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História Por trás da vida virtual - EM HIATO - Primeiros momentos difíceis


Escrita por: NaniSenpai

Notas do Autor


~*Yo Minna!
Como vão? Espero que bem! ^^
Obrigada novos leitores que favoritaram a fic e aos meu fiéis leitores que comentam e me mandam mensagens. Estou muito feliz com vocês!
Sobre esse capítulo, bom, prestem atenção aos detalhes. Serão utilizados nos capítulos futuros!
Ah e mudando de assunto, me perguntaram o que eu acho sobre "relacionamento virtual" e, bom, minha resposta é:
"Há muitas maneiras de se expressar, desde os gestos até as palavras! Qualquer laço que me deixe confortável e a pessoa também, independentemente se é pessoalmente ou virtualmente, é um relacionamento e, com certeza, válido."
É isso! Vejo vocês nas notas finais!
Boa leitura!~*
Obs.: Capítulo revisado.

Capítulo 9 - Primeiros momentos difíceis


Fanfic / Fanfiction Por trás da vida virtual - EM HIATO - Primeiros momentos difíceis

Minha determinação desperta uma força sobre-humana em mim e, como planejado, consigo jogar longe a viga, arrastando tudo que está em seu caminho. Caio de joelhos no chão exausta e sorrio ao ver o homem com olhos arregalados me encarando.

— Me dê… — engulo com dificuldade a saliva entre uma tosse e outra — me dê um minuto, por favor. — ofego miseravelmente o vendo assentir e logo fecho os olhos.

Meu corpo todo treme. A adrenalina corre pelas minhas veias, os pulmões estão a ponto de explodirem e meu pobre coração sofre com a pressão exercida pelo corpo.

Quantos quilos tinham naquela viga? Como consegui fazer aquilo?

Quando acho que vou fracassar, a vida me mostra que tudo pode ser diferente.

Sorrio perdida em meus pensamentos enquanto enxugo com as costas da minha mão a testa. Continuo a sentindo trêmula e isso me faz encará-la. Sou forte. Tenho que ser forte.

Olho para frente encontrando o homem fragilizado com sua situação, perdido em suas próprias batalhas internas, assim como eu. Volto a encarar minha mão.

Tenho que ser forte por mim. Por minha família, por meus amigos, por meus companheiros, por qualquer um que precise. Por todos. Foi por isso que entrei nesse ramo, para proteger as pessoas. Como médica eu faria isso, mas não consigo me limitar a esperar que as pessoas cheguem até mim num hospital. Servindo à segurança privada eu vou até eles, alcanço-os. Protejo as pessoas sem nem ao menos deixar que saibam que estão em perigo.

Me levanto, deixando o cansaço e qualquer coisa que me impedia de levantar para trás. Sou feita de força e determinação e por isso consigo ir até o homem que ainda me encara com olhos arregalados.

— Vamos dar uma olhada nisso aqui. — Volto a tossir e isso me faz virar para o lado e cobrir minha boca com meu braço. Droga, meu pulmão deve estar comprometido por causa da fumaça que inalei. Fito-o e me esforço para sorrir — Me desculpe. — Quando vê que vou mexer em sua perna, ele me impede, segurando minha mão. — Não se preocupe. Estou me formando em medicina, sei o que fazer.

O vejo concordar com a cabeça, ainda que hesitante, e volto a fazer o que pretendia. Analiso sua perna a tocando e ele se encolhe e seus olhos lacrimejam. Pela sua reação, o ferimento é sério. Além da infecção, pode ter alguma fratura interna. Pego o Gebear Dude no coldre lateral da coxa, uma faca que nunca me deixa na mão. Rasgo como dá sua calça, próximo ao ferimento. Agora que a área está exposta, vejo uma grande coagulação externa. Tem a aparência de uma bolha do tamanho de uma palma da mão adulta, um pouco abaixo do grande roxo no meio da coxa.

— Precisa de uma ponte. — Sussurro e ele me fita desesperado. Me repreendo internamente por dar voz aos meus pensamentos e sorrio para acalmá-lo — Ainda sente sua perna, certo? — ele assente e continuo, eu explico com o máximo de cautela — Isso é bom, significa que ainda tem ligação com ela. Após o tratamento correto, voltará a andar normalmente, mas, vê isso? — aponto para sua coagulação — Preciso dissolver isso ou implicará em algo sério. Por isso disse que você precisa de uma ponte. — Gesticulo lhe explicando. Meu indicador corre de um lado para o outro do ferimento o mostrando para que assimile o que estou dizendo. — Preciso fazer todo esse sangue chegar desse lado.

