jogarmos a bola no lixo.

— No três. — Eu mordo o lábio nervoso, preparando a carreira. To me certificando de instante em instante se as meninas estão vindo pra cima. Elas ainda estão paradas. Senhor, o que isso quer dizer? — Um. Dois. — Kihyun olha pra todo mundo buscando confirmação. Pra quê esse suspense cidadão, joga logo essa porra! — Três!

Eu to correndo pra saída.

Saí antes de ver Kihyun jogando a bola no lixo, não esperei ninguém também, a única certeza que eu tenho é que não quero apanhar.

Ouço um coro de risadas, olho pra trás e vejo metade da arquibancada rindo porque o Jooheon escorregou e caiu no chão. Cho o chamou de banana. Eu até cogitei agir, mas Minhyuk que participava da arquibancada foi mais rápido e mandou ele ir tomar no cu.

Eu fui o primeiro a chegar à saída do ginásio, depois Jooheon, Kihyun e Wonho. Hyungwon veio andando atrás todo despreocupado.

— Você não correu não?! — Jooheon pergunta, pistola da vida.

— Só um pouco. Fiquei com preguiça.

— Não ficou com medo?

— Por que eu ficaria? Elas não vão fazer nada. — ele dá de ombros.

Kihyun franze a testa.

— O que você falou pra elas?

— A verdade.

— E elas concordaram de primeira?

— Não precisei fazer esforço.

As vantagens de ser bonito, o filme, estrelando Chae Hyungwon.

Esperamos todos os times da gincana, e os intrometidos, chegarem. Não pudemos esconder o riso da cara de indignado do J e do Cho quando se deram conta que as meninas não iam fazer nada contra nós. Elas até tinham arranjado outra bola.

É ai que eu lembro que falta só mais uma prenda pra acabar essa tortura, e infelizmente, cai à ficha tarde demais que não deveríamos ter gargalhado, porque o ultimo grupo e a ultima prenda vai ser deles, do time do Eddie. Juro que vi aquelas fogueirinhas de anime nos olhos de cada um quando eles se aproximaram de nós determinados. Hyunwoo não ficou de fora. Acho que isso pra ele está sendo algum tipo de vingança contra o Kihyun...

Eu fico especulando as coisas só que na real não faço a mínima ideia do que tá rolando entre esses dois. Nem sei por que to me importando. Talvez eu goste muito de fofoca. Talvez eu esteja gostando de ver Kihyun sofrer toda vez que tenta puxar assunto com Hyunwoo e ele o evitar. Ou talvez, meu sensor de desastre urgente, na qual está apitando muito ultimamente, esteja me mandando ficar alerta com Hyunwoo. To com medo dele vir fazer alguma coisa comigo, tipo, quebrar a minha cara.

Acho que as três hipóteses.

— Espero que estejam prontos. — J diz. Ele e Kihyun mantêm uma briga silenciosa entre olhares.

Cômico. Eu achava que ninguém, NINGUÉM, desafiava a “autoridade” de Kihyun. No entanto, percebi que isso só vale para os pobres no quesito social — onde eu me enquadrava antes de toda essa marmelada com o Kihyun —, ou os populares “abaixo” dos FiveD, que são frouxos e tem medo de perder sua posição no pódio da notoriedade caso façam Kihyun odiar eles. Mas Eddie, J, Cho e Giriboy não se encaixam nessa turma.

Eu até gostaria deles, se não fossem tão babacas.

— Vai, manda. — Jooheon fala, mais afiado que o de costume. Nessa hora, eu quis dar um beijo nele.

Cho estala a língua, irônico.

— Quero só ver. — ele cruza os braços.

— É pra hoje ou tá difícil? — Kihyun cruza os braços.

Eu cruzo os braços também só de zoeira.

J toma a frente.

— Discutimos e chegamos à decisão unanime de que a nossa prenda pra vocês é a de limpar o setor de ginástica feminina.

