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História Por que eu te Odiava? - JIKOOK - Hana


Escrita por: Yizhanic e DoVennie

Notas do Autor


[A história está sendo editada para um melhor desenvolvimento da trama. Peço desculpas aos leitores que leram antes a fanfic, mas lhes asseguro que agora o enredo é um pouco melhor do que o anterior.]

Boa leitura ♥️🦢

Capítulo 1 - Hana


Fanfic / Fanfiction Por que eu te Odiava? - JIKOOK - Hana


Menos de um dia se passou, e as notícias se espalharam pelo país como se tivessem asas, superando até mesmo a velocidade em que o fogo se espalha.

Até há algum tempo atrás, vindo das mais nobres das pessoas até às mais humildes, elogios eram direcionados a Park Jimin, o primeiro filho de uma das famílias mais prestigiadas da Coreia do Sul. Ele era descrito como uma espécie de "It Boy" do país asiático, atraindo a atenção das pessoas por seu carisma, personalidade, gentileza e humildade.

Park Jimin tinha apenas vinte e quatro anos e mesmo após seu casamento, o jovem continuou sendo descrito como o exemplo entre os ômegas de toda a sociedade sul-coreana. 

Gentil, obediente e submisso.

No entanto, quem esperaria tal reviravolta? Quem esperaria que o ômega, fofo e simpático, era na verdade um ser humano vil e errôneo? Quem imaginaria??

— Jimin? Você está aí?

O ômega se encolheu contra a parede de seu quarto, abraçando suas pernas e escondendo sua cabeça entre seus joelhos. Ele não levantou sua cabeça quando escutou seu nome ser chamado e tão pouco respondeu seu marido.

Passos foram ouvidos no cômodo escuro até que parassem quando o alfa se sentou na cama de seu esposo. Ele olhava para a forma encolhida de Jimin no canto do quarto escuro e sentia seu coração se despedaçar com as crueldades que estavam falando sobre ele lá fora.

Eles não estavam na Coreia, porém as notícias chegaram até Atenas da mesma maneira. 

Sua família estava em pânico com a situação, mas ele apenas conseguia se preocupar com seu esposo.

Suspirando, o alfa se levanta e se senta ao lado de Jimin, sentindo-o estremecer quando o sentiu se aproximar. 

Aos prantos, Jimin indagou, — Por que tudo isso tem que acontecer?? Não estava tudo bem??!

Seu marido não o respondeu, porém não era com isso que Jimin se importava. Ele continuou, — Eu só queria esquecer, eu só queria poder apagar essa pessoa que eu era. Por que é que tudo está voltando assim??

Uma mão quente acariciou seus cabelos e Jimin despencou para o lado, deitando sua cabeça nas coxas de seu marido.

Com a voz falha, ele sussurrou, — Me desculpa, por favor, me desculpa.

— Jimin, você não…

— Não, eu preciso. — o ômega o interrompeu, olhando para seu marido, — Você me deu tanto, uma vida tão feliz, e eu nunca te pedi perdão pelo que eu fiz a você. Por favor, me perdoe.

— Eu já te perdoei há tanto tempo, Jimin.

Jimin caiu em lágrimas novamente, negando freneticamente com a cabeça enquanto as coisas que aconteciam ao seu redor davam voltas em sua mente. 

E então, ele se lembrou daquele homem. Se lembrou das palavras dele, da ameaça, do aviso que ele o deu. Aquele homem sabia demais, muito mais do que alguém de fora, que Jimin não conhecia, poderia saberia. 

O ômega estremeceu, — Quem é você? O que você fez?? Como você sabia???

Seu marido o olhou com confusão, — O que?

Jimin, — Não, ele não saberia disso. Ele não tem como saber disso, ninguém sabia…

— Jimin??

— Ele não tem como saber!! 

O alfa segurou seus braços e tentou acalmá-lo, porém o ômega estava desesperado e se debatia em seus braços histericamente. O mais velho grita com ele, — Jimin, se acalme!! 

Jimin, — Por que isso está acontecendo??

— Porque você não sabia o que fazia, não é sua culpa!

O ômega negou com a cabeça, — Não, não, não, eu sabia o que eu estava fazendo! Eu não era estúpido, é claro que eu sabia, mas… por que… por que foi você?? Por que tinha que ser com você??

