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História Por Detrás do Sorriso - Pansy (Parte IV)


Escrita por: ArikaKohaku

Notas do Autor


BOM ANO 2021

Boa leitura
Sem revisão
Usei duas músicas que ja tinha usado antes aqui neste capitulo: Eye To Eye e Stand Out da Soundtrack do Goofy Movie
E aviso desde já que isto voltou a ficar grande de mais, mas espero que gostem na mesma :)

Capítulo 46 - Pansy (Parte IV)


Véspera do aniversário de Minki. Fila do concerto de BinSung. Um frio arrasador, um alpha e os seus dois filhos mais velhos. Um que não conseguia conter em si toda a felicidade de estar ali, agarrava fortemente o seu lightstick por quem parecia estar apaixonado e os outros dois estavam só a fazer o sacrifício por ele de estar ali. Entretanto, Minho tinha feito amizade com um velho ómega que vinha a acompanhar o neto e que o tinha reconhecido e Minhyun estava só terrivelmente entediado.

 

- Não, o meu companheiro ficou em casa com o bebé. - Respondeu amavelmente Minho ao velho ómega.

 

- Ah pois, ouvi a alguns dias que tinha sido pai. Muitas felicidades. - Desejou. - É impressionante o quando humilde o senhor é, ficando aqui na fila como uma pessoa comum.

 

Na realidade, Minho só estava ali porque não tinha hipótese. Ele prometera a Kibum que não ia usar a sua fama e o dinheiro para conseguir coisas melhores e mais rapidamente. Ele tinha que ser o mais discreto possível. E a razão era muito simples: de maneira nenhuma Kibum queria que Minki chegasse perto ou se cruzasse com BinSung. Eles tinham que ser invisíveis, o que era claramente quase impossível, uma vez que Minho era só a cara do principal desporto da nação. Mas tirando Minho, não havia mais nenhum adulto disponível para ir ali com as crianças: Kibum estava em casa com o seu rebento pequenino e a festa de Minki para acabar de organizar; Jonghyun tinha aulas para dar, assim como Taemin, e Jongin e Jinki também estavam afogados em trabalho. Então a figura publica fora enviada em serviço de família.

 

- Olha se era para estares com cara de cu por que não deixaste o SamSu vir? - Questionou Minki observando Minhyun. - Estás outra vez com ciúmes?

 

- Não! Eu quero muito ver a equipa de dança que acompanha o BinSung. Os Streetfighters são os melhores grupo de dança actual. Eles ganharam o Xfactor do ano passado. - Respondeu o irmão. - Só detesto estar em filas…

 

E assim, entre o entusiasmo inacabado de Minki, a falta de paciência de Minhyun e a conversa de circunstância de Minho, os três finalmente conseguiram entrar no estádio. Incrivelmente tinham lugares realmente bons, na plateia a cinco filas do palco principal. Minki dizia “uau” a cada coisa que via. Quando as luzes se apagaram os pulmões de Minki explodiram. A música começou e os berros começaram.

 

- Estão prontos? - Perguntou a voz de BinSung através das colunas na escuridão preenchidas de luzes brancas dos lighsticks. A resposta do publico quase que mandou o estádio abaixo. - Vamos a isto!

 

A luzes lançaram-se sobre um ponto. BinSung caiu no palco vindo do ar içado por cabos de aço. E assim o concerto começou. Minki conheceu a música. Era a música que Jonghyun dizia ter composto. Mas os seus olhos estavam vidrados na figura de BinSung. Tinha os cabelos louros e a sua roupa era quase um estilo rockeiro, mas brilhante, de colete com uma caveira e os braços tatuados expostos. Minki não sabia, mas aquela era imagem muito próxima daquela que ele tinha quando conhecera Jonghyun.

