História Ponto de Ruptura - Nosso futuro imperfeito

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Sakura se olhava no espelho com o coração acelerado. Mal podia acreditar que estava ali, vestida de noiva a minutos antes de entrar na enorme igreja tradicional de Londres. Se alguém dissesse a ela que estaria prestes a se casar com Sasuke Uchiha quando foi embora para a Rússia, certamente zombaria da criatividade trágica da pessoa.

— Ei! — Ino apareceu sorridente, sua gestação já apontava no vestido modelo sereia vinho que usava. Os longos cabelos loiros estavam trançados e a maquiagem simples a deixava ainda mais elegante — Você está linda!

— Eu sei — sorriu tentando controlar a vontade de chorar — A igreja está cheia, não está ?

— Até seus pais vieram — A loira riu — Estou realmente surpresa por ver a fuça daqueles dois.

Sakura riu, estava tão eufórica que nem pensava no interesse de seus pais naquele casamento.

— Mama! — Daisuke entrou na sala da noiva sorridente. O menino estava vestido com o mesmo terno feito sob medida que o pai. Por onde passavam atraiam olhares — A vovó Mikoto está brigando com o tio Ita, porque ele não quer colocar uma gravata.

A rosada riu da empolgação do filho e arrumou o cabelo negro que insistia em cair sobre os olhos.

— Todos estão muito agitados hoje, é natural que os ânimos fiquem alterados.

— Papa está nervoso — Riu — Mas eu disse que você está parecendo uma princesa e ele ficou mais calmo.

— Vamos começar! — Hinata entrou sorridente. Os cabelos negros estavam cortados já altura do ombro, sua gestação ainda era de risco, por isso todos insistiam que ela permanecesse sentada. 

— E o que a senhora está fazendo aqui? — Ino questionou — Nós já colocamos as cadeiras para as madrinhas, vá já para o seu lugar.

— Você também, Ino? — A Uzumaki revirou os olhos perolados — Só estou avisando que a cerimônia irá conversar.

Sakura riu para a cunhada e agradeceu em silêncio. Sentiu o coração acelerado, mas se conteve. Aquele era o momento pelo qual estavam esperando há anos… o momento pelo qual sua menina interior ansiava, mesmo após ter ido embora de Londres.  Viu Ino sorrindo e se distanciando aos poucos, eles já haviam repassado aquele momento no ensaio, mas agora tudo era diferente. 

Pegou o buquê na mão e respirou fundo, num ato quase inconsciente levou a mão até a barriga e sorriu.

— É muito bom saber que não estou sozinha nesse momento — disse para seu filho ainda no ventre.

Ouviu a música com a entrada de Sasuke e Mikoto imaginando a cara que o Uchiha deveria estar fazendo para mostrar que nada o atingia. Sorriu quando a música das damas de honra começou e sabia que todo o salão estava preocupado e vigilante com Hinata, mas a mesma era teimosa o suficiente para não seguir nossas recomendações.

E por fim…

— Senhorita Haruno .. — a cerimonialista abriu a porta — É a sua vez.

Assentiu após respirar fundo. Aquela seria a última vez que a chamariam assim.

A Haruno poderia dizer que naquele momento o tempo parou e só havia Sasuke e ela dentro daquela enorme e tradicional igreja inglesa, mas isso seria mentira. Ela via tudo, os amigos mais queridos, os familiares de Sasuke que sempre a consideraram como parte da família, viu até seus pais e não se permitiu abalar pela presença interesseira deles. Mas quando seus olhos se focaram nos de Sasuke seu o coração disparou. Como era possível aquele homem ficar ainda mais lindo? 

Com a calma digna de um lorde, ele caminhou até a noiva e sorriu de canto.

— Você está linda, irritante.

— Você também está lindo, lyubov'

Depois disso a cerimônia começou e não foi cumprida, Daisuke entrou com as alianças completamente sorridente e permaneceu ao lado dos pais até o final. 