Tiro do coldre bag da direita, preso ao cinto, luvas cirúrgicas descartáveis e coloco-as. Tiro também uma seringa com anestesia local, um cano de precisão, anticéptico, bisturi, esparadrapo, gaze e faixa, livrando-os de suas embalagens e colocando-os sobre um lenço de pano limpo que estirei sobre o chão.

— Usarei uma anestesia local, mas não é forte o suficiente para este tipo de procedimento, então poderá sentir um incômodo ou até mesmo dor, certo?

Ele assente e fecha os olhos. Aplico um pouco de anestesia de cada lado da ferida. Jogo o antisséptico onde cortarei e, para acalmá-lo, puxo assunto, ignorando minha tosse. — Como se chama?

Ele abre os olhos e abaixa a máscara, tremendo ao fazê-lo. Deve estar inseguro.

— Asuma Sarutobi.

— Sou Sakura Haruno. Prazer em conhecê-lo, Sarutobi.

— Me chame de Asuma, Sakura.

— Certo, Asuma. Asuma?! — lembro-me da mulher que estava preocupada com sua família. Asuma! É ele! Encontrei! Ele faz uma careta estranha, deve achar que sou louca então eu explico. — Há uma mulher lá fora preocupada com você e …

Completa minha frase com alívio — Nossa filha. Então deu tudo certo. Ela está bem?

— Sim, só está preocupada com vocês então eu disse que iria ajudá-la.

— Entendo… — murmura, visivelmente emocionado e aliviado — Muito obrigado, muito obrigado mesmo.

— Não há de quê. A propósito, onde está sua filha? Sua mulher disse que ela tinha ido ao banheiro quando houve a explosão.

— Sim. Logo depois de mandá-la subir, fui atrás de Mirai. Entreguei uma coisa para ela e ordenei que subisse. Deve estar em segurança lá em cima.

Levanto uma das sobrancelhas inconscientemente. Se ela tivesse saído eu teria visto. Encaro-o e vejo que está calmo, então levo em conta de que ela pode ter saído enquanto eu estava no 3º andar do sub-solo.

— Fico feliz por estarem seguros. Tudo deu certo para vocês no final, né? — ele assente e assumo minha postura séria, tentando falar o que é preciso o mais calma que posso para que relaxe, mesmo sabendo que é difícil relaxar com todas as explosões acontecendo — Começarei, ok? Coloque sua máscara novamente, já inalou muito da fumaça.

Ele obedece e assente.

Com o bisturi, faço um corte profundo na horizontal, primeiro do lado que não tem o coágulo. Assim que começa a jorrar sangue coloco o bisturi pelo cabo na boca, pego o cano de precisão e enfio no corte que fiz, empurrando para dentro da sua perna. O vejo endurecer o corpo e fazer uma careta, mas não paro, não posso.

Tateio com meus dedos indicador e médio externamente, sentindo suas veias, e quando vejo que o cano está posicionado corretamente, pressiono. Em resposta a hemorragia reduz.

Limpo com gaze o local e aplico o esparadrapo. Pego o bisturi, que estava segurando com a boca, e faço o mesmo procedimento do outro lado, na borda do coágulo. Largo o bisturi rapidamente e pego a outra ponta do cano sem dar muito tempo para a hemorragia. Enfio-o diretamente no coágulo.

A ponte prova que funciona quando o sangue corre com a pressão interna pelo cano transparente do coágulo para o outro lado, desfazendo lentamente aquela bolha.

Suspiro aliviada e fito Asuma que claramente também está aliviado.

— Deu tudo certo. Sem complicações. — Retiro as luvas descartáveis ensanguentadas e as jogo no chão mesmo, não fará diferença já que tudo está caindo acima de nós.

Ele esboça o mínimo de um sorriso, mas fico satisfeita. Entendo que não dá para sorrir nessas circunstâncias.

Prendo o lado do cano que coloquei por último com esparadrapo e em seguida pego a faixa, a enrolando em torno da ponte para mantê-la firme.

— Quando subirmos, precisará de atendimento imediato, ok?