 

- If we listen to each other’s hearts. We’ll find we’re never to far apart. And maybe love is the reason why, for the first time ever, we’re seeing it eye to eye. - BinSung deslizava com uma presença de palco incrível, os olhos de Minki não saiam dele e quando os dançarinos subiram ao palco também Minhyun se juntou à euforia do irmão e todo o concerto ficou animado para ele. Até Minho admitia que BinSung tinha muito poder e era um verdadeiro monstro no palco. O tempo foi passando com os três familiares a divertir-se. Minho estava mais descansado, no escuro, ninguém o chateava, Minki estava contente e depressa eles voltariam para casa, sem nenhum acidente, mas ele só pensou assim até que, quase no final do concerto, um dos staff veio para ao publico alguém para subir ao palco. E para mal de muito bocados, Minhyun foi selecionado.

 

- Você é o responsável? - Questionou o staff a Minho que balanceou a cabeça enquanto se sentia confuso. O próprio staff teve o seu momento de surpresa ao ver Choi Minho casualmente ali. - Sr. Choi… bem… er…

 

- Ele é o meu filho, Minhyun!

 

- Certo, certo. Eu mesmo o trarei de volta após o momento! Ele vai a palco para um momento de cerca de 5 minutos, pode ser? O que achas Minhyun?

 

- Mas eu não quero ir! - Falou Minhyun num pânico que ele tentava esconder.

 

- Não sejas assim, Minhyun! Vai e diverte-te! - Demandou Minki. Eles berravam uns com os outros por causa da música alta, embora nesse momento, apenas um VCR tivesse a passar nas grandes telas e não havia ninguém palco, apenas os músicos numa plataforma. Minki empurou o irmão decidindo por ele. - Ele vai.

 

O staff precisava de se despachar por isso aceitou aquele andamento de empurrão de Minki e agarrou na mão de Minhyun e trouxe-o pelos corredores apertados das filas até às escadas que seguiam.

 

- Preparado Minhyun? - Perguntou o staff abrindo um sorriso brilhante. - Qual a música que mais gostas de BinSung?

 

Minhyun ia responder que não gostava de particularmente de nenhuma. Mas realmente sabia as coreografias de várias.

 

- Stand out! - Respondeu indeciso.

 

- Ótima escolha! Stand out! - Falou o rapaz através do intercomunicador com o resto da equipa. - Ouve Minhyun, não precisas fazer nada, okay? Vais subir numa plataforma por baixo do palco que no refrão, vai subir.

 

Enquanto o staff lhe explicava o que se ia passar na actuação a seguir ele levou Minhyun pela armação do palco, longe dos olhos dos comuns mortais, onde a magia era criada. Passaram por várias pessoas, uma produção gigante, entre a escuridão de panos negros e cabos que se estendiam por metros. O staff guiava-os com uma lanterna. A música que Minhyun tinha escolhido começou. O publico foi ao rubro.

 

- Open up your eyes, take a look at me, get the picture fixed, in your memory… - Minhyun foi impressionado por BinSung, ele estava a cantar a música que ele tinha escolhido e que provavelmente nem sequer tinha sido pensada para o concerto. Isso queria dizer que ele sabia as músicas dele todas de cor?

 

Minhyun foi posicionado na plataforma que o levaria ao palco. Dois staff vieram colocar-lhe um cinto de segurança, que ainda assim era espaçoso e o deixava mexer-se, portanto não estava realmente preso, mas se houvesse a infelicidade de acontecer alguma coisa à plataforma ele estaria seguro por cabos.

 

- Quando o refrão chegar, vais subir! Não tenhas medo, não precisas de fazer nada, simplesmente diverte-te! - Assim que terminou de falar para o pequeno alpha, ele deu sinal e Minhyun conseguiu sentir a plataforma sobre os seus pés começar a trabalhar. Alguns segundos depois luz entrou na sua cabeça quando o alçapão do palco se abriu. A plataforma começou a subir. O público gritava. Depois da escuridão do backstage, Minhyun que não estava habituado à mudança bruta das luzes, fechou os olhos. Quando os abriu estava acima do palco, a multidão lá em baixo com os seus lighstick pareciam um mar de estrelas que se mexiam. No palco no centro estava BinSung que cantava e dançava em perfeita sintonia com os restantes dançarinos. Minhyun ficou parado por um bocado, mas isso foi até sentir aquela energia. Aquela energia que apenas conhece quem já pisou um palco, uma adrenalina que parece que lhe entra nos pés e sobe pelo corpo acima e que quer explodir o peito. E explodiu, juntamente com os dançarinos e conhecendo a coreografia, Minhyun começou a dançar. Ninguém lhe tinha pedido isso, mas o seu corpo mexia-se ao som da música, com a energia do palco. O público começou a gritar. Os bailarinos e próprio cantor quase pararam ao verem a explosão que Minhyun era. Uma estrela por descobrir.

