História Polyester - Jeon Jungkook - IX - Alliances

"Mas como eu poderia odiá-la? Ela é um anjo"

Conan Gray - Heather

Eu dei um sorriso mínimo, passando os dedos por entre os fios de cabelo de Jungkook, vendo ele sorrir de volta, parecendo um pouco preocupado também. Seus dedos deslizaram pela minha cintura, me acariciando com calma, enquanto a outra mão subiu até minha nuca, e seu rosto se aproximou o suficiente para deixar um beijo sobre a minha bochecha. 

— Vai, me diz o que está te deixando tão preocupada. —Eu franzi o cenho, abraçando seu corpo com minhas pernas também, soltando um suspiro baixinho, não tendo certeza se eu queria falar daquilo em momento tão importante e feliz para nós dois.— Eu conheço essa cara e esse sorriso. —Passou o polegar por cima dos meus lábios, acariciando minha bochecha em seguida; me fazendo soltar mais um sorriso fraco.

— Precisamos conversar sério sobre duas coisas. —Afirmei, ainda um pouco preocupada. Jeon assentiu, mudando sua expressão para uma séria e mantendo o olhar sobre mim.— Eu não quero brigar, está bem? Vamos resolver isso da maneira correta.

— Tudo bem. Eu não gosto de brigar com você, de qualquer maneira. —Concordei, respirando fundo por um momento, criando coragem para poder falar. Eu sabia que tinha a chance de Jungkook ficar irritado com o que eu queria discutir, com os dois assuntos; mas eram coisas sérias, que eu não concordava de forma alguma, e queria que ele entendesse isso para o nosso relacionamento ser o mais tranquilo possível.

— A primeira é sobre esse seu ciúmes. —Comecei, baixinho, notando que ele suspirou; concordando. Jeon fechou os olhos por alguns segundos, voltando a me encarar instantes depois, voltando a acariciar minha cintura.

— Isso com o Yoongi... —Comprimiu os lábios, parecendo envergonhado com todas as suas atitudes anteriores. Eu sabia que ele tinha um certo descontrole, coisa de seu psicológico que não podia ser mudada tão facilmente, mas que Jeon fazia um esforço enorme para poder melhorar.— Eu tinha muito medo que vocês começassem a sair, porque eu tinha medo de vocês se gostarem e começarem a namorar. Quando eu vi aquele quase beijo no seu sofá, eu quis explodir de ódio, mas de mim mesmo; porque eu não conseguia ter a coragem que ele tinha.

— Mas nós já nos beijamos diversas vezes; e a maioria foi por iniciativa sua. —Ele concordou novamente, balançando a cabeça algumas vezes, ainda parecendo chateado.

— Mas na minha cabeça você tinha se acostumado com isso; com beijos. —Explicou, tirando sua mão da minha cintura para poder se apoiar no colchão, me encarando com mais intensidade.— Para mim, com o Yoongi iria ser diferente, ia ser como uma declaração; e isso eu não teria coragem, não tão facilmente. Eu tinha medo de você começar a sair com ele e se apaixonar, e assim eu perderia todas as chances que eu já acreditava não ter; e o pior de tudo, eu perderia você completamente no final.

— Tinha medo de que eu te trocasse pelo Yoongi? —Ele assentiu, de olhos fechados, como se estivesse sentindo aquilo.— Jungkook, eu já te disse que não sou assim! Pessoas não são substituíveis para mim; muito menos você!

— Eu tinha medo de ele ser para você, o que eu temo até hoje não ser. Um bom amigo, companheiro; saber quando você precisa de um abraço, de carinho, de um beijo, de um sorriso ou de dar algumas risadas. Porque eu sei que são essas coisas que conquistam seu coração. Eu tinha medo de ele te conquistar, e você acabar nunca sabendo dos meus sentimentos; ou se soubesse enquanto vocês estivessem namorando... Medo de te perder para sempre. —Suspirei. Querendo ou não, eu entendia seu ponto de vista; eu tinha medo de Heather ocupar o lugar que eu queria ocupar, e por mais que eu não tivesse os surtos de ciúmes que ele tinha, eu guardava para mim, sentia a dor de ver ele com outra, e sabia o quão ruim era. Era o mesmo sentimento, a mesma sensação; e eu seria hipócrita se julgasse o moreno por se sentir assim. O medo podia ser resumido em, basicamente, perder o outro em algum momento da vida.