Asuma assente e suspira pesadamente. Deve estar exausto pela dor.

Olho a nossa volta e dou atenção à situação em que estamos. Realizei o procedimento médico rapidamente, mas ouvi muitas explosões durante o processo. O prédio deve estar prestes a desmoronar e ainda preciso encontrar os HD´s para sairmos daqui.

Fito-o e vejo que se esforça para se levantar sozinho, mas não consegue. Sem olhá-lo, me aproximo e seguro seu braço, passando pelo meu ombro para lhe ajudar a levantar. Não quero que pense que sinto pena ou qualquer coisa do gênero, seu orgulho já está ferido o suficiente.

— Vamos. Se apoie em mim e dá um descanso para sua perna.

Ele concorda e pelo olhar me agradece. Sorrio, o ajeito sobre o meu ombro e começo a andar o arrastando comigo.

Ouço-o resmungar, ofegar e, às vezes, urrar, mas se mantém firme e forte em seus pulos para me acompanhar. É um homem forte.

Não sei se é sorte ou mera coincidência, mas, assim que saímos da sala e entramos no corredor, há uma explosão onde estávamos. Novamente o prédio todo treme e mentalmente rezo para aguentar mais um pouco.

Olho para Asuma e deduzo que esteja fazendo o mesmo, pois está com os olhos fechados e com uma expressão preocupada. Quando estabiliza o tremor, aperto a mão do braço que está sobre meu ombro, para chamar sua atenção.

— Vamos?

Ele assente e seguimos.

— Socorro! Socorro! Há alguém aí? — ouvimos do fim do corredor, lado oposto em que estávamos indo e nos viramos.

Olho para Asuma que prontamente abaixa a máscara.

— Vá, espero aqui. — Hesito um pouco e ele solta um estalo com a língua — Vá, Sakura, não se preocupe. Não tenho como correr de qualquer forma. — Esboça um meio sorriso e sei que só fez isso para descontrair a situação.

— Ok. Sente-se aqui. Volto assim que puder.

O ajudo a se sentar e volto a ficar ereta, subindo a máscara. Estou com dificuldade para respirar. Vejo Asuma tirar do seu coldre traseiro um maço de cigarro e um isqueiro. Leva o maço próximo ao rosto e, com a boca, retira um, acende o isqueiro e aproxima do cigarro, queimando-o. Dá um lento e longo trago, como se fosse a melhor coisa do mundo e suspira. Sorrio, mas um sorriso cansado e repito para que saiba que não está sozinho:

— Volto assim que puder.

Ele concorda e corro em direção à voz masculina que ainda pede por socorro. A estrutura desaba à minha frente e recuo alguns passos. Olho para cima e vejo que ainda há muito para desmoronar. Rapidamente levo as mãos à cabeça a fim de me proteger e continuo meu caminho. Passo por inúmeras salas até que ouço a voz novamente.

— Aqui! Volte! Estou aqui!

Dou meia volta à procura do homem e abaixo a máscara — Onde você está? — grito para que me ouça.

— Aqui! À sua direita.

Me viro e o encontro. Há uma grande estante aberta e sem fundo com oito nichos e parte da porta desabada no caminho, justificativa pelo qual não conseguiu sair.

— Está ferido?

— Não, só estou preso.

— Ótimo. Sou Sakura Haruno, equipe de apoio.

O vejo tossir. Mais um que inalou muito da fumaça.

—Iruka Umino. — Responde entre tosses — Obrigado, Sakura…

Busco em meu coldre minha última máscara de bolso anti gás e fumaça e lhe estico entre os nichos para que pegue. Acho que vou começar a andar com três máscaras a mais no coldre bag.

Me olha e sorri antes de colocar a máscara.

— Obrigado.

Retribuo-o, mas assumo uma expressão séria e determinada a ajudá-lo.

— Vou te tirar daí.

Só me resta ver como.

Olho a minha volta e não há nada que eu possa usar para desbloquear a porta. Volto a encará-lo e vejo que está frustrado, deve ter tentado passar pelos pequenos espaços entre os nichos que há. Me aproximo da estante e a tateio. Arrasto minha mão enquanto penso em alguma alternativa, mas uma farpa entra em meu dedo, me assustando.

