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História Por Detrás do Sorriso - Jantar


Escrita por: ArikaKohaku

Notas do Autor


Aqui fica mais um cap. Espero que gostem. Beijinhos

Capítulo 22 - Jantar


Fanfic / Fanfiction Por Detrás do Sorriso - Jantar

Kibum lançou-se sobre o sofá naquele final de tarde. Suspirou alto e cansado. Estava apenas com roupas simples e desportivas, confortáveis para andar por casa. Os seus cabelos ainda estavam molhados demonstrando que acabara de sair do banho. Resolveu esticar a mão e puxar o comando da televisão que se encontrava na mesa de chá em frente ao sofá. Ao fazer isso, o movimento fez a sua camisola chegar-se ao corpo, onde era claramente visível que a sua barriga estava a crescer. Ligou a televisão. O telejornal estava começar. Teria mudado de canal para ver outra coisa que não fossem noticias sobre economia, política e crime, mas o nome de Minho chamo-o a atenção. Era a noticia de abertura. Um choque. Minho tinha recusado um contracto com um enorme clube estrangeiro. Perdera milhões.

 

- O que estás a ver? - Questionou Jonghyun entrado na sala e olhando para o irmão. A gravidez estava a deixá-lo ainda mais bonito. Passou uma mão carinhosa sobre a barriga do irmão, que nunca repudiava os seus gestos. Aquela situação deixara-os mais unidos. Mas secretamente ele invejava Kibum, pelo facto deste poder gerar filhos facilmente, das duas únicas duas vezes que tinha estado com Minho, obrigado ou não, ele conseguira engravidar. A Jonghyun essa natureza fora-lhe roubada depois do nascimento de BinHyun.

 

Também não conseguia perceber como é que Minho ainda não saltara para cima Kibum e o arrastara para fora de casa para se casarem de vez. Jonghyun fazia de tudo para provocar ciúmes em Minho, adorava mostrar-se afetuoso com Kibum, quando o futebolista aparecia e normalmente resultava, se o olhar matasse havia muitos momentos em que Jonghyun já teria morrido. Mas depois de dois meses desde a importante conversa, Minho ainda não mostrara quaisquer sinais de querer ficar ao lado de Kibum. Jonghyun tinha consciência que a situação era complicada e certamente teria de haver muita terapia psicológica para os ajudar, mas estavam crianças ali em jogo. As coisas precisavam de ficar direitas rapidamente para que houvesse estabilidade para os seus sobrinhos e principalmente para o bebé que ai vinha.

 

- O Minho recusou um contracto milionário! - Comentou Kibum.

 

- Hum?

 

- Estava agora a dar na televisão. Ele recusou um contracto com um grande clube de futebol estrangeiro. - Explicou.

 

- É óbvio que recusou. Ele agora tem-te a ti e aos miúdos. Agora não pode simplesmente largar tudo e correr para um país estrangeiro para bater numa bola. - Disse racionalmente Jonghyun, enquanto Kibum se colocava numa posição sentada, aparentava estar ligeiramente confuso ou preocupado.

 

- Tu achas que foi por minha causa e pelos filhos que ele recusou a proposta? - Jonghyun meneou a cabeça afirmativamente, era o mais lógico. - Oh, mas eu não quero que ele estrague a carreira dele por minha causa. Ele teria muito sucesso, ele é bom naquilo que faz...

 

- Kibum foi a decisão dele. Não há grande coisa que possas fazer agora. - Acalmou-o Jonghyun. Kibum andava incrivelmente emocional, mais do que normalmente andava, e muito meigo. Até os alunos, que normalmente sofriam às suas mãos, tinha notado nessa diferença. - Já falaste com o Taemin?

 

- Não, ainda não. - Respondeu com um ar distante e pensativo, enquanto as suas mãos massajavam a própria barriga.

