História Ponto de Ruptura - O que vem depois

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Hinata acordou com uma sensação de peso e amortecimento em todo o seu corpo. Demorou alguns instantes até conseguir abrir os olhos completamente e lembrar de tudo o que havia acontecido. Um temor assolou sua mente ao lembrar de todo o sangue que verteu após a briga no café. Tentou se levantar, porém foi impedida.

— Ei... Calminha... – Naruto sorriu docemente — Como está se sentindo?

— Confusa... O que aconteceu? – tentou ficar o mais calma possível.

— O que você precisa saber é que está tudo bem com você e nosso filho. O médico que te atendeu achou melhor te deixar em observação até amanhã... Vai precisar de responso absoluto quando sair daqui.

Ela respirou fundo.

— Eu quase perdi nosso bebê, não foi? – disse sentindo o gosto amargo que aquelas palavras lhe traziam.

— Mas não perdeu – ele acariciou sua face – Esquece isso.

— Como ficaram as coisas no café?

— Shikamaru e Temari resolveram tudo, algumas das meninas prestaram depoimento e eu forneci as imagens da câmera.

— Certo.

A Uzumaki permaneceu em silêncio, ainda estava preocupada com o que aconteceu, porém sabia que dali pra frente precisaria tomar muito mais cuidado.

— Está com fome? – Seu marido questionou.

— Não, mas estou com sede.

Ele se levantou e trouxe um copo com água para ela. Conversaram um pouco mais e minutos depois uma enfermeira apareceu para examiná-la novamente.

— Você está se recuperando muito bem senhora Uzumaki – a enfermeira disse – logo iremos trazer seu jantar para que se alimente.

— Obrigada – disse simplesmente.

Ele esperou até que a mulher saísse do quarto e segurou as mãos da esposa.

— Falei com seu irmão.

A morena encarou o esposo.

— E o que eles disseram?

— Que viriam o quanto antes. Aposto que sua mãe irá insistir para levá-la a Londres – disse um pouco triste.

— Eu prefiro ficar aqui – disse entrelaçando seus dedos nos de Naruto – Uma viagem não seria o ideal nesse momento e eu quero ficar quietinha na nossa casa.

— Vou falar na gravadora que irei sair o menos possível e vou cancelar minha turnê.

— Mas amor...

— Nada é mais importante que você e nosso filho – ele sorriu com amor – Eu não preciso ser um cantor famoso para ser feliz, podemos continuar nossa vida aqui em Montreal ou até em Londres se quiser... Eu só quero ter a nossa casa e nossos filhinhos sem preocupação.

— Só tem uma criança em meu ventre, Naruto.

— Eu sei, mas teremos mais filhos.

— Filhos...

— No plural? – ela o encarou receosa.

— Não se preocupe amor... Só mais uns quatro.

Ela revirou os olhos e se deixou ser abraçada pelo marido. O susto inicial já havia passado e agora ela queria descansar sendo aquecida pelos braços de seu amor.

 

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Dois dias se passaram, a casa dos Uzumakis nunca havia estado tão cheia quanto naquele dia. Sasuke, Sakura e Daisuke  haviam chegado a pouco devido os compromissos que não puderam adiar. Contudo, Mikoto chegou na madrugada de segunda-feira ao lado de seu marido para saber como a filha estava, não suportaria recados por telefone, precisava ver com seus próprios olhos.

— Eu achei a casa de vocês adorável – Sakura disse. Todos estavam sentados na sala com a lareira acesa. Por conta das escadas, Naruto havia mudado o quarto do casal para o térreo e contratado mais uma pessoa para ajudar com a organização e limpeza da casa.

— Eu me apaixonei por ela desde a primeira vez que a vi – Hina disse – Eu costumava passar por essa rua no período que fiz intercâmbio e sempre sonhei em morar em um lugar assim.

— Eu acho um pouco pequena – Mikoto disse – mas tem um certo charme.

Hinata cerrou os olhos para mãe, gesto que não passou despercebido por Sakura que riu de forma discreta, sabia o quanto a matriarca Uchiha estava sufocando a cunhada com sua atenção e afeto desmedidos.

— E como você está se sentindo? – Sasuke questionou.

— Eu estou bem irmão — disse sorrindo e acariciando o ventre — Ainda preciso me adaptar com esse repouso absoluto... Vocês sabem que sou muito enérgica e fico louca quando não tenho nada para ocupar a mente.

— E é por isso que vou passar uns dias com você — Mikoto disse sorrindo — Farei meu papel de mãe e pegarei no seu pé pelo tempo que me for conveniente.

— Ou seja... até depois do parto — Sasuke fez a todos rirem.

— Sasuke Uchiha, como pode falar uma coisa dessas de sua mãe?

A Haruno segurou o próprio riso, sabia bem que o noivo não gostava de ser chamado pelo nome completo, se sentia uma criança levando bronca.

— Mãe, acho que não tem necessidade da senhora permanecer tanto tempo comigo... Eu sei me cuidar – Hinata disse.

— Eu faço questão.

— Que Deus me ajude – disse fazendo novamente todos rirem até mesmo a matriarca.