Setor de ginástica feminina? Francamente, essas prendas tão mais pra tentativas de nos fazer levar expulsão. Veja bem, qualquer local resignado somente a mulheres, naturalmente, só há de haver mulheres, então, se algumas das organizadoras nos pegar, pode dar adeus aos nossos rabos.

E sim, temos setores só de ginásticas. Em especificado dias da semana, há tipos de exercícios diferentes, hoje é o de ginástica rítmica.

— Filho da mãe... — ouço Kihyun murmurar do meu lado, depois ele estufa o peito como se aquilo não tivesse atingindo ele. — De boa. Qual das salas?

Temos 3 salas de ginástica feminina espalhadas pela escola, e mais outras 3 masculinas. Mas é óbvio que eles vão mandar nós irmos pro feminino.

— Então, não queríamos colocar todos vocês em um setor, vocês iam acabar rápido, não ia ter graça, por isso dividimos. Hyungwon, Jooheon e Hoseok vão limpar o do andar de baixo, e você e seu namoradinho o de cima.

Quê, que foi? Namoradinho? Ele tá falando de mim? Espera... Hyungwon... Jooheon... Hose- ESSE PREGO TÁ FALANDO DE MIM.

Umas meninas tamparam a boca se entreolhando. Achei que tinham ficado, sei lá, abaladas, porque praticamente revelaram que somos gays, porém, elas ficaram sorrindo e sacudindo os punhos animadas.

Como devo reagir a isso?

Fujoshis.

— Namoradinho seu caneco. Tu para de ficar inventando coisa ai hein J. — Kihyun lança um ultimato, com direito a dedo ameaçador.

J só riu. Entretanto, todo mundo percebeu que foi de nervoso.

12:45pm

Não foi difícil entrarmos na sala de ginástica feminina. Tínhamos chegado há pouco tempo e só havia três meninas lá dentro que Kihyun com muita simpatia mandou caírem fora. A explicação por terem poucas delas é que logo logo vai tocar o sino do final do intervalo e eu como sempre vou tomar no meu cu. Não sei se já falei aqui, melhor dizendo, escrevi, mas me advertiram que mesmo eu estando com Kihyun, não poderia ficar chegando atrasado toda hora pois não sou membro do conselho, nem de clubes, nem de nada.

Resumindo um: eu sou um inútil.

Resumindo dois: ganharei mais uma advertência pro meu mural.

Resumindo três: mais lapadas quando chegar em casa.

Ah vida, como eu te amo.

12:58pm

Sabe o quê? Pior do que aguentar Kihyun tagarelando do meu lado na sala de aula pelo resto do ano, ser acusado de namorá-lo e ficar sendo arrastado por aí para cometer represálias que não vão funcionar, é virar ouvido de pinico dele xingando as meninas por não zelar o local público que o pai dele mandou construir com tanto carinho.

Até pra limpar uma sala Kihyun não fica em silêncio.

Gostaria de possuir um poder sobrenatural para transmitir placidez.

O bom é que Kihyun limpa bem, o que me chocou. Gente da laia dele não costuma ter empregado? Qual a explicação disso? Ele limpa melhor que a minha mãe. Eu, ao contrário, pareço um jegue que deslocou as pernas e tá usando aqueles gessos brancos com umas muletas.

O sino toca.

Eu e Kihyun só ouvimos as risadas dos demônios nos observando da entrada. Todo mundo envolvido na gincana está em suas devidas classes, inclusive Hyunwoo. Mas J, Cho e Eddie não, eles querem ver a gente se fodendo até o final. 

— Eu quero a sala bem limpinha nesse último intervalo hein. — J debocha de nós já do lado de fora, e sai gargalhando com Eddie. Giriboy e um garoto desconhecido estão na outra sala com Jooheon, Wonho e Hyungwon.

— Aaarg! Eu vou matar eles! — To contigo e não nego.

Kihyun parece que vai quebrar os dentes de tanto ranger eles. Mesmo sendo o presidente, também é inaceitável ficar perdendo aulas todo santo dia. Ainda mais se o pai dele descobrir que ele perdeu uma delas porque estava com outro garoto no setor de ginástica feminino.