 

No fim a plataforma desceu e Minhyun juntou-se a BinSung em quem deu um cumprimento rápido de bater a mão e terminou a performance com os restantes artistas no palco.

 

- Uau! Minhyun, não é mesmo? - Falou BinSung quando a música terminou, tinham-lhe dado o nome antes. Berros soaram do público. - Onde tens andado?

 

- Nesta cidade! - Respondeu Minhyun eufórico pelo momento. A sua resposta fez BinSung gargalhar. E Minhyun pôde vê-lo ali bem ao seu lado. BinSung não parecia tanto o monstro que ele pensava mais ou menos que ele era. Parecia até bastante humano e não era assim tão alto como imaginara. Talvez quando crescesse, Minhyun fosse maior que ele, afinal era filho de Choi Minho.

 

- Verdade, verdade. O que fizeste ali foi verdadeiramente brilhante. Oh, espera, estão a dizer-me que tu és filho do nosso jogador nacional Choi Minho! - Surpreendeu-se BinSung ao receber a notificação através do auricular interno. Minhyun confirmou com a cabeça e uma das câmaras virou para a plateia e Minho sorriu e acenou.

 

“Kibum, vai-me matar!”, pensou Minho enquanto acenava para a câmara e para todos à sua volta. Lá se ia o ficar invisível.

 

- É um prazer enorme ter o grande Choi Minho no meu concerto. Minhyun tens todos os genes para brilhar. A sério a forma como dançaste tinha muita paixão. Tenho a certeza que vais ter um enorme futuro. - Congratulou-o BinSung, guiando a criança até às escadas, queria continuar a falar com ele, mas o espectáculo tinha que continuar. - Tragam-me esta família no final do espetáculo.

 

Foi o último pedido que o artista fez ao staff que ia devolver Minhyun ao seu pai. O convite foi feito a Minho e o desgraçado alpha viu-se numa teia que era difícil de sair. Ele não podia recusar o convite, ia ser mau para a sua imagem depois de ter sido descoberto pelo estádio inteiro, provavelmente já havia noticias e postagens nas redes sociais sobre a sua estada ali. Além disso, estava perante o mais recente e famoso cantor da atualidade. Por outro lado ele tinha plena consciência que Kibum ia estragula-lo, mas Minki estava ao seu lado com os olhos tão brilhantes em expectativa. Encurralado ele aceitou. E foi dessa maneira que no final do concerto os três foram levados até ao camarim do artista, que era uma enorme sala cheia de comida e muita água, quase um balneário, mas com espelho, maquilhagem e roupa de artista.

 

- Nada de falarem o nome do vosso tio! - Murmurou Minho enquanto eles esperavam pela chegada de BinSung.

 

- Qual deles? - Questionou Minki fazendo-se de desentendido.

 

- O… sabem que mais… não falem de nenhum deles! É mais seguro.

 

- Futebolista Choi Minho! - BinSung chegou finalmente ao camarim onde os três o esperavam. Ele cheirava a banho acabado de tomar à presa. As roupas casuais estavam ligeiramente pegadas ao corpo aguado e mal limpo, os seus cabelos estavam desgrenhados e pingavam água. Ele abriu um sorriso enorme e deu mão para cumprimentar Minho, que sentiu o mais profundo desespero de estar à frente daquela figura, mas ainda assim aceitou cumprimentar o cantor.