— Jimin…

Jimin estava desesperado. Seu rosto já estava encharcado pelas lágrimas e ele negava com a cabeça freneticamente, inconformado, incrédulo, sentindo-se uma pessoa horrível. 

Insistente, seu marido exclamou, — Se acalme, você está deixando que as palavras daquele homem te influenciem! 

Jimin gritou, — Mas ele está certo! Por que eu fiz isso?? Qual era o meu problema? O que você tinha feito comigo para isso, hein?? Por que?? Por que eu te odiava??

Por que eu te odiava??

– – –

Tempos antes

A noite estava fria e Jimin apenas esperava que seus pesadelos parassem de atormentá-lo. 

Sua casa jazia escura e quieta, indicando que não havia ninguém acordado para fazer-lhe companhia. No entanto, está tudo bem, ele já estava acostumado com isso, a ficar sozinho. 

Do lado de fora, o vento balançava os galhos da árvore de ameixeira em frente a sua janela, cutucando o vidro levemente. Aquele era o único som que tinha no quarto, depois dos suaves estalos do carvão fervente no cômodo. 

Suspirando, o ômega se vira de um lado para o outro em sua cama até que seus olhos caíssem na lareira de seus aposentos pessoais. 

As chamas baixas diziam que ele precisava alimentar o fogo, porém ele não se moveu para o fazer. Seus olhos dourados estavam firmes no fogo, imagens de uma era distante assombrando sua mente antes que o toque de seu telefone o tirasse daquele desvio.

Sua mão se move automaticamente e pega o aparelho, atendendo a ligação sem ao menos ver quem era. Sua mente estava longe e ele sequer se preocupava se sua mãe fosse repreendê-lo por estar acordado de madrugada. 

E então, a pessoa do outro lado da linha sussurrou, — Sem sono, meu amor?

Jimin se assusta e se senta rapidamente na cama, apenas para se deitar novamente quando uma forte tontura o atingiu. Respirando fundo, o ômega indagou, — Aconteceu alguma coisa?

Um suspiro tenso foi escutado do outro lado, — Eu só queria conversar, sabe? 

O coração de Jimin despencou e ele segurou o pranto que queria sair por seus lábios, — Você…

O homem interrompeu, — Só… você consegue sair de casa? Vou estar te esperando do lado de fora.

Jimin nem pensou duas vezes, — Tudo bem, eu estou indo. 

Quando a chamada foi encerrada, o ômega se levantou de sua cama e pegou um sobretudo de cor escura de seu closet antes de se aproximar da janela de seu quarto. 

Após olhar de um lado para o outro, Jimin se apoiou no parapeito e puxou o galho da ameixeira, trazendo-o para perto. Sentindo-se seguro, ele se segurou nos galhos e pulou para cima da árvore, descendo seu tronco e finalmente encontrando o chão. 

A noite estava realmente fria, fazendo-o se encolher em seu sobretudo e caminhar com calma pelo grande gramado do jardim de sua mansão. Havia algum segurança aqui ou ali, mas Jimin já conhecia bem as rondas de cada um deles e conseguiu despistá-los sem dificuldades. 

Ele finalmente chegou ao lado de fora depois de abrir o portão da residência. Respirando fundo e pesadamente, Jimin se dispôs a caminhar por um tempo até que seus olhos encontrassem uma figura sentada em um banco. 

O aroma de pinho siberiano alcançou seu olfato e o ômega imediatamente se aproximou. O alfa se levantou de seu assento e avançou, prendendo-o em seu abraço. 

Jimin, — Vou estar encrencado se alguém descobrir que eu saí. Não tinha um horário melhor para isso? É tão urgente assim? 

O alfa respirou fundo e respondeu, — Fiquei com medo de demorar demais e você acabar se interessando por outra pessoa.

Uma risada deixou os lábios de Jimin, — Como se isso fosse possível. 

O mais velho os guiou até uma área remota, um lugar onde era movimentado durante o dia, mas extremamente quieto durante a noite. Se ele estivesse ali sozinho ou com qualquer outra pessoa, Jimin provavelmente não confiaria.

Mas seu alfa não era qualquer pessoa.

Ali, havia um grande banco feito de mármore. O alfa estendeu seu casaco na superfície antes de chamar Jimin para se deitar com ele. 