 

Pelas contas, Kibum devia estar pelos três meses e meio, a barriga já se notava, mas iria entrar na fase em que se iria expandir mais. O casmurro também ainda não tinha ido fazer uma simples ecografia, Jonghyun tivera que falar com Minho para que este obrigasse Kibum a marcar uma consulta. Parecia que Kibum estava com medo de alguma coisa. Em breve, como era de esperar, Kibum deixaria de poder dar aulas, e eles tinham pensado em Taemin para o substituir, pois este era licenciado em desporto com mestrado em dança. Não era tanto como Jonghyun e Kibum que tinham saído do conservatório, mas era o suficiente.

 

- Tens de o fazer. Na realidade está mais do que na altura de contares a toda a gente que estás grávido. Eu acho que Minki desconfia...

 

- Eu não desconfio de nada, eu já sei! - A voz fina e infantil quebrou a conversa dos dois adultos que viraram as suas cabeças para verem nada mais, nada menos que Minki apoiado com um sorriso no braço do sofá. Não o tinham visto chegar sorrateiramente para ouvir a conversa.

 

- Oh meu deus amor eu... - Kibum tinha se mexido rapidamente para agarrar na criança. Ele andava claramente carente procurando sempre um momento em que pudesse distribuir carinhos ou receber abraços. Só não fazia isso com Minho. Parecia que ambos não sabiam como deviam avançar com aquilo. - Eu não queria que ficasses a saber que vais ter um irmão assim...

 

- Omma eu já não sou uma criança! - Refilou o filho, mas não se importando realmente, pois aconchegou-se no colo do pai. Desde que Minho se juntara oficialmente à família que também a forma como Minki tratava Kibum tinha voltado ao que era. - Mas vai ser pior para o Minhyun ele é um mimado!

 

- Por falar com Minhyun, ele ainda não voltou com o Minho?

 

- Não. O Minho ligou-me a perguntar se podiam ir os dois sozinhos jantar fora.

 

- Oh... então vais ser só tu e o Minki para jantar... - Foi então que Kibum olhou para o irmão e viu que este se tinha arranjado para além da conta. Estava quase completamente de preto não fosse as golas do blaiser serem brancas. - Vou jantar com o Jinki...

 

- Quando é tu me vais contar por que é que agora andas a sair tantas vezes com o Jinki? - Perguntou Kibum olhando sugestivamente para Jonghyun. - Não estás com uma das tuas apaixonetas por ele, estás? Tu sabes que normalmente corre mal...

 

- Não, Kibum, não estou com uma das minhas paixões pelo Jinki. Já te disse que estou a ajudá-lo em assuntos particulares. E não, não te vou contar quais são esses assuntos. Tem que ser ele a contar, da mesma maneira que tens que ser tu a contar o que se passou contigo.

 

- E eu já te expliquei. Tu sabes que ele não seria tão compreensivo assim...

 

- Eu acho que tu não tens a noção de que se passaram 11 anos desde que falaste verdadeiramente com ele. Ele podia ser um pouco conservador ou tacanho quando estavam na escola, mas ele não é assim agora. E todos estes segredos estão a deixar-me louco. Acho que está mais do que na hora de nos sentar-mos e contar-lhe tudo. - Advertiu Jonghyun enquanto verificava o telemóvel e via que tinha recebido uma mensagem de Jinki. - Pensa nisso e até logo!

 

Beijou os cabelos do irmão e desgrenhou os cabelos do sobrinho antes de se aventurar para fora de casa. Na rua o conhecido carro de Jinki, com o mesmo sentado no interior, já esperava o louro platinado. Tinha uma expressão séria que se desfez num sorriso ao ver Jonghyun entrar. O músico sentiu o coração bater mais forte e cumprimentou Jinki.

 

- Preparado? - Questionou Jonghyun ao reparar na seriedade que regressou rapidamente ao rosto de Jinki, ao mesmo tempo que este virava a chave da ignição para iniciar o carro. Na realidade, agora que conhecia Jinki um pouco melhor sabia que este aparentava a maior parte do tempo um expressão assim serena e impenetrável e que podia colher tempestades atrás dela. - Tens mesmo a certeza que queres que eu esteja presente?