 

- Prazer em conhecê-lo BinSung. Os meus filhos adoram a sua música! Especialmente aqui o Minki. - Achou melhor puxar a atenção para as crianças, pois não queria continuar a fingir por muito tempo que estava super feliz por estar ali. Na realidade, ele ficara impressionado por BinSung ele era um verdadeiro artista em palco, preenchia cada espaço com a sua presença. Fizera Minho recordar os dias na sua adolescência que ele passara a aprender música, dança e até atuação. No entanto, no fundo reprimido estava também a sabedoria do envolvimento que esta pessoa tinha com o passado de Jonghyun.

 

- É mesmo? O teu nome é Minki? - O todo extrovertido Minki ficou complemente paralisado ao ser falado directamente pelo seu maior ídolo. As bochechas da criança inflamaram de vermelho, ele agarrou a mão de Minho fortemente, mordeu os lábios para não gritar e apenas abanou a cabeça a confirmar que aquele era efetivamente o seu nome. Ao ver aquilo BinSung foi relembrado dos momentos em que Jonghyun ficava embaraçado e agia exatamente da mesma forma, era algo bastante familiar. Ele riu-se, achando Minki extremamente fofo. - Também és um dançarino como o teu irmão?

 

Minki abanou a cabeça freneticamente negativamente. Sentia-se a ficar sem ar. E o seu coração queria sair para fora da boca. Recuou um passo e escondeu-se atrás de Minho, com a cara escondida dentro do casaco do mesmo. Até Minho estava espantado com todo aquele embaraço, nunca tinha visto o pequeno ómega agir daquela maneira, aquele definitivamente não era o mesmo Minki que tinha gozado do irmão em frentes aos avós Choi. BinSung acabou a rir mais um pouco, estava habituado a que as crianças se sentissem intimidadas por ele.

 

- Ele é fofo. - Comentou BinSung para Minho. - Na realidade eu pedi ao meu staff para o trazer aqui por duas razões. Primeiro, fiquei extremamente impressionado com Minhyun. Ele anda em alguma escola? Queres ser dançarino, não queres?

 

- Pois… o meu parceiro é dançarino. Penso que Minhyun vai seguir o passos dele.

 

- E alguém que goste de futebol? - Questionou BinSung. Detrás das costas de Minho saiu a mão de Minki acenando como se dissesse “Sim, eu vou ser futebolista!” - Estou a ver o Minki vai seguir a carreira do pai…

 

- E então qual a foi a segunda razão pela qual me chamou aqui?

 

- Kim Jonghyun. - Respondeu simplesmente. Minho sobressaltou-se ligeiramente ao ouvir o nome do tio dos seus filhos, mas em todo manteve a sua compostura.

 

- Quem? - Fingiu não ter ouvido tal nome.

 

- Ora, eu sei que o conhecesse. - Retirou do bolso das calças o seu telemóvel. Foi ao youtube e colocou o filme que um fã tinha do dia em que Minho se tinha confessado ao vivo para Kibum. Era possível ver Jonghyun a tocar ao lado Taeyeon. - A maior parte do staff não sabia quem ele era e quem sabia não me disse nada. E Taeyeon acabou por me dizer que andou com ele no Conservatório. Mas então eu lembrei-me que você também lá estava.

 

Minki espreitou por detrás de Minho e observou BinSung, sério e tenso como nunca o tinha visto na televisão. Os seus olhos pareciam sem brilho fora do palco. Minki sentiu-se de alguma maneira triste por ele, mas ficou ainda mais triste quando percebeu algo mais.

 

- Então… - Ouviu-se a sua voz suave de Minki, enquanto ele mostrava a cara desapontada saindo detrás do pai. - Então só chamou o papá Minho… só nos chamou por causa do tio Jonghyun?

 

De alguma forma os olhos cristalinos da criança e a sua desilusão clara, entraram no coração de BinSung como facas. Nunca fora sua intenção magoar aquela criança e quebrar a sua ilusão do seu ídolo brilhante. De alguma forma nem sequer percebeu correctamente que Minki tinha acabado de dizer “tio Jonghyun”. Antes que pudesse dizer alguma coisa para consolar o pequeno ómega, bateram à porta do camarim e o manager Il entrou entusiasticamente.

