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História Possessão de sonhos - Capítulo 13


Escrita por: Peverell e Trevs

Notas do Autor


Personagem novo ashuahsu *w*

Capítulo 13 - Capítulo 13


Fanfic / Fanfiction Possessão de sonhos - Capítulo 13

Afundando...afundando.

Era água e mais água ao meu redor, bolhas saíam de minha boca, o restante de oxigênio que me restava. A pressão da água oprimia meus pulmões e interrompia minha circulação sanguínea, fazendo com que o oxigênio levado pelo sangue até o cérebro fosse escasso, e assim meus pensamentos embaralhados e me causando alucinações.

Dentre elas estavam um homem com uma longa veste negra, grutas e túneis que me faziam dar voltas e mais voltas, um Grimório antigo e meus amigos adormecidos, semimortos, nos sofás daquela casa. Alucinações que mais pareciam memórias, agora era essa minha realidade, uma realidade um pouco surreal para meu gosto. Uma coisa não fez sentido. Será meu futuro? Vi uma mulher, jovem, porém mais velha que eu (buguei), muito parecida comigo, os mesmo olhos, cabelos e pele pálida, usava um vestido de época, parecia aqueles usados uns duzentos anos atrás, todo cheio de rendas e bordados, com armação. Mas se é meu futuro porque mostrava roupas do passado? Então caiu a ficha, era minha antepassada, Sabine. Ela estava com o mesmo colar que agora flutuava sobre meu peito, sob a ação da água, uma pedra longa e colorida. Minha visão ficou turva, a mulher sumiu e reapareceu, agora para cair inerte no chão cavernoso do local em que se encontrava, uma luz saiu de sua boca e entrou em algo que estava em sua frente, o colar. Novamente e rapidamente a cena sumiu, e eu voltei à realidade.

Abria os olhos e sentia que não veria mais a luz do sol, que estava cada vez mais longe, inalcançável, onde ainda se podia respirar. Verde, azul, marrom, algas e peixes. Era o que me cercava. Minhas forças se esvaíram, não parecia poder me mover, meu corpo descia inerte ao fundo do rio, que agora estava cheio e mais fundo do que nunca. Olhei uma última vez para cima, na esperança de ver Jenna mergulhando para me salvar. Falsas esperanças. Não lutei mais, apenas esperei a morte vir me buscar, calmamente, enquanto a escuridão se tornava mais densa ao meu redor.

 

- Kyra!

Pulei do sofá em que estava deitada, Jenna olhava ansiosamente para mim. Minhas roupas já estavam secas. Quanto tempo será que fiquei apagada?

- Pensei que tinha morrido, não me assuste mais assim. – Quase gritou Jenna. Ela estava feliz? Certo, tem algo muito errado, Jenna não demonstra emoções.

- Eu é... – Apenas gaguejei, acho que esqueci como se fala, de tanto tempo que fiquei desmaiada.

- Quando você caiu no rio eu quase fiquei louca. Você era a única acordada e daí Tchibum. Afundou. – Exclamou Jenna.

Eu ainda estava atordoada, semideitada no sofá me perguntava se não estava morta. Olhei devagar ao redor, se estivesse morta não podia ser uma pós-vida boa, pois meus amigos ainda estavam lá, adormecidos.

- Como foi que?...- Resmunguei, querendo saber como saí da água, eu já tinha perdido a consciência, alguém tinha que ter me salvo.

- Se eu te contar você não acredita. – Disse Jenna, cautelosa, vendo que eu não reagi, continuou. – Foi ele Kyra, o ceifador.

Aquilo foi pior que um banho de água fria ( e eu sei muito bem o que estou falando). Alguns segundos atrás ele queria nos matar, e agora me salvou? Meu cérebro deu um click e me lembrei das alucinações. Ou seriam memórias do colar? Lembranças? Deja vú? Voltei ao passado? Pirei na batatinha?

Levei a mão ao peito e com alívio vi que ainda estavam lá. O colar e a bússola.

