Acordei com o som de batidas frenéticas na porta de meu quarto.
— Nerissa, estamos atrasados! — Apolo berrou do outro lado da porta.
Me levantei num único pulo e olhei o relógio, tenho 30 minutos pra chegar na escola.
Corri para o banheiro e me arrumei em tempo recorde.
Desci as escadas e vi Apolo parado em frente a porta, olhando o relógio.
— Vamos. — Corremos para o carro.
* :。.。 。.。: *
Corri desesperadamente até a sala, para descobrir que o professor ainda não havia chego.
Suspirei aliviada e me sentei no único lugar vago, um lugar ao lado de Louis.
— Bom dia Nerissa. — Ele me da um sorriso gentil.
— Bom dia, Lou Lou. — Sorrio de volta.
— Eu estava pensando, se você por acaso não quer ensaiar comigo para peça no intervalo. — Ai isso não vai prestar.
— Tudo bem pra mim. — Isso, aceita e ignora seu mal pressentimento.
— Bom dia turma. — o senhor Friedman entra na sala e senta em sua mesa. — Fizeram seus deveres?
* :。.。 。.。: *
Mas que bela merda.
Louis decidiu ensaiar a porcaria da única cena que não ensaiamos.
Essa ai mesmo que você tá pensando.
E fica pior.
Alguns alunos da nossa sala querem nos ver ensaiar.
O que é um peido pra quem ta todo cagado não é mesmo.
Anthony está entre estes alunos...
Péssimo, universo, péssimo.
Ele é todo desconfiado de Louis, e cismou que ele está afim de mim, o que só piora ainda mais a situação.
Será que da pra ficar pior?
Melhor eu calar a boca.
Fomos para área de jardinagem, onde teríamos mais espaço e talvez um pouco de privacidade.
Nosso amigos sentaram na grama e eu me virei para Louis nervosa.
Ele se deitou no chão.
Está é a cena em que a Fera está prestes a morrer e a Bela diz a ama, fazendo ela voltar a ser um príncipe e onde trocam um beijo.
— Por favor, não me deixe. — Faço uma voz chorosa e me debruço sobre Louis. — Eu te amo. — Murmuro alto suficiente para que nossa "plateia" escute.
— Corta! — Isis grita batendo palmas.
— Que? — Louis se levanta. — Mal começamos.
— Não há nada demais pra ensaiar, Louis. — Isis estreita os olhos na direção do irmão.
— Mas podemos ensaiar a parte depois da transformação... — Ele olha para mim e eu desvio o olhar pra Anthony, que está de cara feia.
— Não precisa ensaiar essa parte. — Ela olha o roteiro. — Ele só rodopia ela no ar e acontece o beijo, as falas são pouquinhas.
— Nissa, seu celular está tocando. — Rick diz apontando para ele ao seu lado.
— Obrigada.— Eu o pego do chão e atendo. — Alô?!
— Nerissa?!- Apolo parece desperado do outro lado da linha.
— O que houve Apolo? — Pergunto preocupada.
— A a a mamãe...H-Hos-hopital, rápido! — Foi o suficiente para que eu entedesse.
— Estou indo, aguenta firme. — Desligo e me viro em direção a saída.
— Ei ei. — Anthony me segura pelos braços. — Onde você vai?
Meus olhos ardem, devido as lágrimas que já se acumularam ali e eu respiro com dificuldade.
— Minha mãe. — É tudo que consigo dizer com a foz saindo como um fio, mas é o suficiente para que ele entenda.
— Eu te levo. — Segui com ele para a saída.
Meu coração batia acelerado e uma sensação ruim dilacerava meu peito.
Tudo estava tão bem ontem, o que poderia ter acontecido para ela ir para o hospital?
* :。.。 。.。: *
O hospital possuía uma recepção no formato de um largo retângulo com um balcão encostado na parede esquerda e cadeiras do lado direito em frente a uma janela que ia do chão ao teto, onde algumas pessoas esperavam atendimento.
Eu apenas corri até o balcão.
Odiava o cheiro álcool e luvas de látex.
Odiava estar naquele lugar de novo.
Me causava dor.
— Eu estou procurando Ártemis Longbottom. — A mulher me olha e depois encara a tela de seu computador.
— Peguem aquele elevador para o segundo. — Ela aponta para máquina metálica. — Os nomes, por gentileza.
Eu já havia ido pedir o elevador, apertando o botão desesperada.
— Nerissa Flaydd e Anthony Collins. — Ela entrega crachás a Anthony e ele me acompanha até o segundo andar.
Quando chegamos, logo de cara vejo Apolo sentado com o rosto enterrado nas mãos.
— Apolo. — Ele levanta a cabeça quando eu o chamo, revelando seus olhos vermelhos do choro recente.
Ele me abraça forte e eu me permito chorar baixinho em seus braços.
— Onde ela está ? — Ele me soltou e me levou até um quarto.
E lá estava ela.
Com vários tubos enfiados em sua garganta e máquina contando seus fracos e quase inaudíveis batimentos cardíacos.