Olho para meu dedo e depois para a estante. É cinza, então achei que fosse de aço ou metal, mas é de madeira! Me aproximo e retiro do meu coldre da coxa meu Santo Gebear Dude. Empunho-o com a lâmina para baixo e finco na estante. Faço isso mais algumas vezes, até ver lascas voarem pelos ares a cada investida minha.

Encaro o homem que entende minhas intenções e, em seguida, ele se afasta conforme deixo meus lábios desenharem um sorriso maldoso. Finco em cinco pontos estratégicos do nicho afastados vendo a madeira trincar levemente. Guardo o Gebear Dude em seu lugar e acumulo minhas forças em meu punho esquerdo e, num soco, de cima para baixo certeiro, mesmo tenho um espaço limitado, quebro o nicho, deixando um bom espaço para que o homem passe.

Ele respira aliviado e não perde tempo. Me afasto e estico um dos meus braços para servir de apoio para ele que passe as pernas primeiro e depois pegue minha mão para passar totalmente para o lado em que estou.

Abaixa a máscara e sorri, ajeitando sua roupa social.

— Obrigado.

— Não por isso, vamos. — Me viro para ir, mas sou interrompida por sua mão segurando meu cotovelo.

— Espera.

— O que foi?

— Preciso pegar uma coisa. — Iruka olha para o fim do corredor e fico indignada por ainda querer ficar aqui.

— Não temos tempo. Vamos.

— Só um minuto. — Ele gesticula para que eu espere e corre na direção em que estava olhando, sumindo da minha vista.

Mal tenho tempo para resmungar e já está de volta com uma baita bolsa, praticamente maior que ele, deixando-me curiosa. — O que tem aí?

— Arquivos importantes desta base.

Nego com a cabeça. Não acredito que voltou por isso, mas quem sou eu para julgar? Vim para cá atrás de HD´s.

Deixo isso de lado e começo a andar.

— Coloque a máscara. Vem. — Ordeno, vendo-o obedecer.

Em certo ponto começamos a correr, porque tudo parece que vai desmoronar sobre nossas cabeças. Sinto que corremos, literalmente, contra o tempo. Rapidamente chegamos ao Asuma, que continua fumando com os olhos fechados.

— Asuma-San, você está bem? — o homem ao meu lado abaixa a máscara e lhe pergunta. Parece que o conhece.

Este, abre os olhos, expirando a fumaça do trago.

— Iruka. Achei que estivesse com Kurenai.

— Pedi para ela subir com a equipe de apoio, mas voltei para pegar isso e acabei ficando preso depois que houve a segunda e terceira explosões, pois desabou tudo na única saída da sala. — Mostra a bolsa e Asuma relaxa e assente.

— Vamos. Preciso tirá-los daqui e continuar minha missão. — Digo apressadamente em meio às tosses.

— Qual sua missão, Sakura? — Asuma questiona e encaro os dois.

Devo confiar? Sim. Salvei suas vidas e estão tão preocupados quanto Tsunade-Sama ou até mesmo eu com a segurança dos agentes.

— Recuperar 3 HD´s externos.

— Não se preocupe com isso, minha filha está com eles. Foi isso que lhe entreguei antes de mandá-la subir e levar diretamente para Tsunade.

De imediato fico aliviada. Agora só preciso sair daqui com eles.

— Certo, isso é ótimo! Então vamos. Temos que sair daqui. Coloquem suas máscaras.

Os vejo seguirem meu comando, mas não subo a minha. Preciso que me entendam caso haja a necessidade de lhes dizer algo. Me abaixo e passo o braço do Asuma pelo meu ombro, como antes para lhe dar apoio. Assim que está em pé, andamos corredor afora. Há inúmeros rachados nas paredes, fissuras cada vez maiores, além de muita fumaça. O branco dos corredores está manchado de cinza, puxando para o preto. Os sprinklers de incêndio continuam fazendo seu trabalho incessantemente, mesmo que não estejam conseguindo conter o fogo que se alastra com uma velocidade assustadora. Se não sairmos logo daqui será o nosso fim. Só com essa possibilidade meu estômago se embrulha. Por Deus… de pensar que há horas eu estava no conforto dos braços da minha família. Naruto. Se eu contasse a ele a situação em que estou agora infartaria. Sasuke? Esse então provavelmente me manteria presa à sete chaves em casa. Sorrio ao pensar nisso com um bom humor repentino, mas meu sorriso desaparece ao ouvir outro estrondo e sentir um novo tremor começar.