— É sério, vai ter troco. — Kihyun termina de passar o pano de chão. — Eles vão ver. Pensam que são o quê? Eu sou o dono desse colégio, eles acham que podem me desafiar? EU VOU MOSTRAR COM QUE ELES ESTÃO MEXENDO.

Suspiro e rolo os olhos com esses pitacos. Tento acompanhar ele, contudo, Kihyun esfrega o chão tão brutalmente que eu aposto minhas economias do mês que ele está imaginando ser a cara do J.

— Vai quebrar o rodo vai?

— Vou, vou quebrar ele na sua cabeça. Você nunca limpou um chão? — ele joga um pano seco na minha cara, eu consigo segurar antes que caia no piso molhado. — Vai lustrar o armário.

Cuzão mandão.

13:05pm

— Changkyun!

Eu finalizava a minha última porta do armário quando Kihyun grita meu nome. Não sei se rio, choro, fujo pela janela.

— Que foi? — me esforço em usar o tom de voz mais desanimado e mau humorado possível.

Qual a dificuldade em fazer as coisas de boca fechada Kihyun? Inclusive, qual a dificuldade em me deixar quieto?

— A-aquilo ali é uma barata?

Eu olho pro ponto preto um pouco acima dos espelhos, conferindo se realmente é uma barata. Depois olho pro Kihyun. Ele tá em posição de defesa com a vassoura na mão.

Mentira.

Ele tem medo de barata? Hehe. Hehehe. HEHEHEHE.

Esfrego o meu queixo fingindo analisa-la.

— Hm, é sim ó. — nesse exato momento ela se mexe um pouquinho, Kihyun dá um berro acertando umas vassouradas no ar de olhos fechados.

Velho, que cena icônica. Eu queria estar com a câmera do Gun agora.

— Vai, ela nem saiu do canto. — vou até ele depois de me recuperar das risadas e indico o dedo pra barata, que continua quietinha no canto dela. Foi então que acendeu uma lâmpada na minha cabeça, igual aqueles desenhos animados da Waner Bros. — Se quiser, eu posso matar pra você.

— Ah. — ele ainda está atordoado.

— Quer que eu mate?

— Hmhm. — ele acena com a cabeça rapidamente sem desviar o olhar dela. Os olhos abertos infantilmente, as bochechas ruborizadas.

Que droga.

Quero deixar claro que eu odeio Yoo Kihyun com todas as minhas forças e que passarei o resto dessa nota lhe insultando, mas, ele fica muito adorável quando está assustado. Até considerei esquecer por um segundo o que estou prestes a fazer, outrora, a reconsideração passou e desapareceu na mesma velocidade; eu consegui me recuperar.

— Me dá tua vassoura.

— O que vai fazer? — ele me entrega desconfiado.

— Vou matar a barata ué.

Eu sei que pra você a minha cota de estranheza já está pingando, porém, prazer, Lim Changkyun, perito em baratas.

E essa é uma das grandes, cascuda, marrom, e o melhor: voa. É com essa última informação que ao invés de matá-la com uma tacada, eu a cutuco.

Ela sai voando.

Kihyun começa a abrir uns berreiros mais horríveis do mundo. Eu me escondo atrás do balcão em frente aos armários do outro lado, morrendo de rir. Assistindo de camarote Kihyun correndo de um lado para o outro da barata e gritando que nem um doido.

Infelizmente ele me vê e vem na minha direção, acocando-se do meu lado.

— Eu te odeio! — eu ainda to rindo, mesmo com ele me enchendo de socos. — Vai matar aquela merda, anda, senão quem vai morrer aqui é você.

Poupe-me Kihyun, tu não me assusta mais.

Segundo round?

— Não é ela aí atrás de você? — indico com o queixo.