— Certo, eu te entendo, tudo bem?! Não vou te julgar por se sentir dessa maneira, até porque eu também me sentia assim. —Jungkook concordou, parecendo mais aliviado ao ouvir minha resposta.— Mas você pode, por favor, se controlar? Você sabe que eu não me importo com um ciúmes pequeno, como aquele que nós tínhamos quando éramos mais novos; mas sabe também que eu odeio ciúmes possessivo, e que jamais vou viver em uma relação assim.

— Você tem toda a razão. Eu me arrependo de ter explodido, de verdade. Você estava certa, eu não tenho o direito de controlar sua vida amorosa, com quem você sai ou deixa de sair; é você que decide isso. —Dei um sorriso orgulhoso; vendo que estávamos conseguindo lidar com aquela situação como dois adultos, sem discussões ou brigas, e era exatamente isso que eu queria.

— Então, você vai fazer um favor para mim, e para você mesmo. —Jeon ergueu o olhar para mim novamente, curioso.— Eu não vou pedir para você e o Yoongi se tornarem melhores amigos, até porque isso depende dele também; mas eu queria que você pedisse desculpas, e que não brigasse com ele mais. Pode fazer isso?

— Posso, posso sim. —Sorri, concordando; agradecendo baixinho em seguida. Era nítido para mim o quanto ele estava arrependido, e não havia problema algum em errar, desde que nós conseguíssemos reconhecer o erro, nos arrepender e ter capacidade de aprender com ele.

— E, eu vou sair com o Yoongi hoje; e quero que você confie em mim. —Jungkook fez um biquinho adorável, assentindo algumas vezes.— Vamos fazer esse relacionamento dar certo, JK; e para dar certo precisamos ter confiança um no outro.

— Confio em você. —Afirmou.— Me desculpe por ter dito tudo aquilo e por ter agido daquele jeito, eu jamais iria te proibir de fazer algo; além do mais tendo ciência de que isso poderia causar sua felicidade. Nunca, nunca mesmo. —Beijei sua bochecha demoradamente, dando outro sorriso em seguida; satisfeita.— Agora, qual era a outra coisa que você queria me falar?

— Primeiro; você tinha mesmo medo de não ser um bom amigo? —Jungkook engoliu em seco, parecendo um pouco incerto e inseguro.— JK, você esteve ao meu lado a minha vida inteira; cuidou de mim, até me deu sermão quando julgou ser necessário. Me deu ombro amigo, me disse a verdade, me fez rir, me deixou chorar... Porra, como você pôde pensar que era um amigo ruim?

— Porque eu também te fiz chorar, muitas vezes. Deixei meu orgulho falar mais alto e fiquei dias sem falar contigo, mesmo sabendo que você estava mal. —Seus olhos se encheram de lágrimas; e eu praticamente avancei em seu colo, limpando suas bochechas e negando freneticamente com a cabeça.

— Pessoas brigam, sempre vão brigar; é inevitável. Você sempre soube ser maturo o suficiente para lidar com as brigas, isso que é importante. —Ele concordou, balançando a cabeça algumas vezes; e eu deixei um beijo sobre sua boca, suavemente.

— Qual era o outro assunto? —Respirei fundo, criando coragem.

— Heather.

[...]

— Eu sabia que vocês iriam começar a namorar, estava estampado no rosto dos dois! —Madrinha exclamou, claramente animada; o que me fez abaixar a cabeça, completamente envergonhada.— E você Jungkook, porra! Finalmente, hun?! Eu pensei que eu iria ter que comprar as alianças e fazer o pedido por você! —Demos risada, e Jeon murmurou um "mãe!", um tanto tímido com aquela situação.