Jimin se aconchegou em seu abraço e indagou, — O que aconteceu, Woosung?

Woosung respirou profundamente e respondeu, — Eu só… estava pensando na nossa discussão, e sinto que foi a coisa mais estúpida que eu já fiz com você. 

O ômega olhou para ele com um claro brilho de esperança em seus olhos claros. Woosung continuou, — Sei que devo ter sido imaturo, mas… você sabe que eu não gosto quando você conversa com o Sejun, ainda mais com o passado de vocês.

Jimin, — Sejun sempre foi meu amigo, Woosung, e ele só estava me fazendo uma pergunta.

Woosung, — Eu sei, mas eu não consigo evitar, Jimin. É mais forte do que eu.

O ômega desistiu de falar, não adiantava dizer nada quando Woosung estava assim. Ele perguntou, — Você… quer voltar?

Woosung olhou para ele, — No momento, não. Eu quero, sabe, fazer um tipo de recomeço. Você se lembra como nos conhecemos, certo?

Jimin riu, — Como eu poderia esquecer?

Woosung, — Eu quero que a gente comece de novo, entende? Acha que é uma boa ideia?

Lentamente, Jimin se sentou e o encarou, — Na nossa situação, eu acho uma boa ideia, mas eu queria saber… por quanto tempo vai durar?

— Até que minha confiança em você retorne. 

Aquelas palavras o magoaram, mas Jimin fez o possível para não o demonstrar. Ele respondeu, — Okay, vamos fazer isso. 

Woosung sorriu para ele e se sentou no chão com ele antes de segurar seu rosto com suas mãos. O mais novo se esforçou para sorrir, sentindo seu forte coração bater descontroladamente contra sua caixa torácica. 

O alfa beijou sua boca com lentidão e Jimin se dedicou a retribuí-lo com seu corpo queimando de saudades pelos dois longos meses em que ficaram separados. 

Seu ex-namorado era uma pessoa com uma vida complicada, porém Jimin sempre foi alguém que se esforçou para acompanhá-lo e entendê-lo em seus momentos difíceis, mas, às vezes, o ômega desejava que Woosung o entendesse também.

Quando o sol raiou no horizonte, Jimin seguiu sua rotina no automático, cumprindo seus afazeres, no entanto ele não conseguiu deixar de pensar em Woosung e em sua conversa na noite passada. 

É claro que não falaria para seus pais o que ele e Woosung combinaram, afinal os mais velhos não gostavam nenhum pouco do alfa, tanto que já o proibiram de vê-lo, no entanto um ômega com um coração apaixonado não era capaz de obedecer. 

Seu dia foi monótono e cansativo, nem mesmo a companhia de seu melhor amigo, Taehyung, foi capaz de ajudá-lo. O outro ômega pareceu reparar que havia algo de errado com ele, porém não disse nada e Jimin só tinha a agradecê-lo. 

E então, a noite chegou novamente. 

Jimin estava em seu quarto, revisando alguns conteúdos de sua faculdade, quando seu telefone começou a tocar. Seu coração já dizia quem era e foi isso que o fez largar os livros e atender a ligação. 

Não importa se ainda estavam separados, o ômega apenas desejava se encolher no abraço de seu alfa e dormir sentindo seu aroma. 

Parecia ser a única coisa que o mantinha são. 

– – –

As lágrimas rolavam soltas em suas bochechas enquanto seus olhos fitavam a pele pálida da mulher a sua frente. 

Seu rosto estava tão sereno, tão limpo e lindo, como o perfeito anjo que ela era. O longo vestido branco e os pés descalços davam um traço de pureza para ela e o alfa se sentia sortudo pela última imagem que estava tendo de sua esposa. 

Seu coração se apertou dolorosamente e sua mão se moveu em direção a dela, segurando-a em um aperto forte na palma fria e sem cor. Ele quase esperava que ela abrisse os olhos e sorrisse brilhantemente para ele, perguntando porque ele estava chorando.

O homem queria rir de sua própria estupidez, no entanto ele continuou ajoelhado ao lado de Somi enquanto os últimos resquícios daquilo que chamava de coração se desfaziam em pó. 

— Jungkook?

O alfa não se moveu, seus olhos ainda presos nas pálpebras fechadas de Somi.