Pareceu-me divertida a ideia de ver Kihyun desesperado olhando pra trás patetando feito maluco de novo, e foi exatamente o que aconteceu. O que eu não esperava é que ele me empurrasse e eu acabasse caindo de bunda no chão com ele no meu colo depois do mesmo derrubar o balcão com um chute.

Ficamos observando o coitado do balcão estirado lá, junto de duas gavetas espatifadas — que por sinal eram as únicas que ele tinha — meio paralisados com o estrondo que ele fez ao colidir contra o chão.

— Chang. — ele apertou forte as minhas coxas.

Eu poderia ter maliciado aquele gesto, a julgar pelo local arriscado em que suas mãos estavam próximas — sem falar que eu sou facilmente excitável — e qual é, eu estava em posição de frango assado com Kihyun sentado em cima mim. Contudo, a situação em que nos situávamos varria qualquer coisa saliente para o ralo.

Dei graças aos céus. Já imaginou se o Little Chang inventasse de acordar?

— H-hm? — respondo tremendo.

— VAMOS VAZAR DAQUI.

Após nós dois voltarmos com as mãos vermelhas de água sanitária para a sala de aula, com as faces mais limpas do planeta onde jazia que nada de errado fizemos, levamos um sermão do cacete do professor de matemática na frente da classe toda. Não satisfeito, além da atividade que já tinha passado ao iniciar da aula, ele acrescentou de bom grado só pra nós dois uma dissertação de no mínimo cinco mil palavras sobre a origem dos números.

Jooheon já estava lá quando chegamos, ele tinha terminado mais cedo. Mesmo assim, não escapou de um esporro. Wonho e Hyungwon também não saíram intactos dessa. Eles disseram que a professora mandou os dois apresentarem um slide pra amanhã.

É crianças, hoje aprendi que ser popular não te faz imune dos castigos.

Nem ser filho do diretor.

11:23pm

— Que é Kihyun? Eu não to com saco pra tu não. — eu to jogando escondido meu warcraft na paz, com meus doritos do lado e aí ele vem ligar pra mim as onze da madruga. Será que eu não vou ter mais sossego nessa vida?

Limpar sala ginástica de mulher com ele já não foi uma experiência legal — aquela sala cheirava a chiclete de menta vencido, e ainda era rosa — ainda vem atrapalhar minhas upações da noite.

— Você vai pra escola amanhã?

— Vou né Kihyun, sou obrigado a ir. Por quê?

— Vamos fazer amanhã.

— Vamos fazer amanhã o quê?

— É bom vir mesmo.

— Tá, mas o que-

Ele desligou na minha cara.

Diálogos que tenho no celular com Yoo Kihyun.

Devia mandar uma mensagem com o emoticon do dedo do meio pra ele, mas a ideia de voltar a jogar meu warcraft me é mais tentadora.

15.08.16 terça-feira 04:57pm

Title:

Por que eu colaborei com isso?

Humor:

Insatisfeito, zangado, frustrado, eu deveria estar em casa a essa hora, não aqui na escola.

Ih, acabei de perceber que eu escrevo umas rimas inconscientemente. Contei umas 3 no mínimo.

Que maneiro.

12:01pm (antes de tudo dar errado).

Sozinho estou, cochilando em uma mesa escondida bem no fundão do salão da biblioteca, improvisando minha bolsa de travesseiro. Aqui é silencioso, e o ar-condicionado é na medida certa. O manjar dos dorminhocos. Se você está se perguntando o porquê de eu não estar acompanhado, fique sabendo que dessa vez foi escolha minha. Resolvi me dar uma folga, por isso evitei falar com todo mundo assim que cheguei hoje. Esse intervalo do almoço irei dedicar exclusivamente um descanso para minha cabeça exausta.

Eu mereço isso.

E ai de quem vir me interromper. AI.

12:08pm

Tudo bem, desisto.

— Eu acho que vai ser uma boa, mas também aceito opiniões. — Kihyun termina de sussurrar seu plano mirabolante para nós. Nós, eu, Jooheon, Wonho, Hyungwon e Minhyuk, porque quem vive grudado em Jooheon sempre aparece.

