1. Spirit Fanfics >
  2. Por trás das câmeras >
  3. O gosto amargo da vitória

História Por trás das câmeras - O gosto amargo da vitória


Escrita por: carolpr

Capítulo 21 - O gosto amargo da vitória


Não sei como consegui trabalhar continuar trabalhando hoje, mas o fiz. Simplesmente liguei o automático e fui. Eu não conseguia encarar o Jooheon, não depois de todo aquele clima enquanto eu estava maquiando-o, e principalmente não depois que ele viu a foto. Ah, a foto. A existência dela acabou com a possibilidade de paz de espírito (muito obrigada por isso, querido manager).

Posso ter aparentado profissionalismo e eficiência, mas a verdade é que eu estava desligada, tentando controlar o campo de batalha que minha cabeça se transformou. Não consegui me desviar do estrago que a foto fez, dos milhares dos cenários trágicos que imaginei ao constatar que sim, algo minúsculo assim pode destruir minha vida. Nenhuma outra empresa vai querer me contratar, pois a falta de confiança vai manchar meu currículo, e vou ser obrigada a ir embora da Coréia do Sul. Nem vou precisar pensar nos meus sentimentos por Jooheon, ou na confusão que Changkyun está causando, simplesmente porque nenhum dos dois terá chances, já que vou estar do outro lado do globo. Não importam quantos cenários eu imagine (nessas horas, não é bom ser uma pessoa criativa), o fim sempre é o mesmo.

Depois de muito matutar e considerar possibilidades, eu decidi que não é momento de lamentar e assumir derrota. Tenho que pegar aquele celular. Não sei como, pois não consigo criar um plano quando minha força motora é o desespero, mas tenho que fazê-lo. Se eu destruir a prova, ele não vai ter como usá-la. Só tenho medo que ele já tenha feito o estrago, mas acho que não. Ainda não fui obrigada a arrumar minhas malas, estou desfrutando do conforto de um hotel 5 estrelas e esse é um bom sinal. Sei que vai enrolar para me entregar, pois é divertido demais assistir minha queda de camarote. Ele passou o dia me rondando, rindo pelas minhas costas e balançando o celular no meu campo de visão (mas isso acabou sendo bom, pois, enquanto ele não passar a foto para o CEO, tenho esperanças. Nesse caso, acho que tenho que agradecer por ter um chefe tão escroto).

Sem saber direito o que fazer, rondo os corredores próximos ao quarto do manager, procurando talvez uma iluminação, um plano pronto que eu possa seguir (tolice, eu sei). Em vez de uma solução milagrosa, encontro apenas Wonho com um pote de lamen na mão. Provavelmente saiu do quarto para ir atrás do lanche da madrugada. 

“Está tudo bem, Lisa? Você parece preocupada.” Seu tom é sincero e eu me sinto desmoronar. Se for demitida no dia seguinte, não vou ter que me despedir apenas da minha carreira, mas também de amizades sinceras (e alguns sentimentos confusos, claro).

“Para falar a verdade, não.” No ápice do desespero, sou honesta antes mesmo de pensar em mentir. Não tenho mais nada a perder. “O manager tem algo que pode me ferrar bastante e eu preciso colocar as mãos nisso, só não sei como fazê-lo.”

“E isso pode te ferrar tanto assim? Sério?” Ele parece surpreso e, provando meu estado histérico, sinto vontade de rir, mas me controlo (essa situação já está estranha o suficiente).

“Sim, demais. Posso perder meu emprego por causa do filho da mãe.” Ao admitir essa possibilidade em voz alta, sinto o peso dela. As lágrimas sobem para os meus olhos e minha garganta fecha, me sufocando. Mais uma vez, consigo me controlar. Não vou chorar, mas com certeza pareço prestes a fazê-lo, pois Wonho parece entender o quão complicada é a minha situação.

“Meu Deus, Lisa! Fica aqui. Eu vou arranjar ajuda.”

Antes que eu consiga negar, ele sai correndo. Suspiro, vencida, e constato mais uma vez que não tenho nada a perder. Gosto de ser independente e resolver meus problemas eu mesma, mas as vezes tenho que dar o braço a torcer, afinal, não estou sozinha no mundo, e uma das funções básicas dos amigos é nos dar uma força extra quando precisamos (sei por experiência própria, foi essa força que dei a Caroline que complicou minha situação, mas não me arrependo). Então, decidida a aceitar a oferta de Wonho, não resta nada a fazer além de esperar. Não demora muito, logo vejo o loiro retornar com uma companhia masculina e pouco mais baixa do que ele, que, ao se aproximar, reconheço ser Kihyun.

“Pronto, eu trouxe o gênio do mal do nosso grupo. Ele vai conseguir pensar em algo.” Nesse momento, não consigo segurar um riso. A cara de indignado que o moreno faz é cômica demais.