- Sabine, ela se matou. Quer dizer, sei lá o que ela fez. Passou a vida pra esse colar, o corpo lá era dela. Isso é a chave de tudo. – Expliquei muito rapidamente, deixando Jenna confusa.

Depois que me acalmei e expliquei toda a história pra Jenna ela ficou estupefata.

- Então é isso. O colar contém a vida dela. – Disse ela.

- Mas você acredita?

- A essa altura do campeonato não duvido mais de nada. – Disse ela rindo.

- Que dia é hoje? – Perguntei, com medo da resposta.

- Terça-feira.

- Caralho, fiquei todo esse tempo apagada?

- Sim, dois dias. Dois longos e monótonos dias.

- Se foram monótonos quer dizer que o ceifador não veio me trazer flores? – Disse rindo da minha própria piada sem graça.

- Exatamente. Ele não chega perto de você quando está consciente. Mas quando você estava apagada ele te flutuou do rio, envolveu em uma luz negra, uma escuridão e te deixou na beira do rio. Então eu fui voando, literalmente, até você. – Disse Jenna, ela estava corada?

- E eu estava desmaiada até agora. – Conclui, inutilmente.

- E o que você quer fazer? – perguntou ela. Se referindo ao nosso problema, que envolvia magia, um monstro fedorento que não é tão monstro assim, e uma galinha voad...opa, Jenna, a garota de asas.

- Comer. – Respondi simplesmente.

- O que? – Ela riu.

- Faz um século que eu comi. Tô com fome. Banho acho que eu não preciso. – Brinquei também.

- Má notícia Kyra, a comida acabou. – Disse Jenna, mordendo o lábio.

- Mas galinha não come só milho?

- Ah vai se foder bruxinha, olha que eu te queimo na fogueira. – Discutimos, mas rindo. Toda a tensão que recaía sobre nós, dispersávamos falando idiotices e rindo de coisas que não tinham a menor graça pra quem vive em um mundo normal.

- Não sobrou nadinha de nada? – Perguntei.

- Não mas...Você não é uma bruxa? Fala abracadabra e faz aparecer comida. – Explicou ela.

- Se você falasse isso antes eu discordaria mas...

O resultado disso foi uma mesa de centro cheia de salgadinhos, doces e frutas. E até um frango assado. Depois de meia hora buscando no livro que havia encontrado na biblioteca secreta e mais meia recitando um feitiço consegui fazer aparecer uma sopa fria, e depois disso esses alimentos.

Nós duas comíamos como mortas de fome (bem, era como estávamos). Depois de barriga cheia pudemos pensar mais claramente. E uma longa conversa nos fez chegar à conclusão de que não podíamos fugir com quatro cadáveres, dos nossos amigos de lá. Buscar ajuda não era uma opção. Nem tínhamos como ligar, além de não ter sinal nos celulares, a bateria dos que não tinham acabado já estava acabando.

- O jeito vai ser achar o tal Grimório. – Conclui.

- Grimório pra que? Já temos a Sabine, que o ceifador procura. – Disse Jenna, me olhando como se eu fosse retardada.

- E de que adianta? Ele quer Sabine viva. E não é com um livrinho simples de magia desse que vamos conseguir libertá-la. – Disse, mostrando o que estava ao meu lado, ainda aberto no índice de ‘’conjuração e transformação de matéria prima alimentar’’.

- Mas, é magia não? Talvez tenha algum feitiço que liberte ela do colar ou sei lá.

- Pode ser mais simples do que parece. Você deve estar pensando ‘agora que sabemos que a bússola mostrava Sabine e não o Grimório como vamos achá-lo?’ Simples. Depois que me concentrei nos alimentos que queríamos, vi que eles tinham que ser ‘’teletransportados’’ – Disse eu, fazendo aspas com os dedos – de algum lugar, onde eles foram feitos e existiam normalmente. – Expliquei.