Se ela estivesse deitada em uma cama e algum ser de fora a visse, poderia dizer que a ômega estava apenas dormindo tranquilamente e tendo lindos sonhos. 

— Jungkook, venha.

Ele continuou parado, se recusando a deixar sua esposa para trás outra vez. Jungkook sequer se preocupou em responder seu pai, como se ele quisesse gravar aquela última imagem de sua amada esposa em sua mente.

Pelo menos, ela estava melhor do que quando estava presa em uma cama de hospital por duas longas semanas antes de vir a óbito.

Suspirando pesadamente, Woong se aproximou de seu filho mais novo e segurou seu ombro. O alfa não se moveu, os olhos azuis foscos e sem vida ainda estavam presos na imagem de sua ômega.

Jinah se aproximou logo em seguida e viu a cena de seu marido tentando levantar seu filho. Ela já havia derrubado lágrimas demais para um único dia, no entanto uma nova enxurrada parecia estar se aproximando dela.

De repente, a voz de Jungkook se faz presente, rouca e distante, — Ela sempre dizia que quando morresse, queria um velório diferenciado. Queria que toda sua família estivesse de branco e sem sapatos, uma imagem pura e memorável ao invés de uma cena sombria e escura. 

Jinah não aguentou e começou a chorar outra vez, olhando para o semblante sereno de sua nora amada.

Jungkook continua, sua voz se embargando aos poucos pelo pranto que se aproximava, — Ela queria ser cremada e que suas cinzas fossem espalhadas na água da praia durante a noite, seu lugar preferido em todo o mundo. 

Woong respirou fundo enquanto lágrimas silenciosas escorriam de seus olhos. Com o coração apertado, o alfa mais velho suspirou e se agachou ao lado de seu filho mais novo.

Ele falou, — Meu filho, venha. Por favor.

O mais novo finalmente se rendeu e soltou a mão de Somi antes de esconder seu rosto em seus braços. O choro veio com força, fazendo seu corpo tremer enquanto sua garganta se fechava com os soluços que escapavam de seus lábios. 

Ambos os mais velhos não conseguiam ver aquela cena sem sentir suas respirações falharem. Mesmo com as mãos trêmulas, Woong segurou os ombros do mais novo, antes de se levantar do chão levando seu filho consigo. 

Soluçando, Jungkook escondeu seu rosto no ombro de seu pai, sentindo as mãos dele fazendo um leve carinho em suas costas na tentativa de acalmá-lo. Jinah se aproximou logo em seguida, acariciando os cabelos de seu filho enquanto lançava um olhar desamparado para seu marido. 

Cerca de cinco minutos se passaram para que o alfa mais novo finalmente se acalmasse, mesmo que os leves soluços e o rosto marcado pelas lágrimas indicassem o que ele sofreu antes. 

Seus olhos se moveram em direção ao caixão de sua esposa, vendo a mulher de sua vida deitada naquele lugar com suas mãos cruzadas sobre o peito. Ela ainda tinha o ar sereno e puro ao seu redor mesmo que estivesse morta, o que o devastou ainda mais. 

— Vamos. — seu pai falou em um tom baixo, como se temesse que ele se assustasse se falasse mais alto — Precisam levar o corpo dela para o crematório. 

Jungkook  queria ficar mais, porém sabia que a dor apenas aumentaria se continuasse. 

Com um único aceno para seus pais, ele avança em direção ao caixão, segurando na mão de sua esposa uma última vez. Seus pais ficaram no canto, apenas observando enquanto Jungkook dava seu último adeus. 

Sua despedida foi breve, embora significativa, uma vez que já tinha se despedido dela antes de seu último suspiro no hospital. Carinhosamente, o alfa deixou um leve beijo nas costas da mão dela antes de colocá-la de volta sobre seu peito.

Com isso, Jungkook se afastou do caixão e saiu com seus pais do cômodo. Ele estava um pouco tonto pelo choro intenso, porém conseguiu andar até seu quarto, o mesmo quarto em que antes dormia com ela, ainda com seus pais em seu encalço.

Quando adentraram o cômodo, eles viram Délia, a governanta da mansão de Jungkook, dentro do quarto. Ela estava deixando uma bandeja em cima da cômoda ao lado da cama quando os viu entrar. 