 

- Sim, tenho. - Respondeu imediatamente Jinki, olhando para Jonghyun como se dissesse que precisava da força de uma amigo ao seu lado. O louro apenas concordou com a cabeça para que o outro percebesse que tinha compreendido.

 

Jinki fez o carro avançar e Jonghyun colocou o cinto ao mesmo tempo que mordia os lábios. Estava nervoso, não sabia se aquilo era correcto. Afinal seria um momento muito pessoal para Jinki, mas fora Jinki que insistira na sua presença. Embora não fosse só a sua presença, o advogado também lá estaria. Finalmente, ao fim de tantos meses de luta, Jinki ia ver o filho. Seria apenas um jantar, o ex-marido de Jinki e o respetivo advogado também lá estariam, mas seria mais do que nada. E em breve, eles tinham esperança, Jinki iria conseguir passar alguns dias com o seu bebé.

 

Cerca de vinte minutos depois estavam a estacionar o carro perto de um restaurante e talvez por causa do nervos, Jonghyun viu a sua mão a ser agarrada pela mão suada e forte de Jinki. Ele quase que lhe tirava a circulação dos dedos, mas o professor de música não refilou, em vez disso sentia que não conseguia conter o bater forte do seu coração e uma felicidade crescente que lhe subiu às bochechas e o deixou vermelho. Corajosamente deixou-se ser puxado até à entrada do restaurante, onde Jinki parou para suspirar fundo.

 

- Vai correr tudo bem! - Ouviu-se Jonghyun a dizer. Jinki não lhe poupou a um sorriso. Talvez fosse por isso que Jinki pedira a Jonghyun o acompanhar naquele jantar de sábado à noite. Porque Jonghyun sabia dizer as palavras que precisava de ouvir, dava-lhe força. - Vamos?

 

- Vamos! - Jinki avançou primeiro. O restaurante era requintado. Foram recebidos por um empregado que lhes pediu os nomes e depois foram levados até uma mesa redonda previamente reservada. Já lá havia pessoas sentadas, na realidade tinham sido os últimos a chegar.

 

Antes mesmo de chegar à mesa, Jonghyun viu uma cabeça pequena virar-se de repente e viu um pequeno Jinki ali. A semelhança com o pai era incrivel tal como ele testemunhara nas fotografias . A pequena criança gritou “Appa!” fazendo muitas cabeças virar na sua direcção, não seria normal alguém gritar dentro de um restaurante fino como aquele.

 

- Ban Ji... Volta aqui... - O tom de voz saía em repreenda, mas Jonghyun não viu de onde vinha, pois os seus olhos estavam postos sobre a criança que saltara da mesa para fora e vinha a correr pela sala em direcção a Jinki, que já se baixara com os braços abertos para agarrar no filho.

 

Assim que Jinki agarrou em Ban Ji e o elevou do chão com força, a criança gargalhou feliz e lançou-se ao pescoço do pai, dando-lhe vários beijos estalados sobre as bochechas. Jonghyun viu-se a segurar as lágrimas. Como podiam os adultos serem tão cruéis? Como podiam pais separarem os seus filhos dos seus outros pais só porque se tinham deixado de dar bem? Aquilo não era só um castigo para Jinki, era também um tortura para Ban Ji, será que Ban Su não conseguia ver isso?

 

- Tive saudades, appa! - Declarou Ban Ji. Pelo menos, pensou o professor, a criança ainda amava o seu pai, não o esquecera.

 

- Eu também tive muitas saudades tuas, meu bebé! - Respondeu Jinki abraçando o filho com força, deixando mesmo as lágrimas descerem pelos olhos silenciosamente, enquanto corajosamente iluminava a sua cara com um sorriso, entre os beijos que dava à criança.

 

- Muitas? - Questionou Ban Ji.

 

- Muitas, muitas! - Confirmou Jinki, não soltando a criança e começando a avançar para a mesa.