— Para a parede! — grito e ajudo Asuma a encostar as costas na parede, vendo Iruka fazer o mesmo. Torcendo para que o prédio não ceda ainda, todos fechamos os olhos. Assim que acaba, abro os olhos, sentindo o desespero querer me dominar. — Vamos, precisamos nos apressar! A estrutura não aguentará por muito tempo!

— Certo! — Asuma e Iruka respondem em uníssono com a voz meio abafada pela máscara.

Corremos mais do que realmente podemos e, em consequência disso, tropeçamos algumas vezes a ponto de quase irmos ao chão. Estamos cansados, exaustos na verdade. Asuma está fazendo um esforço colossal para se manter em pé e no nosso ritmo, mas não posso desacelerar. Nossas vidas dependem disso. Nunca o caminho de volta pareceu tão longo. Na ida não tinha percebido que tinha adentrado tanto pelo corredor para encontrá-los.

Desviamos dos obstáculos que aparecem com a queda parcial da estrutura agora frágil. Finalmente chegamos à escada! Subimos com dificuldade, sentindo a pressão do tempo através de mais explosões e tremores.

1º andar do sub-solo.

Será que há mais pessoas aqui? Devo conferir ou apenas ir?

Droga! Droga, droga, droga!

Térreo.

Corremos pelo corredor em busca da nossa única saída: a porta de emergência que me trouxe aqui.

Quando estamos há alguns passos da saída, freio a corrida. Asuma e Iruka me encaram como se vissem um ET, mas só estão vendo uma Sakura assustada, contudo, preocupada o suficiente para não sair ainda.

Encaro Iruka, ignorando sua pré-repreensão.

— Consegue levar Asuma? Preciso voltar e verificar se há mais sobreviventes. — Digo, em meio às tosses cada vez mais frequentes e respiração ofegante.

Iruka abaixa a máscara e não economiza no tom sério.

— Não deve ter mais ninguém, Sakura! Faz horas desde que começou o incêndio, todos já devem ter saído!

— Não posso arriscar. Assim como vocês estavam presos ou desacordados, pode haver mais alguém lá. Por favor, leve Asuma, saiam daqui.

— Sakura.

— Por favor, não discuta, Iruka! Preciso fazer isso.

Asuma, que estava em silêncio esse tempo todo, tira seu braço do meu ombro.

— Vamos, Iruka. Estamos atrasando ela. — Enquanto Iruka pega seu braço e lhe dá apoio como eu lhe dei, me fita assentindo. — Volte em segurança, Sakura, e então poderei agradecer decentemente por salvar minha família e eu.

Encaro-o determinada, sei o que essas palavras significam. Levanto a máscara e respiro fundo, ainda tossindo. Fecho os olhos e relaxo os músculos. Abro-os com determinação. Vou salvar todos que eu puder!

Giro meus calcanhares e os deixo. Antes de me afastar a ponto de não os ver mais, olho para trás e vejo Iruka e Asuma saindo. Desço a escada quase trançando as pernas moles, mas me seguro no corrimão. Não há tempo para erros. Pulo 5 degraus chegando ao pé da escada e olho para o corredor. Este andar está mais destruído que os de baixo, mas, pelo menos, não tem tanta fumaça. Os sprinklers de incêndio conseguiram dar conta do fogo por aqui.

Sem perder tempo, corro corredor adentro e faço o mesmo procedimento que fiz antes. Invado sala por sala, reviro o lugar procurando sobreviventes, inclusive, desacordados. Quando saio de uma das salas encontro um homem parado na porta, me observando.

Um homem muito alto, muito alto mesmo. Possui cabelos alaranjados espetados e os olhos igualmente alaranjados, de tal castanhos claros que são. Sua expressão é calma e seu olhar, de certa forma, gentil sobre mim. Não sei porquê, mas seu rosto me é familiar.

Deixo isso de lado por enquanto e observo suas vestes. Uniforme de bombeiro. Sua calça está dobrada na perna esquerda até a altura do joelho, expondo seu tornozelo muito inchado e arroxeado. Pelo que vejo, não consegue se apoiar sobre ele, pois todo o seu peso está na outra perna.

Abaixo minha máscara e me aproximo, o encarando.

— O que houve com seu tornozelo?

Ele arregala os olhos. Por que diabos ficou surpreso com minha pergunta?

