História Por Trás das Câmeras - Capítulo VIII - Vai tentar fugir?

Você vai ficar ao meu lado?

Você vai parar o tempo?

Nervoso.

Era assim que estava se sentindo.

Ser tímido nunca ajudava em nada em sua fodida vida. Na verdade, só o fazia se tornar mais atrapalhado ainda.

Enquanto ainda, inutilmente, tentava cobrir suas partes íntimas com a almofada, Jungkook se perdia por um tempo no corpo do mais velho se aproximando de si, e então engolia a seco várias e várias vezes seguidas. Era como se o ar faltasse, as bochechas queimando por estarem bem coradinhas o deixava fofo na visão do Park, mas o mais velho não poderia se deixar levar nunca mais, pois o remorso ainda era gigantesco.

Jimin e Jungkook ainda se gostavam demais, isso era fato. Mas não era como se as pessoas devessem saber além dos próprios citados.

O de cabelos negros se sentou na outra cama, esta que era de Namjoon, e então pegou uma almofada cinza que estava ali por cima, encarou a mesma por um tempo e antes que Jeongguk surtasse de vez tentando entender o que aquele ser maravilhoso — porém traiçoeiro e brigão — fazia, Jimin levou-a até a boca e a pertou, gritando sua raiva e impaciência bem ali, na coitada da almofada que não tinha nada haver com seus problemas, sendo possível ouvir o grunido de forma bem abafado, assustando o mais novo que imaginava mil e uma coisas com aquele doido trancado no mesmo quarto que si. Imaginava desde em como se ele ficasse mais irritado — se é que era possível —, ele lhe mataria com rapidez ou desejaria que o dongsaeng tivesse uma morte lenta? Sabia que Park Jimin era o próprio demônio quando com raiva, então se possível fosse, ficaria quietinho deitado na cama, se cobriria bem lentamente e se ajeitaria em posição fetal, para evitar uma morte bem lenta... Talvez assim ele até se esquecesse de sua presença ali. Era a única forma que pensou em de se manter vivo e seguro. Mas em contrapartida, pensava em como seria gostoso se algo acontecesse entre os dois. Algo bem sexual e que o faria querer mais, e assim repetiriam várias vezes o ato gostoso que era o sexo.

Com esse pensamento, seu pau deu mais algumas pulsações, e foi preciso morder os lábios com força para que nenhum gemido escapasse.

O que ele estava fazendo pensando em coisas tão obscenas assim? Era seu hyung! E sem contar que Jimin aparentava o odiar com todas as forças. Então qual era o seu problema?!

Respirou algumas vezes bem fundo até tomar coragem de encarar o mais velho. Quando ousou abrir os olhos, Jimin já o fuzilava com os orbes castanhos, e Jungkook jurou que viu a fúria em carne e em osso caminhar novamente até sua direção.

Inconsistentemente, agarrou nos lenços e soltou o típico grito nada másculo, logo se escondendo feito uma criança medrosa com medo de apanhar da mãe. Mas ali, Jungkook preferia apanhar de sua mãe do que levar uma surra do rapaz que tanto gostava mas não conseguia admitir nem por milhares de Wons. Jimin poderia ser pequeno na visão dos outros, ou bem mirradinho e doce quando queria algo, mas a verdade era que os tapas do moreno doiam como pedras pontudas. Jeongguk se lembrava da vez que Hoseok levou uns bons socos e pontapés, o mais velho quase parou no hospital! O motivo da briga? Jung Hoseok havia lhe atrapalhado no balé, fazendo uma dança esquisita que ao invés de arrancar risos, foi arrancado de si boa parte de pele. Não queria ter que passar por aquilo também, e o pior era que ele nem tinha culpa de ter invadido a privacidade do outro, sendo que a culpa era totalmente de Yoongi.

— O que você está fazendo? — ouviu a voz um pouco ainda irritada perguntar para si, então a ideia de se deitar em posição fetal e se fingir de morto até o Park sair dali, foi usada. — Eu perguntei o que você está fazendo, não me ouviu?

Seria possível que até querer chorar feito uma criança havia entrado no plano também sem o mesmo perceber?

Jimin nunca o causou medo, muito pelo contrário, o causava certas coisas como a ereção quase no meio de sua testa. Mas, medo? Nunca antes, ao menos.

Tremeu quando ouviu um suspiro cansado, sentindo uma parte da cama afundar ao seu lado. Como estava coberto dos pés a cabeça, não conseguia ver nada além de vultos e ouvir o que acontecia fora daquele cobertor quente.

— Jeon Jeongguk. — o mais velho chamou, mais calmo. — Por favor, retire esse coberto de cima de você, eu não vou te agredir.

— Quem me garante que não? — falou nervoso, tentando parecer mais 'macho'. — Pelo o que eu saiba, você me detesta faz dois anos, quem me garante que não vai ao menos querer arrancar um litro de sangue da minha pessoa?