 

Jonghyun olhou finalmente para mesa para verificar os adultos. Havia três e já estavam levantados, como à espera que se lhe reunissem. Reconheceu o advogado que o seu omma tinha arranjado para Jinki, o doutor Park. Viu um bonito omega ao lado de um velho alpha e deduziu que seriam o ex-marido de Jinki e o seu respetivo advogado.

 

- Boa noite! - Cumprimentou cordialmente o Doutor Park vindo ao encontro de Jonghyun e Jinki para lhes indicar os lugares. Ambos fizeram vénias a Ban Su e ao seu advogado. Era uma mesa redonda. Jonghyun ficou sentado ao lado do doutor Park, depois estava Jinki, Ban Ji e Ban Su e o advogado deste.

 

- E o que faz um desconhecido aqui? - Foi a primeira pergunta que saiu da boca de Ban Su que parecia analisar cuidadosamente Jonghyun.

 

- Este é Kim Jonghyun, um amigo meu. - Apresentou Jinki serenamente, Ban Ji tinha saído do seu lugar e saltado para o colo do pai, também ele olhava curiosamente para Jonghyun, mas ao contrário do seu omma não se via malícia no seu olhar, ele sorriu naturalmente para o professor de música que lhe respondeu com o mesmo sorriso.

 

- O Sr. Kim está aqui na qualidade de testemunha. - Falou o Doutor Park, para justificar a presença de Jonghyun ali.

 

- E para que quer o Sr. Lee uma testemunha durante um jantar que foi amavelmente cedido pelo meu cliente? Será que o Sr. Lee se esqueceu que a guarda de Lee Ban Ji está com o meu cliente? - Interrogou o advogado do ex-marido de Ban Su.

 

- Para que não hajam palavras retorcidas durante este jantar. - Respondeu o Doutor Park.

 

A conversa foi interrompida quando dois empregados vieram à mesa entregar as ementas do jantar. Jonghyun reparou então que existiam entradas sobre a mesa, mas que ainda ninguém tinha tocado nelas. Sentia também uma tensão tão grande sobre a mesa que era intimidante falar. Os adultos permaneceram calados. Cada um tinha medo de dar um passo que os pudesse entalar, principalmente quando existia ali um testemunha. Mas Jinki e Ban Ji estavam envolvidos numa longa conversa. Ban Ji não era uma criança quieta e para os seus quatro anos era bastante desenvolvido, principalmente a nível da fala. Embora a pergunta que gostasse mais de fazer fosse: o que é isto?

 

A certo ponto Jonghyun deu por si a analisar Jinki no seu papel de pai. Ele era um óptimo pai. E parecia estar completamente feliz ao lado daquela criança. E um sorriso de lado ficou permanentemente no rosto de Jonghyun. Normalmente não gostava de ambiente constragedores, mas ali, apenas por ver Jinki a interagir com Ban Ji, ele sentia-se tranquilo. Se Ban Su tinha tentado de alguma forma envenenar Ban Ji contra Jinki, então, tinha falhado redondamente.

 

- Eu não gosto desta comida! - Afirmou Ban Ji. Ainda não saíra do colo do seu appa e parecia que não estava disposto a sair mesmo durante a refeição. E Jinki também não parecia disposto a mandá-lo embora.

 

- Porquê? Tem alguma barata nela? - Questionou Jinki olhando para a sopa do filho com se suspeitasse que lá estivesse alguma coisa dentro, o que claramente não estava.

 

- Não! É porque eu gosto mais da comida que tu fazes! - Jinki ficou a olhar para o filho como se de repente tivesse ficado sem palavras. Sorriu e beijou os cabelos do filho. Estava emocionado e parecia engolir a vontade que tinha de chorar.

 

- Não é igual à minha comida, mas eu prometo que esta também está deliciosa! Além disso estamos num restaurante todo chique, por isso, tens de comer senão parece mal... - Explicou Jinki, não sabendo muito bem se aquilo faria algum sentido para a criança. Mas a verdade é que Ban Ji concordou com o pai e depressa estava a comer.