— Podíamos jogar tinta neles quando estiverem na piscina. — Minhyuk, como a peste que é, sugere.

— Gostei. — Jooheon sorri pra ele e os dois dão um High Five.

Será que falta muito pra eu chegar nesse nível com ele?

— Vamos arrumar as tintas. 4:50 quero todo mundo lá. — Kihyun acerta sem esperar aprovação.

Ainda não sei como eles me encontraram. Acho que implantaram um GPS na minha bunda, não é possível. Eu só queria dormir, DORMIR, é pedir demais?

Claramente é.

Regra número 1 em andar com Kihyun: ele irá te arrastar de onde for pra você ajudar a armar as arruaças dele, e vingança está em primeiro na lista.

4:59pm

— Por que a gente não esquece isso e segue nossas vidas? — Estou me sentindo um delinquente, daqueles que picham o muro e fogem da policia.

Isso tá me cheirando a quê? Exato, a encrenca. Usando a minha vasta experiência em tomadas no cu, vai acabar é sobrando pro nosso lado.

— Isso está fora de ponderação. — Kihyun é um chato, aaar como eu quero dar um murro nessa cara fofa dele.

Estamos caminhando direto à piscina olímpica da escola. Wonho e Hyungwon estão carregando duas latas de tintas da cor laranja que eles roubaram da sala prática de artes. Idealizo até a desgraça.

Ok, ok, se você quer mesmo saber o que tramamos, vou te contar. Vamos lá, em etapas:

1. Mandaremos mensagens anônimas para Eddie, J, Cho e Giriboy nos fingindo de meninas. Ao que tudo indica, Eddie é hetero. Não que eu me importe, era só uma atraçãosinha mesmo. Nem sei mais quem é Eddie. Eddie? Quem ser? Desconheço.

(Sou patético, eu sei).

2. As mensagens consistem em basicamente dar em cima deles e os chamarem para um mergulho.

3. Quando chegarem aqui, mandaremos ficarem de cueca. Vamos usar frases atrevidas para entenderem o recado.

4. Com eles dentro da piscina, chamaremos o máximo de pessoas que puder, e de brinde o técnico de natação.

5. Esperamos que isso resulte em no mínimo umas puxadas de orelha na frente de todo mundo, acompanhado de uma observação, que é a pseudo advertência.

Passo 3 concluído.

Os panacas estão aqui procurando pelas supostas meninas. Estamos escondidos enquanto Kihyun, Minhyuk e Hyungwon se encarregam de escrever as sacanagens e os convencerem de tirarem logo a roupa. Wonho tá do lado dos três morrendo de rir das sem-vergonhices que eles tão mandando.

— Shii. — Jooheon pede. Eu e ele somos os vigias. — Eu acho que vão tirar as roupas agora.

Assim que Jooheon termina de falar, Hyungwon, Wonho e Minhyuk se apoiam em mim pra ver. Minhyuk principalmente. Ele deve tá achando que minhas costas são escadas.

— Minhyuk, dá pra você se chegar mais pra trás? — empurro ele com os cotovelos.

— E como é que eu vou ver?

— Você tá me machucando.

— E aí?

— Fiquem calados. — Hyungwon dá uns tabefes em mim e em Minhyuk.

Agora que deu, quem ele acha que é?

— Não me bate de novo, Hyungwon. Por favor. — Eu tentando ameaçar sai nisso.

— Só assim pra vocês ficarem quietos.

— Silêncio man. — Jooheon acena com a mão, reclamando de novo.

— Eu quero ver! — Minhyuk continua me usando como apoio. Agora a minha cabeça virou degrau da mão dele.

— Se você ficar desse jeito, eu e Hyungwon não vamos conseguir ver. — Wonho explica, empurrando Minhyuk para o lado.