Em frente a ele, me abaixo e aponto para o ferimento.

— Posso dar uma olhada? Estou me formando em medicina, está tudo bem. — Sorrio e, ao ver que assente, começo a tateá-lo.

Seu pé está sofrendo uma enorme pressão. Tateio mais um pouco com as duas mãos. Percebo que, internamente, há algo pontiagudo marcando sua pele. Isso não devia estar aí. Subo meu olhar, reunindo minha calma para atendê-lo adequadamente.

— Consegue pisar com este pé? — ele nega e deduzo que esteja fraturado. Aperto levemente ali para ter certeza — Dói? — nega novamente.

Como isso é possível? Tenho certeza de que está fraturado e isso pode ser uma lasca do seu osso ou até mesmo seu osso. A única explicação que vejo é ele ter baixa percepção a dor, junto do excesso de adrenalina pela situação. Seria ótimo estudar esse cara para o meu TCC.

Droga. No que estou pensando?

Deixo isso de lado, há outras prioridades. Vou imobilizar seu tornozelo para que, pelo menos, consiga sair daqui, por isso levanto e limpo as mãos.

— Só um minuto.

Reforço meu pedido gesticulando para que fique e espere um pouco. Procuro à minha volta alguma coisa que sirva como tala e encontro um pedaço de madeira, 3 dedos de largura, 1 de espessura, mais ou menos 50 cm de cumprimento. Perfeito. Quebro-o no meio e volto para o homem.

— Vou imobilizar para que consiga sair daqui, mas vá ao médico, precisa de um raio-x, ok? — ele assente e respiro fundo quando ouço ao fundo outra explosão, que me lembra de que tenho que apressar as coisas — Pode se sentar? — ele assente e o ajudo — Sou Sakura Haruno, prazer.

 Sorrio e ele me devolve um sorriso maravilhoso. Tiro do coldre faixa e esparadrapo. Faço o que é necessário usando o pedaço de madeira e, quando termino, me levanto e o ajudo a levantar.

 — Evite jogar todo seu peso nessa perna, mas pode usá-la agora.

— Obrigado. — Ouço pela primeira vez sua voz. Rouca, autoritária, ainda que gentil.

— Não por isso. — Sorrio e volto à minha expressão séria — Precisa sair daqui o mais rápido que puder. O prédio está prestes a desmoronar. — Aponto para o fim do corredor, na direção que segui para vir — Por ali há uma escada de emergência. Suba até o térreo e, de lá, siga para o fim do corredor, dará na saída de emergência. — O vejo assentir e passo por ele — Preciso ir. Boa sorte. — O vejo assentir novamente e lhe dou as costas, indo para outras salas.

Antes de entrar, olho para trás e não o encontro no corredor mais. Fico feliz de saber que sairá daqui e, sem perder mais tempo, continuo minha busca. Entro e saio de inúmeras salas até não restar mais nenhuma. Volto para onde estava e quando estou subindo a escada, ouço uma voz.

— Vem aqui. — Sussurra uma voz feminina, que me faz olhar para trás e recuar alguns passos.

De frente para o corredor procuro a dona da voz.

— Na sala da esquerda — Sussurra novamente e olho na direção dita. Ouço passos apressados virem da direção oposta e, antes de eu dar um passo na direção que ouvi, a voz torna a sussurrar. — Se esconda! Vão nos encontrar se ficar parada aí.

Mas onde raios essa garota está?

Continuo a procurando pela sala, apesar de entrar e fechar a porta me questionando o que disse.

Quem vai nos encontrar?

Arregalo os olhos.

Pode ser o inimigo que Tsunade-Sama disse que pode estar aqui.

Vejo uma movimentação no fundo do canto esquerdo da sala e me aproximo.

Uma menina de mais ou menos 15 anos, cabelos negros curtos e rebeldes, expõe a cabeça por entre caixas de papelão e madeiras quebradas. Além da sua aparente idade, seus olhos peculiares castanhos avermelhados me chamam a atenção.

Minhas sobrancelhas franzem em preocupação. Seria essa menina a filha daquela mulher com o Asuma? Não pode ser. Ela é jovem demais. Asuma não lhe daria os HD´s para entregar à Tsunade-Sama se fosse, pois sabe o perigo que ela correria se fizesse isso.

— Não conseguiu me ver, né?! Me escondi bem? — ela pergunta animada, enquanto sorri orgulhosa.