Assim como todos, Délia também tinha traços de lágrimas secas em suas bochechas. Uma vez que Jeon Somi era amada por todos que a conheciam, eles compartilhavam a mesma dor e saudades. 

Délia falou, — Trouxe um pouco de chá para que você possa dormir, meu senhor.

Jungkook queria rejeitar a preocupação, mas sua mãe rapidamente o segurou. Jinah disse, — Ela está certa. Durma um pouco, meu filho. 

O alfa mais novo assentiu com a cabeça e se virou para sua governanta, — Obrigado, Délia.

A ômega sorriu tristemente para ele, — Não há de quê, meu senhor. Com sua licença. 

Délia se retira do cômodo, deixando os três sozinhos. Jungkook se aproxima de sua cama e se senta no colchão, antes de pegar a xícara de chá em suas mãos. 

Quando terminou de ingerir o chá de maracujá que Délia trouxe, Jungkook se deitou em sua cama e se cobriu com o edredom. Aos poucos, seus olhos foram se fechando, mesmo que a última coisa que ele quisesse fazer agora fosse se deitar e dormir.  

Seus pais ficaram no cômodo até que o mais novo finalmente pegasse no sono, como se tivessem medo que alguma coisa acontecesse com ele enquanto o chá fazia seu efeito. 

Ou talvez só estivessem ali para garantir que o alfa realmente dormiria. 

De qualquer maneira, eles permaneceram no lugar e apenas saíram quando tiveram certeza de que Jungkook estava a dormir profundamente. Os dois ainda tinham que cuidar da família de Somi e de sua própria família que vieram para o velório. 

Jungkook dormiu até às sete e vinte da noite. 

Olhando para o seu reflexo no espelho, o alfa se sentia extremamente exausto, no entanto ele não se perdoaria se por acaso perdesse o funeral de sua esposa por conta de uma forte indisposição.

Respirando pesadamente, ele se abaixa na pia e joga um pouco de água em seu rosto, molhando seu colarinho no processo. 

Seu coração apertou ainda mais em seu peito, fazendo sua respiração falhar e sua cabeça queimar de agonia. Seus joelhos cederam e ele apenas não foi ao chão por conta da pia onde se segurou. Um uivo ensurdecedor ecoou dentro de seus ouvidos, fazendo sua cabeça zumbir agudamente. 

Jungkook demorou um tempo para perceber o que era aquilo que estava acontecendo, no entanto ele reconheceu o chamado desesperado. 

Era seu alfa interior implorando que sua alma gêmea voltasse. 

Sua visão embaçou e mesmo tonto, Jungkook se levantou, apoiando-se nas paredes do banheiro para conseguir ficar de pé. Ele se arrastou em direção a porta do banheiro, voltando para o quarto, e sentou em sua cama.

Tentando normalizar sua respiração e desacelerar seus batimentos cardíacos, o alfa respirou fundo e contou até vinte, esperando que apenas isso seja o bastante para que ele consiga se levantar.

De repente, o som de duas batidas o despertou e então a porta de seu quarto fora aberta.

— Ei, você está pronto?

Jungkook soltou um baixo suspiro e negou com a cabeça, vendo o mais velho adentrando o quarto e se sentando ao seu lado na cama.

— O pai estava preocupado, me mandou vir aqui.

Uma risada sem ânimo deixou os lábios do homem mais novo. Ele respondeu, — Eu deveria imaginar. 

Seokjin olhou para ele com aquele olhar que Jungkook conhecia bem, — A mamãe tem uma proposta para você e para Sohee.

Confusão tomou conta do rosto de Jungkook, — Que proposta?

Seokjin se levantou da cama, falando calmamente, — Vamos conversar com ela, será mais fácil para você. 

Um suspiro cansado escapou dele, mas Jungkook assentiu. Ele se pôs a se arrumar para o funeral, vestindo novas roupas brancas uma vez que já tinha passado o dia inteiro com as anteriores. 

Seokjin ficou no quarto, observando a coleção de livros de seu irmão mais novo até que o outro se aproximasse, pronto para enfrentar sua dor mais uma vez.       

A noite era bonita, mas aquela estava sendo a mais horrenda de todas, perdendo apenas para a noite em que o mundo dele desabou totalmente.