 

- Consegui a morada! - Anunciou não esperando ver ali ninguém reunido com o cantor.

 

- Papá, vamos para casa. - Pediu Minki. Minho concordou com a cabeça e pegou em Minki ao colo. Não só esperava que Kibum lhe batesse, como ele mesmo tinha vontade de se bater. A ideia era que Minki se divertisse, não que saísse deprimido dali, muito menos na véspera de fazer anos. Minho sentiu-se estúpido. Sem cortesia, ele voltou-se e deus as costas para o cantor e restante equipa. Não precisava que lhe dissessem onde era a cabeça, ele já tinha jogado alguma vezes naquele estádio, sabia onde era a saída. Chamou Minhyun e saio. BinSung queria pará-los, pedir desculpa à pequena criança, mas Minhyun parou-o quando voltou atrás e lhe espetou um pontapé nas canelas.

 

***

 

Chegaram a casa um pouco antes da hora de jantar. Jonghyun tinha acabado de dar a ultima aula, por isso, a escola parecia semi-apagada, com as luzes do lado do estúdio de dança apagadas e as do de música ligadas e no andar superior apenas uma janela com luz. Eles entraram directamente para o andar de cima. Havia o cheiro a comida que Kibum estava a preparar na cozinha e um quente aconchegante, assim como um silêncio necessário pois o bebé estava a dormir. Assim que os ouviu chegar, Kibum veio ter com eles.

 

- E então, como correu? - Minki veio ter com ele, deu-lhe um beijo e foi fechar-se no quarto. - Ok, o que é que se passou?

 

Questionou de braços cruzados olhando para os dois alphas, pai e filho.

 

- Podes bater-me! - Disse Minho aproximando a sua face de Kibum e puxando-lhe a mão para se bater com ela. Kibum rebolou os olhos com aquela tentativa de brincadeira, mas depois ficou em chamas quando Minho e Minhyun lhe contaram tudo.

 

- Como diabos é que foi tudo acontecer? Eu sabia que ele não devia ter ido a este concerto. E tu… - Apontou para Minho. - Não podias ter simplesmente recusado em ir ter com ele? Era só disseres que tinhas o teu companheiro e bebé recém nascido à espera!

 

- Não me lembrei dessa desculpa. - Admitiu Minho, mas registando-a para eventualidades futuras. Afinal até à bem pouco tempo era solteiro e sem filhos.

 

- Meu deus Minho e a morada que esse homem que entrou falou? Achas que é a daqui? - Apontou para baixo como se dissesse a morada da escola.

 

- Quase de certeza. - Confirmou.

 

Nesse momento a campainha tocou. E como num filme Minho e Kibum petrificaram. Seria BinSung na porta? E Jonghyun estava lá em baixo no estúdio. Automaticamente, depois de uma troca nervosa de olhares, Minho e Kibum lançaram-se pelas escadas abaixo como dois loucos, mas chegaram tarde, a porta tinha sido aberta. Na entrada estava Jonghyun, Taemin e os pais dos mesmos. Por fim, Kibum lembrou-se que tinha combinado um jantar para que os avós conhecessem o neto e vice-versa.

 

Os três Lee olharam espantados para Minho e Kibum que tinham chegado de forma espalhafatosa ao andar de baixo. Kibum rapidamente aclarou a garganta e recompôs-se do pânico que lhe tinha passado pela espinha segundos antes. Soltou um sorriso cortês e sentiu um aperto na garganta causado por um nervosismo que lhe apertava na garganta. Ficou a olhar para os pais de Taemin e todo o mundo escuro lhe cresceu na mente. Taemin reparou na palidez repentina de Kibum e aproximou-se do mesmo com um sorriso sereno. Ele agarrou nas mãos do seu irmão de coração, olhou fundo nos seus olhos e falou:

 

- Está tudo bem, Kibum! Como te falei antes, nenhum de nós vai falar do passado. Os meus pais só vieram conhecer Minki e Minhyun, claro. - Com as palavras de Taemin, Kibum suspirou profundamente. Na sua cabeça havia um sonho que não lhe saia da cabeça, um em que Taeho lhe sorria de olhos marcados de lágrimas e que lhe dizia que tudo estava bem, que a culpa não era dele. De certa forma, Kibum ganhou forças daí..