- Quer dizer que tem algum louco procurando a comida que você fez aparecer aqui e que sumiu misteriosamente da casa em que estava? – Disse Jenna, achando a situação cômica.

- Provavelmente.

- Mas e o que isso tem a ver com o Grimório? – perguntou.

- Se eu for essa bruxa fodasticamente fodástica, que o ceifador diz que eu sou, vou conseguir fazer isso com o Grimório.

- Tenta aí. Não estou e, condições de questionar. – Disse Jenna, mostrando toda a comida que eu tinha feito aparecer.

Pensei no Grimório que Jenna me descreveu, antigo, mofado, encouraçado. Mas nada, teimei comigo mesma. Vi rochas que causariam pânico a qualquer um que tivesse claustrofobia, esmagadoras, sobre o Grimório, encerrado entre muitas delas. Fui voltando à minha realidade, o lugar onde eu estava. E me confundi, eram vários caminhos, um labirinto, que levava quem estava na casa até o Grimório. Caminhos estreitos e às vezes sem saída, ou que terminavam em abismos. Vi pontes de corda que ruíam, pedras flutuantes que despedaçavam e o pior de tudo, o ceifador. Também perdido naquele labirinto, sim, perdido, assim como nossas vidas.

Por fim abri os olhos e pisquei, será que teríamos que passar por tudo aquilo para chegar ao Grimório? Jenna viu minha frustração, eu não havia conseguido conjurar o Grimório, e isso não era bom.

- Me dá esse livro aqui que eu vou procurar alguma coisa. – Pediu Jenna, teimando comigo.

Depois de olhar o livro de magia, página por página, desistiu.

- Desisto. Esse livro é muito simples, para iniciantes. – disse Jenna, largando ele do seu lado.

- Não tenho a mínima ideia do que fazer agora. – Disse eu. – Esse livro inútil não nos serviu pra nada. Acho que a solução vai ser encarar o ceifador.

- Tá louca é? Não viu como ele vira névoa, some e reaparece onde quer?

- Vi mas...

- Você só fala isso porque ele nunca chegou bem perto de você. Só em seus sonhos e quando está inconsciente. – Disse Jenna, jogando isso em minha cara.

- Mas eu não entendo porque ele me salvou. – Disse eu, que à essa altura preferia ter morrido do que ficar sem fazer nada para salvar meus amigos.

- Será que? Não. Não pode ser... – Exclamou Jenna, entre um meio sorriso.

- Quê? Não tô entendendo. – Disse.

- Ele só pode estar pensando que você é Sabine. O cara é louco. Você disse que ela era parecida com você.

- Não. Eu não vou casar com um monstro fedorento. – Disse, na defensiva.

-Vai sim. Ou todo mundo morre.

- Pois que morram. Não faço isso nem fodendo. – estava revelando meu lado egoísta. Preferia morrer a ter que aguentar isso.

- Mas não. Ou ele não pediria pra você achar o Grimório. Que levaria à Sabine.

- É faz sentido. Já temos a ‘’alma’’ da Sabine. E agora?

- Kyra, odeio lhe dizer isso mas tem alguém atrás de você... – Disse Jenna, olhando sobre meus ombros, espantada.

Olhei para trás e vi, era verdade. Enquanto conversávamos o colar que Jenna tinha deixado ao seu lado, assim como o livro de feitiços que também deixou lá tinham se unido. E agora liberavam uma névoa, que descia até o chão e ia para o centro da sala, atrás do sofá onde eu estava sentada.

A névoa clara tomava a forma de uma silhueta. Eu e Jenna olhávamos para aquilo espantadas. Sem poder fazer qualquer coisa, sabíamos que não poderíamos socar a névoa, pois a mão passava sem qualquer barreira. Então me dei conta de uma coisa. Era o livro. A fonte de poder que o colar estava usando. A essa hora você já deve ter se dado conta que o que renascia era Sabine. Mas bem, isso não era tão bom quanto parecia.

