Draco e Harry permaneceram na Sala Precisa por umas quatro horas, conversando sobre Hogwarts e a vida que levavam quando voltavam para suas casas nas férias. Apesar de estudarem juntos há alguns anos, deram-se conta de que conheciam pouco um ao outro.
– Não me surpreende que você sempre passe os natais em Hogwarts, eu também não iria querer voltar pra lá se tivesse que viver com tios como os seus – Draco ponderou, ainda chocado ao ouvir como Harry era tratado na casa dos Dursley. Sabia que a relação do grifinório com os tios não era boa, mas não imaginava um cenário como aquele – Válter, Petúnia e Duda não agiam como família, e imaginou o quanto deveria ser difícil ter de conviver com eles.
Harry suspirou, o tempo foi passando e ele acabou se abrindo sobre o que passava na Rua dos Alfeneiros. Foi tão natural que quando ele percebeu já tinha falado sobre como era sua vida antes de começar a estudar em Hogwarts.
– Sou muito feliz por poder estudar aqui, mesmo com toda essa confusão... Descobrir que sou um bruxo mudou a minha vida pra sempre – ele confessou.
– Eu sempre soube que era um bruxo, imagino que deva ser estranho ser criado como trouxa e de repente descobrir esse mundo, o nosso mundo... – Draco disse, tentando se colocar no lugar de Harry.
– Meus tios sabiam, mas eles tinham essa esperança que eu nunca entrasse em contato com o mundo bruxo... – Harry explicou.
– Não gosto dos seus tios... – Draco declarou e Harry riu.
Draco agora estava com os óculos escorregados no nariz. Provavelmente, as lentes já começavam a incomodar, mas mesmo assim ele não os devolvia.
– Mal vejo a hora de ter idade pra morar sozinho e não ter que voltar àquela casa – Harry confessou. Após o último incidente com seu primo Duda, que estava cada mais insuportável, nem sabia como voltaria para a rua dos Alfeneiros nessas férias.
– Morar sozinho... Seria interessante, mas acho que meu pai nunca me deixaria morar sozinho, diz que mesmo depois de casado devo viver na mansão – Draco explicou.
– Quando tiver idade pra isso, não sei se é uma questão de deixar ou não... Você vai poder fazer o que quiser – Harry disse e Draco sorriu.
– Você não conhece meu pai mesmo, Harry... As coisas são sempre como ele quer... – Draco disse com tristeza.
– Mas ele é bom pra você ao menos, não? – Harry perguntou com curiosidade. Nunca pensou na relação de Draco com o pai, mas puxando pela memória, lembrava que Lucius parecia sempre um intransigente.
– Acho que é... Nossa, acho que estamos aqui já há muito tempo... Não podemos passar a noite aqui – Draco se levantou.
– Vamos ter que sair... – Harry comentou, ainda deitado no sofá.
– E voltar para nossas salas comunais... – o loiro murmurou.
– Vamos tentar ser discretos ao andar pelos corredores. Amanhã, com sorte, ela não vai exagerar na punição... – Harry disse e Draco suspirou.
Exagerar na punição?
Os dois deixaram a sala, Draco ainda tinha os óculos de Harry no rosto. Caminhavam lentamente, passando pelas escadarias e corredores iluminados por fogo.
– Vai finalmente devolver os meus ó... – Harry ia dizendo, mas foi interrompido pela voz de Umbridge que se deparou com eles no corredor, acompanhada de Lucius Malfoy.
– Finalmente encontramos os dois. Fui obrigada a chamar o senhor Malfoy após o incidente da tarde e também pelo fato de vocês resolverem se esconder – a mulher explicou com aquele sorriso estranho que ela lançava nessas horas.
Harry e Draco olharam para a dupla à frente deles e estremeceram. Sabiam que a diretora ficaria furiosa por ter sido enfrentada daquela forma, mas não esperavam que ela fosse rápida em chamar o Malfoy mais velho para lidar com a situação.
Lucius parecia furioso.
– Não sabia que passou a usar óculos... – Lucius disse num tom seco, que fez o sangue de Draco gelar.
Imediatamente, ele tirou os óculos e os devolveu a Harry.
– Pai... eu...
– Acho melhor ficar calado... Muito obrigada por me chamar. Peço permissão pra levá-lo pra casa, quero eu mesmo puni-lo pela desobediência... – Lucius se virou para Umbridge, que imediatamente assentiu.
– Mas é claro... Pensei logo em lhe chamar, pois sei que Draco é muito bem educado pelo senhor. Tenho certeza que não compactua com esse comportamento. Só não chamo a família do senhor Potter, pois sabemos que ele é um pobre coitado sem pai, nem mãe, que vive de favor na casa dos tios. Trouxas ainda por cima. Cuidarei aqui mesmo para que ele modifique o comportamento, embora honestamente não tenha esperanças... – ela disse como quem lamentava aquilo tudo e as mãos de Harry se fecharam num punho.
– Com certeza, esse Potter é um desclassificado... Vamos, Draco, movimente essas pernas... – Lucius ordenou e o sonserino baixou a cabeça.
Harry olhava com desprezo para Lucius. A simples lembrança da presença dele ao lado de Voldemort enquanto Cedrico estava morto no chão fazia seu estômago revirar.
Lucius deveria estar preso.
– Está bem... – Draco caminhou obediente até o pai, que deu um puxão forte em seu braço.
– Não machuca ele! – Harry exclamou em revolta e ele mesmo foi puxado pelo braço por Umbridge.
– Não se meta na forma como trato meu filho! – Lucius disse indignado. – Vamos, Draco, você vai aprender a respeitar o nome dos Malfoy.
Harry olhou com raiva, enquanto Lucius desaparecia com o filho pelos corredores.
– Preocupado com o senhor Malfoy? Saiba que tudo que acontecer a ele será culpa sua! – Umbridge murmurou ao ouvido de Harry.
– Você...
– Vá para o dormitório da Grifinória e durma, senhor Potter... Amanhã será um longo dia para você... – Umbridge disse, com um sorriso malicioso.
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