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História Por Detrás do Sorriso - Família (Parte 3)


Escrita por: ArikaKohaku

Notas do Autor


Aqui estou eu outra vez!! ^^ o especial de natal continua... Espero que gostem

Capítulo 31 - Família (Parte 3)


 

O almoço tinha corrido animadamente. Naquele momento já a tarde tinha chegado e se tornado numa miscelânea de cores cinzentas. O céu estava vedado de nuvens e frio tinha aumentado. Minho garantia que estavam a bater graus negativos, de tal forma, que quando anunciou que iam sair, obrigou Kibum e os dois filhos a vestir casacos grossos, cachecóis e luvas. Minki e Minhyun estavam por demais excitados. O plano do almoço tinha corrido melhor do que o pensado. Eles iam sair pela primeira vez os quatro. Era finalmente como ter uma verdadeira e normal família. O appa, o omma e os filhos.

 

Apesar de refilar Kibum, ao ver o entusiasmo e felicidade dos filhos, não foi capaz de dizer que não. Além disso tivera um ótimo almoço, sentira-se quente e aconchegado, e também aparvalhado. Minho estava a tratá-lo de maneira tão amável. Não era a primeira vez, cada vez que estavam juntos, Minho nunca era outra coisa senão amável, mas naquele dia os seus toques eram familiares ao mesmo tempo que era iguais. Ou seja, Minho tocava-o da mesma maneira e com o mesmo carinho e cuidado com que anos antes o tocara, e tocava de forma diferente dos últimos meses. E sobre tudo isso, tocava à frente de outras pessoas e não parecia incomodado com isso. E Kibum tinha que admitir que quando estava ao lado de Minho a angustia que sentia diariamente diminuía.

 

- Onde é que vamos? - Questionou Minki que estava colado ao vidro do carro desportivo de Minho e que observava a cidade a passar-lhe pelos olhos. Minki e Minhyun estavam os dois no banco detrás do carro, enquanto Minho ocupava o lugar de condutor e Kibum no lugar do passageiro ao seu lado.

 

- Conhecer duas pessoas muito especiais. - Respondeu Minho alegremente. Kibum já mordia os lábios. Conhecia bem a cidade onde crescera. Começou a pensava que Minho estava louco. Por momentos pensou que talvez Minho se tivesse enganado no caminho, ou assim tivera esperança. Porém quanto mais se aproximavam do bairro, mais Kibum tinha a certeza. Olhou em pânico para Minho e este sorriu-lhe de volta, reparando no receio de Kibum, puxou a sua mão e beijou-a, ao mesmo tempo que continuava a conduzir em direção à sua antiga morada. A casa dos seus pais.

 

- Tu não podes fazer isto assim! - Alarmou-se Kibum. Os seus olhos não saiam da figura de Minho. Como é que Minho podia? Ele estava realmente em pânico, nem a confiança que Minho mostrava o estava a acalmar. E a angustia alastrou-se no peito de Kibum. Minho estava mesmo a pensar em ir a casa dos pais e apresentar-lhe as crianças? Assim sem mais nem menos? - Tu não podes fazer isto... Pára o carro Minho!

 

- Está tudo bem Kibum...

 

- Não, não está. Como podes decidir uma coisa destas sem sequer me consultares? O que é que os teus pais vão pensar? O que eles vão pensar ao ver os meninos? Ao ver-me assim? Isto está errado! Pára este carro, já! E o que é que tu lhes vais dizer? Como é que vais explicar? - Minho parou o carro, encostando-o de repente à berma da estrada, não pelo pedido feito por Kibum, e sim porque este começou a chorar compulsivamente.

 

- Omma... - Chamou apreensivo Minhyun. Mas ficou a ver Minho a estender os longos braços para chegar a Kibum, envolvendo-o e de forma a o acalmar.

 

- Tem calma, Kibum, não é preciso estares assim. Está tudo bem. Os meus pais adoram-te. Sempre te adoraram. Para eles vai ser mais do que uma boa surpresa. Além disso, eles já sabem parte da história. - Falava Minho, numa voz baixa que batia na pele suave da cara de Kibum, que estava sobre o seu ombro. Ver Kibum naquele estado cortava-lhe o coração e dava-lhe as certezas para as suas dúvidas. Kibum estava mentalmente instável, talvez fossem as hormonas da gravidez, talvez fosse tudo o que acontecera nos últimos tempos e que acontecera depressa demais, mas fosse o que fosse, a verdade é que Kibum estava infeliz, estava sem confiança, estava inseguro. E Minho não podia esquecer o passado de Kibum. Nunca tinham falado verdadeiramente do que se passara dentro da cabeça de Kibum para o levar a mutilar-se, que o levara a agredir outra pessoa. Mas o mais provável era uma profunda depressão. E se da primeira vez Kibum tinha sido salvo pela gravidez, esta segunda gravidez podia muito bem estar a levá-lo para o mesmo estado depressivo. E Minho, sabia, que não podia deixar isso acontecer. Tinha medo só de pensar que loucuras podia o estado depressivo de Kibum provocar.