— Jeongguk, não me diz que você está falando sério! — Jimin riu, imaginando o tamanho do medo do menino. Jungkook já tinha completado maioridade na Coréia do Sul mas continuava a mesma criança medrosa e tímida de sempre. Como resposta, o rapaz preferiu se aquietar, não respondendo ao mais velho. — Vamos, tire isso de cima de você. Está abafado, vai ficar sem conseguir respirar ou sua rinite vai atacar pela pouca poeira!

Ouvindo isso, Jungkook se deu por vencido e retirou aos poucos a coberta, ainda com medo de ser uma emboscada para que ele pudesse apanhar, mas na verdade, só encontrou o rosto do mais velho encharcado pelas lágrimas, olhando para um ponto fixo na parede, pensando em tudo, não dizendo nada. 

Aquela foi a primeira vez que tinha visto o menor assim, triste. Tinha visto muitas personalidades do Park, mas aquela o assustou muito. Era parecido como quando Hoseok ficava cabisbaixo e não tentava animar o dia porque estava cansado psicologicamente, isso assutava a todos que tinham o costume de já acordar com o terceiro mais velho do grupo com o sorriso até as orelhas, animando a vida corriqueira dos outros seis meninos atarefados.

Portanto, ver Jimin daquele jeito, desolado, era demais para um coração tão falho como o seu.

— Hyung...

— Perdão... — pediu, choroso. 

— Perdão pelo o quê, hyung?

— Por tudo o que eu te fiz.

— Mas Jimin... 

— Eu te afastei de mim, eu quem beijou o Hoseok quando na verdade, mesmo nós não termos tido nada sério, ainda deveria ter ficado só com você. — falou tudo bem rápido, poucas eram as vezes que conseguia respirar antes de começar outra frase. — Eu magoei você, o TaeTae... — fechou os olhos com força, em uma expressão de dor, como se pudesse sentir seu coração sendo repartido novamente como naquela noite em que aceitou sair com o Jung. As expressões tristes de Jungkook e Taehyung, a de decepção de Yoongi... Tudo só piorava as coisas. — Eu sou um monstro!

— Ei, você não é um monstro! — Jungkook brigou, já não gostando muito daquele rumo daquela conversa. Certo, tinham que conversar. Mas aquele não era o jeito adequado para início de tal.

— Então o que eu sou, Jeonggukkie!?

Sem querer, acabou sorrindo ao ouvir depois de tanto tempo seu apelido carinhoso ser chamado pelo mais velho. Sentia falta dos momentos juntos, de quando ele o ajudava nos estudos e o motivava. Isso quando não trocavam alguns beijinhos escondidos. E foi nisso que Jungkook havia se ligado que havia se passado dois anos que não experimentava da boca alheia, e sentia tanta falta que só ele mesmo sabia o quanto.

Ainda sem responder, focado nos lábios grossos e convidativos de Jimin, se aproximou um pouco mais, se sentando ao lado do Park, tomando coragem para agir. Com boa dose de coragem tomada, segurou o queixo do mais velho, fazendo-o o olhar para si, sem entender absolutamente nada. Passou o polegar nos lábios inferiores, fazendo um movimento circular ao subir para os de cima, deixando os dois jovens anestesiados. O choque que percorreu no corpo do dois demonstrava ansiedade por mais, e então Jungkook o cedeu.

Seus labios finos capturaram os grossos, apenas mantendo um selinho demorado, logo após se afastando. Ficaram olhando um nos olhos do outro, tentando entender o que estava acontecendo ali, mas antes de sequer se questionarem, Jungkook os puxou para mais um beijo, desta vez, completo.

Não percebeu quando os lábios começaram a se aproveitarem de forma gulosa, chupando e mordendo os alheios com vigor, matendo um ritmo lento mas gostoso. As mãos do Jeon, mesmo que sem querer, escorregaram para o meio das coxas do mais velho, dando um belo aperto ali enquanto se deitava por cima deste sem quebrar uma vez sequer o ósculo quente, ouvindo Jimin arfar dentre o beijo, tamanha sua excitação naquele momento. Havia ficado dois longos anos longe daquela boquinha maravilhosa, mas ali foi que percebeu que havia se tornado dependente dela a muito tempo, só não sabia admitir. A ereção no meio das pernas de Jungkook resvalava nas coxas do moreno, o fazendo sentir sua necessidade antes escondida. E foi ali, que a magia teve seu fim.

Era isso, ele só queria o usar para saciar seu prazer. Claro! Como não havia notado antes?!, Jimin pensava.

O Park o empurrou para longe de si, as lágrimas voltando com mais afinco. Não dava mais nem para acreditar no outro? A que ponto haviam chegado?