 

Quando já estavam a meio da refeição principal, Ban Ji pediu para ir à casa de banho. Como Jinki não podia estar sozinho com o filho sem supervisão, como se ele fosse raptar o próprio filho, ele levou o filho à casa de banho, mas teve que ser acompanhado pelo advogado de Ban Su. Foi nesta ausência que Ban Su se aproximou de Jonghyun, em quem os seus olhos tinham estado pegados durante grande parte do jantar.

 

- Não sabia que o Jinki agora tinha virado para o outro lado... - Comentou Ban Su, que se sentara na cadeira vazia ao lado de Jonghyun.

 

- Desculpe? - Questionou Jonghyun, não estando surpreendido de todo porém com aquela abordagem. O professor conseguia colocar-se no lugar de Ban Su. O outro omega devia sentir-se traído e ainda bastante magoado com o que Jinki tinha feito. E agora aproximara-se de Jonghyun numa tentativa de descobrir mais alguma coisa com que pudesse atingir Jinki. Era fácil para Jonghyun perceber o que se passava, pois era um mero espectador daquela cena.

 

- Não sabia agora que Jinki agora se “envolvia” com alphas. Diga-me está a gostar da vida que ele lhe proporciona? Em qual dos restaurantes é que trabalha? - Jonghyun conseguia ouvir a nota de desdém que existia na voz de Ban Su. Sabia claramente que este estava a conter-se, se pudesse o omega já tinha saltado para cima de Jonghyun para o desfazer. Era inveja e ciúmes. Aquilo queria dizer que além da raiva, Ban Su ainda tinha sentimentos por Jinki.

 

Jonghyun não pensou muito no porquê, mas não gostou da ideia de Ban Su ainda nutrir sentimentos por Jinki. Pela primeira vez em muito tempo deu por si a cheirar o ar a entregar-se ao seu lado mais animal, apenas porque ainda queria procurar vestígios da marca que ainda podia ligar Ban Su e Jinki. Talvez algo em si mesmo se tivesse libertado ao tentar usar a sua natureza omega, pois logo a seguir reparou no olhar surpreendido de Ban Su.

 

- Tu és...

 

- Não que isso tenha alguma a ver consigo. E não que você tenha alguma coisa a ver com a minha vida pessoal, mas eu posso-lhe responder sem problemas. - Cortou Jonghyun não ligando para a falta de formalidade com que Ban Su se lhe dirigira até ali e mantendo a sua. Além de perceber completamente todas as implicações que Ban Su estava a fazer sobre a sua pessoa. - Eu sou um bom amigo de Jinki. Não sei do que está a falar quando fala na vida que o Jinki me pode, supostamente, proporcionar. E eu não trabalho em nenhum dos restaurantes de Jinki. Gosto de comer, mas a minha vocação não é a comida. Eu sai da conservatória. Sou professor de música. Tenho a minha própria escola. E o resto, acho que não é realmente do seu interesse.

 

- Sr. Kim não tinha que responder ao que o Sr. Ban Su lhe perguntou. - Advertiu o Doutor Park, que não intervira até ali por perceber que Jonghyun conseguira aguentar a situação sem provocar embaraço para o seu cliente, ou seja, Jinki.

 

- Eu sei, mas estou a ser amável. - Jonghyun sorriu ironicamente, sabendo perfeitamente que tinha atiçado mais Ban Su e não o contrário, como devia ter feito. Mas o próprio Jonghyun sentia-se curiosamente irritadiço. Tentava ser racional, mas os seus sentimentos estavam confusos.

 

- E desde quando é que Jinki tem amigos? Ele não vê mais nada que o trabalho...