 

- Eles sabem? Eles sabem dos meninos? - Admirou-se Kibum nos seus soluços, odiando-se na sua angustia por se sentir tão vulnerável. Odiando-se por estar a sentir coisas que há muitos anos não sentia. Era como se não gostasse de estar na sua própria pele, novamente.

 

- Desde que foste lá a casa à minha procura, que eu tenho estado mais em contacto com os meus pais. O meu omma reparou em algo quando lá foste, assim como sempre reparou que algo estaria entre nós. Ele é muito observador. Quando lhe contei que afinal eras um beta ele não ficou sequer surpreendido, ele já sabia. - Choi-omma tinha confessado exactamente a mesma coisa a Kibum aquando da visita do mesmo à sua casa. - Eu contei-lhe as coisas de forma suavizada e mesmo assim, ele continuou a defender-te. Ele deve ter visto coisas que nós só vimos tarde demais, e muitas delas que só vemos agora... que eu só vejo agora.

 

Minho tentava falar baixinho directamente ao ouvido de Kibum para que as duas crianças do banco detrás não ficassem ainda mais alarmadas. Mas ambos os filhos de Kibum estavam atentos ao estado emocional dos pais, às suas palavras, por isso, Minho tinha de pensar nas palavras exactas que dizia, para que os meninos não ficassem a pensar que podiam estar na origem dos males de Kibum, o que era completamente o contrário.

 

- Desculpa se decidi trazer-te apenas agora e sem sequer te pedir, mas acho que não podemos adiar mais isto. O bebé está quase a nascer e eu quero que os meus pais estejam ao nosso lado daqui em diante. Assim como ao lado de Minhyun e Minki. Por favor, Bum, não tenhas medo, nem estejas inseguro. Eu prometo que estarei aqui ao teu lado. Eu prometo que te protejo. - Sussurrou Minho. Kibum estremeceu, mas algo no seu interior o deixou mais relaxado e a sua vontade de chorar desapareceu lentamente. Inalou o cheiro intenso e forte de Minho. E deixou que a sua confiança fosse restaurada pelo laço que tinha com Minho, e que a lealdade para com o alpha o serenasse. Deixou calmamente que a marca que os unia atuasse. Então, pensou Kibum, aquele era o efeito que um alpha tinha sobre o seu parceiro, entre muitos outros efeitos.

 

Naquele momento, Kibum desejou apenas uma coisa, que Minho nunca mais o deixasse. Mas a seguir a sua parte racional despertou e eles sentiu-se egoísta. Como podia pedir uma coisa daquelas? Mas ele queria tanto Minho. Sempre quisera. Só que ele não tinha o direito a isso. E a angustia continuou, como que corroendo o seu interior. Ele lutava dentro de si mesmo. A sua parte natural ligada a Minho, a sua parte que ainda nem sequer tinha admitido que ainda amava Minho, contra a sua parte racional que achava que não podia ter Minho. Que não podia ser amado por este, que não tinha o direito à felicidade ao lado dele, porque ele tinha destruído a vida de Taeho. Naquele momento, sentiu que os braços de Minho o apertaram ainda mais forte.

 

- Não penses em nada, Bum. Se não confias em ti, então, por favor, confia em mim. - A força de Minho, estava a crescer dentro do beta. Era verdade que naquele momento não tinha grande confiança nele mesmo, mas sempre confiara em Minho. - Eu consigo sentir a tua angustia Bumie. Eu não te quero afogado nela. Se eu estou ao teu lado é porque quero. E se tu pensas que estou aqui por causa da marca, enganaste. Eu estou ao teu lado por escolha minha. Bum, se tu estás triste, fala comigo. Se estás inseguro, vem para os meus braços.

 

- Mas eu não mereço estar ao teu lado. Eu não posso pedir nada de ti.

 

- Claro que podes. - A verdade é que Minho não sabia ao certo o que podia dizer a Kibum para o acalmar. Não sabia como agir, apenas queria estar ao lado de Kibum, sempre. Ali com Kibum ao seu lado tudo lhe parecia correcto, como quase nunca parecia. Ele não o podia deixar escapar para fora dos seus braços. Fosse a marca ou a sua vontade, ou as duas, a sua resolução estava tomada, não iria passar mais nenhum dia longe de Kibum. Não podia, não conseguia, não quando quase morria de preocupação, quando quase morria por pensar que, mais uma vez, não vira o pesadelo em que Kibum estava mergulhado. Apertou Kibum um pouco mais.