— … E pelo poder concedido a mim pela rainha da Inglaterra e por Deus, eu os declaro Marido e mulher. Pode beijar a noiva!

Uma chuva de palmas encheu a igreja no momento em que os lábios de Sasuke tomaram os os dela.

— Agora você é oficialmente minha, senhora Uchiha — Sasuke sussurrou a fazendo sorrir.

— E você é oficialmente meu, esposo.

— E que comece a festa!! — Hinata disse sorrindo e Ino começou a rir.

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Doze horas depois.

Desembarcaram no aeroporto internacional de Honolulu com o nascer do sol. A festa havia sido incrível, todos se divertiram e riram com as brincadeiras de Ino e Hinata. Até os pais de Sakura tiraram fotos, mas não ficaram muito tempo, trocando meia dúzia de palavras com os noivos e o neto antes de se despedirem. No final, o casal posou as fotos com a imprensa, deixaram Daisuke com os avós e foram para casa trocar de roupa. A viagem foi ótima e durou o tempo exato para recuperarem suas energias e passar uma semana em um lugar paradisíaco era uma ótima forma de começar uma vida como casal.

— O que quer fazer? — Sasuke questionou assim que entraram em um carro até o hotel. O cheiro de mar e o sol na pele de Sakura estavam revigorando suas forças.

— Acho que podemos conhecer nosso chalé e descansar um pouco.

Sasuke assentiu.

A paisagem era completamente linda, tudo parecia tão natural e agradável. Sem pressa fizeram sua entrada no hotel, e mesmo vendo a atendente se jogar para o de seu marido de forma descarada, Sakura apenas se concentrou nas paisagens arrebatadora.

— Vamos, baby — Sasuke passou a mão por sua cintura a trazendo para perto.

O casal Uchiha havia escolhido um hotel muito parecido com alguns das ilhas Maldivas que tinham chalés de frente para o mar. Todo o complexo era ligado ao hotel principal, mas a individualidade dos chalés em cima do mar nos davam uma sensação muito mais confortável. 

Tudo era incrível. Na suíte principalmente havia uma sacada que dava direto para o oceano cristalino, haviam duas redes na varanda, e pisos de vidro que nos permitiam ver as conchas que a maré trazia. 

— Esse lugar é lindo — Sakura constatou assim que parou em frente ao mar sentindo o cheiro da maresia melhorando seus enjoos matinais — Acho que nosso bebê gostou desse clima.

Ouviu a risada de seu marido e em seguida seus braços circulando sua cintura.

— Eu gostei desse lugar também, o que acha de tomarmos um banho juntos e depois cair nesse mar?

Sorriu e o encarou por cima dos ombros.

— Isso é um convite para iniciarmos nossa lua de mel?

— É uma convocação, senhora Uchiha.

Sem mais, ele a pegou nos braços e caminhou até o enorme e luxuoso banheiro. Tiraram as roupas da viagem, deixaram a água fresca limpar seus corpos e por fim se amaram sem pressa. 

Não havia mais incertezas entre eles, o amor que os uniam era capaz de superar qualquer dificuldade. Todos os traumas e mágoas haviam ficado no passado e juntos iriam construir uma nova família.

⚜️

 Londres | Inglaterra

Quatro anos depois

Sakura concluía sua pesquisa tranquilamente naquela tarde de outono. Podia ver os filhos brincando no enorme quintal enquanto sua amiga os vigiava sentada na cadeira de jardim. Pouco tempo depois de voltarem da lua de mel no Havaí, Sasuke começou a procurar uma casa em um bairro mais afastado para a nova família. Queria tirar os filhos da loucura das grandes avenidas e tumultos de Londres.

Hoje, quatro anos após o casamento, o bilionário dividia a vida pública com a calmaria da vida em família, assim como a psiquiatra que trocou os plantões nos hospitais por publicações de pesquisas científicas e palestras ao redor do mundo.

