– Você está bem? – Harry perguntou verdadeiramente preocupado com Draco. Não se sentia bem com a cena que foi obrigado a presenciar na sala de Dolores Umbridge, pois sabia o quanto o uso da Pena de Sangue poderia ser doloroso.
E saber que o sonserino estava sendo punido em seu lugar o fazia se sentir culpado. Nunca parou para pensar em Draco Malfoy antes como nada além de um bully estúpido que ficava perseguindo e humilhando estudantes que não se enquadravam em seu perfil de riqueza e “pureza de sangue”.
Mas agora estava vendo Malfoy sob uma nova perspectiva. Isso levou Harry a pensar que não deveria ver o mundo como um lugar dividido entre o bem e o mal, e que pessoas como Draco tinham o direito de mudar.
– Só está doendo um pouco... – Draco disse, passando de leve os dedos sobre a marca vermelha, as letras ainda gravadas de leve em sua mão.
– Eu sinto muito que você tenha passado por isso – Harry disse com sinceridade.
– A culpa não foi sua... A decisão de falar com Umbridge sobre esse castigo absurdo foi minha – Draco disse resignado.
– Isso que não entendo. Por que você foi cismar de me ajudar justo agora... – Harry coçou a nuca, ainda tentando compreender o mistério que se passava na mente e no coração de Draco Malfoy.
– Eu não sei, acho que fiquei chocado quando te vi sentado naquela cadeira, cumprindo aquela detenção insana. Me fez reconsiderar algumas coisas... – Draco explicou.
Harry sorriu de leve. Após tantas confusões e provocações entre os dois, era bom saber que Draco estava amadurecendo e se libertando de velhas concepções. Era sempre um privilégio ver alguém se transformar em algo melhor e, mesmo que essa mudança viesse acompanhada de dor, era reconfortante testemunhar isso.
– Fico feliz que esteja reconsiderando suas atitudes, Malfoy... – ele disse com honestidade.
– Me chama de Draco... Acho que depois de compartilharmos essa detenção em particular, não precisamos de tanta formalidade... – o loiro disse, com um sorriso fraco no rosto.
– Está certo, mas me chame de Harry então... E não mais de cicatriz, testa rachada ou Pottah... – Harry disse, tentando não revirar os olhos, ao lembrar do quanto o sonserino podia ser chato quando queria.
– Combinado... Amigos? – Draco estendeu a mão, com certo receio de que a cena de anos atrás se repetisse.
Mas não foi o que aconteceu porque Harry estendeu as mãos a ele.
– Amigos! – Harry disse e uma das maiores frustrações da vida de Draco em Hogwarts havia finalmente sido resolvida.
Ele e Harry Potter eram agora amigos.
Que Merlin o ajudasse porque seu pai não poderia saber disso.
No dia seguinte
Conforme Umbridge instruiu, Harry e Draco apareceram em sua sala para mais um dia de detenção.
Harry tentava manter a postura calma, não queria de forma alguma que Umbridge percebesse que ele estava com medo. Mas Draco não conseguia esconder o temor que pouco a pouco ia tomando conta de seu coração. Não queria ser submetido àquele castigo novamente, pois ainda podia sentir o ardor em sua mão.
– Muito bem, chegaram na hora combinada – a diretora substituta pousou sua xícara de chá sobre a mesa e apontou para a mesinha, na qual já estavam a pena e o pergaminho um ao lado do outro.
Harry não esperou que ela lhe instruísse e sentou-se na cadeira, pegando a pena para começar a escrever. Quanto menos questionamentos mais rápido tudo aquilo terminaria e ela não forçaria Draco a cumprir o castigo em seu lugar. A última coisa que queria era ver o loiro se ferindo por sua causa de novo.
Se tinha uma coisa que Harry odiava era que outros sofressem por sua causa. O sacrifício de sua mãe ainda doía muito em seu coração e não queria que algo semelhante ocorresse. Draco nunca foi seu amigo, mas agora que os dois começavam a se entender, ele entrou na lista de pessoas a proteger e iria fazer de tudo para que ele não sofresse nas mãos de Umbridge.
– Eu não disse ainda o que deve escrever... – a mulher disse com aquele sorriso assustador.
Harry olhou para ela em confusão. Havia sido instruído a escrever a frase “Não devo contar mentiras” das outras vezes. O que ela estava inventando agora?
– Não entendo... – Harry disse, trocando olhares com Draco.
– Você hoje vai escrever: “Não devo mais me aproximar de Draco Malfoy”... E como você tem uma nova lição a ser aprendida, hoje se inicia um novo ciclo... Sete dias de detenção, senhor Potter...
– Isso é um absurdo! – Draco olhou para Umbridge indignado.
– Fique calado, senhor Malfoy, a não ser que queira assumir o lugar do senhor Potter como ontem... – Umbridge disse.
– Eu vou escrever o que manda... – Harry disse e começou a escrever com a pena no pergaminho, enquanto a frase se formava em sua mão.
Draco desviou o olhar da cena; sabia o tamanho da dor que Harry estava sentindo e não achava aquilo correto. Umbridge não estava punindo, estava torturando Harry. Ele podia ver nos olhos dela o contentamento com o sofrimento nos olhos do grifinório.
Porque era óbvio que Harry estava sentindo dor, mas era também visível como ele estava se mostrando forte.
Era a primeira vez que Draco iria admitir isso a si mesmo. Harry Potter era incrível. E ele definitivamente não tinha que passar por nada daquilo.
– Já chega! – Draco disse, arrancando a insígnia da brigada inquisitorial de sua roupa e a colocando na mesa da diretora.
– Que pensa que está fazendo, senhor Malfoy? – Umbridge olhou para o loiro, seu sorriso completamente desfeito.
– O que já devia ter feito ontem, sua sapa rosa! Vem, Harry! – ele disse, pegando o grifinório pelo braço e correndo para fora da sala da diretora.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.