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História Popular- Decisões - Desempregada


Escrita por: MissRedfield

Notas do Autor


Nova temporada e a última
Preparados?
Eu não :(

Capítulo 1 - Desempregada


Fanfic / Fanfiction Popular- Decisões - Desempregada

"Quando a gente gosta de alguém, não fica se contentando só com amizade, né? É preferível pagar pra ver... "

-Você está demitida.

As palavras de Marvin foram rudes e diretas. Naquela tarde, quando me chamou em sua sala, não esperava receber essa noticia. Sempre fui uma funcionária exemplar, do tipo que cumpria todos os horários e dava o melhor em tudo. Não havia razões para me demitir, a empresa nem sequer passava por uma crise.

Mas acho que o problema não era EU como funcionária, mas sim EU na vida pessoal.

Algumas semanas atrás Marvin resolveu ultrapassar a barreira existente entre chefe e funcionário. Só porque fiquei até tarde no escritório adiantando o trabalho acumulado da semana, Marvin se viu no direito de dar em cima de mim. Ele era o meu chefe, um homem com mais de 50 anos. Acho que em sua mente doentia ele ainda se achava o “garotão”. Talvez pensasse que eu era a garota de 20 anos que toparia me envolver com o chefe por dinheiro e privilégios. Argh! Nem pensar.

Tratei logo de lhe dar o fora. Eu nunca me submeteria a esse papel. Era um abuso ele pensar que eu estava lhe dando o direito de dar em cima de mim. O motivo da demissão só podia ser esse. Eu não via outra razão para ele estar me encarando com aquele olhar de tarado e superior, como se estivesse esperando eu implorar para permanecer na empresa.

-Tudo bem. Vou arrumar as minhas coisas. –disse engolindo toda raiva enquanto tentava sustentar seu olhar. Ele pareceu surpreso. Com certeza esperava que eu o contestasse ao invés de simplesmente abrir mão de tudo. Eu tinha 2 anos de empresa, comecei como estagiaria e fui efetivada, ao que parece eu conseguia organizar uma tabela e criar campanhas online muito bem, embora não gostasse tanto assim do meu trabalho. Era mais por uma questão de independência. Mesmo assim, eu não toleraria abusos. 

Segui para o meu armário e arrumei todos os meus pertences dentro de uma caixa. Despedi-me de alguns colegas que fiz durante o tempo em que fiquei ali e saí do prédio de cabeça erguida. Não vou mentir que senti vontade de chorar, mas segurei as lagrimas ao máximo. 

 

-Ele te demitiu? –Steve pareceu inconformado quando lhe contei o ocorrido no dia seguinte. Aproveitando as férias da faculdade e o recente desemprego, resolvi visita-lo em seu novo apartamento. Ele estava pintando a parede da sala de preto, então resolvi ajudar.

-Dá pra acreditar? O pior é que eu estava na empresa há dois anos e perdi tudo por não topar sair com o chefe.

-Seu chefe era um filho da puta, Claire. Te demitir depois de ter levado um fora... qualquer advogado adoraria tratar disso no tribunal.  -Steve suspirou parecendo irritado. - E eu devia ir lá e quebrar a cara dele. –comecei a rir.

-Prefiro deixar isso pra lá, não quero ver a cara do desgraçado nunca mais. –parei de pintar e encarei Steve por um tempo.

-E então, vai ficar dessa vez? – perguntei sentindo meu rosto corar de vergonha com as lembranças que vieram me assombrar. Steve me encarou e sorriu brevemente.

-Claro que vou, agora só vou embora se você mandar. –ele ergueu o pincel de tinta em minha direção e manchou meu rosto.

-Seu idiota. –tentei suja-lo de tinta também, mas ele correu.

 

Passei a noite no apartamento de Steve. Agora que ele estava de volta eu precisava aproveitar ao máximo sua companhia, passamos um bom tempo afastados devido a alguns acontecimentos da adolescência. Não queria perde-lo outra vez. Ele é o meu melhor amigo, sei que posso contar com ele para qualquer coisa, mas para isso não posso permitir que meus sentimentos me confundam outra vez como aconteceu anos atrás...

-Espero que não se incomode, mas peguei uma roupa sua emprestada já que você sujou as minhas de tinta. –Steve estava na cozinha e para minha surpresa estava tentando cozinhar algo no fogão. O cheiro era bom embora eu não soubesse o que era.

-Bem, se for pra te ver assim só de camiseta e shortinho, vou sujar suas roupas de tinta toda vez que você vir aqui. –ele disse me olhando de cima a baixo com um olhar malicioso. Revirei os olhos. Embora tivéssemos ficado um tempo separados, seu senso de humor não mudara nenhum pouco. Eu já estava acostumada com isso.

-Vê se não abusa, Steve. –me aproximei dele e ele sorriu. –Desde quando você cozinha? –perguntei enquanto espiava o que havia na panela. Era macarrão com muitas coisas dentro que estavam cheirando muito bem e fazendo meu estomago revirar de tanta fome.