O mar estava calmo e escuro, o som das ondas batendo nas rochas era agradável aos ouvidos, mas Jungkook apenas se sentia ainda mais inquieto. 

Toda a família estava reunida, a sua e a de Somi. Cada um deles vestia um traje branco brilhante em homenagem ao desejo da ômega. Nenhum deles usava sapatos, deixando que a areia da praia sujasse seus pés enquanto escutavam o padre iniciando a oração.

Jungkook sequer conseguiu prestar atenção nas palavras do homem, tanto que quando as pessoas ao seu redor começaram a repetir as palavras do padre, ele continuou calado, observando a lua que brilhava em cima do horizonte negro.

E então, as cinzas de Somi foram entregues.

As três pessoas que a ômega mais amava deram um passo à frente; Jungkook, o pai de Somi e a irmã de Somi. Os três receberam um punhado das cinzas em suas mãos antes de caminharem juntos até um píer construído em cima da água. 

As suaves ondas da praia corriam debaixo da madeira do píer e com o som das ondas, cada um deles disse suas últimas palavras para Somi.

O pai dela foi o primeiro, — Minha filha linda, sempre tão meiga e carinhosa, cuide de sua mãe aí em cima por mim. Eu te amo, minha pequena. 

A irmã de Somi logo tomou a frente, — Minha querida irmã, sempre pensei que partiríamos juntas, mas vejo que o ser divino tem outros planos. Fique segura e espere por nós. Eu te amo, minha idola.

Quando Jungkook não disse nada, pai e filha o olharam surpresos, vendo o alfa apenas encarando a lua brilhante. 

Ele tinha tanto para dizer que não sabia nem por onde começar. Era capaz de assim que abrisse sua boca, as lágrimas cairiam novamente, mas ele tinha que dizer algo para ela. Algo que ele nunca tinha dito. 

E então, ele respirou fundo e começou, — Meu amor, dentre todas as pessoas deste mundo, você foi aquela que me fez mais feliz do que eu poderia imaginar. Você foi a responsável por me levantar quando eu estava prestes a desistir. Quando aquele que eu pensei amar me destruiu, foi você quem me ajudou a superar e correr atrás da minha felicidade. 

— Sem você, eu confesso, não vivo, mas por você e nossa filha, eu abro os mares e enfrento o mundo. Eu só desejava ter conseguido te fazer feliz da mesma maneira que você me fez, Somi. 

— Eu te amo, desde o primeiro olhar até seu último suspiro. Obrigado, meu amor, por ser a mulher mais incrível que eu poderia ter conhecido e a esposa mais amada que eu poderia ter tido.

Juntos, eles jogam suas mãos para cima e deixam que os ventos levem a cinzas com sua brisa. 

As lágrimas caíram lentamente dos olhos deles, enquanto observavam a lua brilhante no céu.

— Você a fez feliz mais do que qualquer outra pessoa, Jungkook.

Jungkook olhou para seu sogro e tentou sorrir, o que não saiu corretamente, então ele apenas acenou com a cabeça. Somin olhou para seu cunhado e completou as palavras de seu pai, — Ele está certo, nunca pense o contrário. Acredite em nós.

O alfa finalmente conseguiu sorrir para eles, sussurrando com a voz falha, — Obrigado. 

Somin, — Vamos voltar?

Jungkook, — Vou ficar aqui um pouco, depois eu volto. 

Os dois acenaram com a cabeça e saíram depois de dar um abraço no alfa. Com o coração mais tranquilo, Jungkook se sentou na beira do píer, sentindo as ondas da praia molharem seus pés descalços. 

Ele continuou fitando a lua, lembrando-se dos encontros e momentos que teve com sua esposa. Ela sempre gostou da noite e da praia, o que resultava em quase todos os encontros e piqueniques entre eles acontecendo nesse horário e local. 

Suspirando, Jungkook sussurrou, deixando que mais lágrimas molhassem suas bochechas, — O que eu farei agora, Somi?

A única resposta que ele recebeu foi o som das ondas e uma estrela brilhando mais forte no céu noturno.    

     



Notas Finais


🪷 [Última modificação: 05/03/2023]

Bem, bem, primeiramente agradeço pela chance que deu a essa história tão batalhadora, espero não decepcionar, meu anjo ☺️🤍♥️

Até o próximo capítulo ♥️☄️


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