E aí eles começam uma discussão desnecessária. Isso me faz suspirar aliviado por minhas costas estarem livres. Em compensação, os manés estão praticamente gritando um com o outro. Devem ter esquecido que Eddie e os demais estão a poucos metros de nós e podem nos ouvir a qualquer momento.

— Calem a boca! — Kihyun manda. — Parecem umas crianças. Se fosse pelo menos um motivo decente. Vocês estão falando alto demais, esqueceram do que a gente veio fazer aqui? Seus idiota-

— Ei, cadê eles? — eu fui o único que não fiz questão de prestar atenção no sermão de Kihyun, por isso resolvi dar uma olhada nos garotos. Só que eles não estão mais lá.

— Foram embora? — Jooheon indaga, saindo do nosso esconderijo (que se abreviava em ficar atrás do muro do corredor que leva ao banheiro masculino) para procurar eles.

— Pinoia. — Pinoia mesmo Kihyun, haja pinoia. Eu sabia que isso não ia dar certo.

— Não, espera, eles não foram embora. — Hyungwon veio até nós nos mostrando o celular. — Cho disse que foi no banheiro se trocar.

— Aaah. — Wonho põe a mão no coração. — Que susto.

— Agora só falta jogarmos a tinta, e ai compartilhar com as pessoas que Eddie, J, Cho e Giriboy estão na piscina olímpica só de cueca cobertos de tinta laranja. — A gente começa a rir imaginando a cena. Mas aí, eu e Kihyun nos olhamos e é como se um tivesse adivinhado o pensamento do outro.

É que esse local em específico só contém um banheiro masculino, e nós estamos em frente a ele.

— Ô gente. — Kihyun arregala os olhos. — Vamo arredar, agora.

— Heh? Por quê? — Wonho pergunta.

Eu sei que eu ando recitando muitos ditados, mas é aquele ditado: “o feitiço virou contra o feiticeiro”.

— RÁ!

Já estamos ferrados?

— Y-yah! Yah, yah, yah! — Jooheon foi o primeiro a ser empurrado na piscina pelo Cho e outro garoto grandão.

Falando nisso, o bando do Eddie não está mais em quatro, e sim em oito. Como eles chamaram os mamutes escoltas deles em tão pouco tempo?

Eu só vejo Minhyuk, Wonho e Hyungwon sendo enxotados pra água quando em um empurrão, e um tropeço, sou enxotado também. Eu estava bem na beirada da piscina, porque sou burro e meu raciocínio é lento o caralho pra não pensar em correr. Mais um barulho de alguém se espatifando na água — cujo Kihyun — e a tropa de otários estão todos reunidos.

— Vocês pensam que nos enganam fácil é? Eu tenho identificador seus trouxa. — J fala sarcástico, erguendo uma lata de tinta. E o que esperávamos que acontecessem com eles, na verdade acontece com a gente. É, jogaram a tinta em nós. — Se foderam!

Eles correm pra saída rindo da nossa humilhação.

— Vão pra porra! — Jooheon ainda rosna atrás de mim.

— O que vocês estão fazendo aqui? — O técnico de natação surge oriundo do além com uma expressão demoníaca no rosto. Ah J... Seu filho da puta. — Isso é TINTA?!

5:13pm

Uau, que vitória triunfante!!!

Zoas.

Não que eu seja negativo nem nada, mas, eu avisei. Só não disse em voz alta porque não queria apanhar.

O técnico advertiu, ou melhor, urrou, que estamos proibidos de usar a piscina seja por quaisquer tipos de atividades pelo resto do ano. Yoon Bo nos olhou decepcionado, principalmente pra Kihyun. E por que Yoon Bo não tinha ido pra casa? Esperar Kihyun para levá-lo pra lá é que não é. O cabelo de iogurte de morango tem motorista particular que vem deixar e pegar na porta da escola. Sendo franco, eu não estou nem aí pra essa situação, afinal, to acostumado e sei que vou levar umas chineladas quando chegar em casa, entretanto, percebi que Kihyun se afetou. O olhar frio oscilava entre homicídio e chacina. Ou os dois juntos. Felizmente, Kihyun como o bom contador de histórias que é, montou uma versão aceitável que não incriminou tanto nossos atos. Por isso, sem advertências, fora da zona de perigo, uhu!