Por dois motivos. Primeiro que depois de tantos anos fechada em um colar ela não poderia estar de bom humor e segundo que ela não renasceria assim do nada. Tinha que ter um motivo pra isso. E Jenna e eu chegamos à um acordo silencioso que esse motivo não era se derreter de amores pelo ceifador.

- Meu. Corpo. Busquem. Meu. Corpo. – Uma voz entrecortada sussurrou. Tenho a ousadia de dizer que parecia até a voz da névoa.

- O corpo Kyra. Lá embaixo. – Disse Jenna.

- Sim. O que fazemos? – Perguntei. Temendo não ir buscar e aquilo nos fazer algum mal ou ir e deixara aquela coisa ainda mais forte. Para poder guardar a alma em um colar ela só pode ter recorrido à magia negra, não era por amor que ela estava voltando. Era por vingança.

- Rápido. – Sussurrou a voz, dando ênfase à ultima sílaba.

- Vamos Kyra.  Temos um cadáver para buscar.

 

Descemos as escadas que davam acesso à biblioteca secreta correndo. As coisas que precisávamos estavam lá. Lanternas. E só. Não tinha nada mais a levar. E tenho que dizer, se Jenna não tivesse trazido exatamente o número de pessoas que vieram para o rancho em lanternas na mala, estávamos perdidas naquele fim de mundo subterrâneo escuro.

Meu toque e esperança de olhar no celular à toda hora foi o que me deu a notícia. Poderíamos ser salvas. O sinal estava fraco, mas dava para fazer uma ligação.

- Jenna!!! Volta, o celular voltou a funcionar. – Gritei para ela, que já estava saindo pelo anexo dos túneis.

- Sério? Liga rápido pra alguém antes que caia. Já devem estar preocupados com a gente.

Foi então que o tempo parou para mim. Hoje já é terça-feira. Era pra estarmos em casa dois dias atrás. Será que o pai de Lauren veio nos buscar e encontrou a estrada bloqueada? Se tivesse vindo já teria mandado algum helicóptero. O que está havendo? Isso tudo é real? O que está havendo fora daqui? Meu delírio foi cortado por Jenna, que também estava querendo sair desse lugar.

- Kyra? Hey. Liga então.

Peguei o telefone e desbloqueei. A ar estava pesado, a pressão era muito grande. Disquei o número do pai de Lauren. Não fazia diferença ligar para minha madrasta-avó. Ela devia estar fazendo uma festa com as velhinhas malvadas da terceira idade e tricotando blusas com a frase ‘’Kyra foi embora’’, soltando balões e soprando línguas de sogra. Então teclei em ligar. Aquilo parecia tão distante. Fazer uma ligação antes era normal, marcar um encontro com meus amigos e que agora, tal ligação poderia salvar a vida deles. Ou não.

Desliguei. Não podia fazer isso. Prometi pra mim mesma que não fugiria.

- Kyra! O que você fez? – Gritou Jenna indignada.

- Não podíamos pedir ajuda. Imagina se chegasse aqui o esquadrão da Swat e vesse todos eles lá na sala? Quem que iam culpar? Nós duas. Além de que nunca acreditariam na nossa história. Vai saber o que aconteceria se eles fossem tirados daqui. – Me expliquei, referindo-me aos meus amigos.

- Era nossa única chance.  Agora já caiu o sinal de volta. – Reclamou Jenna, que já tinha pego o celular de minha mão.

- Podia ser a nossa – Disse, fazendo gestos para nós duas. – Mas e eles? E o Grimório? E toda essa história?

- É. Não seria legal andar por Dayli com essas asas. – Disse Jenna.

- Vamos Jenna. Por mais repugnante que seja. Temos um corpo pra buscar.

- E um ceifador pra avisar.

E lá fomos nós. Ajudar a ressuscitar uma bruxa e encontrar seu amor perdido. Mesmo duvidando que seja por isso que ela estava voltando.


Notas Finais


Por que será? muahaha
O que acharam?


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