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História Possessão - Capítulo 4


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 4 - Capítulo 4


A sala estava agitada, todos conversavam sem nenhuma preocupação. Então aquilo era uma escola? Com moças e rapazes estudando juntos? Quanta indecência!

Bianca estava do lado dele, esperando pela chegada da sua rival. Primeiro ela queria saber como estava a relação entre os dois para depois tomar suas providências.

– Mônica, minha princesa! Você é um colírio para os meus olhos. – ele falou assim que a viu entrando na sala com a Magali, fazendo Bianca tremer de raiva.
– Ah, oi Toni. – ela cumprimentou secamente.
– Aê, ô mané! Você não tem nada para fazer não? – Cebola apareceu na frente dele de repente e bufando de raiva.
– Engraçado... quando falei “princesa”, não estava me referindo a você. E nem poderia!

“Aí está você, sua desgraçada! Eu devia acabar com sua vida agora!” ela pensou fulminando a moça com o olhar. Sua raiva era tão intensa que Mônica acabou até sentindo um peso desagradável na nuca e um mal estar tomando conta do seu corpo.

– Ah, nem, viu? Vocês me estressam! Eu vou me sentar!

Durante o resto da aula, Bianca ficou observando sua rival. “Sua cretina, você me está sempre tirando tudo de mim!” primeiro ela tinha lhe tirado o Cebola, depois Toni. Aquela moça era uma pedra em seu caminho que precisava ser tirada o quanto antes.

Apesar da sua raiva, ela não fez nada. Apenas ficou observando a forma como ele a tratava e não foi nada fácil para ela ver seu querido Toni se derretendo diante daquela garota. A única coisa que lhe consolava um pouco era saber que ela não estava interessada nele. Pelo visto, seu interesse era pelo Cebola, somente. Menos mal. Ainda assim lhe magoava ver o rapaz a quem ela amava com tanta paixão correndo atrás de outra, lhe dizendo galanteios e fazendo convites.

“Claro, ela está viva, tem um corpo de carne e osso, respira, tem sangue nas veias e um coração pulsante enquanto eu sou só uma sombra.” Aquilo era desanimador. Ah, se ela vivesse, se tivesse um corpo! Tudo seria diferente e ninguém ficaria entre eles. Sua beleza era inigualável e homem nenhum resistia aos seus encantos. Se ele pudesse vê-la como ela era antigamente, quando estava viva, com certeza cairia aos seus pés e nem iria se lembrar da existência daquela Mônica.

Mas não, ela não tinha um corpo. O seu lindo corpo tinha sido enterrado há mais de um século e talvez não tivesse nem mais o pó dos seus ossos. Aliás, ela nem fazia idéia de onde seu corpo fora enterrado. Talvez o local nem existisse mais.

Ela voltou a olhar para Mônica, que conversava com suas amigas. Aquela garota até que era bonita, apesar daqueles dentes. Seu corpo era bem feito e nem parecia ter toda aquela força.

“Eu ainda não entendo como ela consegue resistir a alguém tão perfeito quanto o meu Toni! Ela só pode ser louca!” apesar de ter achado o Cebola simpático no início, Bianca preferia mil vezes o seu verdadeiro amado do que aquele rapaz bobo e sem graça.

Ah, se ela estivesse no lugar daquela garota! Assim ela teria o coração dele e jamais recusaria seu afeto.

De repente, uma luz pareceu ter acendido sobre sua cabeça.

“Espere um pouco... e se eu... sim, isso seria uma boa idéia! Por que não pensei nisso antes?” a idéia foi tomando cada vez mais força em sua mente. Era uma forma de tirar Mônica do seu caminho e ter Toni ao mesmo tempo. Bem, se ele estava interessada por ela, roubando seu corpo ela também teria o afeto dele!

Um sorriso maldoso e demoníaco surgiu em seus lábios. Possuir o corpo de um encarnado não era tão difícil assim para um fantasma tão forte quanto ela.

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– Garota tola... quando ela vai aprender? – Morte falou olhando-a de longe. Aquilo estava começando a ficar perigoso.
– Não seria melhor a gente avisar a Mônica?
– Seria, mas se fizermos isso, vamos atrapalhar a ordem natural dos acontecimentos. Bianca precisa passar por esse aprendizado para seguir em frente.
– E quanto a Mônica, ela não corre perigo?
– Normalmente sim, mas eu vou garantir que ela fique bem.

Penadinho voltou a observar Bianca, sentindo pena daquela pobre alma atormentada. Ela estava tão iludida que não se importava em causar sofrimento para si mesma e para os outros.

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Era noite e a casa estava toda escura e silenciosa. Todos estavam dormindo. Melhor assim, já que ela não queria ser interrompida por ninguém. Ela entrou no quarto de sua rival atravessando as paredes. Tão fácil...