Os proveitos de ser um bom mentiroso.

Depois de Yoon Bo nos liberar com menos três pontos nas provas desse bimestre, ele nos mandou se limpar no banheiro, onde estamos neste momento. Tenho de adicionar que foi perceptível a dor que Yoon Bo sentiu ao fazer isso com o filho, achei até que fosse chorar, estava torcendo pra isso.

5:15pm

Eu sei que devia estar morrendo de medo sobre ir pra casa, mamãe me marcar com o cinturão e tal, só que... JOOHEON ESTÁ SEM CAMISA, O PSICOLÓGICO ESTÁ DESMORONANDO, EU QWIQJSWDSDNADSJDN

Me desculpem.

— Porcaria, sujaram a minha farda predileta. — Jooheon se queixa no banco choramingando. Minhyuk está ao lado consolando ele.

— Isso foi culpa de vocês que não ficaram quietos! — Kihyun espremia a camiseta na pia. Ele já tinha se trocado dentro da cabine do banheiro.

Ainda bem que a minha blusa foi a que menos se sujou. Em contrapartida, terei que gastar 10 quilos de xampu pra tirar essa tinta laranja do meu cabelo.

— Eu não tenho culpa de nada, eu era só o vigia.

— To falando desses três mongoloides.

— Eu só queria ver eles! — Minhyuk berrou.

— Assim como eu e Hyungwon! — Wonho se meteu.

— PODERIAM VER SEM FAZER BARULHO.

— Foi culpa do Minhyuk!

— COMO É?

E mais uma discussão desnecessária.

Achei de verdade que Kihyun iria jogar a culpa toda em Eddie e seus capangas, Jooheon e Minhyuk pediram isso, já que tecnicamente as vitimas se tornaram nós. Porém, Kihyun explicou que a culpa era nossa de qualquer forma, afinal, tínhamos tramado primeiro.

Não entendo ele, uma hora é vingativo, outra hora é racional. Só sei que isso que ele disse foi muito legal, portanto, subiu uns pontos do meu respeito.

Ao terminar de nos limparmos, eu pegar a minha mochila que por sorte não se molhou porque tínhamos tirado ela, na saída da escola, pude experimentar ao vivo e a cores a verdadeira definição de coração quebrado.

Minhyuk está encostado no portão, com os braços em volta da nuca de Jooheon, enquanto se beijam. Minhas pernas quiseram ficar moles. Se eu tinha aquelas borboletas no estomago, acabaram de morrer.

— Eles são um casal bonito né? — Wonho se achega ao meu lado, acompanhando meu olhar.

— Eles... São... Namorados? — era pra soar uma pergunta normal.

— Você ainda tem dúvidas? — ele ri. — Estuda aqui com eles há mais tempo que eu e nunca percebeu?

— Ah... Nunca prestei atenção. — menti.

— Você não mudou muito né? — Ele tapeia o meu ombro rindo de novo. — Ninguém pode negar que os dois se amam, é só ver como um olha para o outro. Tenho inveja.

Queria que não tivesse razão Wonho.

O resto de paixão que eu tinha pelo Jooheon está se degradando e reduzindo-se a uma imensa vontade de chorar agora.

— Vamos embora, to morto. — digo, ajeitando a bolsa nos ombros.

— Morto vou ficar quando chegar em casa.

Talvez, no fundo, eu soubesse o tempo todo, mas a parte teimosa insistia em dizer que não passava de amizade. Eu mentindo para mim mesmo. Nada de novo sob o sol, sob a chuva, ou sob o céu nublado, apenas eu quebrando a cara, outra vez.

É vida, você se superou. Me pisou feio. O pior disso tudo era que eu nutria umas esperanças, sabe?

Mas ai...

Veio você, acabando com o que sobrou delas.