 

- Mais uma vez não sei do que fala. Eu sei que ele tem amigos, eu faço parte desse circulo de amigos. Se quiser posso chamar alguns para se juntarem a nós. - Jonghyun sabia que estava a cruzar um risco perigoso. Para o seu próprio bem, foi com alivio que viu Jinki regressar com o filho e o advogado, pois assim aquela conversa dar-se-ia por terminada. Jonghyun tinha plena consciência que acabara de se colocar na frente de batalha.

 

Infelizmente para Jinki o jantar acabou depressa. Foi sufocante para Jonghyun ver Jinki abraçar o filho para se despedir e ao mesmo tempo tentar acalmar a criança que começou a chorar, pois não se queria separar o pai novamente. Viu Ban Ji virar-se contra ao seu próprio omma quando este o quis separar à força de Jinki. Com a promessa de que Jinki falaria com ele todos os dias por telefone, finalmente, Ban Ji foi para o lado de Ban Su. Foi esse o momento em que Jinki se tornou extremamente sério.

 

- Ban Su, não quero que sejas apanhado desprevenido, por isso, eu mesmo quero informar-te que avancei com uma acção para tribunal.

 

- Eu sabia. Eu soube disso no momento em que o teu advogado contactou o meu para este encontro. Não mereces sequer ver o teu filho! - Jonghyun reparou na dor que trespassou o olhar de Jinki com as palavras de Ban Su. Teve uma vontade louca de dar uma estalada em Ban Su, mas manteve-se quieto. Pensou no seu próprio omma. Ban Su era demasiado parecido com ele. Aquilo era irritante.

 

- Eu vou avançar com uma proposta para a guarda partilhada de Ban Ji. - A voz de Jinki manteve-se inquebrável. Mas as suas palavras pareceram abalar ainda mais Ban Su.

 

- Partilhada?

 

- Claro. - Confirmou Jinki. - Não quero que o meu filho cresça sem o seu omma. Não quero que o meu filho cresça sem um dos seus pais. Ele ama-nos aos dois. Independentemente do que se passa entre nós, ele deve ter os dois na sua vida. E gostava que tu também pensasses desta maneira.

 

Ban Su ficou claramente sem resposta. Jinki fez uma vénia e acenou ao filho despedindo-se assim de ambos. O omega não soltou mais nenhuma palavra, simplesmente afastou-se com o filho e o advogado até um carro que se encontrava próximo. Pouco depois, viram o mesmo carro afastar-se pela rua. Jinki agradeceu a presença do Doutor Park ali e o mesmo partiu para o seu próprio percurso.

 

Jonghyun e Jinki regressaram ao carro deste último em silêncio. Jonghyun sentia que Jinki precisava daquele silêncio. Fizeram o percurso de regresso à escola de dança e música em silêncio. Jonghyun estava lançado aos seus próprios sentimentos. Por que é que se sentira tão irritado ao compreender que Ban Su ainda nutria sentimentos por Jinki? Por que é que isso o magoava? Será que sentia algo forte por Jinki?

 

Não era hipócrita ao ponto de não admitir que Jinki era atraente, que o atraíra desde o momento em que se tinha cruzado. Ainda se lembrava da mensagem que enviara a Kibum quando o conhecera. Ainda se lembrava daquele primeiro encontro embaraçoso e da hora de almoço desastrosa por causa de Minho. Ele também sabia que se apaixonava facilmente, tinha atracções fáceis, paixonetas como Kibum referira antes, em que ele perdia rapidamente o interesse pelas pessoas. A verdade é que apesar de ser um coração volátil é que ele nunca amara mais ninguém senão BinSung. E era por ter um coração assim que ele nunca perdera a esperança de voltar a encontrar o amor.

 

Mas seria Jinki uma paixão ou uma paixoneta?

 

- Estiveste muito calado a noite toda. - Comentou Jinki, ambos parados em frente da porta da escola. - Desculpa, deve ter sido muito constrangedor, eu não devia ter-te colocado nesta situação...