— Obrigada pelo apoio madrinha, mas nós temos mesmo que ir. —Me aproximei dela, abraçando seu corpo com carinho, agradecendo mais uma vez pela recepção, pelos conselhos e pelo álbum que ela havia me dado.— Volto para te visitar em breve.

— Estarei esperando. —Dei um sorriso, me afastando para Jeon se despedir de sua mãe. Em seguida, pegamos nossas coisas e saímos de casa, despedindo da mais velha mais uma vez. Jungkook se sentou no banco de motorista, e eu abri a porta de trás do carro para poder guardar as coisas lá, ajeitando o vestido que eu estava utilizando e o meu short antes de me sentar no banco da frente, ao lado de Jeon.

— Amor... —Me virei para ele, terminando de encaixar o cinto no lugar adequado. O moreno soltou um murmúrio manhoso, apontando para os seus lábios em seguida, pedindo por um beijo. Dei risada, me esticando da forma que era possível e deixando um selinho sobre seus lábios; porém, Jungkook me agarrou pela nuca, aprofundando o beijo.— Era isso que eu queria. —Sorriu, maldoso.— Quando é sua primeira aula?

— Às dez horas, por quê? 

— Ótimo, então temos tempo. —Engatou a marcha, pisando no acelerador e disparando pela rua; seguindo por um caminho desconhecido por mim até então. Jungkook passou entre algumas ruas, parecendo cortar caminho em alguns momentos, indo em direção à uma parte da cidade que eu não conhecia, ou não me recordava muito bem.

— Onde estamos indo? —Perguntei, erguendo uma sobrancelha; observando os prédios, casas e lojas que passavam por nós. Me virei para Jeon, no mesmo segundo que ele desviou o olhar para mim por meio segundo, soltando um sorriso ladino, sem me dar uma respostar concreta. Bufei, cruzando os braços em frente ao corpo e me jogando contra o banco, irritada por ele estar me deixando na curiosidade.

— Amor; nós já estamos chegando, calma! —Eu fiz um bico pequeno, mantendo meu olhar na janela agora, sem me virar para ele para ter certeza de que não iria acabar me rendendo. Uma de suas mãos buscou minha coxa, e eu pude ver pelo canto do olho que ele me lançava alguns olhares enquanto me acariciava.— Não fica chateada minha boneca, você vai gostar. —Entrou em mais uma rua, finalmente estacionando o carro. Para continuar com o meu drama extremamente exagerado, eu apenas retirei o cinto, abrindo a porta e descendo do carro; fechando-a com cuidado para não fazer muita força.— Vem, não fica irritada comigo, sua chata! —Segurou minha mão, me abraçando de lado em seguida, praticamente esmagando meu corpo enquanto nós atravessávamos a rua. Meu olhar caiu sobre uma joalheria, e eu desviei o olhar para Jungkook no mesmo segundo, intrigada.

— O que você está aprontando, Jeon Jungkook? —Ele deu uma risada nasal, beijando minha testa enquanto me guiava para dentro do estabelecimento.

— Você é linda e muito inteligente, boneca. Mas é tão lerda para algumas coisas... Tsc... —Entrelaçou nossos dedos, me levando para perto do balcão; sorriu para a atendente de forma simpática, e eu vi que o olhar dela caiu sobre nossas mãos no mesmo segundo, parecendo desconfortável depois de ver que elas estavam juntas. Franzi o cenho.— Eu tenho um pedido aqui, no meu nome.

— Ah, claro! Vou ver se eu acho Jungkook, um minuto. —Ele assentiu, balançando a cabeça; apoiando um dos antebraços no balcão de vidro e se virando na minha direção, me lançando um sorriso ladino, como quem estava aprontando.