-Desde que fui morar sozinho tenho arriscado. –ele respondeu, então desligou o fogo e me fitou.

-Bem, eu moro sozinha, mas nem por isso sei cozinhar.

-Você é um desastre, Claire. Já me provou isso. –ele gargalhou e eu sabia do que ele estava rindo. Meu forte nunca foi cozinhar, o máximo que eu conseguia fazer era macarrão instantâneo, pipoca e ovos mexidos com bacon, que a propósito eram uma delicia no café da manhã. Minha mãe nunca teve tempo de me ensinar a cozinhar, ela preferia se dedicar ao trabalho e comprar comida de restaurante. Acho que isso foi um fator que colaborou para a minha total falta de interesse pela cozinha. Certa vez, numa tentativa de impressionar Steve tentei fazer um bolo de chocolate, mas não cresceu e ficou meio cru por dentro. Tive que jogar fora. Até hoje ele enche meu saco por isso.

-Sabe que fiz meu melhor daquela vez. –eu disse lhe dando um soco no braço e indo em direção ao armário da cozinha para pegar dois pratos.

-Disso eu não duvido. –terminamos de jantar e ao invés de irmos dormir resolvemos assistir a um filme de terror. Uma tradição da adolescência. 

A amizade com Steve só fortaleceu com o tempo. Embora tenhamos passado por várias situações durante o fim do colegial não deixamos nada abalar nossa amizade, acho que todas as confusões serviram como testes para ver até onde resistiríamos, até agora estávamos indo bem.

-Você ainda está com fome? –ele perguntou de repente. Até agora tínhamos assistido ao filme em silencio, o que era raro acontecer quando víamos televisão juntos.

-Pra falar a verdade, sim.

-Eu também. –ele fez uma careta. –Vou ver se tem algo de bom na cozinha. –então ele se levantou da cama e sumiu por um tempo.

Steve mudou muito fisicamente. Nunca mais havia trocado o cabelo de cor como costumava fazer, se manteve no preto. Também estava mais forte, mas não a ponto de ter peitoral malhado, ainda tinha uma barriguinha saliente, mas a musculatura de seus braços estava maior. Ele era atraente. De alguma forma me pareceu mais velho e responsável, talvez o cabelo preto tenha dado essa impressão.  Fiquei feliz pela mudança ter ocorrido apenas no físico, pois internamente ele continuava o mesmo de sempre.

Durante o colegial acabamos por deixar rolar um clima entre nós, mas nada que alguém pudesse saber. Foi apenas um clima passageiro que logo desapareceu, não durou muito. Nós sabíamos que não daríamos certo. Eu sabia que não daríamos certo, pois sempre estive ligada a um outro alguém...

-Prontinho! Que tal? –ele se aproximou com uma tigela de salgadinho enorme, sentou-se ao meu lado novamente e começou a comer. Observei enquanto ele mastigava e olhava para a televisão, parecia concentrado no filme. Eu tinha agido de forma terrível com Steve, o usei para curar as feridas deixadas por Dean e me arrependo profundamente por isso. Steve era um cara legal, ele me fazia bem de todas as formas e merecia um amor a altura. 

Na época em que nos envolvemos, eu tinha apenas 17 anos e não sabia nada sobre a vida ou sobre os assuntos do coração. Eu estava machucada e inconformada com a partida de Dean e queria apenas alguém que pudesse enganar a minha dor. Steve sempre foi meu amigo e eu sempre soube que ele estava disposto a ser mais do que isso. Aproveitei de sua ingenuidade e banquei um papel terrível.... enfim, agora eu tinha 20 anos e Dean era passado. O tempo me ajudou a superar. Analisando as coisas por uma outra perspectiva sei que fiz escolhas ruins e que joguei fora algumas oportunidades que a vida me deu, como a de ficar com Steve...

Nós nos conhecíamos tão bem, seríamos perfeitos um para o outro. Todos diziam isso quando nos viam juntos. E a Claire de agora não tinha um coração partido, estava pronta para um amor de verdade, alguém que pudesse não completa-la, mas sim transborda-la de amor. Steve podia ser esse alguém.

-Que foi ruivinha, meu rosto tá sujo? –ele perguntou quando percebeu que eu o estava olhando. Talvez eu tenha ficado tempo demais reparando em cada traço de seu rosto e sonhando com as histórias que podíamos escrever juntos.

-Não... só estava pensando. –fiquei sem graça e desviei o olhar.

-Em mim? –ele me encarou com um sorriso de canto. Eu poderia beija-lo e deixar claro minhas intenções, meus sentimentos. Mas nossa amizade era boa demais pra ser verdade, eu não queria estragar tudo outra vez.

-Fica calado que eu quero ver o final do filme. –eu disse mudando de assunto, o espiei pelo canto do olho e ele estava sorrindo como se soubesse o que estava passando pela minha cabeça.

Era uma péssima ideia, arriscada demais. A probabilidade de o nosso relacionamento dar certo era... enorme. Quantos amores não começaram com uma grande amizade?

 

 



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