— Sim. — Respondo e me abaixo, ainda confusa. O que uma menina faz num lugar como este? Lhe estico minha mão para que use como apoio para sair dali — Precisamos sair do prédio, está prestes a desabar. — Digo a frase que mais tenho dito ultimamente.

Ela usa minha mão para sair de onde estava, mas faz uma careta — Não dá para sair ainda. Aqueles caras devem estar por aí me procurando. — Justifica, com certo receio.

— Que caras, por que eles estariam te procurando e por que está com medo deles? — observo atentamente seus mínimos movimentos.

Ela hesita por um momento. Olha para os lados como se quisesse ter certeza de que estamos sozinhas e cochicha.

— Promete não contar a ninguém?

A encaro curiosa e minha sobrancelha direita levanta depois de eu assentir. Essa reação é um tanto quanto suspeita.

A menina vira uma pequena mochila que está em suas costas e abre o zíper expondo os malditos dos HD´s!

Arregalo os olhos, incrédula — Vo-Você é…

— Ah! Esqueci de me apresentar. Minha mãe vai me matar se souber que fui tão mal-educada! — faz uma careta e estende sua mão direita, sorrindo amistosamente — Sou Mirai Sarutobi, agente juvenil da ANSB, prazer!

Ouço vozes cada vez mais próximas no corredor e isso me faz arregalar os olhos e encarar a porta fechada.

— Droga! Precisamos nos esconder.

Ignoro, por enquanto, o que acabei de ouvir de Mirai e pelo braço a trago comigo para um lugar seguro e escondido atrás de um armário de aço. A deixo de costas para meu peito e me abaixo manipulando-a fisicamente para que faça o mesmo.

— Eles vão nos achar. — Ela murmura, de repente assustada, sem nenhum vestígio da garota arteira e orgulhosa — Eles vão nos achar e vão pegar os HD´s… — repete, apavorada.

Abraço-a como posso, respirando fundo — Calma. Eles não vão nos achar e, se nos achar, não deixarei que peguem esses HD´s ou encostem em você. — Afirmo com convicção, ouvindo ao fundo a aproximação cada vez maior dos passos.

Abrem a porta bruscamente, parece que com um chute. Mirai ameaça gritar e a calo, tapando sua boca com minha mão.

O quanto essa menina entrou em desespero antes de eu chegar? Como seus pais puderam lhe dar um fardo tão grande para lidar?

A sinto tremer sob meus braços e, com a outra mão, lhe afago levemente. Fito-a, forçando-a me retribuir o olhar, e gesticulo para que fique em silêncio até vê-la assentir. Lentamente tiro minha mão da sua boca e digo, em silêncio, que ficará tudo bem.

Ouço passos adentrando a sala e logo a voz do responsável surge.

— Por aqui. — Reconheço a voz, é do bombeiro que ajudei imobilizando o tornozelo.

Me movimento pronta para levantar e ir até lá pedir ajuda, mas Mirai me impede de levantar, me segurando, e me encara com medo e desespero. Não entendo o motivo, mas não tenho tempo de questioná-la porque ouço passos de outra pessoa. Passos regulares e rápidos.

— Foi aqui que viu aquela pentelha com os HD´s da última vez? — questiona uma voz masculina forte e estridente.

Pentelha com os HD´s?

A ficha cai como um meteoro cairia sobre a terra, devastando tudo.

Ele é o inimigo. Eles são.

Lembro daquele cara com sua voz e olhar gentil que ajudei. Ajudei o inimigo! Ele podia ter me matado! Me esforço para empurrar um pouco para o lado Mirai, sibilando que entendi o motivo de ela me impedir de ir até lá, quero ver ele para ter certeza, mas Mirai me puxa e a pedra que estava em cima dos escombros, ao nosso lado, cai no chão, chamando a atenção dos dois que, imediatamente, se calam.

Prendo a respiração e Mirai, que tapa sua própria boca para se impedir de gritar, também e ficamos ali, torcendo para que não venham.

— Eu vou. — Ouço o cara que ajudei dizer e em seguida ouço seus passos.

Está cada vez mais próximo. Meu coração acelera, começo a ofegar como se a pressão sugasse todo o ar dos meus pulmões e meu corpo começa a tremer. O medo está prestes a me dominar. Pouso minha mão esquerda em meu Gebear Dude que está no coldre da coxa, pronta para sacá-lo se necessário, e olho para o lado direito, lado que possivelmente o cara que ajudei aparecerá.