 

***

 

O dia estava frio não só na cidade de Kibum como também na capital. Os acordes tocaram dentro do grande auditório do Conservatório Nacional. No seu palco um grande piano de cauda tinha sido posto. Era branco e dourado, era diferente e tinha a marca de um ídolo. Do lado de fora daquelas paredes, muitos estudantes, muitos curiosos faziam fila e apinhavam-se esperando poder ver e assistir ao grande Bin Sun, mesmo sendo sábado. Do lado de dentro o alpha fazia os seus dedos empurrar os dedos brancos fazendo a música soar. Estava ali para um programa de televisão.

 

- Bin Sun... - Chamou o manager, enquanto descia a escadas da plateia em direcção ao palco. Bin Sun estava imerso na música que tocava, por isso, o manager esperou simplesmente, de cotovelos apoiados sobre o estrado da boca de cena. E mais uma vez o próprio manager se sentiu arrepiado com o taleto do seu artista. Bin Sun cantava com alma. Era como levar um murro de forma suave. No fim, o manager ainda estava em estado de transe, quando Bin Sun se virou para ele.

 

Ele já não tinha aquele aspecto de rockeiro da altura em que conhecera Jonghyun. Não era magro ou gordo, tinha a estatura ideal, era alto, talvez pouco mais alto que Minho. Os seus cabelos vermelhos caiam-lhe sobre a cara. Ele parecia uma verdadeira personagem de banda desenhada. Naquele dia vestia uma roupa simples, uma grande camisola branca e quente, umas calças de ganga desgastadas e uns ténis negros. Noutros dias tinha sonhado com grande roupas para atuar, mas agora ele gostava de coisas simples. A vida deixara-o mais humilde.

 

- Estavas a chamar-me Il Won-hyung? - Perguntou, chamando a atenção do manager, que até os olhos tinham fechado.

 

- Oh, sim, sim. Vamos começar as filmagens. - Bin Sun levantou-se do banco do piano e olhou para o auditório. Concertos em grandes estádios eram ótimos, mas eram ainda melhores quando feitos em auditórios como aquele, que no máximo teria 300 pessoas na plateia. Era mais intimista, era como se o artista pudesse chegar melhor a todas as pessoas.

 

- É realmente uma pena que o nosso governo não dê atenção a este conservatório. Este lugar tem um aura ótima. - Comentou Bin Sun, sentido as tábuas do palco rangerem sobre os seus pés. Ele estava ali para ajudar o Conservatório a arranjar dinheiro para fazer obras. Daria uma rápida entrevista. O Director iria mostrar-lhe o edifício, iria mostrar-lhe as condições em que se davam aulas e depois ele terminaria naquele auditório, onde o dinheiro dos bilhetes iria para o Conservatório.

 

Ele desceu e juntou-se ao seu manager. Do lado de fora ouvia-se a azafama dos alunos. Foi apresentado ao director e ao apresentador que iria controlar toda a filmagem com a ajuda do realizador. Pelo director ficou a saber um pouco da história daquela instituição que juntava música e dança dentro das suas paredes. Tinha mais de 100 anos e precisava urgentemente de obras. Algumas salas estavam fechadas porque o tecto estava a cair. Foi guiado a algumas dessas salas, onde o forro do tecto tinha buracos e deixava ver as telhas do telhado. Mostraram-lhe salas de música, estúdios de dança e música. Acompanhou alguns alunos nas suas melodias. Ficou a saber como estavam as turmas e os currículos divididos. Ali só entravam alunos que fossem verdadeiramente talentosos.

 

- Estes são os alunos de mérito. - Disse o director mostrando-lhe as fotografias e os diplomas de prémio que cobriam uma enorme parede. - Desde quase o ano de abertura do Conservatório até ao ano passado.

 

Havia alunos de vários tipos de dança. Havia alunos de vários géneros de música. Ele foi andando pela parede, desde à um século atrás até aos anos mais recente. Foi recolhendo algumas caras, muitos músicos e dançarinos que mais tarde se tinham tornado artistas famosos. Pensou em como teria sido divertido ter frequentado aquela escola. Teria sido como um filme, certo? Como se em cada esquina houvesse uma explosão de criatividade. E no meio de todos aqueles estudantes, no meio de todos os prodígios e méritos algo chamou a atenção dos seus olhos.

 

Era ele.