— Ei, testuda — Ouviu Ino a chamar do quintal — O que acha de irmos tomar um sorvete com as crianças? Estou cansada de ficar aqui vendo eles correndo de um lado para o outro.

— Eu gostei da ideia — disse rindo — Só vou terminar esse parágrafo e desligar o computador.

Suspirou ao ver a amiga arrumando a roupa do filho de quatro anos que era a cara de Gaara enquanto Sophia, filha mais velha do casal ria e brincava com Daisuke, porém sem tirar o olho da pequena caçulinha, Sarada.

Assim como ela própria e o marido, Ino e Gaara reinventaram suas vidas com a experiência de serem pais, ainda mais com as duas crianças ao mesmo tempo. Mesmo Sophia já sendo mais velha, a adaptação foi bem mais intensa devido a gestação da russa, mas todos os problemas não foram fortes o suficiente para derrubar a nova família.

— Senhora Sakura — Nekobaa se aproximou — O que quer que eu faça para o jantar?

— Hoje é sexta-feira querida, acho que vou convencer o senhor Uchiha a levar a família para um jantar, portanto tire o resto do dia de folga.

— Obrigada senhora.

— Eu que agradeço.

Sakura não podia ser mais grata pela ajuda constante da governanta, se não fosse a presença dela e da sogra teria tido muito problemas quando Sarada nasceu. Mesmo que a pequena fosse calma e quase não chorasse, tudo era novo e precisou de muita terapia para não desencadear os gatilhos de culpa por tudo o que aconteceu na primeira gestação. Diferente de tudo o que imaginou, Daisuke amou ter uma irmãzinha e sempre se mostrou muito disposto a ajudar a cuidar e ensinar a pequena. Todas as inseguranças da gestação desapareceram assim que ela colocou os olhos na pequena cópia de seu marido. 

Sarada cativou a todos desde a maternidade, principalmente seu irmão mais velho que a tratava como o maior tesouro. Sasuke não ficou para trás, demonstrou-se ainda mais ciumento com a chegada da pequena Uchiha. 

— Acabou a correria criançada — Ino disse ao ver a amiga se aproximando — Vamos tomar sorvete.

— EBAAAA! — Sarada e Inojin gritaram.

— Mama, podemos ir naquela sorveteria perto da escola? — Daisuke se aproximou.

— Claro, moya lyubov' — Ela sorriu — Mas por que justamente lá?

— A tia Hina sempre me leva lá quando vem para Londres, eu gosto... Me faz lembrar dela.

Sakura assentiu e pegou a filha nos braços.

— Mama, chama o papa — ela disse sorridente, se não fosse os traços do rosto, o nariz e a boca que herdara da mãe, Sarada seria mais uma cópia fiel de seu pai… Desde os fios negros e lisos, até os olhos Ônix.

— O papa vem a noite... O que acha de tomar um sorvete de morango?

— Sarada gosta de sorvete de morango — ela sentiu os bracinhos gorduchinhos abraçando seu pescoço e caminhou até o carro.

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A noite não demorou a chegar e com ela a adorável família Uchiha aproveitava mais um de seus momento juntos.

— Sarada, não derrube a água na mesa. Sente-se como uma mocinha — A Uchiha chamou atenção da filha que brincava em cima do cadeirão.

— Eu olho ela mama — Daisuke disse puxando a cadeira para sentar mais próximo da irmã mais nova. Perto de completar seus 14 anos ele se mostrava um garoto inteligente e muito prestativo, que segundo sua avó era exatamente como o pai na mesma idade.

— Conseguiu falar com sua irmã hoje? — Sakura disse ao notar que os filhos já estavam distraídos assistindo alguma coisa no celular.

— Não, ela está muito atarefada com a noite de autógrafos — sorriu — Mas conversei com o Naruto ontem e eles pretendem vir para o feriado.

