História Por toda eternidade - Capítulo único: Proibidos

Sasuke Uchiha era um vampiro impiedoso e cruel, um completo sanguinário, segundo os rumores. Então porque ele parecia tão inofensivo acima dele? Não inofensivo, mas… amoroso? 

— Aah… Sasuke… — Gemia o beta, enquanto era estocado pelo vampiro.

Era proibido. Aquele tipo de relação entre dois seres diferentes era totalmente proibida! Um beta com um vampiro? Era abominável aos olhos da sociedade. Principalmente quando os seres em questão eram um Uzumaki junto a um Uchiha. Todos sabiam que eram famílias importantes dentro de suas respectivas espécies, além de rivais.

Mas Naruto e Sasuke não queriam saber. Eles não davam a mínima para as regras e normas. Não quando estavam sozinhos naquela cabana no meio do nada se amando. Isolados de todo o resto do mundo, eles não eram o beta da alcateia Uzumaki ou o príncipe Uchiha. Não havia uma inimizade histórica os separando, não enquanto Sasuke o estocava. 

— Eu vou sentir sua falta… — Sussurrou o Uchiha se aconchegando ao corpo do lobo, após a noite selvagem que tiveram.

— Eu também, Sasu. Eu também… — Naruto conteve as lágrimas que estavam a teimar, sem querer deixá-las rolarem pelo seu rosto bronzeado.

As mãos pálidas do mais velho acariciavam a sua bochecha enquanto as orbes ônix se fixavam nas azuis. Por que não podiam simplesmente ficar juntos? 

— Por que não largamos tudo e fugimos para bem longe de tudo isso? — Naruto sugeriu. 

Era uma ideia tentadora, entretanto, as consequências que viam com essa escolha eram avassaladoras.

— Porque uma guerra se iniciaria e uma caça aos vampiros e lobisomens também. Todos que amamos iriam se perder em batalhas e mais batalhas. — Respondeu Sasuke, amargurado.

Ele era, sem dúvidas, o mais sensato dos dois. Se fosse pelo loiro, já teriam fugido juntos a tempos. 

— Isso é uma droga. — Abriu um sorriso enquanto encarava o parceiro se levantando.

Era um sorriso triste, afinal, aquela noite era a despedida deles. Era o fim desse perigoso relacionamento entre espécies.

— Sinto muito. — Sussurrou Sasuke, antes de desaparecer na escuridão da noite.

— Eu te amo. — Gritou abafado, com o rosto pressionado pelo travesseiro.

Não aguentou segurar mais, suas lágrimas inundavam seu rosto. A vida era cruel, e as pessoas piores ainda. Sentia um aperto no peito cada vez maior ao pensar que não poderia ficar com seu amado, justamente por causa das pessoas a quem ele mesmo amava. Sua família. Sua alcateia. Sua espécie.

Foi a primeira vez em todos os seus 25 anos que se arrependeu de ter nascido licantropo. Se fosse um mortal qualquer, poderia se juntar ao vampiro à noite.

[...]

— Você fez o certo. — Itachi consolou o irmão, ao avistá-lo se aproximando.

Era o único que sabia dos encontros noturnos que o mais novo tinha com o loiro, e quem os acobertava no lado sul, impedindo que alguém de seu clã, ou de fora, se aproximasse da velha cabana.

— Eu sei… — Repetia, abaixando a cabeça enquanto lágrimas, que há tanto não apareciam em seu pálido rosto, caiam. — Eu sei, mas por que dói tanto? 

— Porque o amor machuca, principalmente se ele for proibido. — Respondeu, sentindo um aperto no peito ao observar o irmão mais novo em tal estado.

Não havia passado por aquilo, na verdade, amava Izumi, uma vampira de seu clã, e estavam noivos. Itachi se sentia completo e feliz por passar a eternidade com a sua alma gêmea, porém, não se sentia tão completo assim. Seu irmão mais novo estava destinado a alguém no qual não podia estar junto, não havia um jeito de mudar isso. Eram milênios de histórias de terror entre as duas espécies. Milênios de pura chacina e ódio. Era uma destruição em massa onde os clãs se encontravam.

— Vamos embora. — Sasuke disse por fim, limpando seu rosto molhado após alguns minutos em silêncio.

— Sim. Vamos para casa, irmãozinho tolo. 

Sasuke sorriu melancolicamente, seguindo o mais velho.

[...]

— Naruto? — Chamou uma voz feminina.

— Não entra agora, Karin. — Respondeu, parando de fungar.

Se levantou e buscou roupas, a prima ficou quieta esperando que ele abrisse a porta, o que era incomum. Ela respeitava que ele não a quisesse vendo o estado no qual se encontrava, a lycan imaginava que era péssimo. Ela tinha certeza de que estava, mas um beta não demonstra fraqueza.

Naruto foi até o pequeno banheiro lavar seu rosto, antes de abrir a porta para a uzumaki.

— Tentou disfarçar, mas continua com uma cara péssima. Parece que alguém te espancou. — Não conseguiu segurar a língua, recebendo um revirar de olhos.

Ficaram ali um tempo, em frente à fogueira com os ombros encostados e em total silêncio. Era tudo que Naruto precisava. 

Saber que tinha alguém com ele.

— Tudo vai ficar bem. — Repetia a Uzumaki em um tom calmo e gentil.

Involuntariamente, lágrimas voltaram a cair. Era impossível segurar e sabia que tinha que chorar o que era para chorar enquanto ainda estava ali. Quando saísse, não seria mais o amante de coração partido, e sim, um dos lycans mais importantes da alcateia. 

Às vezes, o amor não termina do jeito que queríamos. Não há um final feliz para sempre. Ambos seguiram suas vidas, não havia outra escolha. Foi difícil, mas com o passar dos anos, superaram. 

Sasuke viajava pelo mundo explorando novos lugares. Naruto cuidava dos negócios de sua família, e por mais difícil que tenha sido, aquele sentimento não doía e o sufocava como antes. Sasuke se tornou uma memória feliz e seu, não único, mas, maior amor. Não se arrependia do que viveu durante aquele inverno, mesmo depois de décadas. Formou uma família com Hinata Hyuuga, de um clã aliado, e teve dois filhos chamados Boruto e Himawari. Amava a esposa, mas Sasuke permaneceu em seu coração até o seu último suspiro. Na calada da noite, o vampiro passou pelo seu túmulo deixando um buquê de Edelweiss, a flor do amor eterno.

Para Sasuke, Naruto seria para sempre seu mais puro e belo amor. E por toda a eternidade, o amor deles ficará marcado naquela velha cabana no meio da floresta, no qual as únicas testemunhas seriam Itachi Uchiha e Karin Uzumaki