 

Era Kim Jonghyun.

 

Era a pessoa que procurava.

 

- Ele... - Tremelicou apontando para fotografia. Não tinha muito tempo. Tinha dois anos. Jonghyun tinha-se graduado do Conservatório, apenas dois anos antes. Todo o corpo de Bin Sun tremeu. Ele ficou branco e os seus olhos não mais saíram da fotografia.

 

- Oh, Kim Jonghyun, é normal que o conheça. Ele é conhecido pelas músicas que vende a outros artistas. É também um ótimo cantor, mas prefere ficar na sombra. Um aluno esperto e humilde. Um pacote completo. - Elogiou o director relembrando o seu aluno com claro carinho.

 

- Bin Sun... - O manager entrou no meio da filmagem ao perceber que o seu protegido não estava bem. A cor da face de Bin Sun estava a fugir-lhe. Bin Sun estava a ficar tonto.

 

- É ele Hyung! - Respirou pesadamente Bin Sun, deixando que o manager aparasse o seu corpo, uma vez que estava a ver tudo a andar à roda. - É o Jonghyun...

 

O manager olhou curioso para a figura. Há muito tempo que ouvia Bin Sun falar de Jonghyun. Há muito tempo que Bin Sun procurava pela dita figura. O seu parceiro grávido que tinha fugido. Il Won sabia tudo aquilo que Bin Sun sofrera por causa daquela pessoa que até ali tinha sido só um nome. Mas agora, finalmente, Il Won tinha uma cara que podia associar ao nome.

 

Jonghyun estava ali, naquela fotografia, com papéis e um microfone. Tinha sido o mérito de compositor.

 

***

 

Kibum era abraçado fortemente. Choi-omma tinha-se agarrado a ele, mal ele tinha saído da porta do elevador, tal como tinha acontecido da primeira vez. Atrás deles, Minho trazia Minki e Minhyun cada um de mãos dadas com ele. Minki tinha um ar curioso e Minhyun estava ligeira amedrontado. Enquanto o ómega e o beta se abraçavam e choravam por coisas que não podiam falar em voz alta, Minho trocou olhares com o outro alpha que estava à porta do apartamento. O pai de Minho também presenciava a cena entre o seu marido e companheiro do seu filho. Depois os seus olhos foram até às duas crianças e ficou como que maravilhado. Minhyun era uma replica quase exacta do seu próprio filho.

 

- Kibum tu estás tão bonito. - Soluçou Choi-omma ao mesmo tempo que tentava limpar as lágrimas que estavam na cara de Kibum. Kibum gostaria de ter respondido, mas estava ainda demasiado alterado, ao mesmo tempo que se sentia aliviado. Minho tivera razão, Choi-omma gostava dele, como pudera duvidar? Choi-omma sempre o tratara bem. Sempre fora carinhoso, sempre fora uma fonte de conforto.

 

- Então, vocês são os meus netos, não é mesmo? - Questionou Choi-appa, achando que precisava de ultrapassar o drama dos dois homens emocionais e quebrar o gelo para que as crianças não se sentissem estranhos por estar ali. Ele aproximou-se do seu marido e pousou-lhe as mãos nos ombros ao mesmo tempo que acarinhava a cara mascarada de lágrimas de Kibum e mirava os dois irmãos.

 

Ao ver o seu irmão claramente inactivo, Minki resolveu avançar.

 

- Olá! O meu nome é Kim Minki! Sou o mais velho! - Apresentou-se, colocando-se ao lado de Kibum e estendendo a mão para o alpha para o cumprimentar. Choi-appa olhou o pequeno por momentos curiosos, mas depois gargalhou e apertou-lhe a mão. - Ah, e ele é Minhyun, ele parece mudo, mas ele não é.

 

Se Choi-appa tivesse que adivinhar como era a relação daqueles dois irmãos, ele diria que eles se davam da mesma maneira que os seus pais em crianças. Minki era muito como o Kibum e Minhyun era muito como o Minho. Também Minho, quando era pequeno, era tímido com estranhos. Ele sorriu abertamente e mandou que toda a família entrasse no apartamento, havia lanche à espera. Se não o tivesse feito tinha quase a certeza que teriam ficado horas de frente do elevador. Kibum e Choi-omma pareciam que não se queriam mexer, ou que estavam incapacitados de o fazer. Estavam de braços dados e choravam. Tinham-se tornado automaticamente cúmplices.

 

E a porta do apartamento fechou-se atrás daquela família recém reunida.  


Notas Finais


Não, esta não é a última parte! Mas a próxima é... Aguardem por que vai ser bonita para todos os pares ^^
Mil beijos


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