 

Minho já tinha passado por eles e abraçou Lee SunHo e beijou ternamente a testa de Taeil, como um filho beija a mãe depois de muito tempo sem a ver. Kibum teve vontade de chorar, era injusto que Minho se tivesse distanciado dos seus próprios pais, mas tivesse uma conexão com pais de Taeho. Era como se nada fizesse sentido.

 

- Então prazer em conhecer todo o mundo, mas tenho a jantar à minha espera! - Anunciou Jonghyun.

 

- Até amanhã hyung. - Despediu-se Taemin com um sorriso ligeiramente zombateiro. Jonghyun passara os dias a dizer que a sua mudança para casa de Jinki (ou no caso as casas do Jinki, pois quando não estavam com Banji eles ficavam no apartamento por cima do restaurante e quando estavam com a criança iam para a casa grande) era temporária, mas no último mês cada vez que acabava o trabalho ele fugia da escola para ir ter com o namorado. Até já tinha ajudado a fazer alguns pequenos almoços no restaurante.

 

- Mas eu pensei que jantavas hoje… - Falou Kibum.

 

- Ah não, já é gente a mais. - Recusou Jonghyun achando sinceramente que era melhor que aquele momento fosse mais intimista.

 

- Mas… - Kibum queria o amparo do irmão naquele momento. No entanto, Minho lembrando-se de uma coisa de repente balanceou a cabeça e tentou fazer alguns gestos a Kibum sem que Jonghyun visse, mas o beta não notou, por isso, Minho avançou e postou-se ao lado de Kibum enlaçando-lhe os ombros com um braço.

 

- É, eu concordo. É muita gente. Nós devemos deixar espaço para Minki conhecer os avós. - Falou Minho.

 

- Estás a tentar meter-me fora de casa Choi Minho? - Questionou Jonghyun achando aquele comportamento estranho. Além de que Minho era autentico demais para saber mentir.

 

- Sim, estou. Vai lá ter com o teu namorado. Não tens um jantar à espera? - Apressou-o Minho acabando por o ir empurrar para a porta rua.

 

- Se não fosse por causa disso eu agora ficava seu cara de sapo. Kibum, eu estou mesmo no final da rua, okay? Venho logo de manhã ajudar-te com a festa. - Minho fechou a porta, deixando Jonghyun do lado de fora. Jonghyun estendeu-lhe o dedo do meio e Minho respondeu-lhe de igual forma. Jonghyun virou-se mostrou-lhe o traseiro e bateu nele mesmo deitando a língua de fora, antes de sair dali. Pareciam duas crianças? Pareciam. Quando Minho regressou à entrada, SunHo olhava para ele com espanto.

 

- Minho, eu nunca te tinha visto assim tão… divertido. - Comentou sem encontrar outra palavra para descrever a situação.

 

- Por favor, SunHo, não pense mal de mim. Foi por uma boa causa. - Jurou.

 

- Oh! - Kibum percebeu, por fim, a intenção de Minho ao retirar Jonghyun dali. - És um génio!

 

- Obrigado. - Agradeceu Minho.

 

- Um génio a reparar a merda que fizeste! - A língua mortífera de Kibum estava de volta. Minho quase conseguia ver a lava a sair dela. Sem Jonghyun ali e sim na casa de Jinki, mesmo que BinSung aparecesse não o ia encontrar. Pelo menos naquela noite.

 

- O que é que aconteceu? - Questionou Taemin completamente perdido no meio daquele jogo de farpas. Parecia que Minho tinha o jeito único de lidar com os irmãos Kim.

 

- BinSung… - Cuspiu Kibum como se tivesse uma azeda na boca.