 

- Não, Jinki, está tudo bem. - Jonghyun segurou por impulso nas mãos de Jinki. - Bem, foi um pouco constrangedor. Mas eu... eu gostei muito de ter ver com Ban Ji. Tu és um bom pai. E isso comprovou-se, pois apesar destes oito meses sem te ver, Ban Ji ainda saltou para os teus braços como se não houvesse amanhã.

 

- Obrigado por estares ao meu lado Jjongie...

 

O professor conseguia sentir os olhos de Jinki sobre si. Eles estavam a observá-lo com adoração. Jonghyun sentia isso. E foram os olhos finos de Jinki e a maneira como este o olhava naquela noite que fez Jonghyun ficar parado a contemplar a beleza do mais velho. Os dois miravam-se pela primeira vez com apreciação directa. Sentiam-se ligados de alguma maneira.

 

Jinki soltou-se de uma das mãos de Jonghyun que tinha estado até ali a agarrá-lo nervosamente, a outra permanecia ligada com a outra mão de Jinki. Mas a mão livre do mais velho arrastou-se até ao rosto de Jonghyun que estremeceu de espanto pelo toque. Aquele definitivamente não era um toque de amigo. Não naquelas circunstâncias. Naquela quietude noturna.

 

- Tu és lindo Jonghyun. - Jinki estava apenas a ser levado por aquele momento, em que se sentia mais frágil, em que se sentia mais emocional, menos racional. Não sabia o que é que o levava a estar tão fascinado por Jonghyun, mas era um facto que estava, desde a primeira vez que o vira. E estava apenas a ser honesto quando dizia estas palavras. Jonghyun era lindo, por dentro e por fora. E havia qualquer coisa em Jinki que o fazia querer tornar Jonghyun seu.

 

- Jinki... - A palavra saiu mais como um sopro vindo da boca de Jonghyun, que via Jinki cada vez mais perto de si. Jinki tinha-se aproximado compulsivamente, parecia que nem sequer percebia que já tinha entrado no espaço pessoal de Jonghyun e que continua a avançar.

 

Por que é que Jinki estava fazer aquilo? Era a pergunta de Jonghyun. Ele sabia que Jinki achava que era casado com Kibum, e que também achava que ambos eram Alphas, então por que é que estava a fazer aquilo?

 

Mas Jinki não estava a pensar muito bem naquele momento. A pele de Jonghyun era suave sobre os seus dedos. Ele fechou os olhos quando um cheiro doce lhe percorreu as narinas. Já tinha estado deitado uma noite inteira ao lado de Jonghyun, mas nunca lhe detectara nenhum cheiro, sempre fora como se ele tivesse uma completa ausência de cheiro. Por vezes sentira a sua colónia, mas era a primeira vez que estava a sentir o cheiro de Jonghyun. Um cheiro doce e inebriante. Era estranho, como é que um cheiro daqueles estava num alpha? Jonghyun era mesmo um alpha?

 

Quando os seus lábios se juntaram não foi inesperado para nenhum dos dois. Mas então quem se soltou das suas amarras foi Jonghyun e não Jinki. O cheiro de Jinki também chamava algo que estivera adormecido no interior de Jonghyun e que agora renascia como que o devastando. Um tsunami que o percorria de dentro para fora. Lançou os seus braços ao pescoço de Jinki como se agarra-se a um salva-vidas. Ali estava uma sensação que ele procurara. O estar completo!

 

E Jinki estava ali preparado para o agarrar, para o prender. Os seus lábios estavam àvidos e enrolados um no outro. E mundo tinha simplesmente desaparecido. Era como se tudo fosse escuro à volta deles, menos eles. Eles eram duas estrelas que tinham morrido e que estavam a reunir a sua poeira para renascer novamente. Eles eram duas chamas pequenas que se iam expandido lentamente.

 

Aquilo não era errado. Era demasiado certo.

 

- Tio Jonghyun? - A voz de Minhyun cruzou a mente de Jonghyun que se ligou dolorosamente à realidade. Deu por si a ser seguro pelos braços de Jinki, que estavam ao redor da sua cintura, que o seguravam como se ele fosse escorrer para fora dali.