Doía vê-la assim.
De repente eu tinha 7 anos de novo e estava diante da primeira agravação de seu caso.
Foi quando ela precisou pela primeira vez daqueles aparelhos para respirar, pois seu pulmão estava enfraquecido.
Me aproximei e segurei sua mão.
De repente a máquina começou a fazer um som estridente e o medidor cardíaco parou de fazer ondas.
— Não, não, não! — Me desfiz em lágrimas, segurando seu corpo.
Senti braços fortes me envolverem e me tirarem de perto dela.
— Calma, Nissa. — Anthony me puxou para si, enquanto os médicos se aproximavam com um desfibrilador.
— Afastem- se. — Eles esfregaram um aparelho no outro. — Carregue com 40 A. — Eles continuaram a esfregar o aparelho um no outro e chocaram contra o peito dela.
BUM.
Eu dei um pulo nos braços de Anthony, chorando copiosamente, tentando a todo custo chegar até ela.
— Não adiantou, aumentem a potência! — Gritou o médico. — 70 A.
BUM.
Pulei outra vez e Anthony acabou me tirando do quarto.
— Nissa, fica calma por favor. — Ele tirou algumas mechas de cabelo, que grudavam nas lágrimas, do meu rosto.
— A minha mãe. — Eu disse entre soluços. — Ela...não...pode...me deixar. — Ele me abraçou e continuei me desfazendo em lágrimas sem conseguir me conter.
* :。.。 。.。: *
Três horas se passaram e nenhuma notícia dela.
Vi um médico passar e fui em sua direção.
— Você pode me dizer com minha mãe está? — Pergunto e ele assente.
— Escute...
— Nerissa!
— Nerissa, sua mãe escapou por pouco da morte. — Sinto um aperto no peito. — Eu temo que ela não ficará conosco por muito tempo.
Eu recomeço a chorar.
— Quanto tempo? — Apolo aperta meu ombro de leve, nem havia percebido que estava ao meu lado.
— 6 meses...O pulmão dela está cada dia que passa mais fraco e com mais dificuldades de passar ar a ela. — Ele faz uma pausa, para que nós absorvamos as notícias. — Ela terá que ficar aqui, mas vocês poderam visitá - la sempre.
— Podemos vê-la agora? — Pergunto com a voz fanhosa.
Ele assente e caminhamos até seu quarto.
Eu paro em frente a porta de seu quarto ao lado de Apolo.
Nós nós entreolhamos.
Meu irmão estendeu a mão, para que eu a segurasse, o que eu fiz sem pensar duas.
Voltamos a encarar a porta, respirando fundo, puxando todo ar que podíamos para nossos pulmões junto com uma dose de coragem para encarar o que viria a seguir.
Entramos no quarto com a visão costumeira de nossa mãe, lendo seus preciosos diários.
Os tubos agora estão em seu nariz, mas ela sequer parece se incomodar com isso.
É uma guerreira, a melhor que eu conheço.
Ela sorri quando nos aproximamos.
— Meus bebês. — Ela chama docemente.
— Mamãe. — Sussurramos como duas criança e a abraçamos cuidadosamente.
— Eu não irei a lugar nenhum, não agora. — Ela olha para Anthony encostado no batente e sorri.
— Olá Anthony. — Ele sorri e se aproxima também.
Minha mãe fica séria de repente e diz:
— Nissa...quero te pedir uma coisa.
— O que quiser, mãe. — Seguro suas mãos frágeis.
— Não desista da peça. — Mordi o interior da bochecha. — Eu te conheço, filha, e você já fez isso antes.
Em nossa antiga cidade, eu estava prestes a atuar a fantástica fábrica de chocolate,quando soube que havia tudo outra recaída, então acabei desistindo para ficar com ela.
Ela acariciou meu rosto e eu sorri.
— Eu quero ver você atuar e dar o melhor de si no que ama. — Seus olhos brilharam. — Me prometa, que não vai desistir.
— Eu prometo.
A porta se abre levemente e me espanto ao ver Anne com Louis e Isis atrás de si.
— Annabeth?! — Olho surpresa para minha mãe.
Anne se aproxima e toca o rosto da minha progenitora.
— Quanto tempo Tete. — Seus olhos lacrimejam.
— Se conhecem? — Minha mãe e Anne riem de nossas caras confusas.
— Éramos amigas no tempo de escola. — Explica Anne.
— Contamos a nossa mãe o que aconteceu e ela nos trouxe aqui, mas por essa eu não esperava. — Isis diz, vindo para o meu lado.
— Não pude deixar de ouvir a conversa de vocês e acho que posso dar um jeitinho de você assistir a peça, Tete. — Anne sorri ternamente.
— Que maravilha. — Minha mãe sorri — E como está o Raiden?
Nós ficamos conversando até o anoitecer.
Minha mãe estava feliz, mas agora eu vou viver com medo, as coisas mudaram a partir de hoje tudo será diferente.
Pois agora sinto que a partir de hoje posso perder minha mãe a qualquer instante.
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