 

- Nós achamos que ele descobriu a morada da escola. - Contou Minho por fim.

 

- Por que é que acham disso? Devo deduzir que o concerto correu mal?

 

- Oh, não. O concerto correu lindamente. O Minho conseguiu meter os miúdos a conhecer o grande BinSung pessoalmente. - O desdém era tanto na voz de Kibum que a sua ironia parecia quase cómica. - Eles foram até ao camarim dele e agora tenho o meu filho deprimido no quarto.

 

- O Minki está deprimido? - Perguntou Taemin. Então Minho contou rapidamente o que tinha acontecido no concerto, tudo sobre o olhar de censura felina de Kibum. - Bem, então eu acho que nós chegamos na altura certa. Kibum, estes são os meus pais. Lee SunHo e Taeil.

 

- Prazer em conhecer-vos!

 

Ao ver Kibum cumprimentar os pais de Taeho de forma cordial, Minho sentiu uma pontada dolorosa no peito. Sentia-se louco. Parecia algum jogo distorcido do distino. A pessoa que tinha feito tanto mal ao Taeho, era a pessoa que ele sempre desejara e que agora amava, era a pessoa que ele acreditava ter feito um acto bárbaro que levara Taeho ao suicídio. Mas os pais de Taemin e Taeho, dentro de todas as vicissitudes, estavam ali sorridentes, prestes a conhecer o neto. Na sua garganta criou-se um aperto. Ele, tal como os restantes, tinha combinado com Taemin em não se falar do passado, possivelmente por causa de Minki, porém ele sentia-se inútil quando o seu cérebro ia buscar aquelas lembranças de há tantos anos atrás.

 

- Kibum… bonito… Minho… gosto… - Elogiou Taeil olhando para Minho com um sorriso doce como uma criança e acarinhando a cara de Kibum. Dizia a Minho que ele tinha bom gosto, pois o Kibum era muito bonito. Taeil parecia feliz e SunHo parecia relaxado. Tudo o deixava confuso. E o Taemin… Minho nunca tinha visto Taemin conviver tão calmamente com a família.

 

Kibum convidou todos a entrar, levou Taemin e os pais para a mesa de jantar e pediu para esperem um pouco enquanto ia buscar os filhos. Minho foi com ele. Cuidadosamente, agarrou no ovinho em que Minji e juntou-se a Kibum no quarto de Minki, onde também estava Minhyun. Sentado na cama Minki ouvia Kibum a explicar algumas coisas às crianças em especial a Minki.

 

- Eles são mesmo os pais do Omma? - O pequeno ómega estava realmente surpreendido e o desapontamento que lhe tinha pontuado o rosto até ali tornou-se numa euforia e curiosidade.

 

- Sim, são. - Confirmou suavemente. - Mas, por favor, ouve-me. O teu avô ómega tem uma doença. Por causa disso, ele não se expressa muito e não pode passar por grandes stresses. Tenho a certeza que tens imensas perguntas sobre o teu omma para lhes fazeres, mas não vais poder fazer, okay? Compreendes porquê, certo?

 

Minki confirmou com a cabeça. Apesar de ligeiramente triste, pois não poderia fazer perguntas sobre o seu falecido omma ele compreendeu que não podia stressar o tal avô. Além disso, tinha sempre Minho com quem podia falar pois horas sobre o seu omma, já que Kibum admitia que sabia muito pouco de Taeho e Taemin evitava ao máximo falar do irmão.

 

- Mas eles vieram aqui especialmente para te conhecer. - Disse positivamente. A parte mais dificil já tinha sido feita, Taemin tinha contado aos pais da existência de Minki. A primeira reação tinha sido negação. Como é que eles não tinham percebido que Taeho estivera grávido? Mas eles como pais não tinham compreendido muita coisa. Depois, infelizmente compreensivelmente, tinha vindo o medo. Era o Minki igual ao seu omma? Mas Taemin garantiu-lhe Minki era uma criança emocionalmente evoluída, extrovertida e enérgica. E então, com a ajuda de alguma fotos, veio a aceitação. Obviamente que falando de Minki era impossível de não falar do envolvimento passado de Minho e Kibum que gerara Minhyun e os três conjuraram em segredo qual era papel de Taeho em tudo aquilo. Mas o passado estava no passado.