— Que bom, estou com saudades do Boruto e da Himawari

— Eu também — Sasuke disse antes de levar a taça de vinho aos lábios.

Durante o período de repouso absoluto, a jovem Uzumaki escreveu seu primeiro livro intitulado "Jogo do Prazer" e após o parto de seu primogênito Boruto decidiu publica-lo. A história vendeu milhões nos primeiros meses e tempos depois as editoras já pediam uma continuação.

Claro, Sasuke notou a sutileza em meio as linhas e não demorou a notar que sua irmã decidira contar sua história e de Sakura, porém a forma como ela narrava os acontecimentos tornava o casal principal da trama envolvente e quente a ponto do leitor achar impossível uma pessoa assim existir na vida real. Após dois anos e meio Hinata descobriu a segunda gestação e nessa tomou todos os cuidados para aproveitar ao máximo e não ter problemas até o parto. Hoje o jovem casal tinha dois lindos filhos, uma franquia de cafés, uma série de livros e a carreira musical em ascensão de Naruto.

— E como foi na empresa?

— Como sempre, estava pensando em toda a correria da minha rotina e acho que vou me aposentar.

A russa balançou a cabeça de forma negativa.

— Você não conseguiria viver longe do mundo dos negócios, moy dorogoy — sorriu.

— Talvez, mas estou precisando de férias, o que acha de voltarmos com minha irmã para Montreal após o feriado?

Ela riu e tomou mais de sua própria bebida.

— Eu acho que seria ótimo, as crianças teriam mais atividades e nos mais tempo para colocar nosso próprio jogo em prática, que a propósito eu estou ganhando.

Ele entrelaçou os dedos nos da esposa em cima da mesa e beijou seus lábios com ternura.

— Se bem me lembro, você ainda precisa implorar por mim, então eu estou ganhando.

Ela sorriu maliciosa.

— Eu acho que esta muito enganado luybov' — se inclinou na direção dele — Nesse jogo dois podem jogar.

— E ainda sim ambos saem ganhando — piscou a fazendo sorrir ainda mais.

— O que estão cochichando? — Daisuke sorriu — Eu também quero saber.

— Sua mãe estava me falando o quanto me acha bonito.

Daisuke fez uma careta e Sakura sorriu.

— Você é idêntico ao seu pai, deveria acha-lo bonito também.

— Vocês estavam falando besteira... Conheço esse sorriso — ele balançou a cabeça — Podemos fazer nosso pedido? Eu estou com fome.

Sakura começou a rir enquanto Sasuke olhava incrédulo para o próprio filho, não podia negar que ele era um legítimo Uchiha. Por fim respirou fundo e observou enquanto o garçom se aproximava e sua família começava o pedido. Sua mente voou há anos atrás... quando conheceu aquela pequena russa invocada e de todo o relacionamento intenso que tiveram... Lembrou-se da dor que sentiu quando a viu partir e dos anos seguintes que quase se perdeu ao tentar tira-la de sua cabeça...

Recordou-se das viagens a Moscou apenas para vê-la de longe e de depois de sua volta repentina a Inglaterra... Lembrou-se da confusão de sentimentos que sentiu dentro de si ao descobrir sobre o filho perdido e de todo empenho que teve para regata-lo... Jamais se esqueceria da gratidão e da alegria que sentiu quando recebeu a ligação de sua irmã intrometida no meio da noite contando que seu filho estava a salvo e pronto para conhecê-lo...

Todos os dias, semanas e meses que passou ao lado daquela mulher eram incrível e insuficientes em sua mente... Precisava de mais, sempre precisaria de mais ao lado dela e de seus filhos. Ainda sentia-se um menino pronto para aprender mais sobre a vida, contudo se transformava em um homem obstinado quando competia com sua esposa pela poder.... A única batalha que ele jamais se importaria em perder, desde que ela estivesse disposta a jogar com ele uma próxima vez.

FIM