— Conhece a atendente? —Perguntei, interessada e tentando não demonstrar tanto ciúmes; mas realmente curiosa com a forma como eles tinha se tratado. Jeon coçou a nuca, um tanto nervoso, e me lançou um sorriso torto.— Oh, céus! Não me diga que você... 

— Shh, nós não precisamos falar disso no nosso primeiro dia de namoro, não é?! —Sorriu novamente, agora parecendo envergonhado; eu dei risada, negando algumas vezes, incrédula.— Nem nos outros, se for possível.

— Falamos disso desde que você descobriu que esse seu pau não serve apenas para mijar. —Rebati, cruzando os braços em frente ao corpo e erguendo uma das sobrancelhas; e Jeon fez o mesmo, me encarando um pouco envergonhado pela franqueza nas minhas palavras.— Mas... Porra Jungkook; sua lista não tem fim não? —Ele fez um bico adorável, levando os dois braços até a minha cintura e me puxando para perto do seu corpo; enquanto eu mantive os braços cruzados, indiferente. 

— Ela não existe mais; sabe por quê? —Roçou o nariz no meu, dando um sorriso enorme segundos depois.— Porque eu só tenho olhos para você, boneca. —Eu comprimi os lábios, contendo a vontade de rir; e ele percebeu, já que soltou o ar com força pela boca, me fazendo levar uma das mãos até os lábios, abafando a risada.— Ah, fala sério, não foi tão ruim assim...

— Foi péssimo. —Murmurei, apoiando minha cabeça em seu peito e voltando a rir.— Você é tão brega, céus...! 

— E você é uma chata! —Apoiei meu queixo em peito, erguendo a cabeça, vendo ele abaixar a dele; mas mantendo a expressão emburrada no rosto, parecendo levemente magoado por eu não ter caído de amores pela sua declaração clichê.

— Certo... Eu também só tenho olhos para você; JK. —Seus lábios se curvaram em um sorriso que durou um segundo, como se ele estivesse fazendo força para não sorrir verdadeiramente.— Eu te amo, hun?! —Seu rosto se impulsionou para frente e ele selou nossos lábios brevemente, sorrindo contra a minha boca enquanto me fazia inclinar levemente para trás. A atendente apareceu alguns segundos depois, e Jeon se separou de mim para poder pegar o que tinha pedido, perguntando se o pagamento estava correto; a mulher apenas assentiu algumas vezes, incomodada. Jungkook pegou minha mão, me puxando para um espaço mais reservado.

— Espero que você goste. Chata e enjoada para tudo como é, eu não duvido que me mande devolver isso ainda agora. —Meio receosa, e completamente curiosa; eu retirei a caixinha de dentro da sacola, abrindo-a em seguida, colocando a mão na boca ao ver o par de alianças pratas ali.— Eu pedi isso há cerca de um mês; porque estava criando forças e coragem para te pedir em namoro. —Pegou uma das alianças, julgando pelo tamanho, era a minha. Jeon retirou a caixinha da minha mão, colocando-a juntamente da sacola e se colocou ao meu lado em seguida, me mostrando a parte interna da aliança, e o motivo de ela ter sido encomendada; escrito em baixo relevo estava "Boneca" e "JK", e entre os dois nomes, um símbolo do infinito.

— JK, isso é lindo... —Peguei a caixinha, retirando a outra aliança dali de dentro; pegando a mão do meu namorado em seguida, encaixando a aliança em seu dedo anelar, vendo Jungkook sorrir abobado enquanto eu o fazia. Em seguida, ele pegou a minha mão, encaixando a aliança e me puxando para perto ao terminar, selando os nossos lábios com certa força, sorrindo no meio do beijo.— Eu te amo. —Sussurrei novamente, vendo ele sorrir.

— Eu te amo, muito. —Entrelaçou nossos dedos, pegando nossas coisas e despedindo da atendente com um aceno.— Vem, está na hora daquela faculdade inteira saber que eu sou inteiramente seu. —Ele fez uma careta, se virando para mim.— Mas vamos em uma farmácia primeiro, eu sou muito novo para ser pai.