— O que foi? — perguntou, o mais novo, preocupado.

— Me deixa em paz, por favor. 

— Jimin, o que- — Jungkook o segurou, confuso.

— Me larga Jeongguk! Que saco! — se soltou da mão do outro, indo até a porta e conseguindo a destrancar, saindo do quarto e batendo a porta com força, ainda chorando.

— Que droga, Jungkook! Burro, burro, burro! — bateu em sua própria cabeça, várias e várias vezes, se sentindo um idiota por não ter se segurado e atacado seu hyung daquele jeito. Jimin já não era alguém fácil a se conquistar, quem dirá após desse acontecimento, como o mais velho reagiria perto de si. 

Ele vai me odiar mais ainda, Jeongguk pensou.

Sem antes ter notado, Hoseok entrou no quarto, então bufou.

Já não bastava por hoje não?

— Jungkook, tudo bem com você?

— Alguém tá bem aqui, hyung? Acho que não! — o mais novo exclamou, sem paciência alguma. Taehyung havia sofrido por culpa do Jung, o remorso ainda era bem vivido por si.

— Ei, eu perguntei por causa que vi o Jimin sair daqui chorando, pouco me importa você. 

— Então o que você tá fazendo no meu quarto?

— Primeiramente, o quarto não é só seu. — pontuou, ácido. — Segundo que, eu vim conversar.

— Eu acho que já estou farto de conversas por hoje. — voltou a se jogar na cama, com dor. Dor por ter afastado a pessoa que tanto gosta, e por ainda estar com aquela porra de pau duro.

— Jungkook, você ama o Jimin, não ama? — Hoseok perguntou, tendo como resposta um engasgar vindo do mais novo, esse que tossiu bastante e teve que ser ajudado.

Droga, haviam descoberto seu segredo.

— A-Amo... — respondeu, meio tonto e desnorteado por ter sido descoberto assim, do nada.

— Ok, eu também amo alguém. 

Soltou de uma vez, e Jungkook fez questão de dar de ombros para aquele assunto, então Hoseok revirou os olhos e continuou: —Taehyung está com Yoongi hyung e eu me sinto bem sabendo que alguém está cuidando dele e o dando o devido amor, amor esse que eu nunca pude dar. — disse cabisbaixo, então essa foi a vez do Jeon revirar os olhos. — Já se passaram dois anos e ainda amo ele, e eu sei que é o mesmo com você.

— Que, eu? Não, não, não, eu não gosto do TaeTae, hyung. — sacudiu as mãos gesticulando de forma nervosa que não gostava mesmo do amigo, que não passava disso para ele, um amigo. Um irmão. 

Jungkook sabia ser lerdo quando queria.

— Não Jeongguk, de Taehyung não... — Hoseok riu baixinho, logo continuou: — Do Jimin.

Pela primeira vez o mais novo se sentiu acuado naquela conversa. Jimin ainda era um assunto complicado que tinha que aprender a lidar, mas negar que ainda o amava doía. E mais depois daquele clima que tiveram a pouco tempo atrás. O gosto dos lábios de Jimin ainda eram sentidos por si.

— Do que adianta eu amar ele e ele não me amar? Do que adianta se nada que ele sente é verídico por mim? — suspirou, prosseguindo: — Ainda mais depois daquele beijo... Ah, esquece!

Não queria se lembrar da noite em que teve que presenciar o beijo do Park com o Jung, porque doía demais. Todo dia doía.

Hoseok vendo o parceiro de grupo estava começando a ficar aflito, decidiu se explicar.

— Aquilo foi só um beijo. — disse mais para si mesmo do que para o Jeon que o escutava atentamente, mesmo que a cabeça estivesse bem longe dali. — Um beijo que nunca deveria ter acontecido.

— Mas aconteceu.

— Sim. — Hope não negou.

— Você... Se arrepende, hyung? — Hoseok o olhou, como se perguntasse o que aquilo queria dizer. — Do be... Do beijo?

— Se eu me arrependo? — riu com um pouco de sarcasmo, a voz saindo com total tristeza. — A pessoa que eu amo namora meu melhor amigo. Isso é no mínimo um castigo, não?

— Pensando bem... É sim.

— Ótimo, acho que estamos sendo castigados o bastante então. — riu, levando o mais novo a rir da desgraçada deles naquela noite. — Eu queria te fazer uma proposta, Jungkook.

— Ótimo, diga.

— Eu quero reconquistar o Taehyung, e sei que você quer fazer o mesmo com o Jimin.

Jeongguk pensou, pensou, e pensou...

Ok, era uma boa ideia, mas ainda odiava o Jung, então o que faria? Amava Jimin, tudo bem, mas chegar àquele ponto sabendo que magoaria Taehyung por seu belo bell-prazer, valia a pena?

— Você topa?