 

Ali mesmo à frente e presenciando o beijo estivera Minho e Minhyun. Tinham regressando de um dia passado entre pai e filho. Minhyun sorria. Mas Minho tinha uma expressão completamente irada na face, expressão esta que Jonghyun nunca vira, na realidade só havia uma pessoa que já vira aquela raiva, e essa pessoa era Kibum. Jonghyun estremeceu com medo. Não compreendeu porquê, simplesmente um arrepio percorreu a sua espinha ao ver aquele alpha daquela maneira, que o fez querer fugir naquele preciso momento.

 

Mas a raiva não era com Jonghyun. Era com Jinki. E Jinki percebeu isso, de tal forma, que quando Minho se lançou para Jinki este o empurrou Jonghyun, para lado para que só ele fosse o alvo de Minho e mais ninguém. Minhyun gritou e assustado e correu para os braços do tio.

 

- TU! - Rugiu Minho contra a cara de Jinki. Agarrava no mesmo pelos colarinhos e mirava-o mesmo nos olhos. Os olhos de Minho pareciam duas chamas prontas a disparar. - TU AFASTASTE-ME DE KIBUM PORQUE ESTAR COM UM ALPHA ERA ERRADO E AGORA EU APANHO-TE AOS BEIJOS COM UM!?

 

O que é que Minho queria dizer com aquilo? Questionou Jonghyun olhando confuso para Jinki. Os olhos de Jinki cruzaram-se rapidamente com os de Jonghyun antes deste berrar furiosamente e afastar Minho com uma força que nem toda a gente achava que ele tinha. Minho caiu nas pedras do caminho. Mas levantou-se rapidamente e ia  a investir contra Jinki, mas a porta da escola abriu-se e Kibum saiu.

 

- O que é que se passa aqui?

 

- Omma! - Minhyun resolveu que era ainda mais seguro estar perto de quem sempre estivera ao seu lado.

 

Kibum já estava de pijama. Um pijama que dava claramente para perceber que estava à espera de bebé. Jinki olhou para Jonghyun com um ar inquisidor. Este último não sabia o que é que Jinki estava a deduzir daquilo, mas fosse o que fosse estava a lançar Jonghyun aceleradamente para o pânico.

 

Jinki mirou incompreensivelmente Kibum e olhou novamente para Jonghyun abanando a cabeça. Sentia-se perdido. Jonghyun era casado com Kibum e Kibum estava grávido, então, Jonghyun ia ser pai? Mas Kibum não era um alpha? Como é que estava grávido? E por que é que tinha beijado Jonghyun? E por que é que Jonghyun tinha deixado Jinki beijá-lo? Resolveu abandonar aquele lugar o quanto antes. A sua vida já era uma verdadeira lástima não precisava de mais problemas.

 

- Jinki! - Chamou tentando agarrar no braço de Jinki, mas este esquivou-se do toque e continuou em direção ao portão para sair da propriedade. - Minho, seu idiota!

 

Jonghyun não controlou a sua raiva e empurrou Minho, antes de virar as costas ao irmão, ao sobrinho e ao idiota que tinha estragado o momento com que sempre sonhara na sua vida. O momento em que podia estar ao lado de um alpha sem ter medo de estar a cometer um erro. A ligação que sentira com Jinki, o seu mundo a fechar à sua volta, a certeza de estar a fazer a coisa certa, tudo isso, Jonghyun não queria perder, por isso, correu como um louco atrás de Jinki pela rua abaixo. Jinki tinha ido em direção ao carro. Precisava de chegar perto dele antes que este entrasse no carro.

 

Tinha esperado demasiado tempo para se sentir completo daquela maneira, para agora ver tudo destruído por segredos.


Notas Finais


Eu e o Drama somo faces da mesma moeda! Próximo capitulo preparem-se para o Minkey, na realidade preparem-se para todos os pares!!!
Obrigada por lerem <3


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