Segundos infinitos passam. Meu coração vacila ao vê-lo parado, me encarando, encarando nós duas, totalmente encurraladas aqui.

Saco Gebear Dude e me mantenho firme, mas imóvel, só esperando ele vir para cima de nós ou anunciar para o seu comparsa que nos encontrou.

— Achou alguma coisa? — O outro cara pergunta, deduzo pela voz mais alta que esteja mais próximo de nós.

Numa fração de segundos consigo vê-lo também. Assim como o homem que ajudei, se veste como bombeiro. É magro, possui cabelos lisos brancos na altura dos ombros, também tem franja, olhos quase num tom raro roxo, dentes que parecem presas em sua boca que sorri sadicamente. Ele também me é familiar.

De onde os conheço?

O cara que ajudei me olha e sorri discretamente antes de empurrar seu comparsa — Não. E só um rato.

Ele está nos acobertando? Mas por quê?

— Por que me empurrou, seu…?! — o outro cara resmunga, mas se interrompe com o novo tremor que se faz presente, junto de mais um estrondo — Deixa para lá. Vamos logo! Já perdemos os HD´s mesmo e essa merda vai desabar. — Sua voz, junto dos seus passos, se afasta e os do cara que ajudei também.

Assim que não ouvimos mais nada soltamos o ar aliviadas. Encaro Mirai, que está abatida e assustada, mas também aliviada agora.

— Essa foi por pouco… — murmura e coloca a mão trêmula na altura do coração.

— Sim. Vamos. Ele tem razão, isso aqui vai desabar a qualquer momento.

— E se eles nos encontrarem lá fora? — pergunta, segurando meu braço quando ameaço levantar.

— Estarei pronta para fazer o que for preciso para ficarmos a salvo. — Respondo firmemente e me levanto, dando-lhe minha mão para que se apoie ao levantar. — Vamos.

Hesitante, ela me segue. Pego sua mão para lhe dar segurança e não a perder de vista e logo corremos para a escada. Observo atentamente o caminho, à espreita de qualquer sinal de que aqueles caras estão por perto para o caso de terem voltado, mas por sorte estamos sozinhas.

Outro estrondo mais forte que os demais acontece e do teto começam a cair pedregulhos maiores e mais pó do que das outras vezes, junto à água que continua jorrando dos sprinklers de incêndio. Assim que para continuamos. Já no térreo corremos pelo corredor em direção à porta.

Nunca na minha vida fiquei tão aliviada.

Abro aquela porta pesada com minhas últimas forças e, assim que estou fora, procuro por aqueles caras e, por sorte, não os encontro aqui também e por isso puxo Mirai para sair. Me viro ficando de frente para a única saída que tivemos e costas para tudo e todos e caio sobre meus joelhos.

Tudo o que não me permiti sentir antes vem como uma avalanche. Preocupação, medo, pavor, a sensação de que morri e que por um milagre revivi.

A bile sobe à garganta queimando por onde passa e logo meus olhos lacrimejam.

Não vou chorar, não posso. Deu tudo certo.

Pelo canto dos olhos vejo Mirai ajoelhada e em choque como eu, mas chorando, chorando muito. Deve estar com as mesmas sensações que estou sentindo agora. Pobre criança.

Ouço pessoas gritando que saímos do prédio. A mãe dela também junto ao Asuma em frases aliviadas. Tsunade-Sama, Itachi-San, Hatake. Ouço todos dizerem algo enquanto se aproximam, me tocam, procuram ter alguma resposta ou reação minha, mas só o que consigo fazer nesse momento é me entregar ao cansaço e fechar os olhos. Só por um instante, depois eu reajo.


Notas Finais


~*Cara, como é difícil descrever ambiente e personagens! Sério! Se tiver muito ruim me avisem! =S
Captaram os detalhes importantes? Quem são os dois que estavam atrás da Mirai-chan e dos HD´s?
Comentem e me mandem mensagens com suas teorias!
Aos novos leitores, já sabem! Favoritem e comentem! ^^
Ahhh e que tal vocês me contarem também o que pensam sobre relacionamento virtual? '-'
Vamos trocar figurinhas! É o que há nessa vida Kkkkkk
Até a próxima!*~


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