“Aish, eu sou um anjo!” Ele lança um olhar de desafio para o loiro e só depois desvia para me encarar. “E no que eu devo pensar? Wonho só me disse que tinha algo a ver com você e, bem, uma proposta envolvendo uma mulher no meio da madrugada me parece ser algo irrecusável.” Ele assume sua melhor pose de cara de pau e, quando rio em resposta, até começa a fazer uma mini dancinha. Sei o que Kihyun está fazendo. Ele é esperto. Deve ter sentido minha preocupação no segundo que chegou, sem falar que Wonho com certeza falou sobre a minha situação, e a brincadeira foi a forma que ele encontrou para me distrair. Sorrio ao pensar nisso.

“Sinto lhe informa que esse tipo de proposta se restringe aos seus sonhos mesmo.”

“Tudo bem.” Ele dá de ombros. “É você que sai perdendo.” Wonho revira os olhos.

“Você é muito cara de pau, Kihyun. Mas então, Lisa, no que nós podemos ajudar?”

“Se vocês souberem como roubar o celular do manager, sou toda ouvidos.” Falo de forma inocente e com um pequeno sorriso nos lábios, como se fosse algo rotineiro (talvez seja, não sei o que eles fazem quando não estão comigo).

“Quando fui atrás de comida, passei em frente ao bar do hotel e pensei tê-lo visto lá. Acho que não vai ser estranho se eu chegar lá, vai parecer que estou relaxando depois de um dia de gravação. Talvez eu consiga envolvê-lo em alguma conversa...” Ele parece perdido por alguns segundos, provavelmente já pensando no que diria. “Mas eu acho que não conseguiria roubar o celular. Ele iria perceber.”

“Eu posso fazer isso.” Kihyun se oferece, com um sorriso digno de uma criança prestes a fazer molecagem. 

Combinamos detalhes desnecessários, mas que parecem importantes na nossa visão medrosa de pessoas certinhas que nunca roubaram nem ao menos um chiclete na loja de conveniência. Por volta das 2h da manhã, nos dirigimos para o bar, os meninos indo juntos mais a frente e eu os acompanhando, enquanto finjo não fazê-lo. Vejo pela vidraça que eles entram e vão até o balcão, onde o manager se encontra, visivelmente bêbado, mesmo para alguém que se mantém longe, como é o meu caso. Kihyun parece desinteressado, mas Wonho usa os seus melhores sorrisos e consegue criar uma conversa animada (claro, ele é um fofo, conseguiria ser simpático até com o pior lixo ambulante existente). Penso que está demorando demais, começo a ficar nervosa achando que não vai dar certo, principalmente quando o manager se levanta e eu penso que seja para ir embora. Os meninos trocam um olhar e, de forma sutil, o loiro o faz tropeçar, enquanto o moreno aparta a queda. Em seguida, o manager continua seu caminho até o banheiro, e os garotos saem. Sei pelo sorriso de vitória de Kihyun que deu tudo certo.

Nós três saímos correndo, juntos, e quando consideramos estarmos a salvo (embora ninguém nos persiga), paramos, rindo. O moreno tira o celular que cansei de ver, o rei dos meus pesadelos, do bolso e eu solto uma risada mais alta, beirando o histerismo. Pego o aparelho e vou desbloqueá-lo. Só então penso que eu não tenho a digital do lixo humano e, por acaso, não sei sua senha. Toda minha felicidade recém adquirida se esvai.

“A senha. Eu não sei a senha.” Admito minha derrota pelo tom da minha voz. Essa era a minha última esperança.

“Deixa eu tentar uma coisa...” Wonho tira o celular da minha mão e o desbloqueia na primeira tentativa. “Esse é o momento em que você me agradece por ser atencioso e saber o aniversário de basicamente todo mundo.”

A felicidade volta a me cegar e, antes que eu raciocine, pulo no pescoço do loiro, o abraçando com força. É interessante sentir a massa de músculo sólidos me envolver e o riso divertido, que contrasta com a aparência de macho alfa que ele tenta ter (e falha toda vez que é neném), soa no meu ouvido.

“Obrigada por ser atencioso e saber o aniversário de basicamente todo mundo!” Falo com a voz aguda, que transparece toda a minha empolgação. Quando acho que demonstrei estar grata o suficiente para o loiro, é a vez de pular no pescoço do Kihyun, que me envolve e até tira do chão. “E obrigada por ser um gênio do mal!” Afasto-me, com um enorme sorriso nos lábios. “Sério, vocês salvaram a minha vida.”

Eles parecem tímidos e eu entendo o sentimento, acabei de quebrar o que restava do profissionalismo entre nós e os apresentei a um novo nível de intimidade. Mas logo relevam e voltam aos risos. O que, infelizmente, não dura muito. Quando vou apagar a minha foto com Changkyun para poder devolver o celular, encontro mais do que eu queria, e é impossível manter qualquer sorriso depois disso.

Encontramos fotos das trainees no banheiro. As trainees, garotas inocentes e menores de idade, fotografadas em momentos íntimos e sem ter consciência disso. Garotas MENORES DE IDADE e fotografadas claramente SEM CONSENTIMENTO. É algo grande e nojento demais para mim. Olho para os meninos, procurando uma resposta, mas só encontro as minhas próprias dúvidas refletidas.


Notas Finais


Arrrgh, esse manager é muito nojento D: mas, apesar disso, o que acharam? ^^ Mais tarde tem mais!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...