— Papa, podemos ver onde o tio Naruto trabalha? — Daisuke indagou esperançoso.

Estava super empolgado por saber que o tio era um músico americano.

— Não iremos ficar muito tempo aqui, filho — o mais velho disse e a criança abaixou a cabeça tristemente – Viemos para ficar perto de sua tia.

— Ah, não tem problema Sasuke… Eu levo o Daisuke no estudo rapidinho — Naruto sorriu — O que acha de gravar uma música com o melhor tio do mundo?

— Posso papa?

O Uchiha não conseguiu esconder o riso após a alegria expressa no olhar do filho.

— Pode.

— Oba!

Permaneceram conversando tranquilamente até que a campainha chamou atenção de todos.

— Eu vou atender — Sakura se levantou e seguiu em direção a entrada — Olá, posso ajudar?

Temari arregalou os olhos e tentou conter o sorriso.

— A julgar pelo sotaque e a beleza estonteante você é a cunhada russa — estendeu a mão — Prazer, eu sou Temari, uma das melhores amigas da Hinata e esse é meu marido Shikamaru, ele é o delegado responsável pela polícia de Montreal.

Sakura sorriu e cumprimentou a ambos.

— E esse menino lindo? — ela se abaixou para ver o garoto de cabelos castanhos e olhos amendoados.

— Esse é meu garotão — Shikamaru disse — Shikadai, fala oi para a moça.

— Oi — disse se escondendo na perna da mãe.

A russa deu passagem para que adentrassem na casa e viu quando a Cunhada quase levantou do sofá para abraçar a amiga, porém foi impedida pela mãe que a olhava com repreensão.

— Tema — Hinata sorriu — Que bom que vocês vieram.

— Oi tia Hina — Shikadai a abraçou.

— Cuidado filho — a loira segurou o braço do filho — A tia Hina está dodói, lembra que conversamos antes de vim?

— Desculpa - Javi se sentou ao lado da mãe.

— Não tem problema, você não me machucou, não é? — Hinata acariciou o rosto do menino.

— Não.

Naruto passou o olhar pela sala notando que o clima ficou estranho do nada e percebeu que as pessoas ali nem sequer conheciam umas as outras.

— Nossa... eu esqueci que vocês ainda não se conhecem — O Uzumaki disse sem graça — Gente, esses são Temari e Shikamaru Nara, nossos amigos mais chegados aqui em Montreal. Eles nos socorreram nesse pequeno incidente com a Hina.

— Agradeço por estarem perto da minha filha — Mikoto disse — Não sabem como me alivia saber que existem pessoas boas ao lado dela.

— Hinata e eu somos amigas desde que ela veio fazer intercâmbio — A Nara sorriu — Na verdade, acho que sou um pouco culpada por eles se conhecerem e se casarem, eu sempre participava dos planos malucos da Hina para fazer o Naruto se apaixonar por ela.

— Não precisava de muita coisa, desde a primeira vez que eu a vi eu sabia que estava apaixonado — O Uzumaki olhou ternamente para a esposa que apenas sorriu.

Enquanto os adultos conversavam, Daisuke se aproximou da mãe e disse de modo que apenas eles pudessem ouvir.

— Mama, eu posso brincar com aquele menino? Ele parece ser legal.

— Chame ele para brincar querido — ela passou a mão nos cabelos macios do filho — O que acha de fazer um amiguinho americano?

Ele sorriu e mostrou as lindas e delicadas covinhas em suas bochechas. Mesmo sem jeito, o pequeno Uchiha começou a se aproximar de Shikadai e conversar sobre jogos e desenhos, não demorou muito para que ambos ficassem sentados no chão brincando sem nenhuma preocupação.

— O que aconteceu com o sujeito que desrespeitou minha irmã? — Sasuke questionou ao delegado.

— Ele foi indiciado, porém não podemos mantê-lo preso. A família pagou um bom advogado para convencer sua irmã a tirar a queixa, embora não tenhamos deixado que eles tivessem acesso a ela.

— Eu jamais tiraria a queixa — Hinata cruzou os braços — Esse desgraçado pode não ser preso, mas vai ficar com a ficha suja se depender de mim.

Algumas horas depois e todos já estavam retirados em seus próprios quartos. Temari prometeu trazer o filho no dia seguinte para brincar mais com o Daisuke e também para conhecer melhor Sakura e passar um tempo com Hinata. Agora que todos estavam deitados e descansando do dia corrido, a Uzumaki encarava os próprios pés na cama de forma pensativa.

— Algum problema com seus pés? — Naruto sentou nos pés da cama e começou a massagear as pernas da esposa.

— Não — Sorriu — Apenas estou pensando... Temari me disse que eu poderia escrever algumas histórias nesse tempo livre que eu tenho, isso iria ocupar minha mente e manter meu cérebro ativo.

— Histórias? tipo escrever um livro?

— Acho que sim — Respirou fundo — Mas sobre o que eu escreveria?

— O que acha de contar nossa história? Venderia muito... "Garota rica que se apaixona por cantor itinerante do Canadá e decide viver uma aventura ao seu lado"

A morena riu.