Mônica dormia em sua cama, com um coelho azul de pelúcia do seu lado. Bem, como ela ia fazer aquilo? Com a moça dormindo? Não, com ela acordada seria muito melhor. Que graça teria se ela não pudesse ver o medo e o terror em seus olhos? E ela pretendia fazer tudo da forma mais dolorosa possível para que ela sofresse bastante. Seria a sua vingança!

– Ei, vamos, acorde!
– Hum?
– Acorde!

Ela acordou num pulo, olhando em volta muito assustada. Tinha alguém em seu quarto?

– Quem está aí?
– Ninguém que esteja vivo. – uma garota de cabelos compridos foi tomando forma a sua frente até se fazer reconhecível.
– Espere... eu te conheço.. Bianca?
– Agora você se lembra do meu nome? Então eu não sou mais a “coisa”?
– O que você está fazendo aqui?
– Nada demais. Só vim pegar o que é meu por direito!
– O quê? Tá doida? Não tem nada seu aqui!
– Tem sim, esse lindo corpinho!

Aquilo fez com que ela levantasse da cama num pulo só.

– O que você quer comigo?
– Eu já disse. O seu corpo.
– Ah, é? Então venha pegar, sua coisa! – ela bradou pegando o criado e se preparando para arremessar contra ela.
– Sua tolinha... eu sou um fantasma, esqueceu? Pode jogar o que quiser em mim. Não vai adiantar. Agora eu quero o meu corpo!
– Sai para lá que esse corpo aqui é meu!

O rosto da moça se contorceu de raiva, lhe dando um aspecto demoníaco.

– Você roubou o Cebola de mim.
– Roubei nada, ele sempre gostou de mim!
– Agora roubou o Toni!
– Toni? Eu heim, pode ficar com ele que esse eu não quero!
– Mas ele quer você! – ela rosnou, fazendo os moveis tremerem. – ele é o meu amado, aquele a quem venho esperando por décadas! Você faz idéia do quanto eu esperei por ele?
– Escuta...
– Eu não tenho que escutar nada! Depois de muito chorar, sofrer e esperar, finalmente eu o encontro... apaixonado por você! – aos poucos, sua forma foi mudando para aquela figura aterrorizante que quase matou os quatro de susto no dia das bruxas. E vê-la tão de perto era realmente assustador com aqueles grandes olhos brancos, a pele enrugada com aspecto de podre, aquele cabelo que parecia flutuar por todos os lados e os trapos que ela vestia.

Ainda assim, ela tentou argumentar, já que lutar não ia resolver nada naquela hora.

– E você acha que roubar meu corpo vai resolver sua vida?
– Vai sim, querida. Com seu corpo, ele irá se interessar só por mim e com isso ficaremos juntos para sempre.
– Já falei que não vai rolar!
– Você me deve isso por ter tirado ele de mim!

Sem falar mais nada, Bianca avançou contra Monica e agarrou seu pescoço, deixando-a totalmente sem forças. Ela se debatia, tentava gritar e se libertar daquela força estranha que a aprisionava. Tudo em vão. O braço do fantasma parecia ter uma força incrível e por mais que tentasse, ela não conseguia se livrar do aperto férreo de sua mão.

– Esse corpo não vai a parte alguma. Você é quem vai, para sempre! E não volte nunca mais! – ela foi erguendo o corpo de Mônica do chão, segurando pelo pescoço, enquanto a moça se debatia e tentava socar seu braço ou alcançar seu rosto.
– Por favor, Bianca, não faça isso! Vamos conversar!
– Eu não tenho nada para conversar com você. Agora cale a boca!

Mônica não pode falar mais nada. Ela sentiu uma dor terrível, como se alguém tivesse enfiado a mão em sua barriga e arrancado suas entranhas. E apesar de toda a dor, ela não conseguia gritar ou fazer qualquer tipo de som. Aos poucos, o ar começou a faltar em seus pulmões e todo seu corpo começou a doer, como se seus ossos estivessem sendo arrancados pela boca. Um zumbido muito forte ecoou em sua cabeça e ela ficou tonta.

– Vamos, saia logo daí!

Uma espécie de vapor avermelhado foi saindo da sua boca e dos seus olhos enquanto seu corpo tremia. Antes que ela desse o último suspiro e seu corpo morresse, Bianca foi se transformando em uma fumaça esbranquiçada e aos poucos, entrando no corpo dela até sua forma desaparecer totalmente. Tudo estava acabado.

O corpo caiu no chão, de joelhos e respirando fortemente tentando recuperar o fôlego. Ela se levantou com um pouco de dificuldade para se equilibrar já que não estava mais acostumada a ter um corpo sólido. Ainda doía um pouco por causa da tortura que ela tinha impingido a Mônica antes, mas a dor estava passando rapidamente.

Bianca começou a se apalpar, sentindo a sensação de tocar em uma pele quente e macia e ter seu coração batendo novamente. Sem pensar duas vezes, ela foi até o espelho do quarto. Estava escuro e ela não sabia como acender a luz, mas a iluminação que vinha da rua foi suficiente para que ela pudesse admirar seu novo corpo.

– Meu... agora esse corpo é meu, para sempre!


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