 

Quando Minki entrou na sala com os pais e os irmãos automaticamente os olhos dos avós bateram sobre a sua figura. Minki tinha claros traços de Taeho, principalmente aqueles olhos que se tornavam meias luas quando ele sorria. Mas aqueles olhos eram tão mais do que os de Taeho, mesmo que Kibum e Minho não soubessem. Os olhos de Minki tinham brilho, vida, emoção. Não eram gelados e calculistas, embora se mostrassem extremamente inteligentes.

 

- Olá. Eu sou Kim Minki. - Apresentou-se com um sorriso e fazendo uma vénia educada. O silêncio era ligeiramente desconfortável e pareceu perdurar mais do que aquilo que perdurou, pois todos eles estavam nervosos. Mas então Taeil levantou-se de repente e foi até Minki para o abraçar fortemente. Taeil aceitou generosamente aquele abraço e sentiu um conforto enorme naqueles braços estranhos. Eram tão aconchegantes como os braços de Kibum, o sentimento era muito parecido.

 

- Avô Taeil. - Apresentou-se Taeil. Lágrimas brilhantes apareceram-lhe nos olhos, mas não caíram, estavam só ali como que suspensos. Aquele neto que Taeho tinha deixado… era tudo aquilo que Taeho nunca soubera ser. Era aquilo que os pais tinham desejado para o filho, mas que Taeho nunca fora. Por detrás de Taeil aproximou-se SunHo, que acabaria por ver no neto, talvez a parte boa que Taeho perdera.

 

- E eu sou SunHo. Avô SunHo.

 

- Muito prazer! Avô Taeil e avô SunHo. - Um sentimento quente cresceu dentro de Minki e ele sorriu abertamente. Um ano antes o seu aniversário fora com uma família muito reduzida, mas naquele ano seria diferente, seria recheado de parentes e ele sentia-se alegre.

 

- E estes são Minhyun e Minji. - Apresentou Minho.

 

- Meu deus, Minho, Minhyun é mesmo a tua cara chapada! - Comentou surpreso SunHo. Atrás deles, ainda sentado à mesa Taemin gargalhou. E todos eles, mais ou menos, sentindo-se estranhos e envergonhados, se sentaram para finalmente iniciarem a refeição.

 

O jantar ocorreu tranquilamente. Os avós ficaram a saber bastante sobre a vida de Minki e como ele sonhava em tornar-se jogador de futebol. E Minki ficou a saber que tinha um tio que era mais novo do que ele. Kibum convidou então os senhores para regressarem no dia seguinte com o pequeno Taemin que eles tratavam por Mimi, para se juntarem à festa de aniversário. A principio não quiseram aceitar, mas Minki ficou tão entusiasmado com a ideia de conhecer o seu tio mais novo que ele, que apesar da saúde frágil de Taeil, eles não conseguiram dizer que não. Ao final da noite partiram com um promessa de voltar no dia seguinte.

 

Essa noite BinSung não apareceu para descanso de Minho e Kibum. No entanto, a preocupação estava no ar.  


Notas Finais


Tenso... Tenso... isto tá tenso, não acham?
Ai deus SIM VAI SER NO PROXIMO que eu vou fazer a "luta final" do nosso Jongyu... tenho até música: https://www.youtube.com/watch?v=qQc3Ob9WOqM
Ai, eu acabo sempre por escrever tanto que, não é que saia do roteiro, mas eu tinha 5 pontos para escrever e só escrevi 3 XD Estou também muito nostalgica e a fic ainda nao acabou, mas é que já vejo os pontos a alinhar-se num caminho e sinto o cheiro do fim... depois da "luta final" Jongyu... teremos a "luta final" minkey e depois só mais um capitulo... faltam 3 caps para o final... percebem o que quero dizer???
Tou a falar de mais, desculpem
Mil beijos


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