— Seria muito interessante, mas clichê demais.

— Ei — Ele fingiu que estava ofendido — Nossa história não é um clichê, ok?

Ela o chamou para se deitar ao seu lado na cama e respirou fundo.

— É claro que não somos um clichê, eu não tenho nada daquelas mocinhas patéticas dos filmes e livros de comédia romântica. Se fosse assumir um papel eu gostaria de ser a vilã ou a detetive sexy e inteligente que desvenda todos os casos... Nada de histórias bobinhas para a minha vida.

— Claro amor — Ele beijou sua testa — Mas se não quer escrever sobre nós dois, o que mais seria interessante?

— Hum... O que acha sobre a história de um milionário excêntrico que vive a vida sem pensar nas consequências, porém ao se deparar com uma antiga paixão tem seu mundo virado de cabeça para baixo. Seria uma história cheia de manipulação, intrigas, investigações e muito sexo selvagem.

Naruto começou a rir fazendo a esposa encará-lo com a sobrancelha arqueada.

— E como você vai fazer para não entenderem que está escrevendo sobre seu irmão e sua cunhada?

— Isso é simples, um bom escritor consegue convencer seus leitores de que a história é tão fantasiosa que jamais poderia ser protagonizada na vida real — Piscou — E eu meu amor, irei mostrar a você o poder da narrativa.

Ele voltou a abraçá-la e sorriu.

— Trato feito bolotinha, se seu livro for um sucesso eu deixo você contar minha história em uma biografia depois e se não for... — Pensou — Você terá que subir ao palco comigo e cantar uma música comigo.

Hinata o encarou com entusiasmo.

— Prepare o tema da sua biografia, querido.

— E você prepare suas cordas vocais, meu amor.

 

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Sasuke e Sakura encontram-se prontos para dormir, a casa era pequena e aconchegante fazendo a pequena família se agrupar como nunca tiveram a oportunidade de fazer.

— A Casa da tia Hina é bonitinha — Daisuke comentou, a criança estava deitada entre os dois adultos na enorme cama de casal.

— Sua tia tem um ótimo gosto — Sakura suspirou — Não está cansado?

— Um pouco — bocejou — Amanhã vou ao estúdio com o tio Naruto.

Sasuke encarou a noiva sem virar o rosto a fazendo rir, o moreno estava lendo alguns relatórios de sua empresa no tablet enquanto seu filho conversava animadamente.

— Apenas não dê trabalho a ele.

— Exatamente, seu tio já tem a cabeça muito avoada sozinho, não precisa da ajuda de uma criança para fazer algo inapropriado — Sasuke comentou fazendo a rosada rir.

— O que é “inapropriado”, papa?

Sakura riu ainda mais recebendo um olhar severo do Uchiha.

— Bom, é algo que não seria bom fazer… Por exemplo, não grave uma música, nem que ele insista, ou… Não mexa nos botões na mesa de som…

— Querido, está sendo muito severo — a Haruno disse com ternura — Tenho certeza que Naruto não irá se colocar em alguma encrenca para alegrar as crianças, a Temari disse que irá trazer Shikadai para irem juntos.

— Oba, meu amigo americano!

Sasuke revirou os olhos e Sakura sorriu novamente.

— Certo, apenas tome cuidado… Seu tio é um dobe muitas vezes.

— E o que é “dobe”, papa?

— Hora de dormir — A rosada interrompeu recebendo um olhar aliviado do marido — Podemos conversar amanhã.

— Está bem — Ele se levantou da cama e caminhou até o pequeno sofá bem acolchoado e confortável onde ele passaria a noite — Boa noite, mama.

— Boa noite, moy luybov!

— Boa noite, papa!

— Boa noite, filho.

O casal permaneceu em silêncio por um tempo até que o pequeno adormecesse e Sasuke terminasse de ler seus relatórios.

— Você parece mais relaxada — o moreno disse ao puxar sua noiva para dormirem abraçados.

— Estou me sentindo mais leve, após chegar e ver com meus próprios olhos que sua irmã estava bem senti como se tirassem uma tonelada de minhas costas.

— Eu também fiquei bem mais aliviado. Mas ainda me sinto insatisfeito com o fato do responsável não ser punido.

Sakura riu e deitou a cabeça confortavelmente no peito do Uchiha.

— Eu acho sua preocupação adorável, mas acredito que Shikamaru e Temari encontrarão uma forma de resolver tudo isso… Não se preocupe querido.

— Hum, realmente espero que isso aconteça.

— Agora, o que acha de dormirmos um pouco? O voo me deixou um pouco enjoada.

Sasuke a olhou de forma maliciosa sussurrando em seu ouvido.

— Eu estava pensando em fazer outra coisa antes de dormir.

Sakura riu e se desvencilhou do moreno.

— Controle-se senhor Uchiha, quando estivermos em caso irei recompensá-lo.

— Irritante, vai me deixar assim até voltarmos á Londres?

Sakura selou seus lábios em um beijo rápido e deitou-se na cama confortável.

— Boa noite, luybov’

Sasuke revirou os olhos e bufou completamente frustrado.

— Tsc. Boa noite, irritante.