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História Por trás do toque - A calmaria antes da tempestade


Escrita por: Gaulin

Notas do Autor


Revisão Final em 12/06/2023 - 01h41

Capítulo 24 - A calmaria antes da tempestade


Fanfic / Fanfiction Por trás do toque - A calmaria antes da tempestade

Quando acordei na sexta feira eu realmente me sentia diferente.

Eu não sei dizer exatamente que tipo de associações minha mente fez para que eu me sentisse daquela maneira, mas sei que teve a ver com o atendimento do dia anterior.

Eu me sentia bem.

Nem alegre, nem feliz, nem contente...

Apenas bem.

Talvez pelos dias anteriores terem sido uma maratona de emoções negativas intercaladas por momentos agradáveis como os que tive com Erika no fliperama.

E mesmo aquele dia teve seu desfecho trágico.

Então, acho que pela primeira vez em algum tempo eu simplesmente não tinha nada em minha cabeça com o que me incomodar.

Me troquei, tomei café, escovei os dentes e como de costume Bianca tocou a campainha anunciando que havia chegado a hora de irmos pra escola.

Julia definitivamente não era uma pessoa matutina.

Ela demorava pra levantar, demorava pra se arrumar, geralmente não tomava café e não raramente só lembrava que tinha esquecido algo em casa quando já estávamos na esquina da nossa rua. E assim lá ia ela correndo buscar o que quer que fosse enquanto esperávamos.

“Cara feia” era seu nome, “mau humor” o sobrenome e reclamar era sua forma de se comunicar. Não era incomum que no meio do caminho encontrássemos amigos e amigas das duas. Nessas ocasiões a seguinte cena costumava acontecer.

 

- Bom dia, Ju! Bom dia, Bi! – dizia o amigo ou amiga.

- Bom dia, “fulano”. – Bianca respondia.

- Uh. – Julia resmungava como um primata, levantando uma das mãos num movimento que por muito tempo eu supus ser um aceno e só recentemente vim a descobrir que se tratava de um “xô xô” como quando queremos afastar um animal de perto da gente. Tudo isso sem sequer olhar para a pessoa em questão e mantendo sua cara fechada.

 

Aquela sexta foi um desses dias em que Julia esqueceu algo em casa e saiu correndo para buscar deixando Bianca e eu esperando na esquina.

 

- E lá vamos nós de novo. – falei, vendo a doida sair correndo largando a mochila em minhas mãos.

- Julia sendo Julia. – Bibi respondeu.

- Pois é... Sua amiga, tá vendo?

- Sua irmã...

 

Nos olhamos e sorrimos.

Bianca tinha esse jeito calmo e alegre.

Enquanto minha irmã era um cacto com bipolaridade e ataques de fúria, Bianca sempre foi essa rosa angelical diplomática e perfeita.

 

Bianca ajeitou os óculos no rosto e olhou bem nos meus olhos.

 

- Você parece diferente hoje. – ela falou. – Aconteceu algo bom?

- Que? Como assim?

- Você parece... Hmmm... Calmo. – disse, deixando surgir em seu rosto uma expressão que eu costumava chamar de “cara de detetive”, com os olhos apertados, lábios juntos fazendo um biquinho levemente tensionado mais para um lado do rosto.

 

Me curvei um pouco nesse momento, baixando o corpo e aproximando o meu rosto do dela.

 

- Me explica... Como funciona esse seu super poder? Tem alguma coisa a ver com seus óculos?

- Eu acertei, não é? – sorriu.

- Acho que sim. – respondi, parando pra pensar. – Acho que estou mais calmo mesmo.

- Que bom.

- E você, não vai me contar nada não?

- Contar? – ela me olhou com cara de quem não entendeu. – Contar o que?

- Você tá namorando?

- Q-Q-que?! – ela pareceu genuinamente espantada. – Como assim? Não!

- Não mesmo?! Ufa!

- De onde você tirou isso, Gael?!

- Você sempre foi linda, Bibi. Mas atualmente parece que você tem se arrumado mais. – e era verdade. Eu não sabia a razão, mas Bianca parecia estar se arrumando mais desde que saímos para tomar sorvete.

- E o que isso tem a ver?

- Achei que talvez você estivesse se arrumando por causa de algum garoto ou coisa do tipo.

 

Por um momento Bianca ficou apenas me encarando nos olhos em silêncio. Segurava um sorriso apertando os lábios em um biquinho. Essa era a cara que ela sempre fazia quando estava aprontando alguma coisa.

Eu não sabia se ela queria me dizer algo ou simplesmente não sabia o que dizer.

Foi quando avistei minha irmã voltando correndo pela calçada.

 

- Vamos então? – perguntei enquanto começava a andar.

- Pera! – ela pareceu acordar de um transe. – Como assim “ufa”?

- Que?

- Você disse “ufa” quando eu falei que não estava namorando. Como assim “ufa”?

- Ah é mesmo? – eu não havia reparado. – Acho que eu estava com um pouco de ciúmes.

 

Julia chegou esbaforida e pegou a mochila dela de volta.

 

- Aaaaah! – ela gritou quando recuperou a respiração. – Como eu odeio esquecer as coisas! E odeio ter que correr logo cedo!

- Você está em boa forma, maninha. Esse foi um novo recorde.

- Se continuar assim, até o fim do ano você estará pronta para a São Silvestre.

- Ah, calem a boca. – e saiu andando na nossa frente de cara amarrada.

 

Bianca e eu nos olhamos e sorrimos.

 

Deixei as duas na escola delas e depois segui para a minha.

Cheguei pouco antes da aula começar e percebi Natasha me olhando assim que apareci na porta.

Essa talvez fosse a parte mais complicada e inevitavelmente sofrida.

Meus olhos continuavam a busca-la em meio as pessoas ao redor e volta e meia acabava olhando para ela em um momento no qual ela também estava me olhando. E então, como dois estranhos, desviávamos os olhares para qualquer coisa ao redor.

Para evitar isso eu me envolvia em qualquer assunto que aqueles idiotas estivessem conversando na esperança de me distrair.

As vezes funcionava, as vezes não. Mas no geral eu acabava simplesmente cansando e ia escrever no meu caderno.

Era justamente isso que eu estava fazendo no meio da aula de geografia, completamente alheio ao que o professor dizia lá na frente quando uma parte do meu cérebro capturou apenas a seguinte frase:

 

- ...Agora se juntem em duplas para fazer o trabalho.

 

Ergui meus olhos do caderno e vasculhei ao redor.

Olhei para Rafael, mas ele já tinha combinado com Miguel.

Olhei para Tobias, mas ele já tinha combinado com Thiago.

E então, sem perceber, acabei olhando para Natasha e para minha surpresa ela também olhou pra mim.

Estava prestes a abrir minha boca para falar com ela quando senti alguém tocar o meu ombro.

 

- Gabriel? – ouvi me chamar e me virei. Seu nome era Danielle e até então eu a conhecia só de vista. – Podemos fazer o trabalho juntos?


Notas Finais


https://youtu.be/sSDLzid7Lyk

"Mentira que você colocou essa música."
"Que? É boa!"
"...Sim. Ahn? Você ta falando da banda?"
"Que?"


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